Perfil metodológico de experimentos sensoriais de alimentos de 2014 a 2019
sensorial de café acrescido de antioxidante (Martinez-
-Saez, 2014) e o máximo encontrado (206 consumidores)
de
uma sensorial de pães e bolos com adição de chia na receita
(Fernandes; Salas Mellado, 2017), o que denota a dificuldade
de se estabelecer um perfil do número de consumidores
ideal a ser utilizado.
tratamentos diferentes ou mesmo verificar sua intenção de
compra. Os tratamentos utilizados os experimentos
dependem, normalmente, do número de formulações e
repetições analisadas e, ainda, da procedência do ali-
mento, como no caso de vinhos e cafés, que podem ter
diversas regiões de origem.
Como o julgamento dos consumidores apresenta
elevada variância, o tamanho da amostra precisa ser grande
para que sejam estimados os parâmetros de inte-
resse, como
médias e proporções. Em geral, estudos com
consumidores se
referem basicamente a testes afetivos, ou seja, deseja-se
saber o quanto o consumidor gostou de cada formulação,
qual ele prefere ou ainda qual ele compraria. Como
preferência e aceitação variam muito
de consumidor para
consumidor, são coletadas as maiores
amostras que o
pesquisador tem condições de coletar.
Para a formulação, considera-se todo tipo de
alteração que o alimento ou produto sofreu para então
ser
avaliado. Então, se um bolo é acrescido de farinha de
semente
de abóbora em três concentrações diferentes, consideram-se
três formulações (tratamentos). As repe- tições representam
a quantidade de vezes que aquele mesmo alimento é
avaliado (Bitencourt, 2014).
Vale ressaltar que, por vezes, os tratamentos são
obtidos pela combinação fatorial dos níveis dos fatores. Se o
pesquisador decide investigar a ação do tempo sobre seis
cultivares de morango, por exemplo, se procura avaliar as
características em duas épocas do ano, consideram-se 2 x 6 =
12 tratamentos. Se houve 5 repetições, resultam trinta
avaliações por ciclo, totalizando sessenta parcelas (Antunes,
2014).
Por sua vez, o número de provadores treinados é de
ordem de grandeza bem menor, afinal, passam por fases de
recrutamento, seleção e treinamento, que em geral são caras
e demoradas. Além disso, é comum que
os provadores sejam
voluntários. Pesquisadores de vários
países podem oferecer
um pagamento pela participação,
mas no Brasil isso não é
permitido, ainda que atendam às sessões, tenham
disponibilidade e assiduidade. Portanto, usualmente, são
poucos participantes. Após o treinamento,
esses sujeitos
passam a ser como “instrumentos calibra- dos” para pontuar
a intensidade de atributos sensoriais, como ponto de torra,
fragrância, aroma, corpo, acidez e amargor avaliados em
blends de café (Ribeiro, 2014).
Ainda, considerou-se o número de atributos uti-
lizadas nos artigos para demonstrar quais delas eram mais
comuns de serem encontradas, tantos em testes
afetivos
como descritivos. Destaca-se que para aparência
foi
considerado as nomenclaturas que tratavam dos as- pectos
visuais avaliados (aspecto geral, fase visual, etc.) e, para
impressão global considerou-se nomenclaturas como
aceitação global, aceitação total, teste de acei- tação, entre
outras que tratavam da amostra como um todo,
considerando os aspectos sensoriais de uma forma geral.
Como revela a Tabela 2, pode-se perceber que o principal
atributo sensorial avaliado é o sabor, seguido pelo aroma e
impressão global, podendo ser justificado pelo fato de boa
parte dos estudos incluírem avaliação de bebidas, onde se
considera, principalmente o sabor e o aroma. Além disso, a
impressão global normalmente é uma forma fácil e rápida de
se avaliar um alimento ou produto pontualmente, isto é, com
consumidores usuais aleatórios.
Devido a seu treinamento, os provadores apresen- tam
baixa variância, além de suas preferências e predile- ções
ficarem de fora na hora do julgamento. Sendo assim,
o
tamanho do painel (da amostra) pode ser pequeno sem
perda de precisão para o experimento. Na Tabela 1 pode-se
observar que existem estudos que contemplam apenas um
provador treinado, considerado expert, no caso, um
degustador que realizou prova de xícara para
classificar o
café analisado (Lima, 2008). Provadores trei-
nados
participam, em geral, de experimentos descritivos e
discriminativos, ou seja, que têm objetivo de descrever
sensorialmente um alimento ou comparar diferentes
preparos ou formulações.
Os atributos sensoriais afetivos, como cor, sa- bor,
aroma, textura, aspecto geral e aceitação global são
geralmente avaliadas em escala hedônica de 9 pontos
(66,6%), variando de ‘desgostei extremamente’ (1) a ‘gostei
extremamente’ (9), e pontuadas por consumido- res.
Enquanto que a intenção de compra geralmente é avaliada
por escala hedônica de 5 pontos (61,5%). Por outro lado,
atributos sensoriais de intensidade, como aroma frutado ou
amadeirado, gosto ácido ou sabor de caramelo em vinhos
(Vilela, 2015) são comumente pon-
tuadas em escalas não
estruturadas de 9cm (cerca 42,8%
dos estudos analisados),
por provadores treinados.
Considerando o exposto, ressalta-se aspectos que podem
influir sobre a análise e que não foram capazes de ser
mensurados, como: o local de realização do teste; que deve
ser um ambiente tranquilo, neutro, sem distrações
Dos artigos analisados, aproximadamente 52%
(32) envolviam análise sensorial com consumidores e 46%
(30) com provadores treinados. Apenas três artigos carac-
terizaram e avaliaram a aceitação do alimento através de
provadores treinados e consumidores simultaneamente
(Lievore, 2015; Bemfeito, 2016; Duarte, 2018).
Quanto ao número de alimentos analisados nos
estudos, o mais comum é a escolha de apenas um alimento onde
fez-se adição de um componente ou aprimoramento
de sua
tecnologia de fabricação. Observa-se pelo boxplot que essa
categoria apresenta menor dispersão. Em geral são feitos
testes de aceitação para verificar o impacto da concentração
de determinado insumo, para comparar
Cad. Ciênc. Agrá., v. 12, p. 01–16, 2020. e-ISSN: 2447-6218 / ISSN: 1984-6738