da Silva, N. A. B. et al.
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Cad. Ciênc. Agrá., v. 11, p. 01–08, 2019. e-ISSN: 2447-6218 / ISSN: 1984-6738
Keywords: Bakery. Dietary fiber. Colocasia esculenta. Gluten-free.
Introdução
A pizza é um alimento com consumo bastante
difundido por todo o mundo e, no Brasil, existe uma
demanda de mercado crescente pelas massas prontas
para consumo, comercializadas pré-assadas e refrigera-
das, principalmente devido a facilidade de preparo e ao
baixo custo (Abimapi, 2017). Nos últimos anos, devido a
tendência dos consumidores pelo consumo de alimentos
mais saudáveis, percebe-se uma diversificação nos tipos
de massas de pizzas disponíveis no mercado consumidor,
bem como, a realização de pesquisas focadas no desen-
volvimento de massas com alegações nutricionais, tais
como fonte de fibras, adicionadas de grãos integrais, com
adição de leguminosas, prébióticos, isentas de glúten,
dentre outros (Glicerina et al., 2017; Han e Koh, 2010
Moore et al., 2009).
A farinha proveniente do trigo é a mais utilizada
nos processos de fabricação da massa de pizza, conferindo
adequada tenacidade e extensibilidade à massa, no entan-
to, opções de pizza sem glúten, tais como as formuladas
com fécula de mandioca, destinadas ao público celíaco
e para consumidores que optam por tais produtos tam-
bém tem sido pesquisada e já são existentes no mercado
(Mazzeo et al., 2015; Gallagher, 2008).
A doença celíaca é uma doença autoimune que
atinge indivíduos geneticamente susceptíveis, tendo como
principal sinal a alteração das vilosidades da mucosa
jejunal. Seu tratamento é basicamente dietético, onde
a exclusão total do glúten reflete no desaparecimento
dos sintomas manifestados (Jnawali et al., 2016; Farias,
2010). Além do público celíaco, houve um crescimento
no consumo de produtos gluten free no Brasil pelo público
geral por serem reconhecidos pelos consumidores como
mais saudáveis (Ventura et al., 2010).
Durante o desenvolvimento de alimentos isentos
de glúten, se faz necessária a substituição do trigo por
outros ingredientes. Dentre as alternativas disponíveis,
destaca-se o uso de hidrocolóides como a goma xantana,
um polissacarídeo produzido por bactérias do gênero
Xanthomonas que atua aumentando a retenção de umi-
dade na massa (Nery et al., 2008; Munhoz, 2004). O
efeito da adição de fibras de psyllium também tem sido
estudado com a mesma finalidade em produtos da pani-
ficação, tais como bolos e massas. O psyllium (Plantago
ovata) é uma planta arbustiva muito cultivada na Índia,
Irã e Paquistão, que cresce geralmente em solo arenoso
e salino (Correa et al., 2014) e, suas sementes possuem
cerca de 20 a 30% de mucilagem, sendo muito utilizada
pela indústria farmacêutica devido ao elevado teor de
fibra solúvel e aos efeitos reconhecidos na redução da
absorção de gordura, diminuição dos níveis de colesterol
LDL, prevenção da ocorrência de doenças cardiovasculares
e constipação (Jovanovski et al., 2018; Dakhara et al.,
2012).
O uso do psyllium na panificação sem glúten é
uma alternativa para incorporação de fibra alimentar no
desenvolvimento desses alimentos, já que, são desenvolvi-
dos geralmente com fécula de mandioca, farinha de arroz,
dentre outros produtos amiláceos pobres ou isentos de
fibra. A ingestão de alimentos com altos teores de fibras
está associada a prevenção de doenças como o câncer,
doenças coronarianas, diabetes e redução de colesterol
LDL (Veronese et al., 2018). No Brasil, o Ministério da
Saúde permite a denominação “fonte de fibras” para os
produtos industrializados que possuem no mínimo, 2,5
g de fibras por porção (Brasil, 2012), devendo conter
os dizeres obrigatórios no rótulo: “As fibras alimentares
auxiliam o funcionamento do intestino. Seu consumo
deve estar associado a uma alimentação equilibrada e
hábitos de vida saudáveis” (Brasil, 2018).
Outra alternativa no preparo de alimentos sem
glúten é adição de inhame (Colocasia esculenta), também
conhecido como taro, uma hortaliça tropical amilácea
da família das Araceae, constituída por cerca de 70-80%
de amido (b.s) e muito apreciado pelo sabor suave de
seus tubérculos, com elevado valor nutricional, rico em
minerais, principalmente potássio e magnésio, vitaminas
do complexo B e baixo teor de lipídios (menor que 1%)
(Kaushal et al., 2012, Lewu et al., 2010).
Dessa forma, o presente trabalho teve como ob-
jetivo desenvolver uma massa de pizza fonte de fibras e
sem glúten, adicionada de fibras de psyllium, utilizando
como base amilácea a farinha de arroz e inhame, bem
como, avaliar sua aceitabilidade sensorial, características
físico-químicas e de textura.
Material e métodos
Matéria-prima e local das análises
Os experimentos foram realizados na Universida-
de Federal de São João del-Rei Campus Sete Lagoas-MG,
Departamento de Engenharia de Alimentos. As maté-
rias-primas foram adquiridas no comercio local de Sete
Lagoas-MG, sendo apresentadas na Tabela 1. Os inhames
foram descascados, lavados, sanificados, cortados e cozi-
dos em água mineral, sendo então produzida a pasta de
inhame por esmagamento. Todos os demais ingredientes
utilizados foram de uso alimentício, dentro do prazo de
validade e, todas as produções foram realizadas com
procedimentos de boas práticas de fabricação.