CADERNO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
Agrarian Sciences Journal
Avaliação de cultivares de milho para consumo in natura em Jataí - GO
Nikerson Guimarães de Lima
1
, José Hortêncio Mota
2
*, Geraldo Milanez de Resende
3
, Jony Eishi Yuri
4
, Itamar
Rosa Teixeira
5
Resumo
A cultura do milho verde apresenta importância econômica e social relevante para os pequenos e médios agricultores,
como fonte de renda e alimento, tanto para alimentação humana como animal. Este estudo teve como objetivo avaliar
o desempenho de cultivares comerciais de milho para consumo in natura nas condições edafoclimáticas de Jataí,
região Sudoeste do Estado de Goiás nos períodos de safrinha e safra de verão. Os experimentos foram instalados em
delineamento de blocos casualizados com quatro repetições e 10 cultivares. Foram avaliadas as características: altura
de planta, altura inserção de espiga, diâmetro e comprimento de espigas, produtividade de espigas com palha e sem
palha, produtividade comercial e teor de sólidos solúveis. Todas as cultivares avaliadas na safrinha apresentaram
características para o consumo in natura na forma de milho verde, já para as cultivares cultivadas na safra a cultivar
BM 840 foi a que apresentou maior produtividade de espigas para o consumo na forma de milho verde.
Palavras-chave: Zea mays. Milho verde. Genótipos. Produção.
Evaluation of green corn cultivars for in natura consumption in Jataí-GO
Abstract
Green corn crop has relevant economic and social importance for small and medium farmers, as a source of income
and food for both human and animal food. The objective of this study was to evaluate the performance of commercial
green corn cultivars for fresh consumption under the edaphoclimatic conditions of Jataí Southwest region of Goiás
State, Brazil, in regular and late growing season. The experiments were carried out in a randomized block design
with four replications and 10 cultivars. The characteristics evaluated were: plant height, the ear of the corn insertion
height, ear diameter and length, commercial yield and soluble solids content. All cultivars evaluated in the late gro-
wing season presented characteristics suitable for fresh consumption in the form of green corn, for cultivars cultivated
in the regular season, cultivar BM 840 presented the highest ear yield for consumption in the form of green corn.
Key Words: Zea mays. Green corn. Genotypes. Yield.
1
Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí. Jataí, Goiás, Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-9185-3695
2
Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí. Jataí, Goiás, Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-4403-0039
3
Embrapa Semi-árido. Petrolina, Pernambuco, Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-3295-8200
4
Embrapa Semi-árido. Petrolina, Pernambuco, Brasil.
https://orcid.org/0000-0003-1051-5940
5Universidade Estadual de Goiás/Campus CCET. Anápolis, Goiás, Brasil.
https://orcid.org/0000-0001-5098-0308
*Autor para correspondência: hortenciomota@ufg.br
Recebido para publicação em 02 de novembro de 2019. Aceito para publicação em 20 de novembro de 2019.
e-ISSN: 2447-6218 / ISSN: 2447-6218 / © 2009, Universidade Federal de Minas Gerais, Todos os direitos reservados.
de Lima, N. G. et al.
2
Cad. Ciênc. Agrá., v. 11, p. 01–07, 2019. e-ISSN: 2447-6218 / ISSN: 1984-6738
Introdução
O milho (Zea mays L.) é uma cultura cultivada
em todo o mundo, sendo empregado na alimentação
humana e animal e, também, em diversos usos indus-
triais (Ranum et al., 2014) sendo considerada uma das
culturas mais importantes mundialmente, devido ao
seu valor econômico, e também do ponto de vista social
(Sologuren, 2015).
Considerada cultura estratégica para o alicerce
da agricultura brasileira, o milho é cultivado em todas
as regiões do Brasil (Contini et al., 2019) em rotação,
sucessão e consórcio com expectativa de produção entre
121,4 e 182,7 milhões de toneladas na próxima década
(Gasques et al., 2018).
Por apresentar demanda contínua durante todo o
ano e elevada taxa de agregação de renda aos produtores,
o cultivo do milho verde é uma atividade de interesse
econômico ao produtor (Alves, 2004). O cultivo de milho
verde ocorre em pequenas e médias propriedades (Santos
et al., 2011) o que produz um aspecto importante para
a região de seu cultivo, que é a geração de emprego e
renda.
O Estado de Goiás, é grande produtor de milho
grão e de milho verde, sendo que o consumo in natura das
espigas de milho ou de seus derivados tornou-se um hábito
popular, sendo que que as espigas são comercializadas
na feira livre por unidade ou embaladas em bandejas e
comercializadas nos sacolões e nos supermercados.
Grandes avanços foram obtidos na tecnologia
necessária para a obtenção de sementes de milho (Rodri-
gues et al., 2018). Entretanto, das cultivares disponíveis
no mercado, apenas 1,3% são específicas disponíveis
para o consumo in natura (Pereira Filho e Borghi, 2016).
Apesar do número reduzido de cultivares de milho ver-
de encontradas no mercado de sementes para esse fim,
trata-se de uma atividade promissora, concentrando-se
em pequenas e médias propriedades com áreas entre 1
e 10 ha (Nascimento et al., 2017).
Segundo Silva et al. (1997) as espigas de milho
verde devido ao seu elevado teor de água (70% a 80% de
umidade) necessita que o produtor seja rápido na colheita
e na comercialização do seu produto, pois as espigas são
colhidas após o estágio de grãos leitoso, é altamente
perecível, o que reduz o seu período de comercialização.
Neste contexto, o objetivo deste estudo foi ava-
liar o desempenho agronômico de cultivares comerciais
para produção de milho verde, nos períodos de safra e
safrinha, nas condições edafoclimáticas de Jataí, região
Sudoeste do Estado de Goiás.
Material e métodos
Os experimentos foram conduzidos na Regional
Jataí da Universidade Federal de Goiás (UFG), localizada
em Jataí - região Sudoeste de Goiás - nas coordena-
das 17°53’S e 51°43’O em altitude de 680 m. O clima,
conforme a classificação de Köppen é Aw, tropical com
inverno seco e verão quente e chuvoso. A temperatura
média anual é de 23,7°C e a precipitação anual média
de 1644,9 mm (Inmet, 2013).
Os experimentos foram instalados em duas épocas
distintas: safrinha de 2015 e safra 2015/2016. Os dados
climáticos de Jataí durante as diferentes épocas de con-
dução do experimento encontram-se nas Figuras 1 e 2,
safrinha e safra de verão respectivamente. Na safrinha,
a precipitação total durante a condução do experimento
foi de 599,8 mm e as temperaturas médias mínima e -
xima de 19,7°C e 30,7°C, respectivamente. na safra de
verão, a precipitação total durante a experimento foi de
483,4 mm e as temperaturas médias mínima e máxima
de 20,9°C e 31,7°C, respectivamente.
Em ambos os experimentos, foram empregados o
delineamento em blocos casualizados, com dez cultivares
de milho (AG 1051, Al Bandeirantes, BIO Z 2365, BM
207, BM 3061, BM 840, Caiano, SHS 3031, SHS 4070 e
SHS 5050) e quatro repetições.
Cada parcela experimental foi constituída por
cinco fileiras, espaçadas por 0,45 m, com 5,0 m de com-
primento, totalizando uma área de 11,25 m². Como área
útil, considerou-se as três fileiras centrais, descartando um
metro das extremidades como bordadura, sendo que na
área útil, foram coletadas 10 espigas de forma aleatória,
para a avaliação.
O solo da área experimental, de acordo com o
Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, é considerado
como Latossolo Vermelho distroférrico (Embrapa, 2018).
As amostra de solo coletadas a uma profundidade de 0 a
20 cm, e suas análises químicas revelaram os seguintes
valores: Época 1 (safrinha): pH (CaCl
2
) = 4,5; H+Al =
6,0 cmol
c
dm
-3
; Al = 0,17 cmol
c
dm
-3
; Mg = 0,20 cmol
c
dm
-3
; Ca =0,72 cmol
c
dm
-3
; K = 27 mg dm
-3
; P (Mehlich
-1
)
=1,6 mg dm
-3
; CTC = 7,0 cmol
c
dm
-3
; V = 14,1 %. Época
2 (safra de verão): pH (CaCl
2
) = 5,0; H+Al = 6,3 cmol
c
dm
-3
; Al = 0,1 cmol
c
dm
-3
; Mg = 0,94 cmol
c
dm
-3
; Ca
=2,13 cmol
c
dm
-3
; K = 30 mg dm
-3
; P (Mehlich
-1
) =4,1
mg dm
-3
; CTC = 9,5 cmol
c
dm
-3
; V = 33,9%
O preparo do solo foi em cultivo convencional
com uso de grade aradora e posteriormente niveladora. A
calagem e adubação foram realizadas com base na análise
química do solo e de acordo com as recomendações de
Ribeiro et al. (1999), sendo a calagem realizada 30 dias
antes da semeadura, utilizando calcário filler com 92,5
de PRNT, nas quantidades de 3,45 t ha
-1
e 2,67 t ha
-1
safrinha e safra respectivamente, suficiente para elevar
a saturação por bases para 60%.
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Figura 1 – Precipitação pluviométrica (mm) e temperaturas máximas e mínima (°C) registradas no período da safrinha
(a) e safra de verão (b) em Jataí- GO (Fonte: Inmet, 2015a, Inmet, 2015b)
a b
A semeadura foi realizada manualmente, em
profundidade de 5 cm, o espaçamento foi de três plan-
tas por metro linear, com espaçamento de 45 cm entre
fileiras. A adubação de semeadura para ambas as épocas
foi realizada com o formulado 8-20-18 com uma dose
de 350 kg ha
-1
, realizada no momento de abertura dos
sulcos, antes da semeadura. Adubação de cobertura foi
realizada 30 dias após o plantio, aplicando 120 kg ha
-1
de N, como fonte uréia (45% de N).
A colheita das espigas foi realizada manualmente
na área útil da parcela, sendo colhidas algumas espigas da
bordadura para verificar se as mesmas estavam no está-
dio de grão leitoso, ou seja, quando os grãos das espigas
de cada parcela estavam com 70% a 80% de umidade,
considerado adequado para o consumo in natura.
Em cada experimento, as características ava-
liadas foram: altura de planta e altura de inserção da
espiga, diâmetro e comprimento de espiga despalhada,
produtividade de espigas com e sem palha, produtividade
de espigas comerciais e teor de sólidos solúveis (brix),
conforme Albuquerque et al. (2008), Grigulo et al. (2011)
e Rocha et al. (2011).
Os dados coletados foram submetidos à análise
de variância sendo que as médias quando significativas
pelo teste F foram comparadas pelo teste de Scott Knott
a 5% de probabilidade utilizando-se do programa esta-
tístico Sisvar v. 5.3 (Ferreira, 2011).
Resultados e discussão
Ocorreu efeito significativo das cultivares para
as características altura de plantas (HP), altura de inser-
ção de espiga (HIE), produtividade de espiga sem palha
(PESP) e teor de brix (BRIX) nos dois cultivos, enquanto
que no cultivo da safra de verão, comprimento (COMP),
produtividade de espiga com palha (PECP), produtividade
de espiga comercial (PEC) e número de espigas comerciais
(NEC) também apresentaram efeito significativo (Tabelas
1 e 2).
Tabela 1 – Valores médios de altura de plantas (HP), altura de inserção da espiga (HIE), diâmetro (DIA), comprimento
(COMP), produtividade de espiga com palha (PECP), produtividade de espiga sem palha (PESP), produtivi-
dade de espiga comercial (PEC) e teor de brix (BRIX) de milho verde cultivado no período de safrinha em
Jataí - GO.
Cultivares
HP
(m)
HIE
(cm)
DIA
(mm)
COMP
(cm)
PECP
(t ha
-1
)
PESP
(t ha
-1
)
PEC
(t ha
-1
)
BRIX
(%)
AG 1051 2,35 a 1,09 b 42,86 a 16,42 a 13,03 a 8,55 b 4,85 a 4,85 b
AL. Bandeirantes 2,15 b 0,85 c 41,40 a 16,67 a 12,27 a 7,81 b 4,31 a 7,68 a
BIO Z 2365 2,33 a 0,94 c 43,02 a 15,83 a 14,19 a 8,39 b 4,52 a 7,26 a
BM 207 2,27 a 0,96 c 42,54 a 16,25 a 13,70 a 8,18 b 4,57 a 7,45 a
BM 3061 2,36 a 1,08 b 42,55 a 17,08 a 15,86 a 9,92 a 5,52 a 5,36 b
BM 840 2,25 a 0,90 c 43,03 a 17,25 a 14,67 a 10,07 a 5,40 a 6,39 b
Caiano 2,62 a 1,32 a 38,87 a 16,13 a 14,67 a 7,39 b 3,72 a 5,41 b
Continua.
de Lima, N. G. et al.
4
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Cultivares
HP
(m)
HIE
(cm)
DIA
(mm)
COMP
(cm)
PECP
(t ha
-1
)
PESP
(t ha
-1
)
PEC
(t ha
-1
)
BRIX
(%)
SHS 3031 2,04 b 0,84 c 41,87 a 17,17 a 13,23 a 9,24 a 5,16 a 8,10 a
SHS 4070 1,97 b 0,80 c 46,65 a 16,50 a 14,65 a 9,49 a 5,55 a 7,84 a
SHS 5050 2,14 b 0,94 c 43,56 a 17,17 a 14,45 a 8,91 a 4,50 a 5,74 b
Média 2,25 0,97 42,63 16,57 14,07 8,80 4,81 6,61
F 3,48
*
9,34
*
1,16
ns
0,52
ns
2,43
ns
4,27* 2,24
ns
6,41
*
CV (%) 8,86 10,58 8,43 7,92 9,40 9,81 16,55 14,31
*Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (p = 0,05).
Tabela 2 – Valores médios de altura de plantas (HP), altura de inserção da espiga (HIE), diâmetro (DIA), comprimento
(COMP), produtividade de espiga com palha (PECP), produtividade de espiga sem palha (PESP), produti-
vidade de espiga comercial (PEC), e teor de brix (BRIX) de milho verde cultivado no período de safra de
verão em Jataí-GO.
Cultivares
HP
(m)
HIE
(cm)
DIA
(mm)
COMP
(cm)
PECP
(t ha
-1
)
PESP
(t ha
-1
)
PEC
(t ha
-1
)
BRIX
(%)
AG 1051 2,41 b 1,19 c 46,52 a 17,25 c 24,91 b 15,09 a 12,40 b 4,75 b
AL. Bandeirantes 2,65 b 1,33 b 43,36 a 19,25 b 22,46 c 12,78 b 7,77 c 8,93 a
BIO Z 2365 2,46 b 1,14 c 44,67 a 19,00 b 25,23 b 13,64 b 9,50 c 9,50 a
BM 207 2,49 b 1,25 b 44,26 a 18,73 b 24,21 c 14,12 b 12,25 b 10,45 a
BM 3061 2,52 b 1,19 c 44,98 a 20,75 a 25,90 b 15,49 a 12,75 b 7,15 b
BM 840 2,53 b 1,16 c 46,68 a 20,85 a 25,96 b 17,16 a 16,49 a 8,85 a
Caiano 2,99 a 1,51 a 43,18 a 17,85 c 29,89 a 15,37 a 13,87 b 5,35 b
SHS 3031 2,16 c 0,90 d 47,47 a 18,38 b 24,08 c 15,47 a 7,84 c 11,48 a
SHS 4070 2,42 b 1,11 c 47,21 a 17,20 c 27,76 a 16,52 a 12,68 b 4,45 b
SHS 5050 2,21 c 1,02 d 46,51 a 18,76 b 23,33 c 15,91 a 7,49 c 11,35 a
Média 2,48 1,18 45,48 18,80 25,37 15,16 11,30 8,23
F 17,57
*
13,68
*
1,43
ns
13,79
*
8,51
*
4,34
*
9,20
*
8,56
*
CV (%) 4,41 7,59 5,84 3,61 5,88 8,36 17,59 22,08
* Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (p = 0,05).
No cultivo da safrinha, houve diferença para a
característica HP de milho (Tabela 1) com formação de
dois grupos, com variação de 197 (SHS 4070) a 262 m
(Caiano), sendo que as cultivares AG1051, BIO Z 2365,
BM 207, BM 3061, BM 840 e Caiano, apresentaram as
maiores alturas de planta, com médias variando de 2,25
a 2,62 m. para mesma característica na safra verão,
o milho Caiano apresentou a maior altura, com valor de
2,99 m diferindo da demais cultivares (Tabela 2).
Freitas et al. (2008) relatam que plantas de milho
com maior estatura apresentam vantagens competitivas
devido ao seu sombreamento sobre as plantas daninhas,
reduzindo a taxa de crescimento e a competição por água,
luz e nutrientes.
No Brasil, o espaçamento entrelinhas no cultivo
de milho tem variado de 50 a 90 cm, com tendência cada
vez maior de se utilizarem espaçamentos mais reduzidos,
possibilitando aumento no rendimento de grãos, pois
melhor distribuição das plantas na área de cultivo,
com aumento da eficiência na utilização da luz, melhor
aproveitamento de água e nutrientes, melhor controle
de plantas daninhas, o que resulta em um rápido fecha-
mento dos espaços entre e dentre plantas, possibilitando
menor aeração e luminosidade e redução da erosão, pela
cobertura antecipada da superfície do solo (Pereira Filho
e Cruz, 2002). Esta afirmação é corroborada por Modolo
et al. (2010) que avaliaram diferentes espaçamentos entre
linhas de milho (45, 70 e 90 cm) em Pato Branco-PR e
concluíram que a redução no espaçamento entre linhas
promoveu aumento no número de espigas por planta e
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o incremento na produtividade de grãos na cultura do
milho.
Para HIE, houve diferença significativa entre os
tratamentos tanto no cultivo de milho safrinha (Tabela
1) como no cultivo na safra de verão (Tabela 2), sendo
que a cultivar de milho Caiano teve maior altura em
ambos cultivos. Moraes et al. (2010), avaliando 7 híbri-
dos e 1 variedade de milho verde, obtiveram diferença
em relação à altura de inserção de espiga com variação
de 93,9 a 112,9 cm com média de 101,7 cm, resultados
semelhantes os obtidos neste estudo. Favarato et al.
(2016), avaliando o crescimento e produtividade de mi-
lho verde sobre diferentes coberturas de solo no sistema
plantio direto, obtiveram variação de inserção altura de
milho verde entre 159 a 169 cm. Em relação à altura de
inserção de espigas, todas as cultivares apresentaram
altura favorável a colheita mecanizada ou manual, sendo
que não foi observado no experimento colmos quebrados
ou acamamento de plantas.
Não houve diferença para a característica DIA
espiga, para os cultivos na safrinha (Tabela 1) e na safra
de verão (Tabela 2), com médias variando entre 4,26 a
4,55 cm, respectivamente. Resultados semelhantes foram
obtidos por Favarato et al. (2016) que não obtiveram
variação no diâmetro de espigas com média de 4,8 cm.
O comprimento de espiga na safrinha não apre-
sentou diferença entre as cultivares com média de 16,57
cm (Tabela1). para o cultivo na safra de verão (Tabela
2) houve diferença entre as cultivares avaliadas. Segundo
Silva et al. (1997), as espigas comerciais são aquelas que
apresentaram comprimento superior a 17 cm, livre de
danos de insetos e diâmetro igual ou superior a 30 mm.
Para o mercado in natura, as espigas normalmente
são comercializadas sem palha e assim quanto maior em
comprimento, diâmetro e sem danos, maior será a acei-
tação pelo consumidor, pois maior será seu rendimento.
Para mercados menos exigentes ou na comercialização
em feiras livres, a escolha das espigas de milho verde
deve-se ao preço, o grau de granação, o tamanho e o
diâmetro e ausência de danos.
Para PECP não houve diferença significativa
entre as cultivares no cultivo da safrinha (Tabela 1) com
média de 14,07 t ha
-1.
para o cultivo na safra de verão
(Tabela 2) houve formação de três grupos, sendo que
Caiano (29,89 t ha
-1
), BM 840 (25,96 t ha
-1
) e BM 3061
(26,90 t ha
-1
) foram as que apresentaram maior produ-
tividade. O peso de espiga com palha é uma importan-
te característica que deve ser levada em consideração
quando avalia-se cultivares para o consumo in natura,
devido à espiga de milho verde ser transportada com a
palha até o destino final, quando sua comercialização
destina-se a indústria de beneficiamento, o que reduz
os danos físicos causados pelo transporte (Rodrigues et
al., 2009). Este fato é observado nas feiras livres, onde
a palha tem com finalidade a proteção das espigas como
forma de evitar desidratação das espigas, pois a presença
da palha na espiga, garante maior tempo de pós colheita,
com redução de danos físicos na colheita até o ponto de
comercialização.
Em relação a PESP houve diferença significativa
entre os genótipos no cultivo da safrinha (Tabela 1), as
cultivares BM3061, BM840, SHS 3031, SHS 4070 e SHS
5050 foram as mais produtivas. para o cultivo na safra
de verão (Tabela 2), as cultivares AG 1051, BM3061,
BM840, Caiano, SHS 3031, SHS 4070 e SHS 5050 foram
as mais produtivas.
Para produtividade de espiga de milho comerciais
não houve diferença significativa entre as cultivares (Ta-
bela 1) enquanto que no cultivo da safra de verão (Tabela
2) a cultivar BM 840 foi a mais produtiva. Os resultados
obtidos foram superiores aos obtidos por Albuquerque et
al. (2008) que, avaliando 36 cultivares de milho, sendo
32 híbridos simples experimentais e 4 híbridos comerciais,
obtiveram produtividade variando de 1851,57 a 7523,44
kg ha
-1.
Segundo Pereira Filho et al. (2003), para atender
tanto aos interesses da indústria de envasamento quanto
à produção para o consumo “in natura” e ao próprio
produtor, o milho verde deve apresentar alguns atributos
para melhor aceitação, como, por exemplo, possibilidade
de cultivo o ano todo, produtividade a campo acima de
12 t ha
-1,
ciclo variando entre 90 e 110 dias, longevidade
no período da colheita, bom empalhamento e rendimento
industrial de grãos igual ou maior que 30%.
Para o teor de sólidos solúveis (brix), na safrinha
as cultivares com maior valores foram Al Bandeirantes,
BIO Z 2365, BM 207, BM 3061 e SHS 4070 (Tabela 1).
para a safra de verão, as cultivares Al Bandeirantes,
BIO Z 2365, BM 207, BM 840, SHS 3031 e SHS 5050.
Nas cultivares de milho, o teor de açúcar fica
em torno de 3% sendo que o teor de amido varia entre
60 a 70%, enquanto o milho doce possui de 9 a 14% de
açúcar e 30 a 35% de amido nos grãos (Pereira Filho e
Cruz, 2002). Este resultado está de acordo com os obtidos
neste estudo, haja vista que os teores de sólidos solúveis
em milho verde são poucos pesquisados.
Conclusões
Considerando, conjuntamente, as características
estudadas, todas as cultivares apresentaram característi-
cas satisfatórias para o consumo in natura na forma de
espiga de milho verde para cultivo na safrinha e na safra
de verão.
Em relação à produção de espigas comerciais,
na safrinha não houve diferença de produtividade entre
as cultivares avaliadas, enquanto que na safra, a cultivar
BM840 foi a mais produtiva.
de Lima, N. G. et al.
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Cad. Ciênc. Agrá., v. 11, p. 01–07, 2019. e-ISSN: 2447-6218 / ISSN: 1984-6738
Agradecimentos
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
Goiás (FAPEG) pela bolsa de iniciação científica concedida
ao primeiro autor.
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