Lapsos da memória

Autores

  • Eneida Maria de Souza Universidade Federal de Minas Gerais

Resumo

Reler o texto do passado consiste na atualização, pela escrita, de uma prática que movimenta o que se acreditava estável, fragmentando-se a unidade imaginária que se constrói de si. Esse desconforto justifica a resistência do sujeito em relatar experiências, que, no lugar de recompô-lo, o recortam, como na restauração de um vaso quebrado: a marca do remendo dos cacos permanece, reforçando a fragmentação. Este gesto de investidura da imagem é motivado pelo desejo de restauração e desnudamento, operação ambivalente de se resguardar e se expor ao olhar dos outros. Essa restauração obedece a dois princípios de interpretação do texto da memória: realçar o desenho do vaso, os contornos bem delineados, as cores usadas na criação de um efeito estético, sem esconder, contudo, o que foi recalcado em virtude de limitação teórica.

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Publicado

2017-06-30

Edição

Seção

Artigos