Souza, C. L. et al.
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Cad. Ciênc. Agrá., v. 11, p. 01–08, 2019. e-ISSN: 2447-6218 / ISSN: 1984-6738
Introdução
A vegetação, seja ela nativa ou plantada, desem-
penha uma função fundamental na regulação da concen-
tração atmosférica de gás carbônico, tudo isso em função
dos processos fotossintéticos, respiração, decomposição e
no consumo/produção de quantidade relevantes de CO
2
,
que é o gás mais importante relacionado com o efeito
estuda e, desta forma, com o aquecimento global. Os
vegetais, utilizando-se de sua capacidade fotossintética,
fixam o CO
2
atmosférico, biossintetizando-o na forma de
carboidratos, e por fim é depositado na parede celular,
processo conhecido como “sequestro” de carbono (Carmo,
2016).
Em se tratando de florestas plantadas, o setor
florestal Brasileiro conta com cerca de 8 milhões de hec-
tares de reflorestamento, responsáveis por 91% da ma-
deira para fins industriais e representando 6,2% do PIB
Brasileiro (Ibá, 2017). Neste contexto, o cerrado tem se
mostrado de grande importância no abastecimento da
demanda de madeira para os mais diversos fins, a nível
regional e nacional. De acordo com Lima (1997), uma
das funções dos reflorestamentos em áreas de cerrado é
diminuir a pressão e a necessidade de espécies nativas,
preservando assim, as espécies nativas desse bioma, as
quais, muitas vezes, se encontram em risco de extinção.
Entretanto, embora as atividades florestais ve-
nham apresentando importante evolução em termos
técnicos, econômicos e operacionais, verifica-se que o
aspecto ambiental merece maior atenção, visto que são
marcantes as atividades potencialmente poluidoras por
conta do porte das máquinas, caminhões, veículos de
apoio, entre outros, que compõem as mais diversas ati-
vidades do ciclo de produção florestal. Os gases emitidos
pelo tubo de escapamento das máquinas e veículos são
constituídos pelos produtos gerados durante reação de
combustão incompleta que ocorre no motor, basicamente
por monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO
2
),
óxidos de nitrogênio (NO
x
) e hidrocarbonetos (HC), que
são considerados gases poluentes (Carmo, 2016).
Por outro lado, as florestas plantadas podem re-
presentar grande potencial para imobilização do carbono
atmosférico. Os reflorestamentos participam do ciclo de
carbono por meio da troca de CO
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com o ambiente através
de processos de fotossíntese, respiração, decomposição e
emissões associadas a distúrbios como fogo e à explora-
ção florestal (Sedjo; Marland, 2003; Nascimento et al.,
2011b). Sob essa ótica, é cada vez maior o interesse pela
fixação de carbono em florestas plantadas, principalmente
de eucalipto, devido as suas elevadas taxas de crescimento
e consequente capacidade de remover dióxido de carbono
da atmosfera. Tais florestas plantadas, geralmente com
fins econômicos e comerciais, são orientadas por critérios
técnicos, conforme um plano de manejo, definindo-se sua
época de colheita. Durante sua existência, estas florestas
realizam a atividade de captura e fixação de carbono na
madeira e nos demais componentes (Baesso et al., 2010).
Desta forma, este estudo visou quantificar a
imobilização e emissão de carbono no processo produtivo
florestal para realização do balanço deste processo, em
florestas plantadas no norte de Minas Gerais.
Material e métodos
Caracterização da amostragem
Os dados foram coletados em áreas de uma
empresa florestal localizada nas regiões dos vales do
Jequitinhonha e do São Francisco, norte do Estado de
Minas Gerais, situadas entre os meridianos de 42°48’00”
a 43°43’00” de longitude a Oeste de Greenwich e os
paralelos de 16°49’00” a 17°42’00” de latitude a Sul da
linha do Equador. A altitude onde os povoamentos se
encontram variou de e 600 a1.100 m. Todas as áreas de
reflorestamento da empresa são originárias da conversão
de cerrado anteriormente degradado em áreas produtivas,
mediante a implantação de florestas de eucalipto.
A região do vale do Jequitinhonha abrange áreas
com precipitação medial anual que vão de 750mm até
1.400mm. Segundo a classificação climática de Köppen,
os tipos climáticos predominantes na região são oAw –
tropical chuvoso de savana, ou seja, inverno seco e chuvas
máximas no verão, e a estação chuvosa ocorre entre os
meses de outubro e março (Nascimento et al., 2011a)
e Cwb - temperado chuvoso e moderadamente quente,
com preponderância de chuvas em verões brandamente
quentes (Meira Junior et al., 2017).Já as áreas localizadas
na região do vale do São Francisco, apresentam preci-
pitação média anual variando de 760 a 1.100 mm, com
tipologia climática predominante do tipo Aw (Fonseca
et al., 2016).
Nas áreas de estudo, as florestas são, em sua
totalidade, cultivadas com eucaliptos em povoamentos
de clones híbridos (Eucalyptus urophilla x E. grandis) com
volume médio de 245 m³/ha, em regime de alto fuste
com rotação de 7 anos de idade, espaçamento 3 x 3 m e
percentual médio de sobrevivência de 95% após o plantio,
com um volume médio de 0,2322 m³/árvore e densidade
básica média da madeira de 450 g/cm³ (ou 0,45 t/m³),
ambos aos 7 anos de idade. A colheita, por sua vez, era
realizada através do sistema de árvores inteiras (full-tree),
sistema em que, de acordo com Malinovski et al. (2014),
a árvore é derrubada e levada para a margem da estrada
ou pátio intermediário, onde é processada em pequenas
toras, com comprimento menor que 6 m. No caso deste
estudo, a madeira era processada em toras com 3 m de
comprimento.
De posse dos valores médios de Inventário Flo-
restal, dos rendimentos médios de cada atividade e dos
respectivos consumos de combustível, utilizando-se o
software Excel, foram calculados todos os parâmetros
necessários ao desenvolvimento deste estudo, visando