Características Morfológicas e Produtivas de Clones de Batata Doce
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Cad. Ciênc. Agrá., v. 11, p. 01–07, 2019. e-ISSN: 2447-6218 / ISSN: 1984-6738
As avaliações dos caracteres da parte aérea foram
realizadas cinco meses após o plantio e os das raízes por
ocasião da colheita (174 dias após o plantio). Conforme
Cavalcante et al. (2010), os dados referentes às caracte-
rísticas de folhas e pecíolos foram obtidos da parte central
das ramas, utilizando-se três folhas por planta e quatro
plantas por parcela e, os das raízes, foram obtidos de todo
material colhido de seis plantas úteis de cada parcela.
Com base nos dados morfológicos obtidos foi
estimada a correlação fenotípica de Pearson entre todos
os caracteres, seguindo-se da realização do teste T para
verificar as correlações foram significativas.
Também foi construído um dendrograma para
verificar a influência da morfologia no agrupamento entre
os clones. Para o agrupamento dos caracteres morfológicos
foi utilizada a distância euclidiana e o dendrograma de
similaridade foi construído segundo o método da média
aritmética ponderada (WPGMA).
As características produtivas avaliadas foram:
produtividade comercial (obtida pela pesagem de todas
as raízes com peso acima de 80 g e abaixo de 400 g, se-
gundo classificação apresentada por Silva et al. (2004)
e produtividade não comercial (obtida pela pesagem
das raízes que estão com algum dano ou que estejam
abaixo ou acima do peso necessário para ser inserida
com comercial).
Os dados de produtividade foram submetidos à
análise de variância e as médias dos tratamentos foram
comparadas utilizando-se o teste de Tukey a 5% de pro-
babilidade.
Similaridade morfológica e produtividade
Observou-se variações morfológicas entre os
clones estudados. A variabilidade pode ser observada
no formato das folhas que apresentou forma cordada
(7,7%), lanceolada (11,5%), lobulada (34,6%) e trian-
gular (46,2%). O tipo de lóbulo foi classificado como
ausente (15,4%), muito superficial (30,8%), superficial
(23,1%), moderado (19,2%) e profundo (11,5%). Para a
variável número de lóbulos, os clones foram divididos em
quatro grupos distintos: folhas com um lóbulo (15,4%),
folhas com três (57,7%), cinco (23,1%) e sete (3,8%)
lóbulos. A forma do lóbulo central foi elíptico e lanceolado
(7,7% cada), dentado (15,4%), semielíptico (19,2%) e
triangular (50%). 7,7% das folhas maduras apresentaram
tamanho pequeno e grande, respectivamente, e 84,6%
tamanho médio.
A cor da folha madura foi verde para a maioria
(80,8%), seguida pelas cores amarelo-verde e verde com
bordas roxas (7,7% cada) e verde com nervuras roxas na
face (3,8%). Quanto a cor da folha imatura, 30,8% apre-
sentam cor verde, 26,9% cor amarelo-verde e verde com
bordas roxas, respectivamente, 11,5% verde com nervuras
roxas na face e 3,8% roxas em ambas as superfícies. O
comprimento do pecíolo foi classificado com muito curto
(3,8%), curto (53,8%) e intermediário (42,3%). De modo
geral, as folhas apresentaram comprimento de entrenó
muito curto (65,4%), seguido de comprimento curto
(30,8%) e longo (3,8%). Já os diâmetros de entrenós
foram finos (46,2%) e intermediário (46,2%).
Quanto ao formato das raízes, 44,9% dos clones
apresentaram raízes com formato desuniforme, com veias
e bastante irregular; 25,6% com formato considerado
bom, próximo de fusiforme, com algumas veias; 20,5%
com raízes grandes, com veias e rachaduras, indesejáveis
comercialmente; e 9,0% apresentaram raízes totalmente
fora dos padrões comerciais, muito irregulares e defor-
madas, com muitas veias e rachaduras.
A cor externa da película predominante nos clones
avaliados foi rosada (38,5%), seguida de roxa (30,8%),
branca (23,1%) e creme (7,7%). Quanto a cor interna
da polpa, ocorreu predomínio da cor creme (65,4) e
ocorrência das cores branca (23,1%), amarela (7,7%) e
roxa (3,8%).
Essas observações são corroboradas por Moulin
et al. (2014), que estudando características morfológicas
de 46 acessos de batata doce coletados em propriedades
rurais e estabelecimentos comerciais da região Norte do
Estado do Rio de Janeiro, verificaram alta variabilidade
fenotípica dos genótipos de batata-doce estudados.
De acordo com a matriz de correlação fenotípica
para as variáveis avaliadas (Tabela 2), o tipo de lóbulo
da folha (TL) apresentou forte correlação com a forma
do lóbulo central (FLC), sendo igual a 0,79, e também
com a forma de folha madura (FFM), igual a 0,67, e com
o número de lóbulo (NL), igual a 0,59, sendo altamente
significativo.
Com base nas médias dos dados morfológicos
obtidos a partir dos clones, obteve-se a matriz de dis-
tâncias euclidianas, a partir da qual se gerou o dendro-
grama (Figura 1). Observa-se que houve a formação de
dois grupos distintos com subdivisões. O primeiro grupo
reúne os seguintes clones: arruba, BJ 02, BJ 04, BJ 06,
BJ 18, Inhame branca, Licori e Sete Semanas Vermelha.
Os clones reunidos no segundo grupo foram: Batata
Vermelha, BD 23, BD 54, BJ 01, BJ 03, BJ 05, BJ 07, BJ
08, BJ 09, BJ 10, BJ 11, BJ 12, BJ 13, BJ 14, BJ 15, BJ
16, BJ 17 e Caruaru Vermelha.
Os resultados obtidos confirmam a alta variabi-
lidade morfológica entre os clones de batata doce (Fi-
gura 1), com ausência de fenótipos iguais, reforçando,
conforme Neiva et al. (2011), a diversidade advinda
dos parentais. Observa-se pelo dendrograma de dissi-
milaridade morfológica, que os clones mais similares
morfologicamente são BJ 01 e BJ 15 e BJ 03 e BJ 12 e
os mais dissimilares são Arruba e BJ 11.