
Monteiro, K. S. et al.
2
Cad. Ciên. Agrá., 12, 1-5. https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.16292
The objective of this work was to report an artificial insemination (AI) and subsequent gestational follow - up perfor-
med on a Bull Terrier bitch with a history of aggressiveness. A 14-month-old Bull Terrier was received with apparent
signs of estrus, which showed aggression and intolerance to the approach of the male in the natural mating, and AI
was suggested. Vaginal cytology confirmed the estrus phase, with more than 80% of anucleated keratinized cells. The
semen of the male donor was collected by digital manipulation and later analyzed, presenting quality in all sperm
parameters evaluated. Intravaginal artificial insemination was performed with fresh semen, and the same procedure
was repeated 48 hours after a second vaginal cytology confirming that the animal was still in estrus. This repetition
of AI was designed to better cover the duration of estrus, thus increasing the chance of breeding. After 51 days of the
last AI, an ultrasonography was performed to confirm gestation. It was possible to observe the presence of live fetuses,
whose viability was confirmed by the presence of heart beats between 230 and 257 bpm. The birthing occurred 58
days after the last insemination, lasting approximately eight hours and birth of five pups, all alive and healthy. It was
possible to conclude that AI after confirmation of estrus by vaginal cytology and gestational monitoring are important
tools of reproduction biotechnology capable of providing the use of animals in reproductive activity in cases where
natural reproduction is not possible.
Keywords: Canine reproduction. Vaginal cytology. Estrus cycle
.
Introdução
A citologia vaginal é um exame laboratorial com-
plementar de grande utilidade no manejo reprodutivo
em cadelas, importante para realização da inseminação
artificial (IA) de forma correta (Mason, 2018). Durante o
estro a cadela torna-se receptiva ao macho, a vulva torna-
-se flácida e edemaciada e na citologia vaginal, observa-se
100% das células anucleadas e queratinizadas (Vieira et
al., 2012), com alto número de células, inicialmente com
núcleos picnóticos, e células escamosas anucleadas que
se localizam em ninhos celulares (Dar et al., 2017).
Na espécie canina a IA pode ser utilizada como
um meio alternativo quando existe a impossibilidade de
realização de monta natural, devido a problemas com-
portamentais e sanitários (Silva et al., 2003). O sêmen
utilizado na IA pode ser fresco, refrigerado ou congelado
(Uchoa et al., 2012 e Mason, 2018), sendo coletado, na
maioria das vezes, por manipulação digital do corpo
peniano do cão (Setyawan et al., 2016 e Karger et al.,
2016), e avaliado quanto à alguns parâmetros, como: vo
-
lume, concentração espermática, motilidade e morfologia
(England et al., 2010; CBRA, 2013; Tesi et al., 2018).
A IA tem indicações veterinárias para diversas
ocasiões, inclusive para casos de agressividade dos ani-
mais (Silva et al., 2003). O cão Bull Terrier, na maioria
das vezes, tem um contexto de agressividade elevada
manifestada quando na presença de cães que não são do
seu convívio (Duffy et al., 2008). Não tem sido relatado,
na literatura, alterações comportamentais, nessa raça,
durante os períodos de reprodução.
Após a realização da IA, é necessário um acompa-
nhamento gestacional, podendo ser realizado por vários
métodos, sendo comumente utilizada a ultrassonografia,
radiografia e palpação abdominal (Freitas & Silva, 2008;
Veiga et al., 2013). A ultrassonografia é um método não
invasivo, confiável e seguro, que permite o diagnóstico
da gestação, a idade gestacional, as condições dos ová-
rios e do útero, a contagem aproximada do número de
embriões ou fetos, a observação direta da atividade do
coração e dos movimentos fetais, entre outros (Castro et
al., 2011; Lamm & Makloski, 2012).
O objetivo desse trabalho é relatar a IA e posterior
acompanhamento gestacional em cadela com histórico de
agressividade durante o estro, que inviabilizou a monta
natural.
Relato de caso
Foi atendida no Laboratório de Fisiologia do
Departamento de Medicina Veterinária da Universidade
Federal de Lavras (UFLA), uma cadela da raça Bull Ter-
rier, 14 meses de idade, com sinais aparentes de estro.
Inicialmente foi feita uma tentativa de realizar monta
natural com um macho da mesma raça, mas devido à
agressividade e rejeição por parte da fêmea, a monta
natural não foi concretizada.
A cadela se encontrava no segundo cio, sendo
que estes eram regulares, ocorrendo a cada seis meses.
Aproximadamente nove dias antes da realização da ci-
tologia vaginal foram constatados os sinais indicativos
de proestro, como secreção serossanguinolenta e edema
dos lábios vulvares. Foi realizada citologia vaginal com
auxílio de uma zaragatoa preparada com solução salina,
introduzido dorso-cranialmente na face dorsal da comis-
sura labial a um ângulo de 45º e depois de 180º para que
se obtivesse material da região mais cranial da vagina
(Costa, 2009). Foram realizadas de 2 a 3 revoluções com
a zaragatoa, e o material coletado foi fixado em lâmina
devidamente identificada, que foi posteriormente corada
com corante do tipo Panótico Rápido. Após a coloração
e secagem, cada lâmina foi submetida à microscopia
óptica com aumento de 40x (Figura 1), sendo avaliada
a porcentagem de células parabasais, intermediárias e
superficiais queratinizadas (Costa, 2009).