Substratos alternativos para a produção de mudas de Angico Branco
(
Anadenanthera colubrina
(Vell.) Brenan)
Maria Fernanda Pimenta Araújo
1
, Emanuelle Ferreira Melo de Pinho
2
*, Carlos Augusto Pereira da Silva
3
,
Murilo Antônio
Oliveira Ruas4
DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.15976
Resumo
O objetivo deste estudo foi de avaliar a produção de mudas da espécie Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, popu- larmente
conhecida como Angico Branco, através da utilização de diferentes substratos alternativos. O experimento foi desenvolvido
no viveiro experimental da Faculdade Santo Agostinho, Campus JK, montado sob o delineamento inteiramente casualizado
(DIC), com quatro repetições para cada tratamento, sendo estes: terra de barranco; terra de barranco + areia (1:1); casca de
arroz carbonizada; borra de café e serragem. Após um período de 60 dias foram mensurados o percentual de germinação,
altura de plantas e número de folhas. Os resultados indicaram que os substratos solo, solo + areia (1:1) e casca de arroz
carbonizada apresentaram as maiores taxas de germinação das sementes de Anadenanthera Colubrina não havendo diferenças
estatísticas entre si. Para a variável altura de plantas, o maior valor encontrado foi com o tratamento solo + areia (1:1), 7,70 cm,
seguido do substrato composto apenas de solo, enquanto, que nos tratamentos com resíduos não houve diferença estatística
entre si. Na avaliação do número de folhas, observou-se que maiores valores foram obtidos com o tratamento composto por
solo + areia. o menor número de folhas foi encontrado nos tratamentos com casca de arroz carbonizada, borra de café e
serragem. s. Dentre todos os substratos o que apresentou maiores valores para as características avaliadas foi o substrato
formulado por solo + areia (1:1). Entre os resíduos avaliados, o substrato composto por casca de arroz apresentou resultados
mais significativos para as variáveis analisadas.
Palavras-chave:
Germinação. Crescimento. Número de folhas. Espécie florestal.
Alternative substrates for the production of Angico Branco seedlings
(
Anadenanthera colubrina
(Vell.) Brenan)
Abstract
The objective of this study was to evaluate the production of seedlings of the species Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan,
popularly known as Angico Branco, through the use of different alternative substrates. The experiment was carried out in the
experimental nursery of Faculdade Santo Agostinho, Campus JK, assembled under a completely randomized design, with
four replicates for each treatment, which are: soil; soil + sand (1: 1); carbonized rice husk; coffee grounds and sawdust. After a
period of 60 days, the germination percentage, plant height and number of leaves were measured. The results indicated that the
substrates soil, soil + sand (1: 1) and carbonized rice husk showed the highest germination rates of Anadenanthera Coubrina
seeds, with no statistical differences between them. For the
1Faculdade Santo Agostinho, Montes Claros, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-1895-1168
2Faculdade Santo Agostinho, Montes Claros, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-6044-0353
3Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais, Araçuaí, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0001-8949-3152
4Faculdade Santo Agostinho, Montes Claros, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-1270-0165
*Autor para correspondência: emanuellef@fasa.edu.br
CADERNO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
Agrarian Sciences Journal
2
Araújo, M. F. P. et al.
plant height variable, the highest value found was with the soil + sand treatment (1: 1), 7,70 cm, followed by the substrate
composed only of soil, whereas in the treatments with residues there was no statistical difference between them. . In the
evaluation of the number of leaves, it was observed that higher values were obtained with the treatment composed of soil + sand.
The lowest number of leaves was found in the treatments with carbonized rice husks, coffee grounds and sawdust. Among all the
substrates, the one with the highest values for the evaluated characteristics was the substrate formulated by soil + sand (1: 1).
Among the evaluated residues, the substrate composed of rice husk showed more significant results for the analyzed
variables.
Keywords:
Germination. Growth. Number of leaves. Forest species.
Introdão
Uma alternativa economicamente viável para a
destinação dos resíduos industriais e urbanos é a sua uti-
lização para composição de substratos para produção de
mudas, cujo uso aumentou nos últimos anos. Esta forma de
uso garante que a matéria-prima seja fornecida no longo
prazo e por um baixo custo (Caldeira et al., 2012). Além
disso, essa utilização contribui com a redução de
problemas
ambientais, como a disposição inadequada de
resíduos
sólidos.
tar a eficiência no processo de produção de mudas para
recuperação de áreas degradadas.
A produção de mudas tem por objetivo atender
demandas oriundas de projetos de recuperação de áreas
degradadas e arborização urbana, visando solucionar
problemas de intervenção humana em ecossistemas flo-
restais naturais, visando à restauração ecológica, e, no
ambiente urbano, promover a melhoria da qualidade do ar,
o sequestro de carbono, amenizar a temperatura, além de
serem utilizadas no embelezamento de parques e ruas.
Diante disso, a utilização de vários tipos de re-
síduos sólidos tem aumentado para produzir mudas flo-
restais. Pretende-se, dessa maneira, que o processo de
evolução iniciado que visa a substituir gradativamente a terra
oriunda dos subsolos por resíduos de procedência orgânica
possa ter continuidade (Faria et al., 2016). Esta prática,
segundo Neves et al. (2010), tem tornado a ati-
vidade de
produção de mudas cada vez mais sustentável, pois reduz o
impacto ambiental que seria ocasionado com
a destinação
imprópria destes resíduos na natureza.
Rodrigues et al., (2002) descreve que diversos
benefícios são proporcionados pelas árvores, como pu-
rificação do ar, melhoria do microclima urbano, redução na
velocidade do vento, influência no balanço hídrico, abrigo à
fauna e atenuam a poluição sonora.
Mudas de árvores da espécie Anadenathera Co-
lubrina (Vell.) Brenan popularmente conhecida por an-
gico-branco, pertencente à família Mimosaceae, podem ser
utilizadas para essas duas finalidades. Com floração
exuberante a árvore pode ser usada na arborização de
estradas, parques e ruas. Recomenda-se sua utilização
para
recuperação de áreas degradadas e na recomposição
de mata
ciliar com inundação. O angico branco pode ser usado
também nas construções civil e naval, e na pro- dução de
lenha e carvão (Lorenzi, 2008). As árvores da espécie
podem chegar a alturas que variam de 10 a 20 m (Gomes et
al., 2004). Além destes aspectos, apresenta ainda potencial
fitoterápico (Weber et al., 2011)
Porém, para que os substratos sejam benéficos
para o solo precisam apresentar características físicas,
químicas e biológicas satisfatórias visando a atender suas
necessidades e ainda possuir manuseio e transportes - ceis.
Neste sentido, os resíduos orgânicos que compõem
os
substratos devem apresentar a capacidade de produzir
organismos a fim de promover o grau de fertilidade do solo
e aumentar a eficiência da troca de cátions, que re- sulta na
qualidade das mudas cultivadas nesse ambiente (Knapik et
al., 2005).
O uso de materiais alternativos provenientes de
resíduos agroindustriais, como o bagaço da cana e torta de
filtro de usinas (Catunda et al., 2008; Santana et al., 2012), e
a casca de arroz carbonizada (Saidelles et al., 2009; Terra et
al., 2011), foram estudados como subs- tratos para
produção de mudas (Grigatti et al., 2007).
Sobre sua ocorrência, a Anadenanthera Colubrina
pode ser encontrada em florestas sazonais semideciduais
e
florestas tropicais mistas (Rego et al., 2007), como na
encosta atlântica dos Estados do Rio de Janeiro e São
Paulo
(Lorenzi, 2008), no Bioma Cerrado (Ortolani et al.,
2010) nos
estados de Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
além dos estados da Bahia, do Paraná,
do Espírito Santo e do
Distrito Federal (Carvalho, 2002).
As sementes da espécie
possuem um alto potencial de germinação (Lima et al.,
2008) e que ocorre de forma rápida (Barbosa, 2003).
Diante disso, uma ampla variedade de substratos
pode
ser utilizada para a produção de mudas, tais como, turfa, areia,
isopor, espuma fenólica, argila expandida, perlita,
vermiculita, casca de arroz, casca de Pinus, fibra da casca de
coco, serragem, entre outros (Fernandes et al. 2006). Desta
forma, percebe-se a importância de se
estudar os substratos
alternativos como forma de aumen-
Portanto, diante da relevância desta espécie flo-
restal e, tendo em vista às possibilidades para a arbori-
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Substratos alternativos para a produção de mudas de Angico Branco (
Anadenanthera colubrina
(Vell.) Brenan)
zação urbana, objetivou-se no presente estudo avaliar a
germinação, a altura de plantas e o número de folhas no
desenvolvimento inicial da produção de mudas da espécie
A. colubrina (Angico Branco) como forma de reutilização
de resíduos que podem ser descartados de forma irregular
no ambiente.
média no município foi de 24°C, com mínima de 17°C no
mês
de fevereiro, e a máxima de 30°C no mês de março (Inmet,
2018).
As sementes de Anadenanthera Colubrina (Figura
1)
foram coletadas de janeiro a março de 2018, a partir de
frutos caídos no solo, no entorno de uma árvore de
um
fragmento de reserva legal de uma propriedade rural
no
município de Montes Claros MG. Para a irrigação das
sementes utilizou-se o sistema por aspersão, sendo irrigadas
diariamente, e mantidas em viveiro coberto por sombrite
50% de interceptação da radiação solar. O
acondicionamento das sementes foi feito em sacos de
papel impermeável, sendo mantidas à temperatura ambiente
(23°C) até o início dos testes e, devido a sua rápida e alta
germinação, não foi necessário nenhum tratamento pré-
germinativo (Pereira, 2011).
Material e métodos
O estudo foi conduzido na área experimental da
Faculdade Santo Agostinho, campus JK, em Montes Claros
- MG, com coordenadas geográficas 16°41’31.93” de latitude
Sul e 43°50’45.36” longitude Oeste. De acor- do com a
classificação de Koppen-Geiser para o estado de Minas
Gerais, o clima da região de Montes Claros é o Aw,
caracterizado como tropical com inverno seco, com
precipitação média anual de 1.050 mm (Reboita et al., 2015).
Durante o período do estudo, a temperatura
Figura 1 Sementes de Anadenanthera Colubrina.
As sementes sadias e com boa conformação fo- ram
selecionadas, visando à realização dos testes de
germinação. A semeadura foi realizada inserindo-se as
sementes em uma profundidade de aproximadamente 1cm
da superfície do substrato. Foram utilizadas sacolas plásticas
com capacidade de 3 litros, com os diferentes tipos de
substrato. Após um período de 60 dias foram avaliadas as
variáveis, a porcentagem de germinação, a altura das
plântulas e o número de folhas.
com 4 repetições cada, totalizando 20 unidades experi-
mentais. Cada unidade experimental foi constituída por 3
sementes de A. colubrina. Os dados coletados foram
submetidos à análise de variância (ANOVA) e ao teste de
média (Tukey, p 0,05) por meio do programa estatístico
SISVAR® (Ferreira, 2014).
Resultados e discussão
A Tabela 1 apresenta o resumo da análise de
variância. Para as três variáveis avaliadas, germinação,
altura de plantas e número de folhas, os diferentes tra-
tamentos estudados apresentaram diferenças estatísticas
significativas (p ≤ 0,05).
O experimento foi conduzido segundo o Delinea-
mento Inteiramente Casualizado (DIC), com 5 tratamen-
tos:
terra de barranco; terra de barranco + areia (1:1); casca de
arroz carbonizada; borra de café e serragem, e
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Araújo, M. F. P. et al.
Tabela 1 Análise de variância para as variáveis de respostas: germinação (%), altura de plantas (cm) e número de folhas de
A. colubrina.
Quadrados médios
Fontes de variação
G
L
Germinação (%)
Altura de plântulas (cm)
Número de folhas
Tratamentos
Resíduo
4
15
3,30*
0,20
28,19*
0,88
45,87*
0,82
Média geral
45,00
3,51
3,75
CV (%)
0,99
26,78
24,10
*F significativo a 5% de probabilidade; GL = graus de liberdade; CV = coeficiente de variação.
Na Tabela 2, são apresentados os resultados
obtidos para as variáveis germinação de sementes (%), a
altura
de plântulas (cm) e o número de folhas de acordo
com cada
tratamento testado. Observou-se que os maiores valores de
germinação foram encontrados nos substratos
solo, solo + areia (1:1) e casca de arroz carbonizada (50%,
75% e 50%, respectivamente), que não diferiram
estatisticamente entre si (p > 0,05). As menores por-
centagens de germinação ocorreram com a utilização de borra
de café e serragem como substrato (25% cada).
Tabela 2 Germinação (%), altura de plantas (cm) e número de folhas de A. colubrina em diferentes substratos.
Tratamentos
Germinação (%)
Altura de plântulas (cm)
Número de folhas
Solo
Solo + areia (1:1) Casca
de arroz carbonizada
Borra de café
Serragem
50,00a
75,00a
50,00a
25,00b
25,00b
4,50b
7,70a
2,40c
2,00c
1,00c
5,00b
9,00a
2,00c
1,00c
1,00c
Médias seguidas de mesma letra na coluna não se diferem pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
Os substratos mais adequados e que forneceram
as
maiores porcentagens de germinação das sementes de
A. colubrina foram nos substratos compostos por solo, solo
+ areia e casca de arroz carbonizada que, conforme
Godoy e
Farinacio (2007), devem fornecer um suprimento
adequado de
água e ar ao sistema radicular, ser de baixo custo e estar
disponível na propriedade rural. Segundo Afonso et al.
(2017), a presença de areia na composição dos substratos
aumenta a aeração na região subjacente à semente,
favorecendo trocas gasosas, permitindo a
maior expressão do
vigor da semente e consequentemente
aumentando a sua
germinação. Para Azevedo; Tortelli;
Vieira (2014), a casca de
arroz carbonizada é um material
que possui a capacidade de
reter elevado teor de água
em diferentes tensões, ou seja, um
maior volume de água
facilmente disponível para a planta.
Os resultados encontrados para os bons índices de
germinação com os substratos testados corroboram com os
obtidos por Bocchese et al. (2008), que observaram
maior
porcentagem de germinação de sementes de Tabe- buia
heptaphylla (Vell.) Toledo nos substratos constituídos por solo
argiloso com adição de matéria orgânica ou o, com valores
de 42,10% e 42,40%, respectivamente. Alves
et al., (2015)
não encontraram diferenças significativas ao avaliarem
germinação de sementes de Adenanthera pavovina L. em
diferentes substratos como areia, terra
vegetal, vermiculita
fina, areia + terra vegetal (1:1) terra
vegetal + de madeira
(1:1), vermiculita fina + de madeira.
Ramos et al. (1983) concluíram que as sementes
de
Angico devem ser cobertas por 0,5 cm de solo e entre
0,5 e
1,5 cm de areia para que ocorram os melhores índi-
ces de
germinação, conforme foi executado no presente trabalho.
A constituição física do substrato é determinante
na
produção de mudas (Rebouças et al., 2008), pois a
capacidade de absorção de água pelas sementes depende
da
retenção de água e da aeração do substrato (Pozitano e Rocha,
2011), que é afetado pelo equilíbrio entre a macro e
microporosidade, principalmente em sistemas de produção
de mudas em pequenos recipientes (Lopes et al., 2005).
Torres et al. (2012) constataram que a mistura
de
borra de café ao substrato padrão usado para o cultivo de mudas
de café levou à redução da taxa de germinação
dessa espécie.
Ainda segundo os mesmos autores, este resultado deve-se
ao fato de a borra de café não ter sido previamente
compostada, situação também observada no presente
trabalho. Segundo Kiehl (2010), a borra de
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Substratos alternativos para a produção de mudas de Angico Branco (
Anadenanthera colubrina
(Vell.) Brenan)
café in natura apresenta alta atividade microbiológica
durante o processo de decomposição, o que pode torná-la
imprópria para uso agrícola. Além dos fatores citados, no
presente estudo, o menor índice de germinação pode ser
também devido à presença de alcaloides inibidores de
germinação na borra de café (Baumann; Gabriel, 1984).
com areia na composição de substratos, observaram
que
mudas de Aroeira-Vermelha (Schinus terebinthifolius
Raddi)
alcançaram altura estatisticamente maior com o substrato
composto por 50% de solo de subsolo, 30% de esterco
bovino e 20% de casca de arroz carbonizada, cujas mudas
obtiveram 31,20 cm.
O mesmo comportamento foi observado ao ana-
lisar
o número de folhas por planta. O máximo de folhas
encontradas foi 9,00, no tratamento composto de solo
+ areia (p 0,05). o menor número encontrado foi uma
folha por planta, nos tratamentos borra de café e
serragem.
Anjos et al. (2018), ao estudarem a produção de
mudas de
Cassia grandis L. f., verificaram que as plantas cultivadas em
substrato composto de diferentes tipos de resíduos orgânicos
apresentaram maiores médias para o número de folhas, se
comparadas a substratos formados apenas de fibras de Agave
sisalana (4,7 e 4,0 folhas. planta-1, respectivamente).
Para a variável altura de plântulas, os maiores
valores encontrados foram no tratamento solo + areia
(7,70
cm), seguido do substrato composto apenas de solo
(4,50 cm).
Os demais tratamentos não diferem entre si (p > 0,05),
apresentando assim a mesma altura média. Na avaliação dos
parâmetros fisiológicos das mudas de Albíza niopoides
(Spruce ex Benth.) Burkart (Angico Branco) produzidas
em diferentes substratos, Afonso et al. (2017) observaram
que as maiores alturas foram
obtidas com o substrato 100%
areia nas quatro épocas de avaliação, apesar de não apresentar
diferenças em relação
aos tratamentos com 75% areia e 25%
Tecnomax® aos 45, 135 e 180 dias e com 25% areia e 75%
Tecnomax®
aos 45 dias.
A inserção de esterco bovino na formulação de
substratos resulta em um acréscimo do número de folhas
em
espécies florestais, como por exemplo para Dipteryx
alata
Vog. (Costa et al., 2015) e Myracrodruon urundeuva
Allemão
(Kratka e Correia, 2015). Dessa maneira, para um bom
desenvolvimento de mudas florestais, torna-se necessário o
acréscimo desse composto ao seu substrato.
Coelho et al. (2006) também verificaram que o
substrato composto pela mistura de esterco com terra
vegetal e areia apresentaram melhores resultados para
comprimentos da parte aérea das plântulas de Schizo-
lobium parahyba (Vell.) Blake (guapuruvu), que apre-
sentaram 28,60 cm. Caldeira et al. (2008), em estudos
Figura 2 Plantas de Angico Branco em diferentes substratos: A) Solo; B) Solo + Areia (1:1); C) Casca de arroz car- bonizada;
D) Borra de café; E) Serragem.
Uma possível alternativa para elevar a eficiência
da
borra de café e da serragem, bem como possibilitar o seu
uso na produção de mudas de espécies vegetais,
seria a mistura com outros materiais, como, por exemplo,
os
demais compostos utilizados nesse estudo. De acordo com
Zorzeto et al. (2014) a mistura de diferentes subs-
Cad. Ciênc. Agrá., v. 12, p. 0107, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.15976
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Araújo, M. F. P. et al.
tratos resulta em propriedades físicas diferentes das dos
materiais que lhes deram origem e pode ser uma boa opção
na diminuição dos custos com substratos.
Conclusão
Baseando-se nas características das plantas que
foram avaliadas, os substratos compostos por solo, solo
+ areia (1:1) e casca de arroz carbonizada foram os que
apresentaram as melhores taxas de germinação, de altura das
plantas e de números de folhas das mudas de Anadenathera
Colubrina (Vell.) Brenan.
Esse fato é corroborado por Firmino et al. (2015)
que,
ao acrescentarem a areia à composição de diversos tipos de
substratos alternativos, obtiveram resultados satisfatórios
em todas as avaliações realizadas em plân- tulas de
Chelyocarpus chuco. (Mart.) H. E. Moore. Sodré, Corá e
Souza Júnior (2007) observaram que o uso de
serragem e
areia nas proporções de 4:1 e 2:1 possibilitou maior
crescimento das plantas de cacaueiros (Theobroma cacao L.),
sendo, portanto, recomendados para a produção
de mudas. É
necessário o estímulo ao uso de substratos alternativos na
produção de mudas, pois existem muitos rejeitos das
indústrias, da agricultura e de tantas outras matérias primas
com potencial para esse uso e que são descartados de forma
inadequada na natureza.
Dentre todos os substratos analisados, o trata-
mento formulado com solo + areia (1:1) foi o que pro-
porcionou melhor desenvolvimento das características
analisadas: percentual de germinação, altura de plantas e
número de folhas.
Entre os resíduos analisados como substrato, a
composição do substrato com casca de arroz foi o que
apresentou os melhores resultados para as características
analisadas.
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