CADERNO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
Agrarian Sciences Journal
Características de crescimento e desenvolvimento do milho crioulo com diferentes
adubações orgânicas
Fátima de Souza Gomes
1
, Rafael Alves dos Santos
2
, Diogo Barreto Magalhães
3
, Felizarda Viana Bebé
4
Resumo
A sociedade torna-se cada vez mais consciente em relação às externalidades apresentadas pela agricultura convencio-
nal, assim, a demanda por sistemas que degradem menos o meio ambiente é crescente. Neste contexto, objetivou-se
caracterizar o desempenho agronômico do milho em solo adubado com diferentes adubações orgânicas. O delinea-
mento experimental foi em blocos aleatorizados 5 tratamentos e 15 repetições, totalizando 75 unidades experimen-
tais. Os tratamentos foram: testemunha (sem adubo); esterco bovino (40 t ha
-1
); esterco aviário (5 t ha
-1
); esterco
caprino (65 t ha
-1
) e misto (bovino+aviário+caprino) (36 t ha
-1
). Aos 14, 21, 28 e 35 dias após o plantio (DAP) foi
mensurada a altura da planta, número de folhas e diâmetro do colmo; a altura da primeira espiga no colmo aos 80
DAP. Os resultados demonstram que para os caracteres avaliados, os menores valores foram observados no tratamento
com esterco bovino. A adubação mista proporcionou aumento no número de folhas. O esterco de caprinos promoveu
maior diâmetro do colmo e número de espiga/planta. O peso da espiga/planta foi incrementado com o uso do esterco
caprino e do esterco misto.
Palavras-chave: Estercos. Sustentabilidade. Zea mays L.
Characteristics of growth and development of landrace maize with different organic
fertilizers
Abstract
Society becomes increasingly aware of the externalities presented by conventional agriculture, so the demand for
less environmentally degrading systems is increasing. In this context, the objective was to characterize the agronomic
performance of corn in soil fertilized with different organic fertilizers. The experimental design was in randomized
blocks 5 treatments and 15 repetitions, totaling 75 experimental units. The treatments were: control (without fer-
tilizer); cattle manure (40 t ha
-1
); poultry manure (5 t ha
-1
); goat (65 t ha
-1
) and mixed manure (cattle + poultry +
goat) (36 t ha
-1
). At 14, 21, 28 and 35 days after planting (DAP), plant height, leaf number and stem diameter were
measured; the height of the first ear in the stem at 80 dbh. The results demonstrate that for the evaluated characters,
the lowest values were observed in the treatment with cattle manure. Mixed fertilization increased the number of
leaves. The goat manure promoted larger stem diameter and number of ear / plant. The weight of the ear / plant
was increased with the use of goat and mixed manure.
Keywords: Dung. sustainability. Zea mays L.
1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, Campus de Guanambi. Guanambi, Ba. Brasil
http://orcid.org/0000-0003-2963-8342
2
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, Campus de Guanambi. Guanambi, Ba. Brasil
http://orcid.org/0000-0002-3509-169X
3
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, Campus de Guanambi. Guanambi, Ba. Brasil
http://orcid.org/0000-0002-0800-9136
4
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, Campus de Guanambi. Guanambi, Ba. Brasil
http://orcid.org/0000-0001-5459-6303
*Autora para correspondência: souzafa86@gmail.com
Recebido para publicação em 01 de novembro de 2019. Aceito para publicação em 19 de novembro de 2019.
e-ISSN: 2447-6218 / ISSN: 2447-6218 / © 2009, Universidade Federal de Minas Gerais, Todos os direitos reservados.
Gomes, F. de S. et al.
2
Cad. Ciênc. Agrá., v. 11, p. 01–08, 2019. e-ISSN: 2447-6218 / ISSN: 1984-6738
Introdução
O milho (Zea mays L.), pertence à família Poa-
ceae, é uma espécie originária da América do Norte, um
dos cereais mais cultivados no mundo, tendo um papel
significativo na economia por apresentar alto valor co-
mercial na produção de grãos, possuindo alta produtivi-
dade devida sua habilidade em adaptar-se a condições
ambientais adversas (Silveira et al., 2015).
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de
milho, ficando somente atrás dos Estados Unidos e da
China. De acordo a Companhia Nacional de Abastecimento
(2016), na safra 2015/16 o Brasil plantou 16 milhões
de hectares, com produção total de 82,3 milhões de
toneladas, e o Rio Grande do Sul teve uma participação
de 7% na produção total do cereal, com uma produção
média de 6,5 t ha.
Geralmente as cultivares são selecionadas para
responder a adubação solúvel, resistência a pragas e altas
produtividades de grãos (Eicholz et al., 2016). Nos últimos
30 anos, as tradicionais variedades de milho ou varieda-
des locais, de polinização aberta, foram substituídos por
cultivares híbridas, em especial híbridos simples e triplos
com maior potencial produtivo, porém mais exigentes em
tecnologia de produção (adubação, irrigação e defensivos)
para expressar seu potencial produtivo (Emygdio et al.,
2008).
A alta produtividade do milho, independente da
região de cultivo, é consequência do emprego de várias
tecnologias de produção como: correção e fertilização
adequada do solo, plantio direto, manejo integrado de
plantas invasoras, doenças e pragas, assim como da ado-
ção de sementes de qualidade genética superior, como
as geneticamente modificadas (Eicholz et al., 2016).
Em condições que se empregam baixas tecnologias
de cultivo, as variedades comerciais podem apresentar
desempenho próximo ou mesmo inferior às variedades
cultivadas pelo agricultor (Carpentieri et al., 2010). Além
da diversidade genética que representam, outro aspecto
fundamental referente às variedades crioulas é que elas
não são estáticas, ao contrário, estão em permanente
processo evolutivo e de adaptação às condições ambientais
e sistemas de cultivo (Cunha, 2013).
Para Santos et al.; (2017), sementes crioulas
são variedades produzidas por agricultores familiares,
quilombolas, indígenas ou assentados com características
reconhecidas pelas comunidades que as cultivam. Para
isso, é importante também que se comece pelo resgate
da tradição de cultivar a semente crioula e preservar as
que existem (Santos et al., 2017).
As sementes crioulas podem ser definidas tam-
bém como aquelas que durante um longo período de
tempo, foram conservadas, cultivadas e selecionadas por
agricultores em suas regiões, não sofrendo modificações
por meio de melhoramento genético artificial, adaptadas
às biointerações presentes nos agroecossistemas, contri-
buindo com a sustentabilidade e diversidade, além de
serem mais rústicas e resistentes (Macêdo et al., 2016).
A fim de minimizar os custos de produção para
maior competitividade e melhoria da qualidade do pro-
duto processado, a determinação e o conhecimento do
comportamento das propriedades das sementes de girassol
são os principais fatores a contribuírem para o adequado
desenvolvimento dos processos e simulações, que visem
aperfeiçoar o sistema produtivo dessa cultura, o que
torna o conhecimento das propriedades físicas dos grãos
relevante (Milane et al., 2015).
No Nordeste o milho contribui de forma signifi-
cante na alimentação animal, onde entra como compo-
nente básico principalmente na forma de silagem, sendo
conservado no período chuvoso e disponibilizado aos
animais na estiagem.
Conforme Ferreira et al., (2010), é necessário
utilizar técnicas de recuperação e fertilização orgânica
dos solos para viabilizar o retorno das condições de equi-
líbrio ecológico e reduzir utilização de adubos minerais
no sistema produtivo. O aproveitamento de adubo orgâ-
nico de origem animal no cultivo agrícola tem sido uma
prática utilizada na busca de alternativas para substituir
os adubos minerais.
Neste contexto, objetivou-se avaliar o crescimento
e desenvolvimento do milho com utilização de diferentes
fontes de adubação orgânica.
Material e métodos
A área experimental está localizada no Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano Cam-
pus Guanambi, no município de Guanambi- BA, Micro
Região da Serra Geral, com latitude de 14°17’21.73’’ sul,
longitude de 42º41’36.54’’ oeste de Greenwich, altitude
de 551 metros, em Latossolo Vermelho - Amarelo dis-
trófico, típico A fraco, de textura média, fase caatinga
hipoxerófila, relevo plano a suave ondulado.
O estudo foi conduzido no período de outubro
de 2017 a março de 2018. As temperaturas máximas,
médias e mínimas, registradas no período experimental
constam na figura 1. Verifica-se temperaturas mínimas
por volta de 22
o
C e temperaturas máximas próximas
de 40
o
C. Observam-se também chuvas nos meses de
novembro, dezembro, fevereiro e março.
Características de crescimento e desenvolvimento do milho crioulo com diferentes adubações orgânica
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Figura 1 – Temperatura máxima, média e mínima durante o período experimental. Estação automática. Guanambi,
BA, 2017 - 2018
0
5
10
15
20
25
30
35
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
01/10/2017
08/10/2017
15/10/2017
22/10/2017
29/10/2017
05/11/2017
12/11/2017
19/11/2017
26/11/2017
03/12/2017
10/12/2017
17/12/2017
24/12/2017
31/12/2017
07/01/2018
14/01/2018
21/01/2018
28/01/2018
04/02/2018
11/02/2018
18/02/2018
25/02/2018
04/03/2018
11/03/2018
18/03/2018
25/03/2018
01/04/2018
Temperatura (°C)
Precipitação (mm)
Dias
Antes da instalação do experimento foi coletado
solo, proveniente de barranco para o preenchimento dos
vasos. Coletaram-se também, amostras simples, com trado
holandês, para formar uma amostra composta, de maneira
aleatória e representativa, nas camadas de 0,2 - 0,4 m de
profundidade e posteriormente foi seca ao ar, destorroada
e peneirada com malha de 2 mm, para caracterização
química. A tabela 1 apresenta as características química
e física do solo determinadas no Laboratório de solos
da Universidade Estadual do Sudoeste Baiano (UESB),
conforme a metodologia da Embrapa (2017).
Tabela 1 – Caracterização química do solo utilizado no cultivo do milho crioulo. Guanambi, BA, 2017- 2018
Profundidade pH P K+ Ca2+ Mg2+ Al3+ H+ S.B. t T V
mg dm-3 cmolc/dm3
0 – 0,2 m 7,3 22 0,56 5,8 1,7 0,0 1,2 8,1 8,1 9,3 87
pH: Potencial Hidrogeniônico; P: Fósforo; K
+
: Potássio; Ca
2+
: Cálcio; Mg
2+
: Magnésio; Al
3+
: Alumínio; S.B.: Soma de bases; H
+
+Al
3+
: Hidrogênio
+ Alumínio.
O delineamento experimental foi em blocos alea-
torizados com 5 tratamentos e 15 repetições, totalizando
75 unidades experimentais. Cada unidade experimental
foi representada por uma planta cultivada em vaso de
polietileno com capacidade de 10 kg. Sendo os tratamen-
tos: testemunha (sem adubo); esterco bovino (40 t ha
-1
);
esterco aviário (5 t ha
-1
); esterco caprino (65 t ha
-1
) e o
misto (bovino+aviário+caprino) - 36 t ha
-1
.
O esterco utilizado foi proveniente dos setores
de bovinocultura, caprinocultura e aviário do IF Baiano
- Campus Guanambi, e as quantidades de esterco adicio-
nadas foram equivalentes às doses dos tratamentos, que
foram incorporadas no momento do plantio ao volume
de solo que preencheu cada vaso.
As doses em cada tratamento foram definidas
com base nos parâmetros de acordo com a exigência
nutricional de N para a cultura do milho, segundo a
recomendação da Comissão Estadual de Fertilidade do
Solo (BA).
A semeadura foi realizada em novembro de 2017,
a uma profundidade de 2 cm, semeando sementes de
milho crioulo destinado ao consumo in natura dispo-
nibilizada por agricultor local advindos do seu banco
de sementes. A semente de milho crioulo é originada
do processo de resgate e multiplicação de sementes de
milho crioulo, realizado por produtores que praticam a
agricultura familiar no sudoeste da Bahia, o ciclo dura
em média de 3 a 4 meses, e são sementes resistentes,
adaptadas.
A emergência das plântulas de milho ocorreu no
dia 16 de novembro de 2017. O desbaste foi realizado
sete dias após o plantio, deixando uma planta por vaso,
preferencialmente as que apresentavam três a quatro
folhas totalmente expandidas (planta mais vigorosa).
Caracterizar melhor a variedade de milho utilizada, de
acordo com informações do agricultor ou outras fontes.
A colheita foi realizada manualmente aos 90 dias
após a semeadura, quando os grãos apresentaram o en-
dosperma amarelado e leitoso, com espigas empalhadas.
Gomes, F. de S. et al.
4
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A irrigação foi realizada diariamente aplican-
do-se a mesma quantidade de água para todas as uni-
dades experimentais, mantendo-se a umidade próxima
à capacidade de campo, para isso utilizava se um único
recipiente de volume conhecido, e com isso era determi-
nado a quantidade de água a ser disponibilizada em cada
vaso diariamente. Para a análise da água, foi coletado
amostras em pontos distintos na rede do experimento
(Tabela 2). A água utilizada foi classificada como C2S1
conforme Barroso et al., (2011).
Tabela 2 – Determinação dos atributos químicos da água utilizada. Guanambi, 2017 - 2018
Parâmetro Unidade Valor medido Padrão
(*)
pH
C.E.
Alcalinidade
Cloretos
Dureza
Sódio
RAS
-
dS m
-1
mg L
-1
mg L
-1
mg L
-1
mg L
-1
-
6,6
1,75
206
0,11
295,9
51,8
6,0
6,5 - 8,4
< 0,7
< 91,6
< 106,3
< 321,9
< 68,9
< 10
pH H
2
O: potencial Hidrogeniônico; CE: Condutividade Elétrica; CL
-
: Cloro ; Dureza (Ca+Mg); Na+: Sódio; RAS: Reação de Adsorção de Sódio.
As variáveis de crescimento analisadas foram:
altura da planta, número de folhas, diâmetro do colmo,
mensuradas aos 14, 21, 28, 35 dias após o plantio (DAP).
E as variáveis de produção: altura de inserção da primeira
espiga, número de espigas e peso da espiga/vaso.
Para a determinação da altura da planta, foi
mensurada com a utilização de bastão milimetrado, sendo
à distância do primeiro até a última folha em centí-
metro - cm (Rodrigues et al., 2012).
Na quantificação do número de folhas por planta
foi determinado através da contagem direta, contabili-
zadas apenas as folhas que se apresentarem limbos to-
talmente expandidos em unidade (Durães et al., 1995).
O diâmetro do caule foi obtido com a utilização de pa-
químetro, tomando o primeiro internódio da planta em
milímetro – mm (Rodrigues et al., 2012).
As variáveis de produção, para a altura da primei-
ra espiga, aos 80 DAP foram tomadas com fita métrica,
sendo à distância do primeiro nó até a espiga em centí-
metro – cm (Araújo; Nass, 2002). O número de espigas
foi determinado pela contagem direta das espigas na
planta. o peso da espiga por vaso, pela pesagem em
balança de precisão, no ato da colheita, expressos em kg.
Os dados obtidos das características agronômicas
avaliadas foram submetidos a analise de distribuição
normal dos dados seguido pela analise de variância. Após
realizou-se a comparação das médias efetuada pelo teste
de Tukey (p<0,05). Para realização da análise estatística
utilizou-se o programa estatístico SISVAR (Ferreira, 2011).
Resultados e discussão
Os valores médios da característica altura da
planta encontram-se detalhados na Tabela 3. Pode-se
observar que não houve diferenças significativas aos
14 e 21 dias após o plantio (DAP) para a variável, em
função das fontes de adubação orgânica e dias após o
plantio de acordo com o teste de Tukey. Porém aos 28 e
35 DAP, observa-se diferença entre os tratamentos com
significância de 5% (P<0,05). A utilização da fonte de
esterco bovino influenciou negativamente na variável
mensurada.
Os valores da altura da planta aos 14 e 21 dias
após o plantio foram próximos em todas as fontes avalia-
das com médias de 12,00 cm e 24,15 cm, respectivamen-
te. Já aos 28 e 35 DAP, houve um incremento na altura,
sendo que o tratamento com esterco bovino apresentou
os menores valores médios de 16,25 cm e 23,25 cm.
Plantas de portes mais elevados de milho crioulo foram
averiguadas por Coimbra et al. (2010) e Ferreira (2009),
com médias de 2,90 m e 2,70 m, respectivamente.
As variedades crioulas apresentam, geralmente,
maior altura de planta, em relação às cultivarem comer-
ciais mais modernas (Ferreira et al., 2009). O motivo dos
milhos crioulos estarem entre os mais altos, se explica
pelo fato destes não terem sido submetidos à seleção para
porte baixo, como ocorre com os híbridos, plantas mais
alta apresentam vantagens quando destinadas ao preparo
da alimentação animal, para silagem, assim como para
uma maior produção de palhada usada na cobertura do
solo.
A menor resposta a aplicação de esterco bovino
em relação aos demais se deve, possivelmente, em fun-
ção de uma lenta disponibilidade de nutrientes, pois a
mineralização da matéria orgânica presente no esterco
Características de crescimento e desenvolvimento do milho crioulo com diferentes adubações orgânica
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aplicado era bastante incipiente, e se deve também, pelo
menor estádio de desenvolvimento das plantas. Segundo
Sampaio et al., (2007) corroboram ao afirmar que a uma
imobilização de nutrientes do solo no primeiro mês após a
incorporação do esterco, com isso não a efeito expressivo
no desenvolvimento do milho.
Tabela 3 – Valores médios de altura de plantas milho em função de diferentes fontes de adubação orgânica e épocas
de avaliação. Guanambi, BA, 2017 – 2018
Tratamentos Altura (cm)
14DAP 21 DAP 28 DAP 35 DAP
Testemunha 13,50 A 24,00 A 37,75 A 46,00 A
Esterco Caprino 15,00 A 29,25 A 49,50 A 58,50 A
Esterco Bovino 8,25 A 15,00 A 16,25 B 23,25 B
Esterco Aviário 9,50 A 23,25 A 35,25 A 44,50 A
Esterco Misto 13,75 A 29,25 A 42,00 A 55,75 A
Média
CV (%)
12,00 24,15 36,15 45,60
23,40
Letras maiúsculas diferentes na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Para as avaliações de diâmetro do colmo (Tabela
4), houve diferenças significativas apenas aos 28 e 35
DAP de acordo com o teste de Tukey. Os resultados de
diâmetro observados na fase inicial aos 14 e 21 DAP nos
diferentes tratamentos, não houve incremento significa-
tivo, apresentando valores próximos de diâmetro entre
as mesmas, com médias de 1,79 mm e 2,86 mm.
Quando avaliado a característica de diâmetro de
colmo em função dos dias após o plantio, nota-se que aos
28 e 35 DAP, o tratamento com adubação proveniente do
esterco caprino propiciou maior abundância de colmo,
com valores médios de diâmetro 5,30 mm e 6,87 mm,
respectivamente. Ao tempo que o esterco bovino propor-
cionou menores valores médio de 2,20 mm aos 28 DAP e
2,72 mm aos 35 DAP, caracterizando um menor diâmetro
de colmo em relação às demais adubações utilizadas no
experimento.
Quanto ao diâmetro do colmo, o aumento deste
componente representa um fator importante do ponto de
vista fisiológico. Com isso plantas com maiores diâmetros
de colmo no desenvolvimento inicial, tendem a se tornar
plantas mais vigorosas e produtivas.
Tabela 4 – Valores médios de diâmetro do colmo de plantas de milho em função de diferentes fontes de adubação
orgânica e épocas de avaliação. Guanambi, BA, 2017 – 2018
Tratamentos Diâmetro (mm)
14 DAP 21 DAP 28 DAP 35 DAP
Testemunha 1,90 A 3,00 A 3,62 B 5,10 C
Esterco Caprino 2,15 A 3,22 A 5,30 A 6,87 A
Esterco Bovino 1,45 A 2,20 A 2,20 C 2,72 D
Esterco Aviário 1,70 A 2,80 A 4,02 B 5,57 BC
Esterco Misto 1,77 A 3,10 A 4,65 AB 6,55 AB
Média
CV (%)
1,79 2,86 3,96 5,36
16,79
Letras maiúsculas diferentes na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Não foram observadas diferenças significativas,
entre os tratamentos aos 14 DAP para a variável número
de folhas (Tabela 5). Baseado no desenvolvimento inicial
(14 DAP), os valores médios variaram de 3,00 a 4,00 com
a aplicação dos tratamentos, não apresentando diferença
na variável aferida. Porém aos 21,28 e 35 DAP verificou-se
diferenças entre os tratamentos. Os nutrientes disponi-
bilizados pelo esterco misto aos 28 dias influenciaram
no maior número de folhas com valores médios 8,25. Ao
tempo que, o esterco bovino obteve menores valores 4,75.
Aos 35 DAP a cultura se comportou de forma semelhante,
com um aumento na média de 6,90 para 7,80.
Gomes, F. de S. et al.
6
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De acordo com Vieira et al., (2010), a quantidade
de folhas por planta influência na produção de biomassa
quando aliada à maior altura de planta, estas demons-
tram um desenvolvimento exuberante das plantas. Outra
vantagem em se ter plantas com maior quantidade de
folhas é relacionado ao preparo de alimentação animal,
quando se destinado a esse fim, por uso de planta inteira
para silagem propiciará maior quantidade.
Sabe se também que o potencial produtivo do
milho é decorrência do incremento da intensidade fo-
tossintética que está associada aos órgãos que realizam
fotossíntese. Portanto, quanto maior número de folhas
tem conseguintemente maior capacidade em produzir e
armazenar fotoassimilados.
Tabela 5 – Valores médios de número de folhas de plantas milho em função de diferentes fontes de adubação orgânica
e épocas de avaliação. Guanambi, BA, 2017 – 2018
Tratamentos Número de folhas
14 DAP 21 DAP 28 DAP 35 DAP
Testemunha 3,75 A 5,50 AB 7,00 AB 8,00 AB
Esterco Caprino 4,00 A 6,75 A 8,00 AB 9,00 AB
Esterco Bovino 3,00 A 4,00 B 4,75 C 5,25 C
Esterco Aviário 3,50 A 5,25 AB 6,50 B 7,50 B
Esterco Misto 3,50 A 6,25 A 8,25 A 9,25 A
Média
CV (%)
3,55 5,55 6,90 7,80
13,23
Letras maiúsculas diferentes na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Quanto à altura da primeira espiga (APE) a tes-
temunha apresentou o mais elevado, com valor médio
de 15,87 cm de inserção da primeira espiga no colmo
(Tabela 6). Enquanto o tratamento em que foi aplicado
o esterco misto obteve menores valores médios em torno
de 6,00 cm. De acordo com Miranda et al., (2003), a
altura de planta extrema, a alta proporção entre altura
de plantas e altura de espigas podem fazer com que a
cultivar apresente maior suscetibilidade ao acamamento.
Em estudo com avaliação de características agronômicas,
Paziani et al. (2009) observaram que a altura de planta e
de espigas foi o que mais obteve correlação com produção
de massa verde, massa seca, grãos e matéria seca.
O número de espigas (NE) (Tabela 6) foi influen-
ciado pelos tratamentos com adubação orgânica aplica-
dos. A análise de variância pelo teste F indicou que os
efeitos dos tratamentos com adubação orgânica no milho
apresentaram diferença com significância em nível de 5%
(P<0,05). O tratamento com esterco caprino apresentou
melhor desempenho diante os valores (17,00), ao tempo
que o esterco bovino apresentou valores médios de 5,25.
Tabela 6 – Comparação de médias de altura da primeira espiga (APE), número de espigas (NE) em função de diferentes
fontes de adubação orgânica. Guanambi, BA, 2017 – 2018
Tratamentos APE (cm) NE
Testemunha 5,9 A 8,5 BC
Esterco Caprino 7,1 C 17,0 A
Esterco Bovino 13,9 AB 5,2 C
Esterco Aviário 9,6 BC 9,0 BC
Esterco Misto 6,0 C 12,7 AB
Média 10,5 10,48
Letras diferentes na coluna diferem entre si pelo teste de Kruskal - Wallis a 5% de significância.
A produção média do milho com uso dos tra-
tamentos se diferenciou estatisticamente. Para peso de
espiga, os valores variaram entre 5,0 kg/vaso e 18,4
kg/vaso por espiga para os tratamentos com adubação
orgânica.
Os tratamentos com esterco caprino e esterco
misto foram os que mais incrementaram na variável
peso médio da espiga/vaso, estes apresentaram valores
médios de 18,4 kg/vaso e 16,6 kg/vaso, respectivamen-
te. O esterco bovino propiciou menor valor médio, com
Características de crescimento e desenvolvimento do milho crioulo com diferentes adubações orgânica
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uma produção de 5,0 kg/vaso. Para a produção do milho
verde, é desejável obter uma porcentagem de espigas
comerciais e peso de espigas comerciais elevados, uma
vez que a comercialização também é feita com base nes-
ses atributos.
Tabela 7 – Médias da produção do milho (peso da espiga/vaso em kg) em função de diferentes fontes de adubação
orgânica. Guanambi, BA, 2017 – 2018
Tratamentos Peso da espiga/vaso (kg)
Testemunha 11,3 AB
Esterco Caprino 18,4 A
Esterco Bovino 5,0 C
Esterco Aviário 13,2 AB
Esterco Misto 16,6 A
Média 12,9
Letras maiúsculas diferentes na coluna diferem entre si pelo teste de Kruskal - Wallis a 5% de significância.
Em face aos dados apresentados e nas condições
em que foi conduzido o presente experimento, os resulta-
dos mostram que para as variáveis avaliadas, os menores
valores foram apresentados com uso do esterco bovino.
Com efeito, para a fertilização da cultura de milho, os
agricultores podem usar diferentes fontes de esterco
provenientes da criação de bovinos, frangos, caprinos
na propriedade e da mão-de-obra familiar, reduzindo os
custos de produção e a utilização de adubos químicos,
favorecendo a menor contaminação do meio ambien-
te. Este fator é de suma importância para a agricultura
familiar, em função da falta de condições financeiras
dos agricultores para aquisição de insumos agrícolas e
melhoria dos rendimentos da cultura.
Conclusão
O uso do esterco caprino melhora substancial-
mente o diâmetro do colmo e assegura maior número
de espigas. A fonte de adubação mista proporcionou
tendência de aumentar o no número de folhas.
A variável peso da espiga/vaso foram alteradas
com o uso do esterco caprino e misto. Os menores valores
foram apresentados com a utilização do esterco bovino.
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