
da Silveira, A. B. et al.
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Cad. Ciênc. Agrá., v. 11, p. 01–06, 2019. e-ISSN: 2447-6218 / ISSN: 1984-6738
As árvores selecionadas apresentavam altura
total de 5 a 7 m, diâmetro a 1,30 m do solo superior a
20 cm e nenhum sinal aparente de injúrias ocasionadas
pelo ataque de insetos ou doenças. A coleta dos frutos
foi realizada diretamente na copa com auxílio de podão,
restringindo-se àqueles de coloração marrom. Posterior-
mente, foram acondicionados em sacos de papel Kraft
e conduzidos ao Laboratório de Sementes do IFMG/SJE
para triagem. Essa foi realizada manualmente, isolando as
sementes dos frutos e eliminando o material que possuía
alguma injúria, atrofia ou ataque por insetos a fim de se
obter uma melhor qualidade e pureza física dos lotes.
O teor de água das sementes foi determinado
pelo método da estufa a 105 ± 3°C por 24 h, com quatro
repetições de 25 unidades.
As sementes após a triagem foram desinfestadas
com hipoclorito de sódio (NaClO), com 2,0 % de cloro
ativo, a 5,0 % (v/v) durante três min, depois lavadas com
água destilada e colocadas para secar durante dez min
sobre papel toalha. Optou-se pelo NaClO por se tratar de
um composto químico contra proliferação bacteriana.
O trabalho foi conduzido em câmara de germi-
nação do tipo Biochemical Oxigen Demand (BOD) com
fotoperíodo contínuo (24 h) e temperatura de 31°C, pro-
cedimento de rotina usado para espécies florestais pelo
Laboratório de Sementes do IFMG/SJE. O delineamento
experimental adotado foi o inteiramente casualizado
com quatro repetições, no esquema fatorial 4 x 2, sendo
estudado o efeito de quatro concentrações de Óxido de
Mercúrio II (HgO) em substrato (C1 – 0,000 g/cm
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;. C2
– 0,025 g/cm
3
; C3 – 0,050 g/cm
3
e C4 – 0,075 g/cm
3
) e
dois pré-tratamentos (P1 – Testemunha: sementes com
tegumento intacto e P2 – escarificação mecânica do
tegumento em esmeril elétrico: as sementes foram fric-
cionadas em esmeril elétrico com auxílio de um alicate
na região oposta ao eixo-embrionário até o desgaste do
tegumento, evitando, contudo danificar o embrião. A
unidade experimental foi constituída por 25 sementes.
Esta quantidade foi definida conforme a capacidade da
caixa gerbox (transparente, com dimensçoes de 11 × 11
× 3,5cm), recipiente empregado para a semeadura de S.
saponaria. A caixa gerbox foi escolhida com a finalidade
de reduzir riscos com a saúde do avaliador e contaminação
ambiental por HgO.
Cada caixa gerbox foi previamente desinfestada
com álcool etílico 70 % (v/v) e preenchida com 200 cm
3
de
vermiculita expandida superfina. A mistura da vermiculita
com o HgO foi realizada na caixa gerbox com auxílio de
um bastão de vidro. A semeadura foi feita sobre a super-
fície do substrato umedecido. As caixas gerboxes foram
fechadas com tampa própria e distribuídas aleatoriamente
na BOD, totalizando 32 unidades experimentais.
As avaliações foram realizadas diariamente até a
contagem final e estabilização de todos os atributos estu-
dados (trigésimo dia), registrando número de sementes
embebidas (Emb), germinação (G, protrusão de radícula
superior a 1,0 cm) e emissões de parte aérea (EPA) e de
raízes laterais (ERL). As sementes não embebidas foram
consideradas duras, pois mantiveram o aspecto de recém
semeadas. Calcularam-se os índices de velocidade da
embebição (IVEmb) e da germinação (IVG) conforme a
metodologia proposta por Maguire (1962).
Após a contagem final, tomaram-se das plântulas
normais os comprimentos da raiz principal (CR) e da
parte aérea (CPA) com um paquímetro digital de precisão
1/10 mm e, depois, obtida a relação CPA/CR. A massa
verde de cada um desses componentes foi realizada com
balança digital de 0,0001 g de precisão. Calculou-se a
massa verde total (MVT) pela soma das massas do sistema
radicular (MVR) e da parte aérea (MVPA). Considerou-se
como plântula normal aquelas que apresentaram desen-
volvimento radicular superior a 1,0 cm (Brasil, 2009).
Todos os dados expressos em porcentagem foram
transformados em e o restante em
, a fim de atender aos critérios de normalidade segundo
Lilliefors e homogeneidade por Cochran. Realizaram-se
teste F, regressão quadrática e teste t pareado, todos a
5 % de significância estatística. Na análise de regressão,
foi usado o método dos mínimos quadrados ordinários
(MQO). As análises estatísticas foram efetuadas com
auxílio do software R versão 3.5.2 (R Core Team, 2018).
Resultados e discussão
O teor de água das sementes de S. saponaria foi de
12,72 ± 6,1431 %. O efeito estatístico de pré-tratamento
foi observado em todos os atributos avaliados (p ≤ 0,05),
exceto aqueles obtidos após a contagem final, realizada
aos 30 dias (Tabela 1). Estes apresentaram significân-
cia em nível de concentrações, exceto o comprimento
de parte aérea, cuja média foi de 20,66 ± 6,1470 mm.
As concentrações de HgO resultaram em crescimento
diferenciado das plântulas de saboneteira. Em geral, os
coeficientes de variação foram baixos e evidenciaram a
precisão experimental.
A dormência tegumentar das sementes de S.
saponaria foi comprovada face à dificuldade de embebi-
ção das sementes em água e, consequentemente, menor
germinação no tratamento testemunha (Tabela 2). Foi
necessária a escarificação do tegumento com esmeril
elétrico para favorecer a entrada de água e trocas gasosas
entre ambiente e embrião; 100,0 % das sementes escari-
ficadas tiveram embebição (IVEmb de 15,54) e 85,25 %
germinaram (IVG de 2,07). Essa impermeabilidade pode
ser decorrente de um conjunto de células parenquimáticas
dispostas em paliçada e de uma camada de cutícula, que
protegem o embrião (Freitas et al., 2013). Corroborando
com Albiero et al. (2001), que confirmaram a existência
de várias camadas no tegumento das sementes de S.
saponaria que poderiam limitar a absorção de água.