CADERNO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
Agrarian Sciences Journal
Elaboração e análise sensorial de iogurte sabor sapoti (Manilkara zapota L.)
Suelma Regina dos Santos Luz
1
, Matheus Silva Alves
2
, Mizael Calácio Araújo
3
, Marianna Basso Jorge
4
,
Naylanne Lima de Sousa
5
*, Lívia Muritiba Pereira de Lima Coimbra
6
Resumo
A busca por alimentos saudáveis e nutritivos tem estimulado o setor de laticínios a desenvolver diferentes sabores
de iogurtes, para atender as demandas de consumo da população. Adicionar polpa ou pedaços de frutas regionais é
uma das estratégias utilizadas pela indústria alimentícia, com isso, o objetivo deste trabalho foi desenvolver iogurtes
sabor sapoti e avaliar sua aceitabilidade e intenção de compra. Para tanto, foram desenvolvidas duas formulações
de iogurte, com leite integral (F1) e leite desnatado (F2). As formulações, foram então, submetidas a análises mi-
crobiológicas para investigar presença de coliformes totais, fecais e microrganismos patogênicos, além de análise
sensorial e intenção de compra, ambas através de Escala Hedônica. Foi calculado o Índice de Aceitabilidade para o
atributo qualidade global. Na análise estatística os resultados foram submetidos ao teste “t” de Student (p<0,05) à
nível máximo de significância de 5%. As formulações apresentaram condições higiênico-sanitárias adequadas. Na
avaliação sensorial foram consideradas bem aceitas (≥70%) no índice de aceitabilidade, sendo que as amostras se
diferiram estatisticamente (p< 0,05) em todos os atributos avaliados (aroma, cor, sabor, textura e qualidade global),
porém, a F1 obteve médias maiores em relação a F2. Desta forma, concluiu-se que as duas formulações de iogurte
utilizando sapoti, obteviveram avaliações favoráveis por parte dos provadores, representando ótimas alternativas de
consumo e aproveitamento do fruto.
Palavras-chave: Aceitabilidade. Produto Lácteo. Tecnologia de Alimentos. Fruta Tropical.
Elaboration and sensory analysis of sapoti (Manilkara zapota L.) based yogurt
Abstract
Healthy nutrition has stimulated the food industry to develop different yogurt flavors adding pulp or pieces of regio-
nal fruit to meet the consumption demands of the population. Thinking in the market strategies, the current work
proposed to develop a tropical-flavored yogurt with sapoti (Manilkara zapota L.) fruit and evaluate its acceptability
and purchase intention. Two yogurt formulations were developed, with whole milk (F1) and skimmed milk (F2). The
samples were submitted to microbiological analysis to investigate the presence of total, fecal coliforms and pathogenic
microorganisms, besides sensory analysis and purchase intention, both through of Hedonic Scale. The Acceptability
Index was calculated for the global quality attribute and all the results were submitted to the Student’s t-test (p
<0.05) at a maximum significance level of 5%. As a result, both formulations presented adequate hygienic-sanitary
conditions, sensorial evaluation accepted (≥70%) by the acceptability index, and all others attribute evaluated (aroma,
color, taste, texture, and overall quality) were significantly different between both formulations, with higher averages
1
Universidade CEUMA, São Luís, Maranhão, Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-0626-941X
2
PPG - BIONORTE – Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (UFMA) e Universidade CEUMA, São Luís, Maranhão, Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-4992-9588
3
PPG - BIONORTE – Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (UFMA) e Universidade CEUMA, São Luís, Maranhão, Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-2720-8181
4
PPG - BIONORTE – Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal, Universidade Federal do Maranhão (UFMA), São Luís, Maranhão,
Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-8459-6707
5
Universidade CEUMA, São Luís, Maranhão, Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-0511-2330
6
PPG - BIONORTE – Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (UFMA) e Universidade CEUMA, São Luís, Maranhão, Brasil.
https://orcid.org/0000-0001-7926-417X
*Autor para correspondência: naylannelima@gmail.com
Recebido para publicação em 05 de novembro de 2019. Aceito para publicação em 27 de novembro de 2019.
e-ISSN: 2447-6218 / ISSN: 2447-6218 / © 2009, Universidade Federal de Minas Gerais, Todos os direitos reservados.
dos Santos Luz, S. R. et al.
2
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to F1 compared to F2. That way, both formulations using sapoti fruit, obtained favorable results presenting as great
alternatives of tropical yogurt flavor for the healthy nutrition market.
Keywords: Acceptability. Dairy Product. Food Technology. Topical Fruit.
Introdução
O Brasil é o quarto maior produtor de leite no
mundo (Leite; Resende; Stock, 2019). A partir do leite,
muitos derivados podem ser elaborados, tais como be-
bida láctea, queijo, doce de leite, manteiga, requeijão e
iogurte, agregando valor ao produto (Farias et al., 2016).
A busca dos consumidores por alimentos saudáveis e
inovadores, tem proporcionado ao setor de laticínios,
uma ampliação no desenvolvimento de novos produtos,
dentre eles, o iogurte que contribui com o aumento da
vida útil de prateleira, digestibilidade e manutenção do
balanço gastrointestinal (Gonçalves et al., 2018).
O iogurte é uma excelente fonte de proteína,
cálcio, fósforo, riboflavina, tiamina, vitamina B12, fola-
to, niacina, magnésio e zinco (Das; Choudhary; Witrick,
2019) e tem sua formulação a partir da fermentação
láctica, proveniente do cultivo das bactérias Streptococcus
salivarius subsp. Thermophilus e Lactobacillus delbrueckii
subsp. bulgaricus, conforme preconiza a legislação bra-
sileira, podendo estar acompanhada de forma a com-
plementar, outras bactérias ácido-lácticas, contribuindo
nas características finais do produto (Brasil, 2007). O
processo de adição de polpas de frutas no iogurte visa
atenuar o sabor ácido e melhorar as características de
aroma e textura, tornando-o mais nutritivo e atrativo ao
consumo, encorajando o surgimento de novas pesquisas
na área (Pádua et al., 2017).
Desta forma, tem-se adicionado polpas ou peda-
ços de frutas na produção de iogurtes, com a intenção
de melhor aproveitar e contribuir com o aumento do
consumo de frutas regionais, existindo formulações
adicionadas de polpa de abacaxi, acerola, morango e
banana (Gonçalves et al., 2018; Munhoz et al., 2018).
Dentre as frutas que também podem ser utilizadas, desta-
ca-se o sapoti, opção ainda não explorada pela indústria
alimentícia. O Sapotizeiro (Manilkara zapota L.) é origi-
nário de regiões quentes e úmidas da América Tropical,
com potencial para exploração econômica no Brasil, com
maior ênfase em pesquisas na região Nordeste, sendo o
estado de Pernambuco o maior produtor nacional, outros
estados como a Bahia, Pará, Ceará, Paraíba, Sergipe e
Rio Grande do Norte também se destacam na produção
do fruto (Melo et al., 2019; Alcântara et al., 2018; Silva
Junior et al., 2014).
O sapoti é um fruto adocicado, rico em sacarose
e frutose, vitaminas A, Complexo B, C e minerais cálcio,
fósforo e ferro. Mas apesar de bastante nutritivo, o sapoti
é muito perecível, sendo necessárias novas formas de
processamento do fruto in natura, para que aumente sua
estabilidade e permita sua comercialização (Coimbra et
al., 2017; Bano e Ahmed, 2017). Dentro do panorama
apresentado, visando agregar valor ao iogurte e obter
mais uma alternativa de consumo e aproveitamento do
fruto, o objetivo deste estudo foi elaborar iogurtes sabor
sapoti, avaliando sua aceitabilidade e intenção de compra
por parte dos consumidores.
Material e métodos
O estudo do tipo experimental analítico compara-
tivo foi desenvolvido no Laboratório de Gastronomia, La-
boratório de Microbiologia de Alimentos e Laboratório de
Ciências do Ambiente LACAM da Universidade CEUMA.
Os frutos foram adquiridos em feira do Mercado Central
localizado na região Central de São Luís Maranhão,
transportados para o Laboratório de Gastronomia onde
foi dado prosseguimento nas etapas para elaboração do
iogurte.
Inicialmente, os sapotis foram lavados em água
corrente e sanitizados com solução de hipoclorito de só-
dio a 50 ppm, durante 10 minutos (Lemos et al., 2019).
Logo após foi realizado enxágue em água corrente, os
frutos foram cortados ao meio com uma faca de inox,
para retirada das sementes e extração da polpa com
auxílio de uma colher. Em seguida a polpa foi batida em
liquidificador (Mallory) por 2 minutos, até formação de
consistência levemente pastosa, colocada em sacos plás-
ticos e armazenada no congelador (Consul). O processo
de preparação da polpa é demonstrado na Figura 1.
Os demais ingredientes foram adquiridos no co-
mércio local de São Luís - Maranhão, exceto o fermento
lácteo liofilizado (Docina) que foi adquirido de forne-
cedor de Juiz de Fora Minas Gerais. Sendo utilizado
leite integral (Ultra High Temperature), leite desnatado
(Ultra High Temperature), açúcar refinado, fermento
lácteo (Docina) e polpa de sapoti.
Foram elaboradas duas formulações, uma conten-
do 3 litros de leite integral UHT (Ultra High Temperature),
denominada como F1 (Formulação 1) e outra contendo 3
litros de leite desnatado UHT (Ultra High Temperature),
denominada F2 (Formulação 2), acrescentando 8% de
açúcar refinado a cada formulação e submetida à fervura
até alcançar a temperatura de 43°C, aferida com auxílio
de termômetro tipo espeto digital (Incoterm). Em seguida
foi adicionado um sachê (3 gramas) de fermento lácteo
liofilizado (Docina) para cada litro de leite utilizado nas
formulações, colocadas em recipientes de vidro, e levadas
para incubação em estufa (Quimis), à 43°C, dando início
ao processo de fermentação, por 10 horas, quando o pH
de 4.7±1 foi atingido.
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Figura 1 – Processo de preparação da polpa de sapoti (Manilkara zapota L.)
A: Frutos após sanitizados; B: Frutos cortados ao meio; C: Pedaços dos frutos sem casca e sementes;
D: Polpa após batimento. Fonte: Autoria própria (2019).
Após esse período, foram armazenadas sob refri-
geração à 4°C, em refrigerador (Consul), permanecendo
por 16 horas para cessar o processo de fermentação e
melhorar a consistência de iogurte. Logo se adicionou 25%
de polpa de sapoti em cada formulação, sendo realizada
manualmente a mistura da polpa com as formulações.
Após a homogeneização, os iogurtes foram mantidos em
refrigeração à 4°C. Na Figura 2, o processo de elaboração
do iogurte pode ser visualizado de forma simplificada.
Figura 2 – Fluxograma de elaboração do iogurte sabor sapoti (Manilkara zapota L.)
Com objetivo de verificar as condições higiê-
nico-sanitárias, ou seja, a presença de microrganismos
patogênicos e deteriorantes nos produtos elaborados, as
duas formulações de iogurte foram submetidas à análise
microbiológica através da Técnica de Tubos Múltiplos
para determinação de coliformes a 30°C, coliformes a
45°C, contagem de fungos filamentosos e leveduras de
acordo com a recomendação da Resolução N° 12, de 02
de janeiro de 2001 (Brasil, 2001).
Antes da análise sensorial, 50mL das formulações
de iogurte, foram transportadas em suas embalagens
dentro de coller com bolsas de gelo e encaminhadas ao
Laboratório de Microbiologia de Alimentos da Universi-
dade CEUMA. Inicialmente foram preparadas com 25g
diluições seriadas até 10
-3
para uso na enumeração de
fungos (fungos filamentosos e leveduras), coliformes
totais e coliformes termotolerantes. A enumeração de
fungos filamentosos e leveduras ocorreu pelo método
de plaqueamento direto em superfície de cada diluição
do alimento (até 10
-3
), em meio ágar batata dextrose,
sendo os resultados expressos pelo número de Unidades
Formadoras de Colônia por grama de amostra (UFC/g).
Para a enumeração de coliformes totais, utilizou o teste
presuntivo em caldo Lauril Sulfato Triptose (LST) e con-
firmatório em caldo Lactose Bile Verde Brilhante (VB),
dos Santos Luz, S. R. et al.
4
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com diluições seriadas (até 10
-3
) em triplicata, sendo
ambos os caldos incubados em estufa a 35±2°C por 24-
48 horas. De cada tubo positivo de LST, foi transferido
um inóculo (0,01mL) com o auxílio de alça para outro
tubo contendo caldo EC, no qual foi incubado a 45±2°C
por 24 horas (Gonçalves et al., 2018).
As formulações de iogurte foram submetidas a
teste de aceitabilidade, com 70 provadores não treina-
dos, de ambos os sexos, recrutados aleatoriamente entre
acadêmicos e professores da Universidade CEUMA e
com faixa etária entre 18 e 60 anos. Para realização da
análise sensorial, a pesquisa foi inicialmente submetida
ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade CEUMA,
sendo aprovada sob o número de processo 3.115.415.
As análises aconteceram no Laboratório de Gastronomia
da Universidade CEUMA, em cabines individualizadas.
Os provadores receberam duas amostras codificadas
por três dígitos, em copos plásticos contendo 50 ml das
formulações com temperatura em torno de 4°C, água em
temperatura ambiente e bolacha para limpeza do palato
entre a prova das amostras.
O teste de aceitabilidade das amostras foi realiza
-
do através da Escala Hedônica de 9 pontos que variam de
1 “desgostei extremamente” a 9 “gostei extremamente”.
Com avaliação dos atributos: cor, sabor, aroma, textura
e qualidade global (Instituto Adolfo Lutz, 2008). Para o
teste de intenção de compra, utilizou-se a Escala Hedô-
nica de 5 pontos que variam de 1 “jamais compraria” a
5 “certamente compraria” (Instituto Adolfo Lutz, 2008).
Foi calculado o índice de aceitabilidade para o atributo
qualidade global (Dutcosky, 2013), utilizando a seguinte
equação:
Onde: Y = nota média obtida para o produto;
Z= Nota máxima obtida.
Além das questões relacionadas à avaliação dos
produtos elaborados, os provadores foram questionados
sobre consumo e frequência de ingestão de iogurtes e
benefícios de produtos lácteos para saúde. Os resultados
obtidos para análise sensorial foram submetidos ao tes-
te “t” de Student (p<0,05) a um nível de significância
máximo de 5%. Os demais resultados foram organizados
com o auxílio do Programa Microsoft Excel® 2010 e
em seguida foi realizado o desenvolvimento da análise
estatística descritiva utilizando as variáveis categóricas
descritas através de suas frequências absolutas (n) e
relativas (%).
Resultados e discussão
As análises microbiológicas indicaram que as
duas formulações de iogurte, apresentaram condições
higiênico-sanitárias satisfatórias, compatíveis aos critérios
estabelecidos pela Resolução 12 (Brasil, 2001) (tabela
1).
Tabela 1 – Análise microbiológica de iogurtes sabor sapoti (Manilkara zapota L.)
Amostras
Coliformes totais a 30°C
(NMP/g)
Coliformes fecais a
45°C(NMP/g)
Fungos filamentosos e
Leveduras (UFC/g)
Legislação - 10 -
F1 Ausente Ausente Ausente
F2 Ausente Ausente Ausente
NMP: número mais provável. UFC: unidades formadoras de colônias. F1 formulação de iogurte com leite integral; F2 formulação de iogurte
com leite desnatado.
Para indicar que um alimento foi produzido em
condições sanitárias adequadas é necessária a análise de
bactérias mesófilas e coliformes, que são microrganismos
presentes nas fezes e no ambiente, como solo, superfícies
de vegetais, animais e utensílios. Tendo presença de co-
liformes a 45°C, é um indicativo de condições higiênicas
desfavoráveis e podem ocasionar as chamadas Doenças
Transmitidas por Alimentos (DTAs), que são frequente-
mente associadas à ausência ou inadequada manipulação
durante o processo de produção de alimentos (Oliveira
et al., 2017; Gonçalves et al., 2018).
As médias das notas atribuídas pelos provado-
res não treinados para os diferentes atributos sensoriais
estão expostos na Tabela 2. Houve diferença estatística
(p<0,05) para todos os atributos avaliados (aroma, cor,
sabor, textura e qualidade global), porém a formulação
1 apresentou médias maiores quando comparadas com
a formulação 2.
As formulações foram elaboradas de forma se-
melhante, utilizando a mesma quantidade de polpa de
sapoti, mas com diferentes tipos de leite (integral e des-
natado), ou seja, apresentaram diferentes concentrações
de gordura. Como a Formulação 1 foi elaborada com leite
integral, este fato pode ter influenciado na obtenção das
maiores médias e maior aceitação por parte dos prova-
dores.
Para Lopes et al. (2019) a aceitação de iogurtes
é geralmente afetada pela sinérese (redução na formação
do gel e aumento na separação do soro de leite), este
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processo representa um dos principais defeitos visíveis
na qualidade de iogurte. Os autores citam que aspectos
como: taxa de acidificação, tipo de leite, teor de pro-
teínas e tempo de fermentação podem influenciar as
propriedades físicas e organolépticas do produto final.
Ahmad et al. (2019) apontam que o efeito decrescente
na sinérese pode ocorrer devido a maior quantidade de
gordura presente no iogurte.
Tabela 2 – Média das notas do teste de aceitabilidade do iogurte sabor sapoti (Manilkara zapota L.)
Amostras Aroma Cor Sabor Textura Qualidade Global
F1 7,65
b
8,12
b
8,30
b
8,17
b
8,36
b
F2 7,22
a
7,58
a
7,57
a
7,84
a
7,57
a
Médias seguidas de letras iguais na vertical não diferem significativamente ao nível de 5% de significância pelo teste “t” de Student. F1 – formulação
de iogurte com leite integral; F2 – formulação de iogurte com leite desnatado.
No presente estudo, a formulação elaborada
com leite integral (F1) foi melhor avaliada no atributo
textura. Caracterizada por uma melhor consistência e
viscosidade, podendo está estar associado ao teor de
gordura da preparação. Resultados semelhantes foram
encontrados por Sousa et al. (2019) ao analisar a aceita-
bilidade de iogurtes com leite integral e desnatado sabor
açaí (Euterpe oleracea Mart.), sendo obtidas médias de
8,27 e 7,68, respectivamente.
O atributo aroma apresentou médias menores
em relação aos demais atributos. Bessa e Silva (2018)
afirmam que o aroma é um atributo importante para
produtos formulados com frutas, que o consumidor
o associa diretamente à fruta que foi utilizada, sendo
um fator decisivo na sua escolha. Durante o processo
de avaliação do estudo em questão, alguns provadores
relataram que o iogurte remetia ao cheiro de ameixa,
o que pode ter contribuído para menores valores nas
médias de ambas as formulações.
Já a cor é uma das qualidades que mais se des-
tacam, sendo considerada a apresentação visual do ali-
mento e representa o primeiro contato do consumidor e o
produto, este atributo é capaz de despertar determinadas
reações e sensações pessoais de aceitação, indiferença ou
rejeição, refletindo diretamente na escolha e aceitação
do produto (Barboza e Cazal, 2018). A polpa do sapoti
conferiu uma cor que agradou os provadores na avaliação.
O atributo cor obteve médias variando entre 7,58 para
formulação com leite desnatado e 8,12 para formulação
com leite integral, sendo classificadas na faixa de acei-
tação da escala hedônica como “gostei regularmente” e
“gostei moderadamente”, respectivamente.
Gonçalves et al. (2017) compreendem por paladar
quando os receptores da boca, localizados principalmente
na língua, são expostos às substâncias químicas encon-
tradas na composição de alimentos e produzem sensa-
ções de sabor. Santos, Cruz e Almeida (2017) citam
que a textura, aparência e sabor, são as características
sensoriais que mais se destacam na aquisição e consumo
de produtos alimentícios, contribuindo também para o
monitoramento da qualidade final do produto. Quando
avaliado o atributo sabor, a formulação 1 obteve média
maior (8,30) em relação a formulação 2 (7,57).
Para que um produto seja considerado aceito,
em termos de suas propriedades sensoriais, é necessário
que se obtenha um índice de aceitabilidade de no mínimo
70% (Dutcosky, 2013). Quando calculado o índice de
aceitabilidade para o atributo qualidade global, foram
obtidos 92,8% (F1) e 84,1% (F2), valores estes 70%,
considerados assim produtos aceitos sensorialmente (Fi-
gura 3). Sousa et al. (2019), ao avaliarem a qualidade
global de iogurtes sabor açaí (Euterpe oleracea Mart.)
também obtiveram resultados favoráveis para ambas
formulações, apresentando 87% para formulação com
leite desnatado e 91% para formulação com leite integral.
Ao serem questionados sobre o consumo de io-
gurtes, 90% dos avaliados relataram que consomem
iogurtes, 41% afirmaram consumir pelo menos uma vez
por semana, 57% preferem sabor morango, apenas 2,85%
acreditam que iogurte não faz bem à saúde e 74% rela-
taram conhecer os benefícios de produtos lácteos para
saúde. Os benefícios mais citados foram: fonte de cálcio,
fortalecimento dos ossos e melhoria do trânsito intestinal,
auxiliando na digestão. Os resultados demonstram que
a maioria dos entrevistados conhecem os benefícios de
produtos lácteos para saúde e o consomem regularmente,
mesmo que ainda tenham preferência pelo sabor mais
tradicional.
Em relação à pesquisa de mercado realizada,
descrita como intenção de compra, observou-se resul-
tados favoráveis para as duas formulações, sendo que a
F1 obteve maior percentual de “certamente compraria”
(81%) e não apresentou classificação desfavorável, “jamais
compraria” (Tabela 3). Desta forma, pode-se afirmar que
as formulações de iogurtes avaliadas apresentaram bom
potencial de consumo, sendo que a Formulação 1 obteve
média mais elevada em relação à Formulação 2, que a
maior porcentagem de provadores atribuiu uma intenção
de compra como “Certamente compraria”.
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Figura 3 – Índice de aceitabilidade para o atributo qualidade global do iogurte sabor sapoti (Manilkara zapota L.)
F1 – formulação de iogurte com leite integral; F2 – formulações de iogurte com leite desnatado.
Tabela 3 – Percentual das notas obtidas na intenção de compra para a Formulação 1 e Formulação 2 de iogurte sabor
sapoti (Manilkara zapota L.)
Percentual (%)
Amostras
Jamais
compraria
Talvez não
compraria
Talvez compraria/
Talvez não compraria
Talvez
compraria
Certamente
compraria
F1 0 1 9 9 81
F2 3 10 10 44 33
F1 – formulação de iogurte com leite integral; F2 – formulação de iogurte com leite desnatado.
Conclusão
As duas formulações de iogurtes apresentaram
condições higiênico-sanitárias satisfatórias e obtiveram
resultados favoráveis na avaliação de aceitabilidade e
intenção de compra. Sendo que, a formulação com leite
integral foi melhor avaliada e aceita pelos provadores,
em relação à formulação com leite desnatado. Portanto,
a nova formulação de iogurte sabor sapoti surge como
mais uma alternativa de aproveitamento do fruto, que
beneficiará a população, através da elaboração de um
produto com gosto regional, além de contribuir para
surgimento de novas pesquisas e motivar o aumento no
consumo de sapoti e iogurte.
Aprovação do Comitê de Ética
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da Universidade CEUMA, sob protocolo nº
3.115.415.
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