
Pereira, R. G. A.
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Cad. Ciênc. Agrá., v. 12, p. 01–05, 2020. e-ISSN: 2447-6218 / ISSN: 1984-6738
Introdução
O Brasil tem 7.491 quilômetros de extensão
litorânea, sendo o quinto país do mundo em extensão
territorial, com 8.514.876 km
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. O país importou no ano de
2017, 374.290 t. de peixe e exportou 34.583 t., ANUAL-
PEC (2018). O país ainda se destaca por possuir 12%
do total de reserva de água doce do planeta (Agência
Nacional das Águas 2019), concentrada principalmente
na região Amazônica. Com relação ao consumo, pela
primeira vez, a marca de 20 kg/hab/ano. No Brasil, o
consumo foi de 9,6 kg/ano em 2015. (FAO, 2019). No
país a tendência é de aumento no consumo, entretanto
a oferta de peixe em cativeiro é reduzida principalmente
para a população de baixa renda.
Há poucas décadas achava-se que muitas espé-
cies de peixes estariam fadadas a extinção porque não
se dominava a tecnologia de criação e principalmente
reprodução em cativeiro. As espécies nativas eram as
mais ameaçadas sendo reduzido o tamanho e peso para
o abate. Com o desenvolvimento de tecnologias nas áreas
de reprodução e criação, mudou o cenário e o produtor
de peixes em Rondônia investiu para que se tenha hoje o
Estado como referencia nacional na produção de pescado
nativo da região Amazônica. Com o aumento da população
na região, principalmente com a zona franca de Manaus e
nas capitais como: Belém-PA, Porto Velho-RO e Rio Branco
(AC), as reservas de pescado, principalmente tambaqui e
pirarucu, foram reduzindo a números que comprometiam
as espécies citadas. As técnicas de produção de alevinos
em laboratórios e a criação dessas espécies em cativeiro
possibilitou preservar a produção nas bacias hidrográficas
e aumentar significativamente a oferta de pescado para
toda a Região Norte, outros estados da federação e para
exportação.
O estado de Rondônia tem apresentado uma pro-
dução de pescado altamente significativa, principalmente
levando-se em consideração que a cultura vem sendo
implantada nos últimos 30 anos. Atualmente, o Estado
é o maior produtor de peixe em cativeiro do Brasil sendo
ainda o maior produtor da espécie tambaqui (Colossoma
macropomum, Cuvier, 1818), e pirarucu (Arapaima giga
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sem) em tanque escavado, tendo como principais polos
o Vale do Jamari e a Região Central do Estado de acordo
com o (Anuário Peixe BR da Piscicultura, 2019).
A bacia hidrográfica do estado de Rondônia tem
uma significativa contribuição no contexto da Bacia Ama-
zônica e está inserida numa área fluvial com extensão de
1.500 km, com destaque para os rios Madeira, Mamoré,
Guaporé e seus principais afluentes, constituindo-se, as-
sim, em uma região possuidora de um excelente manancial
hídrico, com grande potencial de recursos naturais aptos
para serem explorados racionalmente.
A produção de peixe em Rondônia mudou o
cenário das propriedades rurais e vem cada vez mais
interferindo na oferta de um pescado de qualidade onde
se destaca a capacidade do produtor em investir nesta
cadeia produtiva. Estes investimentos têm interferido
diretamente na vida da população rondoniense. Em 2011,
o Estado produziu 39.700 t. de tambaqui e 1.300 t. de
pirarucu (SEBRAE AGRONEGÓCIOS, 2014). A comercia-
lização dessa produção representou um faturamento de
R$ 160 milhões para o setor, sendo Manaus o principal
mercado consumidor. Segundo dados do IBGE. Em 2014
foram produzidas 71.000 t., em 11,9 mil há, de lâmina
d’água representando 78% de aumento em relação ao
ano de 2010 .
Trabalhando com produtores de tambaqui em
propriedades familiares onde cerca de 84% dos empreen-
dimentos visitados possuíam menos de 5 há de lâmina
d’água Meante e Dória (2017) observaram uma produção
média de 7,8 t/há em sistema semi intensivo.
Segundo Silva e Araujo (2017) a piscicultura
em Rondônia ainda depende de fatores como a limitada
capacidade de processamento, os elevados custos de
produção e as limitações zootécnicas onde problemas de
sanidade têm causado prejuízos zootécnicos e econômicos.
Este estudo teve como objetivo analisar a pisci-
cultura do estado de Rondônia, procurando descrever a
sua situação atual destacando a produção no setor e seu
potencial.
Material e métodos
Para a realização desta pesquisa utilizou-se a
técnica de coleta de dados de documentação indireta
voltada para a pesquisa de dados secundários, consultando
e analisando diversos bancos de dados disponibilizados
principalmente pela Agência de Defesa Sanitária Agrosil-
vopastoril do Estado de Rondônia-IDARON. Os dados são
fornecidos pelo IDARON que possui cadastro individual
de cada propriedade com visita dos técnicos onde são
tabulados os dados de produção e comercialização. A
cada venda é emitido guia de transporte animal (GTA)
e o controle da produção se da por este documento. A
lâmina de água por hectare é informada por cada produ-
tor além da quantidade de peixe e a espécie. Com estas
informações é possível avaliar-se os dados utilizados
neste trabalho.
Segundo a classificação de Koppen, o estado de
Rondônia apresenta clima tropical chuvoso, do tipo Aw,
Clima Tropical Chuvoso que se caracteriza por total pluvio-
métrico anual e moderado período de estiagem. O Estado
possui uma área de 237.765,233 km² e uma população
de 1.757.589 pessoas, distribuídos em 52 municípios.
O clima de Rondônia caracteriza-se por apresentar uma
homogeneidade espacial e sazonal da temperatura média
do ar. Estando sob a influência do clima tropical chuvoso,
a média anual da precipitação pluvial varia entre 1400 e
2600 milímetros ao ano e mais de 90% desta ocorre na