CADERNO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
Agrarian Sciences Journal
Características produtivas do híbrido de bananeira ‘BRS FHIA 18’ em Botucatu-SP
Gabriel Maluf Napoleão
1
*, Rafaelly Calsavara Martins
2
, Ana Carolina Batista Bolfarini
3
, Sarita Leonel
4
, Rafael
Bibiano Ferreira
5
Resumo
A bananeira “BRS FHIA 18” é um híbrido tetraploide de “Prata Anã” (subgrupo Prata), que apresenta resistência à
“Sigatoka-negra” e ao “Mal-do-Panamá”, demonstrando ser um material genético promissor para a substituição dos
cultivares do tipo Prata, em áreas comerciais com a incidência dessas doenças. Devido a isso, o presente trabalho teve
como objetivo avaliar características produtivas do ciclo da planta, no município de Botucatu-SP. Foram avaliadas as
seguintes variáveis de produção: massa das pencas (kg), massa da ráquis (kg), massa do cacho (kg), número de frutos
por cacho, massa média dos frutos (g), número de pencas por cacho e produtividade; na 2ª penca foram avaliados a
massa, número, comprimento e diâmetro dos frutos. Foi utilizado o método das estatísticas descritivas para a avaliação
das características do híbrido, através dos cálculos das médias e do desvio padrão. Os resultados mostraram que o
híbrido “BRS FHIA 18” apresentou bom desempenho produtivo nas condições edafoclimáticas de Botucatu-SP, com
alta quantidade de frutos por cacho (116 frutos) e produtividade média de 19,75 t ha
-1
, valor próximo ao rendimento
produtivo médio atual no estado de São Paulo.
Palavras-chave: Melhoramento genético. Desempenho agronômico. Musa sp.
Productive characteristics of ‘BRS FHIA 18’ banana hybrid in Botucatu-SP
Abstract
The “ BRS FHIA 18” banana is a tetraploid hybrid of “Prata Anã” (Prata subgroup), which presents resistance to “Black Sigatoka”
and “Mal-do-Panamá”, proving to be a promising material for the substitution of type “Prata”, in commercial areas with the inci-
dence of these diseases. Due to this, the present work had as objective to evaluate productive characteristics of the second cycle of
the plant, in the municipality of Botucatu-SP. The following production variables were evaluated: mass of the leaves (kg), mass of
the rachis (kg), mass of the bunch (kg), number of fruits per bunch (kg), average fruit mass bunch and productivity; in the second
leave the mass, number, length and diameter of the fruits were evaluated. The descriptive statistics method was used to evaluate
the characteristics of the hybrid, using the means and standard deviation calculations. The results showed that the ‘BRS FHIA 18’
hybrid showed good productive performance in the Botucatu-SP soil conditions, with a high number of fruits per cluster (116 fruits)
and average productivity of 19, 75 t ha
-1
, a value close to productive yield current average in the state of São Paulo.
Keywords: genetic improvement. agronomic characteristics. Musa sp.
1
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) - SP
https://orcid.org/0000-0003-1938-5281
2
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) - SP
https://orcid.org/0000-0002-6179-5404
3
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) - SP
https://orcid.org/0000-0003-0830-9654
4
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) - SP
https://orcid.org/0000-0003-2258-1355
5
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) - SP
https://orcid.org/0000-0003-2749-1797
*Autor para correspondência: gabrielmaluf275@gmail.com
Recebido para publicação em 17 de julho de 2019. Aceito para publicação em 03 de outubro de 2019.
e-ISSN: 2447-6218 / ISSN: 2447-6218 / © 2009, Universidade Federal de Minas Gerais, Todos os direitos reservados.
Gabriel Maluf Napoleão, G. M. et al.
2
Cad. Ciênc. Agrá., v. 11, p. 01–08, 2019. e-ISSN: 2447-6218 / ISSN: 1984-6738
Introdução
A planta da bananeira pertence à família Mu-
saceae, e é considerada umas das principais culturas de
interesse econômico na fruticultura e está em segundo
lugar entre as frutíferas mais comercializadas mundial-
mente (Perrier et al., 2011), sendo cultivada em 80 países
tropicais, com produção de 106 milhões de toneladas.
O maior produtor mundial é a Índia, seguido de China
e Filipinas, o Brasil está na quarta posição na produção
mundial da fruta, produzindo aproximadamente 6,8
milhões de toneladas, em uma área de 485 mil hectares.
Os países que mais exportam banana são Costa Rica e
Equador, sendo o Equador responsável por 30% do co-
mércio mundial (FAO, 2015). A banana é um alimento
muito saudável, rico em sais minerais como sódio, mag-
nésio, fósforo e, principalmente potássio. Adicionalmente,
também apresenta em sua composição vitaminas C, A,
B2, B6 e niacina, dentre outras (Álvares et al., 2003). A
banana é uma fruta muito versátil em termos de moda-
lidades de consumo (in natura, frita, cozida processada)
e possui características positivas de aroma, sabor, preço,
higiene valor nutricional e facilidade de consumo, por
esse motivo tornou-se uma fruta muito popular no mundo
todo (Bolfarini et al., 2016).
No Brasil, o Sudeste é a região que concentra a
maior porcentagem da produção de banana, produzindo
em média 2,2 milhões de toneladas em uma área de 136
mil hectares. O maior responsável por essa produção é
o Estado de São Paulo, produzindo cerca de 1,0 milhão
de toneladas em uma área de aproximadamente 50 mil
hectares. A região do Vale do Ribeira destaca-se nesta
produção, produzindo 843 milhões de toneladas em 34
mil hectares (IBGE, 2016).
O Brasil possui dificuldade em ter uma partici-
pação expressiva no mercado internacional, graças aos
padrões tradicionais de produção, exigência do mercado
externo e empresas multinacionais. Em decorrência des-
ses fatores, a maioria das regiões produtoras no Brasil,
produzem frutos de qualidade não aceitáveis pelos países
importadores de banana (Sakai, 2015). Mais um fator
leva a esse empecilho, embora a bananicultura seja de
grande relevância mundial, são poucas as variedades
de bananeira produzidas no Brasil que possuem bom
potencial agronômico, boas características de mercado
e resistência às pragas e doenças (Silva et al., 2000).
A cultura da bananeira recebe o ataque de di-
versos tipos de fitopatógenos. Dentre eles os fungos que
causam maior dano econômico são os que causam a
Sigatoka- negra (Mycosphaerella fijiensis Morelet), Siga-
toka-amarela (Mycosphaerella musicula, Leach) e o mal-
-do-Panamá (Fusarium oxysporum f. sp. cubense) (Brioso
et al. 2000). A produtividade e qualidade da cultura
da bananeira possui uma grande dependência do nível
tecnológico de manejo: controle de pragas e doenças,
tipos de cultivos, características de cada cultivar e condi-
ções edafoclimáticas (Alves et al. 1999). Para que haja a
substituição de uma cultivar estabelecida no mercado,
devem-se vencer barreiras muito difíceis, que o consu-
midor desse fruto é muito exigente (Silva e Alves, 1999).
Para que uma nova variedade de bananeira seja lançada
e consequentemente aceita pelos produtores e mercado
consumidor ela deve combinar diversos fatores positivos
como: alta produtividade, resistência ou tolerância às
pragas e doenças e frutos que possuam boa qualidade
nutricional e organoléptica (Orjeda et al. 1999).
A utilização de cultivares resistentes ou tolerantes
aos principais tipos de fitopatógenos seria a opção mais
viável para a implantação de novos cultivos (Moreira,
1997; Cordeiro et al. 1998), para que a diminuição de
insumos (que encarece muito o cultivo) se torne uma
realidade, além de agregar valor ao produto (Swennwn;
Wilson, 1982; Borges et al., 2002).
A disponibilidade de material genético diversi-
ficado, de mudas sadias e com garantia de procedência,
as boas práticas culturais de manejo pré e pós-colheita,
as técnicas de nutrição e de irrigação, as técnicas fitos-
sanitárias desenvolvidas e a melhoria organizacional do
bananicultor brasileiro, foram os principais fatores que
possibilitaram a evolução da bananicultura brasileira
(Lichtemberg; Lichtemberg, 2011).
O crescimento da planta de bananeira distri-
bui-se durante o ano todo, para que seu crescimento
seja vigoroso, para que se atinja uma boa produção e
qualidade de frutos, exigem-se elevadas temperaturas e
umidade relativa do ar, assim como precipitações pluviais
bem distribuídas e adubação equilibrada. Os genótipos
utilizados podem causar variações nas características do
ciclo fenológico da planta, apresentando maior ou menor
crescimento e desenvolvimento vegetativo, o que também
é influenciado pelos tratos fitossanitários, culturais e a
região onde se está trabalhando (Gonzaga Neto et al.,
1995)
A bananeira (Musa sp.) é uma planta de origem
tropical, a temperatura ótima para o seu desenvolvimento
se encontra em torno de 28°C, suportando uma amplitude
térmica que vai de 4°C (mínima) a 34°C (máxima), nessas
condições as plantas apresentam crescimento constante
até a emissão da inflorescência (Aubert, 1971). Baixas
temperaturas, em especial associadas a déficit hídri-
co, afetam negativamente o desenvolvimento da planta
provocando, entre outros, deformidade no cacho, com
sintomas parecidos aos de “engasgamento” (Moreira,
1999).
A banana cultivar Prata possui alta susceptibi-
lidade à “Sigatoka amarela”, “Sigatoka negra” e ao “Mal
do Panamá”, entretanto é uma das cultivares mais plan-
tadas no Brasil, por possuir grande aceitação no mercado
consumidor. Essa susceptibilidade acaba encarecendo em
muito sua produção. Para tentar sanar esse encarecimen-
Características produtivas do híbrido de bananeira ‘BRS FHIA 18’ em Botucatu-SP
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to, o uso de novas variedades está sendo implantado em
todas as regiões do Brasil. Diante do exposto o presente
trabalho objetivou avaliar o comportamento produtivo
do genótipo BRS FHIA 18, que se mostrou ser uma boa
opção para a substituição da cultivar Prata em outras
regiões no município de Botucatu-SP, visando a futura
incorporação dessa cultivar nessa região.
Material e métodos
O experimento foi realizado no pomar experimen-
tal localizado na Faculdade de Ciências Agronômicas da
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
(UNESP) campus de Botucatu, São Paulo. O municí-
pio está situado a 22°51’55” S, 48°27’22” e a 810 m de
altitude.
O clima predominante é do tipo temperado me-
sotérmico (Cfa), conforme a classificação de Koppen,
úmido caracteristicamente e com temperatura média
próxima a 22°C (Alvares et al., 2013). O solo da área
experimental foi classificado como Nitossolo Vermelho
(Embrapa, 2013).
As mudas das plantas que foram utilizadas no pre-
sente trabalho foram adquiridas na empresa Multiplanta,
localizada em Andradas-MG, e possuíam certificação de
sanidade. As plantas foram transplantadas para a área
experimental, utilizando-se espaçamento de 2 x 2,5 m,
em sistema de sequeiro.
Os dados meteorológicos foram fornecidos pelo
Departamento de Recursos Naturais, área de Ciências
Ambientais/FCA UNESP, Botucatu-SP (Tabela 1).
Tabela 1 Dados Climáticos do município de Botucatu durante o ano de 2017, Botucatu-SP 2017 (tabela adaptada).
Mês Temperaturas (°C) Precipitação Umidade Relativa do Ar
Mínima Máxima Média (mm) (%)
Janeiro 19,08 28,16 23,62 140,90 82,24
Fevereiro 19,92 30,04 24,98 336,20 71,34
Março 18,60 27,98 23,29 140,70 75,71
Abril 16,63 25,71 21,17 133,90 76,17
Maio 13,53 22,37 17,95 238,10 79,47
Junho 12,76 22,26 17,51 97,70 73,58
Julho 14,10 23,27 18,68 0,00 91,97
Agosto 17,13 28,78 22,96 69,20 66,42
Setembro 17,37 23,05 23,05 35,60 50,05
Outubro 16,90 22,35 22,35 149,20 69,47
Novembro 16,33 21,45 21,45 6,89 72,38
Dezembro 18,26 23,89 23,89 7,40 68,08
Média 16,72 26,68 21,74 112,98 70,57
No manejo da área experimental foi realizado o
controle de plantas daninhas, nos primeiro meses após
o plantio. Mas com o crescimento das plantas, o som-
breamento das entrelinhas juntamente com as folhas
senescentes cobrindo o solo, houve grande redução na
emergência das mesmas, o que resultou na não neces
-
sidade de aplicação de herbicidas e nem de capina. Os
perfilhos foram retirados seguindo o sistema de condução
tradicional da cultura, que indica três plantas por touceira
(“mãe”, “filha” e “neta”). Os perfilhos foram retirados
com cortes rentes ao solo e posteriormente, retira-se a
gema apical. Esse trato foi realizado, aproximadamente,
a cada 90 dias. As folhas senescentes foram retiradas
sempre que necessário, sendo deixadas nas entrelinhas.
As inflorescências masculinas (“coração”) foram retiradas,
após 15 dias da emissão da inflorescência.
O delineamento experimental empregado foi
inteiramente casualizado, com cinco repetições e quatro
plantas úteis por parcela experimental, completamente
rodeadas por seis plantas na bordadura.
As avaliações foram realizadas logo após a colhei-
ta dos frutos, quando os mesmo apresentavam estádios
um de maturação, casca totalmente verde (CEAGESP,
2006). As avaliações foram feitas entre os meses de Agosto
e Outubro do ano de 2017 e foram as seguintes: peso
do cacho (kg), massa da ráquis (kg), massa dos frutos
(kg), número de pencas por cacho, número de frutos por
penca e produtividade (t/ha). Foram realizadas avaliações
de desempenho produtivo na segunda penca de cada
cacho, a qual é considerada a mais representativa do
cacho: número de frutos, comprimento dos cinco frutos
Gabriel Maluf Napoleão, G. M. et al.
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centrais medidos individualmente (cm), diâmetro dos
cinco frutos centrais medidos individualmente (mm) e
peso da segunda penca.
Resultados e discussão
No ano agrícola de 2017 a precipitação média
foi de 112,98 mm, com temperatura média de 21,74°C,
oscilando entre 16,72°C (média mínima) a 26,68 (mé-
dia máxima), ficando a umidade relativa com média de
70,57%. Os limites de temperatura para o desenvolvi-
mento normal da cultura estão por volta de 15 a 35°C e
a umidade relativa 80% (Borges; Souza, 2004).
Durante a realização do experimento a tempe-
ratura apresentada (Tabela 1) se fez adequada para o
desenvolvimento das plantas de bananeira, não ocorrendo
temperaturas nem abaixo e nem acima da média indicada
para o crescimento vigoroso das plantas.
Tabela 2 – Valores médios e desvio padrão da massa das pencas, massa da ráquis, massa do cacho, número de frutos
por cachos, massa do fruto, número de pencas/cachos, produtividade, massa da penca, número de frutos
na penca, comprimento dos frutos na penca e diâmetro dos frutos na
penca do híbrido de bananeira
‘BRS FHIA 18’, em Botucatu-SP (agosto a outubro de 2017).
Massa das Massa da Massa do Número de Massa do fruto
pencas (kg) ráquis (kg) cacho (kg) frutos/cacho (g)
8,43± 1,6 1,39 ± 0,4 9,82 ± 1,9 116,50 ± 16,7 72,67 ± 11,3
Número de pencas/cacho Produtividade (t ha
-1
)
8,90 ± 1,0 19,65 ± 3,7
Massa da 2ª
penca (kg) Nº de frutos na 2ª penca Comprimento (cm) Diâmetro (mm)
1,14 ± 0,2 14,20 ± 1,3 13,95 ± 1,0 30,48 ± 2,4
A massa média da ráquis foi de 1, 39 kg em
Botucatu-SP (Tabela 2). Segundo Santos et. al. (2006),
em Jataí-GO, a variedade FHIA 18 apresentou 0,43 kg
de massa da ráquis, em Jaboticabal-SP relatou-se para
o mesmo híbrido 0,87 kg de massa da ráquis.
Com relação à massa média do cacho os valores
encontrados foram de 9,82 kg. Moura et al. (2002), em
Itambé-PE, observaram para “FHIA 18” 6 kg de massa
de cacho. Conforme relato de Santos et al. (2006), em
Jataí-GO a massa de cacho de “FHIA 18” foi de 8,4 kg.
Através dessas comparações pode-se concluir que os
resultados em Botucatu-SP foram bastante satisfatórios
para essa variável.
Já para o número médio de frutos por cacho os
resultados obtidos foram de 116,50 frutos. Segundo Car-
valho et al. (2002), em Teresina-PI, a variedade FHIA 18
apresentou uma média de 137 frutos por cacho. Donato et
al. (2003) relataram que nas condições de Guanambi-BA
a produção foi de 132 frutos por cacho nas plantas do -
brido. Pereira et al. (2003) em Lavras-MG expuseram que
em condições de sequeiro produziu-se 92 frutos por cacho
(Figura 1). Foram observados diferentes valores para cada
região, sendo que no presente trabalho o resultado foi
superior aos relatados, este fato pode ser atribuído ao
manejo e tratos culturais que foram realizados na área,
além da adaptação do híbrido ao local de cultivo, nesse
ciclo de produção.
A massa média de cada fruto produzido na área
experimental situada no município de Botucatu-SP foi
de 72,67 g. Rodrigues et al. (2006), declararam que no
norte de Minas Gerais o híbrido ‘FHIA 18’ apresentou
frutos pesando 164,0 g em média. Uma massa inferior foi
encontrada por Pereira et al. (2003), em Lavras - MG, o
mesmo híbrido apresentou frutos pesando 110,03 g, sob
condições de sequeiro. Alves et al. (2004), em Recife-PE
chegou a conclusão que frutos de “FHIA 18” possuem
uma massa média de 101,2 g cada (Figura 2). Houve
resultados que se diferiram por região, fatos que podem
ser explicados pelos motivos citados anteriormente.
A massa média de cada fruto produzido na área
experimental situada no município de Botucatu-SP foi
de 72,67 g. Rodrigues et al. (2006), declararam que no
norte de Minas Gerais o híbrido ‘FHIA 18’ apresentou
frutos pesando 164,0 g em média. Uma massa inferior foi
encontrada por Pereira et al. (2003), em Lavras - MG, o
mesmo híbrido apresentou frutos pesando 110,03 g, sob
condições de sequeiro. Alves et al. (2004), em Recife-PE
chegou a conclusão que frutos de “FHIA 18” possuem
uma massa média de 101,2 g cada (Figura 2). Houve
resultados que se diferiram por região, fatos que podem
ser explicados pelos motivos citados anteriormente.
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Figura 1 – Média de frutos por cacho do híbrido ‘FHIA 18’ encontrado em diferentes regiões do Brasil
Figura 2 – Massa média de frutos do híbrido ‘FHIA 18’ encontrados em diferentes regiões do Brasil.
No presente trabalho o número de pencas por
cacho foi de 8,90. O número de pencas por cacho avalia-
dos neste trabalho não diferiram dos relatos de Donato
et al. (2003), que relataram que os cachos de “FHIA 18”
apresentaram em média nove pencas, nas condições de
Guanambi-BA. Em condições de sequeiro, na região de
Jataí-GO, verificou-se que os cachos do híbrido ‘FHIA 18’
possuíam sete pencas (Santos et al., 2006) (Figura 3).
Comparando-se os resultados verificados neste trabalho
com os resultados encontrados por outros autores, ob-
serva-se que houve pouca variação para a variável de
número de pencas por cacho o que talvez possa indicar
maior elasticidade dessa característica, adaptando-se
para diversas regiões com diferentes climas. A média do
híbrido ‘BRS FHIA 18’ na região de Botucatu-SP foi de
19,65 toneladas por hectare.
Os resultados médios dos parâmetros analisados
para a segunda penca foram: massa 1,14 kg, número de
frutos 14,20, comprimento 13,95 cm e diâmetro 30,48
mm (Tabela 2). Em experimento desenvolvido no norte
de Minas Gerais observou-se os seguintes resultados
para a média das mesmas características para a segunda
penca dos cachos do híbrido de bananeira ‘FHIA 18’:
massa da segunda penca 3,4 kg, número de frutos 16,
comprimento 13, 95 cm (Rodrigues et al., 2006). Entre-
tanto Santos et al. (2006) em Jataí-GO observaram que
o híbrido ‘FHIA 18’ apresentou uma massa média de 1,1
kg. Em Itambé-PE Moura et al. (2002) relataram que em
sequeiro frutos de “FHIA 18” apresentaram na segunda
penca um comprimento médio de 16,6 cm e um diâme-
tro médio de 38,8 mm. Também em sequeiro Silva et al.
(2000) demonstraram que o híbrido apresentou uma
média de comprimento e diâmetro de 13,3 cm e 30,3
mm respectivamente. Diante do exposto, observa-se que
Gabriel Maluf Napoleão, G. M. et al.
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os resultados descritos neste trabalho demostram que as
características avaliadas da segunda penca dos cachos
produzidos pelo híbrido de bananeira BRS FHIA 18’ são
condizentes com produções obtidas por outros genótipos
de bananeira, susceptíveis às doenças fúngicas Sigatokas
negra e amarela. Além do fato da adaptação climática
em condições subtropicais, na região de Botucatu-SP.
Importante ressaltar que os dados referem-se a apenas
um ciclo produtivo, sendo necessárias mais avaliações
para confirmar os dados obtidos.
Figura 3 – Média de pencas por cacho do híbrido ‘FHIA 18’observado em diferentes regiões do Brasil.
Conclusão
O híbrido de bananeira ‘BRS FHIA 18’ mostrou-se muito promissor como alternativa para a substituição da
cultivar Prata na região de Botucatu-SP, que apresenta clima subtropical e possui altitude elevada. Tais resultados,
ainda que somente de um ciclo produtivo, servem como premissas indicativas de uma redução nos custos do cultivo
de bananeiras nessa região, isso graças à resistência aos principais problemas fitossanitários que assolam a produção
desta fruta.
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