Perfil metabólico de ovelhas gestantes recebendo fontes lipídicas com diferentes sítios de
degradação
Luciana Melo Sousa
1
*; Maria Júlia Pereira de Araújo
2
; Adriana Lima Silva
3
; Marco Túlio Santos Siqueira
4
;
Luciano Fernandes
Sousa5; Gilberto de Lima Macedo Júnior6;
DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.19570
Resumo
Objetivou-se avaliar o efeito da inclusão de fontes lipídicas com diferentes sítios de degradação sobre o perfil metabólico
de
ovelhas gestantes. O experimento foi realizado na Universidade Federal de Uberlândia, na Fazenda Experimental Capim
Branco, durante os meses de agosto a novembro de 2015, tendo 90 dias de duração. Foram utilizadas 24 ovelhas gestantes
com peso corporal dio de 50,8±0,7 kg e idade aproximada de 12±1 meses. Os animais foram divididos em três
tratamentos: Controle, Nutrigordura® e Caroço de Algodão. O volumoso utilizado foi a silagem de milho, e a relação
volumoso:concentrado foi de 60:40 (na matéria seca). As coletas de sangue para determinação dos metabólitos proteicos,
energéticos e hepáticos foram feitas a cada 15 dias e as análises da concentração de be- tahidroxibutirato (BHB) foram feitas
aos 120, 135 e 140 dias de gestação. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado com medidas repetidas ao tempo.
Houve diferença estatística no perfil metabólico energético das ovelhas entre os tratamentos para lipoproteína de alta densidade
(HDL) e betahidroxibutirato (BHB) no pré-parto. Para o colesterol e lipoproteína de baixa densidade (LDL) houve interação
entre tratamento e período. Não houve diferen- ças significativas para os metabólitos hepáticos em função dos tratamentos,
apenas para o período. Em relação ao metabolismo proteico, houve interação para a variável ácido úrico. A suplementação
lipídica com diferentes perfis de degradação foi eficiente em manter o metabolismo energético, hepático e proteico dos
animais alterando a concen- tração de alguns metabólitos no sangue durante os terços médio e final da gestação.
Palavras-chave:
Gestação. Lipídeos. Metabolismo. Ovinos.
Metabolic profile of pregnant sheeps fed fat sources with different degradation sites
Abstract
It was aimed to evaluate the effect of including fat sources with different digestion sites on the metabolic profile of pregnant
sheep. The experiment was conducted at the Federal University of Uberlândia, at the experimental farm Capim Branco, from
August to November 2015, in a experimental period of 90 days. Twenty-four pregnant ewes with an average body weight of
50.8±0.7 kg and approximate 12±1 months old were used. The animals were allo- cated into three treatments: Control,
Nutrigordura® and Cottonseed. Corn silage was used as the roughage, and the
1Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Campus de Jaboticabal. Jaboticabal, SP. Brasil.
https://orcid.org/0000-0003-1016-8248
2Universidade Federal de Uberlândia. Campus Umuarama. Uberlândia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-7730-5828
3Universidade Federal de Uberlândia. Campus Umuarama. Uberlândia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-9153-3317
4Universidade Federal de Uberlândia. Campus Umuarama. Uberlândia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-2098-8568
5Universidade Federal do Tocantins. Araguaína, TO. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-6072-9237
6Universidade Federal de Uberlândia. Campus Umuarama. Uberlândia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0001-5781-7917
*Autor correspondente: lumelosousa@gmail.com
CADERNO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
Agrarian Sciences Journal
2
Sousa, L. M. et al.
roughage:concentrate ratio was 60:40 (dry matter). Blood samples were taken to determine protein, energetic and hepatic
metabolites every 15 days and the analyzes of betahydroxybutyrate (BHB) concentration were performed at 120, 135 and 140
days of pregnancy. The experimental design was completely randomized with repeated measures in time. Statistical difference
was shown in the metabolic energetic profile of the sheep between the treatments for high-density lipoprotein (HDL) and
betahydroxybutyrate (BHB) in the prepartum. It was found an interaction bet- ween treatment and period for cholesterol and
low-density lipoprotein (LDL). There were no significant differences for hepatic metabolites due to treatments, only for
periods. Referring to protein metabolism, there was an interaction for the uric acid variable, where fat supplementation with
different degradation profiles was efficient in maintaining the energetic, hepatic and protein metabolism, changing the blood
concentration of some metabolites during the middle and final thirds of pregnancy.
Key-words:
Pregnancy. Lipids. Metabolism. Sheep.
Introdução
Os óleos vegetais e grãos de oleaginosas são as
fontes lipídicas mais utilizadas na dieta de ruminantes,
devido, principalmente, a proibição de se utilizar gordu- ras
de origem animal na alimentação de ruminantes no Brasil
desde a publicação da Portaria GM/MS n. 216, de 11 de julho
de 1997. Segundo Berchielli et al. (2011), quando a gordura
representa mais de 10% da energia
metabolizável, em muitas
espécies, o consumo de matéria
seca tende a declinar,
provavelmente ocasionado pelos limites metabólicos de
utilização da gordura, tanto para oxidação quanto para
armazenamento nos tecidos.
de agosto a novembro de 2015. O protocolo experimental
deste
trabalho foi aprovado pela Comissão de Ética na Utilização
de Animais (CEUA) da UFU sob o número
096/15. Foram
utilizadas vinte e quatro ovelhas mestiças
Santa Inês,
vacinadas (clostridioses, leptospirose, raiva e botulismo) e
vermifugadas (Monepantel), com idade média acima de
12±1 meses e peso corporal médio de 50,8±0,7kg, ao início
do período experimental.
Antes do período experimental, as mesmas foram
sincronizadas com uso de hormônio (prostaglandina em
aplicação única de 0,5 mL via intramuscular) e cobertas
por
monta natural com macho reprodutor da raça Dorper.
Após
confirmação da prenhez (30 dias pós cobertura), através de
ultrassonografia, as ovelhas ficaram em pi- quetes (800 m²)
com pasto de capim Urochloa brizantha cv Marandu de
junho a agosto (até 60 dias de gestação) recebendo
suplemento proteico e energético na forma de proteinado e
com disponibilidade de água e sombra
artificial. Durante esse
período, as médias da precipitação
(mm), umidade (%) e
temperaturas máxima e mínima (°C) foram de 8,2, 60,0,
26,7 e 16,8, respectivamente.
Dessa forma, tem se buscado alternativas para que
a inclusão de lipídeos ocorra sem efeitos deletérios sobre os
microrganismos ruminais, além do aproveita- mento de uma
fonte intacta à fermentação ruminal. A saponificação de
ácidos graxos via formação de sais de
cálcio é uma
alternativa frente à essa realidade, visto que
se formam
moléculas menos hidrolisáveis no ambiente
ruminal,
passando em parte intactas ao intestino delgado.
Segundo Macedo Júnior et al. (2014), a gestação é
uma fase muito importante na vida produtiva da ovelha, e pode
ser dividida em dois períodos bem definidos. Além
disso,
devemos considerar que possam existir mudanças na
metabolizabilidade, bem como na digestibilidade dos
nutrientes e utilização destes durante a gestação (Resen-
de,
2011). Em virtude disso, vem sendo empregados à
utilização de parâmetros bioquímicos como ferramenta para
avaliar o status metabólico, e assim estabelecer, por meio
de dosagens sanguíneas, o grau de adequação fisiológica dos
animais às principais vias metabólicas relacionadas com
energia e proteína (Silva et al., 2018).
As avaliações experimentais foram feitas a partir dos
60 dias de gestação, aproximadamente, até a parição
(±147
dias de gestação). Os animais foram confinados
em três baias
de piso ripado, sendo oito animais em cada
baia, com
disponibilidade de sal mineral, cocho externo e bebedouro de
tambor de plástico (limpos e repostos todos os dias).
Passaram por procedimento padrão de pesagem,
identificação, avaliação da condição corporal, vermifugação
e posteriormente foram sorteados nos tra- tamentos conforme
Tabela 2.
Diante do exposto, o presente estudo tem como
objetivo avaliar o efeito da inclusão de fontes lipídicas com
diferentes sítios de degradação sobre o perfil meta- bólico de
ovelhas gestantes.
Foram utilizados três tratamentos: controle (isen-
to
de gordura suplementar), Nutrigordura® (gordura inerte de
palma) e caroço de algodão inteiro com línter no
concentrado. Como volumoso foi utilizado silagem de
milho. O alimento foi fornecido duas vezes ao dia (8 horas e
16 horas).As rações foram balanceadas segundo o National
Research Concil (NRC, 2007) para ovelhas
em gestação. As
mesmas eram compostas por silagem de
milho, farelo de
milho, farelo de soja, diferentes fontes de gordura e mistura
mineral específico para espécie
Material e métodos
O experimento foi realizado na fazenda experi-
mental Capim Branco da Universidade Federal de Uber-
lândia, no setor de caprinos e ovinos, durante os meses
Cad. Ciênc. Agrá., v. 12, p. 0109. DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.19570
3
Perfil metabólico de ovelhas gestantes recebendo fontes lipídicas com diferentes sítios de degradação
ovina. A relação volumoso:concentrado foi de 60%:40%.
A composição dos concentrados está apresentada na
Tabela 1.
Tabela 1 Ingredientes e suas proporções nos concentrados experimentais (%)
Ingredientes
Controle
Nutrigordura
®
Caroço de Algodão
Farelo de milho
Farelo de soja
Sal mineral
Ureia
Gordura protegida de
palma
Caroço de algodão inteiro
73,40
24,60
1,00
1,00
65,32
24,68
4,00
1,00
68,60
19,40
2,00
1,00
-
5,00
-
-
-
9,00
Perfil de ácidos graxos do Nutrigordura
®
e Caroço de Algodão*
Ácido graxos (%)
Nutrigordura®1
Caroço de Algodão
Palmítico
Oleico
Linoleico
Linolênico
16:0
18:1
18:2
18:3
18,17
27,98
38,27
3,04
23,27
15,50
55,50
2,10
Saturados
Insaturados Poli-
insaturados
Monoinsaturados
25,80
74,20
41,30
32,90
42,72
57,28
10,95
46,33
*Fonte: FEA Unicamp e PESCE, 2008; 1Dados fornecidos pelo fabricante.
A oferta de ração foi de 3,5% do peso corporal, de
forma que sobrasse 10% do total fornecido, havendo
ajuste
do consumo pela mudança de peso vivo das ovelhas
a cada 21
dias.
total (g/dL), creatinina (mg/dL), ureia (mg/dL) e ácido úrico
(mg/dL).
Foram feitas análises da concentração de betah-
idroxibutirato (BHB) no sangue aos 120, 135 e 140 dias de
gestação. Esse exame mede a quantidade de cetonas
no
sangue. Para a análise foi utilizado o aparelho Optium Xceed
®
.
Para a coleta foi necessária uma pequena quanti-
dade de
sangue, coletado do animal por venopunção da jugular com
auxílio de uma seringa e agulha 25x7. Foi retirado 0,5 mL
de sangue, desprezou-se algumas gotas afim de evitar
contaminação, e logo depois adicionou uma gota na fita
para leitura e, em seguida, obteve-se o resultado da
concentração de BHB.
As coletas de sangue foram realizadas quinze-
nalmente (60, 75, 90, 105, 120 e 135 dias de gestação), estas
ocorreram no período da manhã antes da primeira
alimentação, por venopunção da jugular com auxílio de
vacuntainner e tubos sem anticoagulante. Logo após, as
amostras de cada animal foram centrifugadas, pipetadas
e
armazenadas em criotuboseppendorfs® para posterior análise
laboratorial usando kit comercial da Lab Test®. Os
metabólitos energéticos determinados foram: coles- terol
(mg/dL), triglicerídeo (mg/dL), HDL (lipoproteína de alta
densidade, mg/dL) e frutosamina (mg/dL). As lipoproteínas
VLDL (lipoproteína de densidade muito baixa, mg/dL) e
LDL (lipoproteína de baixa densida- de) foram calculadas
através da fórmula proposta por Friedewald et al. (1972):
VLDL = (triglicerídeos/5) e LDL = (colesterol total HDL
VLDL). Os metabólitos
hepáticos foram: aspartato
aminotransferase (U/L), gama
glutamiltranferase (U/L) e
fosfatase alcalina (U/L). E os metabólitos proteicos foram:
albumina (g/dL), proteína
O delineamento utilizado foi o inteiramente
casualizado com medidas repetidas ao tempo. Cada trata-
mento com oito repetições (animais). Para a comparação dos
tratamentos foi usado o teste de T a 5% de erro e dos
períodos
foi utilizado o estudo de regressão (P<0,05).
Resultados e discussão
Na tabela 2 podem ser observadas as médias dos
metabólitos energéticos. Observa-se diferença esta- stica
para HDL entre tratamentos e para o colesterol e
Cad. Ciênc. Agrá., v. 12, p. 0109. DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.19570
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Sousa, L. M. et al.
LDL houve interação entre período e tratamento. Para o
período gestacional, apenas as relações CT/HDL e LDL/
HDL não apresentaram diferença significativa.
Tabela 2 Média dos metabólitos energéticos em função dos tratamentos e do período gestacional
TG(mg/
dL)
FRUT
(mmol/dL)
HDL
(mg/dL)
Tratamento
VLDL (mg/dL)
CT/HDL
LDL/HDL
Controle
Nutrigordura®
Caroço de Algodão
22,78
25,82
23,57
177,64
178,21
171,8
12,19B
15,00A
14,23AB
4,55
5,80
4,71
5,02
4,66
4,40
3,60
3,28
3,01
Período (dias de
gestação)
TG1
FRUT10
HDL2
VLDL
3
CT/HDL
LDL/HD
L
60
75
90
105
120
135
Parto
30,55
17,70
21,29
31,82
26,40
23,71
16,81
141,11
176,54
187,33
175,47
205,90
198,28
168,31
10,00
14,37
14,91
13,78
16,20
18,57
11,75
6,06
3,54
4,25
6,36
5,28
4,74
3,36
4,14
3,12
4,56
5,06
5,07
5,05
6,98
2,55
1,98
3,26
3,55
3,43
3,50
5,62
MG
CV
23,90
20,56
175,81
10,62
13,77
32,56
4,77
20,45
4,70
31,58
3,30
39,32
VR
*
9-47
172 ± 2**
7-42
1,6-9,8
-
-
Colesterol (MG = 57,22 mg/dL; CV = 20,71%; VR = 13-117 mg/dL)
Tratamento/Período
75
90
105
120
135
Parto
Controle4
Nutrigordura®5
Caroço de Algodão6
44,25
43,00
42,75
58,37
71,42
57,44
58,62
70,42
60,62
68,75
81,33
71,66
73,50AB
104,50A
64,66B
58,66
68,60
76,40
LDL (MG = 40,61 mg/dL; CV = 25,97%; VR = 4,3-95,5 mg/dL)
Tratamento/Período
75
90
105
120
135
Parto
Controle7
Nutrigordura®8
Caroço de Algodão9
29,90
27,92
24,70
40,93
52,40
38,00
42,30
44,82
43,57
48,45
67,66
48,80
69,20AB
98,40A
60,60B
45,45
52,48
59,32
*Varanis (2018); **Kaneko et al. (2008);CT: Colesterol; TG: Triglicerídeos; FRUT: Frutosamina; HDL: lipoproteína de alta densidade; VLDL: lipo- proteína
de densidade muito baixa; LDL: lipoproteína de baixa densidade; MG: média geral; CV: coeficiente de variação; VR: Valores de referência; 1 y=12,103934 +
0,315254x 0,001775x² R²=16,37%; 2 y=-10,787751 + 0,476988x 0,002102x² R²=56,35%; 3 y=2,262057 + 0,065837x
0,000367x² R²=16,48%; 4 y=-70,580357 + 2,215377x 0,008856x² R²=93,00%; 5 y=-100,075170 + 2,855911x 0,011041x² R²=76,07%; 6 y=14,884127 +
0,417275x R²=88,95%; 7 y=-62,487202 + 1,701769x 0,006214x² R²=77,80%; 8 y=-100,030119 + 2,461114x 0,008904x² R²=64,41%; 9 y=-7,372857 +
0,472524x R²=96,13%;10Y: - 36,113820 + 4,058656X 0,017698X2, R2 = 75,70%
A média geral da HDL apresentou-se dentro da
faixa de valores normais preconizados por Varanis (2018).
Em
relação aos tratamentos, apresentou maior valor para
Nutrigordura® comparado ao Controle. Essa maior
concentração pode estar relacionada com a presença de
ácidos graxos insaturados, como o oleico e linoléico
(Tabela
1), principalmente por se tratar de uma fonte de
gordura inerte, ou seja, os lipídeos não sofreram biohidro-
genação ruminal, chegando direto ao intestino delgado, sem
alterar sua configuração no rúmen. Outro fator que
pode ter
aumentado o nível de HDL nesse tratamento foi
a redução de
amido na dieta (Tabela 1).O aumento da
HDL traz benefícios
ao animal, pois essa lipoproteína faz o transporte do colesterol
para o fígado (Santos et al., 2015),
Cad. Ciênc. Agrá., v. 12, p. 0109. DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.19570
5
Perfil metabólico de ovelhas gestantes recebendo fontes lipídicas com diferentes sítios de degradação
onde pode ser metabolizado e gerar energia ao animal. Em
virtude disso, essa lipoproteína é chamada de “colesterol bom”,
uma vez que atua retirando o excesso de colesterol
do
organismo. No caso de consumo de alimentos ricos
em
gorduras, pode ocorrer, consequentemente, aumento
dos níveis
de HDL, como visto nesse estudo. Em relação ao período,
nota-se aumento dos níveis com o avanço da gestação e
queda no momento do parto. Essa menor concentração no
momento do parto pode ser resultado de sua utilização pelo
feto e, em menor extensão, pela
utilização para a síntese de
progesterona e de hormônios
adrenais, uma vez que o
momento do parto representa uma mudança hormonal muito
importante para o ani- mal, em que aumenta-se os níveis de
estrógeno, GH e
prolactina e diminui-se os níveis de
progesterona. Santos
et al., (2017) suplementando ovelhas
gestantes no terço final com propilenoglicol verificou queda
nos valores de HDL com a proximidade ao parto.
Destaca-se que o aumento da LDL não é desejável ao
animal uma vez que essa lipoproteína é responsável pelo
transporte do colesterol e outros ácidos graxos do fígado para
os demais tecidos do corpo (Santos et al., 2015), onde é
acumulado e pode causar comprometimento de veias e
artérias sanguíneas.
A média geral dos triglicerídeos apresentou-se
dentro da faixa preconizada (Varanis, 2018). Em relação
ao
período nota-se queda dos níveis com o avanço da gestação,
o que está relacionado com o aumento da LDL e também
com o fato desses animais terem mobilizado
reservas (sem
causar danos aparentes, toxemia da gesta-
ção). Os
triglicerídeos são moléculas que consistem em três cadeias
longas de ácidos gordos esterificados para uma molécula de
glicerol e têm por função basicamente estocar energia. Além
disso, as menores concentrações de triglicérides observadas
no final da gestação podem
ser justificadas como resultante
do aumento do aporte de
triglicérides circulantes para a
glândula mamária, sendo
direcionado para a síntese de gordura
do leite, da lipólise
para obtenção de energia e da menor
reserva de ácidos graxos livres disponíveis (Silva et al.,
2013; Lima et al., 2016).
Para a variável colesterol houve interação entre
tratamento e período. A média geral do colesterol apre-
sentou-se dentro da faixa de valores normais segundo
Varanis (2018). Houve aumento do colesterol em função
do
período em todos os tratamentos, semelhante ao que ocorreu
com o HDL. Aos 135 dias o tratamento Nutri- gordura® teve
o maior valor de colesterol e depois uma queda grande no
momento do parto. o tratamento com caroço de algodão
apresentou menor valor aos 135 dias, porém aumentou ao
parto, indicando que os ani-
mais conseguiram aumentar suas
reservas de energia. De acordo com Raoofi et al., (2013),
ocorre aumento gradual
do colesterol em ovelhas no final da
gestação, devido, principalmente, às concentrações de
insulina, que atua diretamente no metabolismo do tecido
adiposo durante o período gestacional, acarretando o
aumento das con- centrações de colesterol e das
lipoproteínas carreadoras deste, como visto neste estudo a
partir dos 105 dias de gestação (Tabela 2).O aumento de
colesterol torna o animal energeticamente mais estável (com
maior dispo- nibilidade de energia) e tem forte relação com
os níveis de betahidroxibutirato (BHB), que diminuíram
com o avanço da gestação nesse estudo (Tabela 3).
A lipoproteína VLDL encontrou-se dentro dos
valores de referência (Varanis, 2018). E apresentou com-
portamento semelhante aos triglicerídeos. Isso ocorreu
porque a VLDL é uma lipoproteína que transporta os
triglicerídeos, dessa forma, era esperado que esses
metabólitos tivessem o mesmo padrão de resposta (Santos
et al.,
2015).
Em relação a frutosamina, essa se encontra 1%
acima do recomendado por Kaneko et al. (2008), in-
dicando que esses animais estavam energeticamente
estáveis, o que reflete o aproveitamento energético dos
animais. Em função do período é verificado aumento até os
135 dias de gestação e queda no momento do parto,
comportamento semelhante ao colesterol e LDL. A
frutosamina é uma cetoamina estável, formada quan- do a
glicose reage não enzimaticamente com a proteína
(albumina). Quando a concentração de proteína da dieta
está
dentro da normalidade, os índices de frutosamina estão
relacionados aos níveis de glicose plasmática (Ka- neko et
al., 2008). No presente estudo, os metabólitos proteicos se
encontram estáveis (Tabela 5), sugerindo que o que pode ter
aumentado foi a glicose. Como dito
anteriormente, o aumento
gradual do colesterol se deve,
principalmente, às
concentrações de insulina, que atua
diretamente no
metabolismo do tecido adiposo durante o
período gestacional.
Esse aumento que ocorre nos níveis de insulina também pode
ser estimulado pela glicose. Então, se a concentração de
frutosamina aumentou ao
longo do período, pode-se inferir
que houve um aumento
da glicose e com isso elevou também
o colesterol e LDL,
uma vez que a formação de colesterol
necessita de glicose,
bem como a elevação da glicose faz a
LDL aumentar.
Também houve interação entre tratamento e
período para a LDL. A média geral encontra-se dentro do
valor de referência (Varanis, 2018). Foi verificado maior
valor dessa lipoproteína no tratamento com gor- dura inerte
quando comparado ao caroço de algodão aos 135 dias de
gestação, comportamento semelhante ao do colesterol. Em
relação ao período, a LDL aumen- tou estatisticamente em
todos os tratamentos e houve queda no momento do parto. O
que pode ter provocado o aumento dessa variável à medida
que se aproximava
o parto é a formação de colesterol e excreção deste para
o fígado. Ou seja, o animal mobilizou a reserva de tria-
cilglicerol, levou para o fígado, o qual converteu parte em
corpo cetônico e o restante em colesterol, levando ao
aumento da LDL, do colesterol e, por consequência, do
BHB (Tabela 3),visto que haveria mais colesterol no fígado
precisando ser excretado para os demais tecidos.
Cad. Ciênc. Agrá., v. 12, p. 0109. DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.19570
6
Sousa, L. M. et al.
O betahidroxibutirato (BHB) e a glicose são
metabólitos importantes no monitoramento do status
energético em rebanho, especialmente durante a fase da
gestação. O BHB é considerado como melhor indi- cador
energético que a glicose, pois não possui controle
homeostático tão estreito e é estável no soro, além de
estar
relacionado com a taxa de mobilização das reservas
lipídicas
durante o balanço energético negativo (BEN,
Feijó et al., 2014). Geralmente, é utilizado, durante as
seis
últimas semanas de gestação, como um indicador da
presença
de toxemia da gestação em estado inaparente
(Jacondino et
al., 2019). Foi observada diferença estatís- tica no nível de
BHB entre os tratamentos. Em relação ao
período não houve
diferença (Tabela 3). A média geral do BHB encontra-se
dentro dos valores de referência (Taghipour et al., 2010).
Tabela 3 Média do betahidroxibutirato em função dos tratamentos e do período gestacional
Tratamento
Período (dias de gestação)
MG
C
V
VR*
Caroço de
Algodão
Controle
Nutrigordura®
120
135
140
0,58A
0,45A
0,16B
0,38
0,50
0,28
0,4
19,45
0,1-0,7
*Taghipour et al. (2010); MG: média geral; CV: coeficiente de variação; VR: valores de referência;
O tratamento com caroço de algodão apresentou
menor valor de BHB comparado aos demais, que pode ser
justificado pela velocidade de digestão da fonte lipídica.
Esse
resultado demonstra que esses animais mobilizaram
menos
gordura corporal, indicando que estavam mais
energeticamente estáveis, semelhante aos resultados de
frutosamina, colesterol e LDL (Tabela 2), já discutidos. Em
relação ao período não houve diferença estatística, porém
destaca-se o aumento da concentração aos 135 dias de
gestação, comportamento semelhante ao que ocorre com a
frutosamina, o colesterol e LDL (Tabela 2) no mesmo
período. Essa ausência de diferença no período pode ser
explicada pelos níveis de frutosamina, que aumentou até os
135 dias de gestação, deduzindo-
-se que a insulina possa ter aumentado. A toxemina da
gestação é desencadeada pela queda na glicemia (Santos
et al.,
2011), o que reduz a insulina. Sendo assim, como foi
observado, o colesterol aumentou até os 135 dias de
gestação, indicando que a insulina manteve-se alta, não
causando toxemia. É observado, também, que todos os
tratamentos e períodos apresentaram valores abaixo de 0,7
mmol/L, inferindo que esses animais tiveram baixa
mobilização de reservas corporais ao final da gestação,
devido, principalmente, às dietas utilizadas.
oriundo da excessiva mobilização lipídica (Santos et al.,
2015). No entanto, no presente estudo, suas concentra- ções
estiveram dentro do intervalo considerado normal para a
espécie (Varanis, 2018), o que indica que esses animais não
desenvolveram lesão hepática.
A gama glutamiltransferase (GGT) é uma en- zima
usada como parâmetro bioquímico para indicar alterações
hepáticas e biliares. Em todos os tratamentos e em relação ao
período essa enzima se encontra dentro dos valores de
referência descritos por Varanis (2018), indicando que o
fígado desses animais encontrava-se em bom
funcionamento e não apresentava possíveis alterações
hepáticas. Em relação ao período gestacional, essa enzima
aumentou suas atividades com o avanço da gestação e queda
no momento do parto, semelhante ao colesterol, LDL e
frutosamina, indicando aumento da atividade hepática nessa
fase, justificado pelo aumento
da demanda energética ao final
da gestação, confirmando
os achados de triglicerídeos e
VLDL.
A fosfatase alcalina é uma enzima sintetizada em
vários tecidos, sendo as maiores concentrações no intes- tino,
rins, ossos e fígado (Kaneko et al., 2008). Aumento nos
níveis de fosfatase alcalina no plasma sanguíneo é
consequência de lesões nos tecidos hepáticos. No presente
estudo, as concentrações de fosfatase alcalina encon- tram-
se dentro dos valores de referência preconizados por
Varanis (2018). As enzimas AST, GGT e fosfatase
alcalina
apresentaram-se dentro dos valores considerados normais para
a espécie, indicando que esses animais não
desenvolveram
lesão hepática.
Em relação às enzimas hepáticas, não houve dife-
rença entre os tratamentos para nenhuma das variáveis. Já,
para o período gestacional houve, com exceção da
aspartato
aminotransferase (AST, Tabela 4). Foram obser- vadas
equações quadráticas para os metabólitos estudados em função
do período, com exceção da AST. As equações
quadráticas
nos mostram que os animais diminuíram o nível dessas
enzimas próximo ao parto (semelhante ao metabolismo
energético, Tabela 2), devido à redução do consumo e como
consequência houve redução na meta- bolização hepática. A
aspartato aminotrasferase (AST) é uma enzima
citoplasmática e mitocondrial, presente em vários tecidos
como fígado, músculos esquelético e cardíaco. Essa enzima
quando identificada acima das concentrações consideradas
normais, indica que o ani- mal pode desenvolver lesão
hepato-celular secundária,
Na tabela 5 podem ser observadas as médias dos
metabólitos proteicos. Não se observa diferença estatística
em
nenhuma das variáveis para tratamento. Em função
do
período gestacional houve diferença significativa para
creatinina, ureia e ácido úrico.
Na avaliação da proteína total e albumina não
foram observadas diferenças significativas entre os trata-
mentos e entre os períodos (Tabela 5), estando à média
Cad. Ciênc. Agrá., v. 12, p. 0109. DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.19570
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Perfil metabólico de ovelhas gestantes recebendo fontes lipídicas com diferentes sítios de degradação
geral dentro da normalidade (Varanis, 2018). A proteína
sérica
total e suas frações são consideradas como o indi-
cador mais
sensível para determinar o estado nutricional
proteico, de
modo que valores persistentemente baixos
sugerem inadequado consumo proteico. Como visto, pode-
se inferir que o consumo de proteína nesse estudo foi
adequado, o que reforça o resultado de aumento na
frutosamina ser pela elevação da glicose.
Tabela 4 Média dos metabólitos hepáticos em função dos tratamentos e do período gestacional
Tratamento
AST (U/L)
GGT (U/L)
Fosfatase alcalina (U/L)
Controle
Nutrigordura®
Caroço de Algodão
111,27
104,39
117,35
62,68
68,52
71,08
136,35
153,65
142,30
Período (dias de gestação)
AST
GGT1
Fosfatase Alcalina2
60
75
90
105
120
135
Parto
90,94
106,62
122,70
125,35
108,20
102,67
109,01
50,11
63,16
61,62
67,18
88,60
93,03
77,69
100,05
158,16
151,12
165,39
158,10
134,71
124,43
MG
CV
111,22
36,96
67,39
24,62
143,79
31,66
VR
*
45-251
28-104
33-331
*Varanis (2018); AST: aspartato aminotransferase; GGT: gama glutamiltransferase; MG: média geral; CV: coeficiente de variação; VR: valores de referência;
1Y = 29,264802 + 0,403490xR2 = 71,35%; 2Y = -116,649119 + 5,265474x 0,024697x2 R2 = 80,49%
No que diz respeito à ureia, não houve diferença
estatística entre os tratamentos, contudo verifica-se au-
mento em função do período gestacional e redução próxi- mo
ao parto. Esse aumento se deve, principalmente, pelo fato de os
animais estarem a pasto anteriormente e depois receberem
concentrados com ureia em sua composição. A ureia responde
mais rapidamente em relação à albumina
a mudanças no
aporte proteico da dieta para caracteri- zação de deficiência
proteica e sua concentração no soro sanguíneo reflete
diretamente a quantidade de proteína ingerida (Silva et al.,
2013). A ureia sanguínea reflete
diretamente a amônia gerada
no men pela degradação dos compostos nitrogenados e que
não foi convertida em
proteína microbiana. Essa amônia
excedente atravessa a
parede ruminal, indo diretamente para
ser transformada
em ureia no fígado com alto gasto
energético. Essa ureia pode retornar ao rúmen via saliva ou
difusão na parede ruminal e ser eliminada na urina ou no
leite, em caso de animais em lactação (Guimarães Júnior et
al., 2016).
Além disso, pode refletir na incapacidade de a
microbiota fermentar as fontes de carboidratos em função dos
efeitos
deletérios do lipídeo. Ocasionando assim aumento da
ureia ao longo do experimento. Contudo, a média geral da
ureia encontra-se dentro dos valores de referência (Varanis,
2018). A redução da ureia próxima ao parto está
relacionada com o fato de os animais diminuírem
consumo de matéria seca devido, principalmente, à com-
pressão ruminal.
Não foram observadas diferenças estatísticas em
função do tratamento para a variável creatinina, contudo,
nota-se diferença significativa em função do
período
gestacional. Os valores de creatinina estão dentro
dos valores
de referência descritos por Varanis (2018). A creatinina é
um metabólito gerado a partir da quebra da creatina fosfato
que é uma proteína muscular e sua função é atuar no
funcionamento dos músculos. Além
disso, quando os rins não
estão funcionando bem os níveis de creatinina no sangue se
elevam, então esse metabólico reflete insuficiência renal
(Santos et al., 2011). A redução
da creatinina ao longo do
período relaciona-se com os
achados para AST, GGT e
fosfatase alcalina, confirmando
que esses animais não
apresentaram alterações renais e hepáticas durante o estudo.
Ao dosar o metabólito de ovelhas Santa Inês no período
final de gestação, Araújo (2009) observou o valor médio de
1,15 mg/dL e Nasci- mento et al. (2015), média de 0,95
mg/dL.
Em relação ao ácido úrico, houve interação en- tre
os tratamentos e o período de gestação. O mesmo se encontra
dentro dos valores de referência relatados por Varanis
(2018). É observado aumento desse metabólito ao longo da
gestação e queda no momento do parto em
Cad. Ciênc. Agrá., v. 12, p. 0109. DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.19570
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Sousa, L. M. et al.
todos os tratamentos. Sendo assim, pode-se inferir que à
medida que aumentou o ácido úrico em todos os tra-
tamentos ao longo do período, os animais aumentaram a
formação de proteína microbiana, uma vez que 80% do
ácido úrico é proteína microbiana (Paula, 2015), e
consequentemente ao chegar no intestino delgado liberou
aminoácidos e ácidos graxos, o que reforça a explicação
da
diminuição do BHB (Tabela 3). A queda do ácido úrico
no momento do parto está associada à diminuição da
capacidade de consumo desses animais próximo ao parto,
originadas do rápido crescimento do útero gravídico e
consequente limitação do consumo por falta de espaço, uma
vez que esses metabólitos respondem rápido ao efeito da
ração. O mesmo é observado para as variáveis creatinina e
ureia.
Tabela 5 Média dos metabólitos proteicos em função do tratamento e do período gestacional
Albumina (g/
dL)
Ureia (mg/
dL)
Proteína total (g/
dL)
Tratamento
Creatinina (mg/dL)
Controle
Nutrigordura®
Caroço de Algodão
3,46
3,58
3,60
0,48
0,52
0,56
35,2
29,05
31,47
5,34
5,29
5,57
Período (dias de gestação)
Albumina
Creatinina1
Ureia2
Proteína total
60
75
90
105
120
135
Parto
3,22
3,46
3,76
3,60
3,21
3,60
3,81
0,83
0,49
0,37
0,43
0,56
0,54
0,54
9,33
37,87
39,54
40,13
30,90
30,71
26,96
5,44
4,96
5,50
5,72
5,34
5,26
5,53
MG
CV
3,54
12,01
0,52
30,79
32,00
27,16
5,40
10,07
VR
*
1,56-5,01
0,2-1,5
7-55,8
2,26-7,18
Ácido úrico ((MG = 0,32mg/dL; CV = 35,89%; VR* = 0,1-0,9 mg/dL)
Tratamento/Período
60
75
90
105
120
135
Parto
Controle
Nutrigordura®
Caroço de Algodão
0,21
0,25
0,30
0,18
0,17
0,17
0,32
0,25
0,32
0,57
0,62
0,58
0,37
0,43
0,56
0,4
0,65
0,33
0,24
0,12
0,08
*Varanis (2018); MG: média geral; CV:coeficiente de variação; VR: Valores de referência; 1 y=1,952361 0,027576x + 0,000125x² R²=61,32%;
2 y=-78,671180 + 2,186141x 0,010071x² R²=67,24%; 3 y=-0,935417 + 0,024735x 0,000112x² R²=59,05%; 4 y=-1,290459 + 0,032150x
0,000145x² R²=39,28%; 5 y=-1,307103 + 0,034394x 0,000165x² R²=55,39%;
Os metabólitos estudados apresentaram-se dentro dos
valores de referência ao longo do período e em função
do
tratamento. Destaca-se o aumento do colesterol total
e HDL
no tratamento com gordura inerte, justificado pelo perfil de
ácidos graxos da dieta, que proporcionou eleva-
ção das
respectivas frações relativas ao metabolismo de lipídeos,
transportadas no sangue (Freitas Júnior et al.,
2010). E
também à queda de triglicerídeos e VLDL ao final da gestação,
desencadeado pela mobilização de reservas.
A alta
concentração de ácidos graxos livres, colesterol e
triglicerídeos no sangue é resultante da mobilização de
gordura corporal, o que permite sugerir esses como
ferramentas de manejo nutricional, no período final de
gestação, para auxiliar a identificação de animais poten-
cialmente sujeitos a desordens metabólicas (Silva et al.,
2018)
Conclusão
Baseado no exposto, conclui-se que a suplemen-
tação lipídica com diferentes perfis de degradação foi
eficiente em manter o metabolismo energético, hepático e
proteico dos animais alterando a concentração de alguns
metabólitos no sangue durante o terço médio e final da
gestação.
Cad. Ciênc. Agrá., v. 12, p. 0109. DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.19570
9
Perfil metabólico de ovelhas gestantes recebendo fontes lipídicas com diferentes sítios de degradação
Aprovação do Comitê de Ética
O projeto foi aprovado pela Comissão de Ética na
Utilização de Animais (CEUA) da UFU sob o número
096/15.
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