Avaliação dos efeitos nutricionais e metabólicos da substituição de silagem de milho por
ração extrusada de
Capim-marandu (
Urochloa brizantha
) em ovinos
Débora Adriana de Paula Silva
1
; Afrânio Giroldo de Santana
2
; Carolina Moreira Araújo
3
*; Karla Alves
Oliveira
4
; Marco Tulio
Santos Siqueira
5
; Gilberto de Lima Macedo Junior
6
DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.19833
Resumo:
Objetivou-se avaliar os efeitos da inclusão de níveis crescentes de volumoso extrusado (Urochloa brizantha cv Ma- randu)
em substituição à silagem de milho sobre o consumo, digestibilidade, comportamento ingestivo e metabólitos sanguíneos em
ovelhas. Foram utilizadas 20 ovelhas da raça Santa Inês com idade superior a três anos e peso corporal
médio de 55,8 kg. Foi
realizado um delineamento inteiramente casualizado com quatro tratamentos e cinco repetições,
sendo os resultados submetidos ao
estudo de regressão (P<0,05). Os tratamentos utilizados foram diferentes níveis de inclusão do volumoso extrusado comercial
Foragge® 65% (F, Nuttrata Nutrição Animal©, Itumbiara-GO, Brasil) em substituição à silagem de milho (S), sendo: 20% de
Foragge® e 80% de silagem de milho (20%F:80%S); 40% de Foragge® e 60% de silagem de milho (40%F:60%S); 60% de
Foragge® e 40% de silagem de milho (60%F:40%S) e 80% de Foragge® e 20% de silagem de milho (80%F:20%S). Os animais
foram mantidos em gaiolas metabólicas individuais, dispostas de comedouros, saleiro e bebedouros. Realizou-se estudo de
digestibilidade, permitindo ava- liar o consumo de matéria seca (CMS), digestibilidade, comportamento ingestivo e
metabólitos sanguíneos. O CMS apresentou resposta linear positiva à inclusão do volumoso extrusado, assim com o consumo
de água, peso das fezes e eficiência de ingestão, ruminação e mastigação, sem alterar a digestibilidade. Os níveis de ureia
sanguínea apre- sentaram resposta quadrática à inclusão do volumoso extrusado. Conclui-se que a substituição parcial da
silagem de milho pelo Foragge® em até 80% é recomendada, não observando-se distúrbios metabólicos ou alterações
negativas na digestibilidade da matéria seca e elevação do consumo.
Palavras-chave:
Extrusão. Ovis aries. Ruminação. Volumoso.
Evaluation of the nutritional and metabolic effects of replacing corn silage with
extruded feed of
grass marandu (Urochloa brizantha) in sheep
Abstract:
The objective was to evaluate the effects of the inclusion of increasing levels of extruded roughage (Urochloa brizan- tha) to
replace corn silage on consumption, digestibility, ingestive behavior and blood metabolites in sheep. Twenty Santa Inês ewes
over three years of age and an average body weight of 55.8 kg were used. A completely randomized
1Universidade Federal de Uberlândia. Uberlandia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0003-3052-0544
2Universidade Federal de Uberlândia. Uberlandia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-3868-4474
3Universidade Federal de Uberlândia. Uberlandia, MG. Brasil.
http://orcid.org/0000-0003-4648-4971
4Universidade Federal de Uberlândia. Uberlandia, MG. Brasil.
http://orcid.org/0000-0002-7792-2615
5Universidade Federal de Uberlândia. Uberlandia, MG. Brasil.
http://orcid.org/0000-0002-2098-8568
6Universidade Federal de Uberlândia. Uberlandia, MG. Brasil.
http://orcid.org/0000-0001-5781-7917
*Autor para correspondência: carolina.am@hotmail.com
Recebido para publicação em 27 de março de 2020. Aceito para publicação 25 de julho de 2020
e-ISSN: 2447-6218 /
ISSN: 2447-6218. Atribuição CC BY.
2
Silva, D. A. P., et al.
design was carried out with four treatments and five repetitions, and the results were submitted to a regression study at 95%
probability. The treatments used were different levels of inclusion of the extruded roughage Foragge® 65%
(F) replacing corn silage (S), being: 20% Foragge® and 80% corn silage (20% F: 80% S ); 40% Foragge® and 60% corn
silage (40% F: 60% S); 60% Foragge® and 40% corn silage (60% F: 40% S) and 80% Foragge® and 20% corn silage (80% F:
20% S). The animals were kept in individual metabolic cages, equipped with feeders, salt shakers and drinking fountains. A
digestibility study was carried out, allowing the evaluation of dry matter intake (DMI), digestibility, ingestive behavior and
blood metabolites. The DMI showed a positive linear response to the inclusion of extruded roughage, as well as water
consumption, fecal weight and efficiency of ingestion, rumination and chewing, without altering digestibility. Blood urea
levels showed a quadratic response to the inclusion of extruded roughage. It is concluded that the partial replacement of corn
silage by Foragge® in 40%, occurred in the 40F: 60S treatment, is very positive, gained in efficiency, work and productivity.
Keywords:
Extrusion. Ovis aries. Roughage. Rumination.
Introdução
Brasil, a principal fonte de alimento volumoso
utilizado na criação de ruminantes é a forragem, uma vez que
grande parte deste rebanho é produzido em sistemas
à pasto.
Entretanto, sabe-se que o clima predominante
neste país é o
tropical, sendo caracterizado por duas épo-
cas bem distintas:
água e seca. A produção de forragem é drasticamente
reduzida durante a seca. Devido a isto, grande parte dos
produtores fazem uso dos alimentos conservados, sendo o
mais difundido a silagem de milho (Dos Santos et al., 2017).
propriedades, facilitando o manejo e reduzindo a mão de
obra.
Diante do exposto objetivou-se avaliar diferentes
níveis de capim Marandu (Urochloa brizantha) extrusa- da
em substituição à silagem milho sobre o consumo,
digestibilidade, comportamento ingestivo e metabólitos
sanguíneos de ovelhas adultas da raça Santa Inês.
Material e métodos
O experimento foi realizado na Fazenda Experi-
mental Capim Branco, no setor de caprinos e ovinos, da
Universidade Federal de Uberlândia, durante o mês de
janeiro de 2017 com duração de 21 dias, sendo os quinze
primeiros dias do experimento destinados à adaptação dos
animais a ração e às gaiolas, e nos últimos seis dias
foram
realizadas as coletas de fezes e urina e das sobras de alimento e
água. O experimento contou com a aprovação
da Comissão de
Ética e Utilização dos Animais (CEUA) sob o número de
protocolo 092/16.
A silagem de milho é obtida através do processo de
fermentação anaeróbica dos açucares contidos na planta,
realizado por bactérias. Este processo preserva a
porcentagem de matéria seca da planta, assim como
energia
e demais nutrientes (Der Berdrosian et al., 2012). Entretanto,
para a obtenção de um alimento de qualidade
todos os
processos envolvidos na ensilagem devem ser seguidos
rigorosamente, como, plantio, época do corte, tamanho de
partícula, compactação e vedação. Apesar de poder ser
produzida em qualquer propriedade, é um processo que
demanda planejamento, alto investimento e mão de obra.
Foram utilizadas vinte ovelhas da raça Santa Inês, não
gestantes, com peso corporal médio de 55,8 kg e idade
superior
a três anos. Todos os animais foram pesados e vermifugados
com Levamisol (via oral) no primeiro dia do experimento e
feita a observação da mucosa ocular,
e posteriormente foram
alocados em gaiolas metabólicas equipadas com comedouro,
bebedouro, saleiro, piso ripa-
do e artefato de separação de
fezes e urina, localizadas em galpão de alvenaria.
Visando facilitar o manejo e reduzir os riscos de
oscilação na qualidade dos alimentos volumosos for- necidos
aos animais novos métodos de conservação de alimentos
vem ganhando espaço no mercado, como é o caso dos
volumosos extrusados (Oliveira et al., 2018). Segundo
Guerreiro (2007) a extrusão consiste em um processo de
tratamento térmico dos alimentos que com
uma combinação
de calor, umidade e trabalho mecânico
é capaz de alterar a
matéria prima dando-lhes novos formatos e novas
características. O cozimento da maté- ria prima melhora a
digestibilidade do produto, devido à desnaturação das
proteínas e gelatinização do amido. Além disso, a ruptura
das ligações entre carboidratos e proteínas associados à fibra
a torna mais solúvel (Ra- machandra e Thejaswini, 2015).
Além da melhora na digestibilidade do volumoso, os
alimentos extrusados podem ser facilmente armazenados e
transportados nas
Os tratamentos consistiram de diferentes níveis de
inclusão de volumoso comercial extrusado, Forrage® 65%
(F) (Nuttrata Nutrição Animal©, Itumbiara-GO, Brasil) em
substituição à silagem de milho (S). Os tra- tamentos foram:
20% de Forrage® e 80% de Silagem de
milho (20%F:80%S);
40% de Forrage
®
e 60% de Silagem
de milho (40%F:60%S);
60% de Forrage® e 40% de Silagem de milho (60%F:40%S)
e 80% de Forrage® e 20% de Silagem de milho
(80%F:20%S). A alimentação foi fornecida duas vezes ao
dia, às 08:00hrs e 16:00hrs,
Cad. Ciênc. Agrá., v. 12, p. 0109, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.19833
3
Avaliação dos efeitos nutricionais e metabólicos da substituição de silagem de milho por ração extrusada de Capim-marandu (
Urochloa brizantha
) em ovinos
e os animais tiveram livre acesso à água e sal mineral
específico para ovinos.
brizantha, cultivar Marandu, amido, farelo de girassol e
premix vitamínico e mineral. Sua composição bromato-
lógica está na Tabela 1.
O Forrage® 65% é um produto na forma extru-
sada, composto por 65% de capim da espécie Urochloa
Tabela 1 Composição bromatológica do Foragge® 65%, silagem de milho e das dietas em função dos tratamentos.
MS
PB
FDN
FDA
NDT
Cinzas
Amido
Foragge® 65%*
Silagem de milho**
91,5
31,2
7,65
8,0
53,6
57,11
35,7
36,17
65,0
62,52
4,6
10,3
24,3
25,63***
20F:80S
40F:60S
60F:40S
80F:20S
43,26
55,32
65,53
76,98
7,93
7,86
7,79
7,72
56,40
55,70
54,99
54,29
36,07
35,98
35,88
35,79
62,9
63,3
63,6
64,0
-
-
-
-
-
-
-
-
MS: matéria seca; PB: proteína bruta; FDN: fibra em detergente neutro; FDA: fibra em detergente ácido; NDT: nutrientes digestíveis totais; *Valores fornecidos
pelo fabricante Nutratta©. **Valores obtidos através de análises bromatológicas efetuadas no Laboratório de Nutrição Animal da Universi- dade Federal de
Uberlândia. ***Dado retirado das Tabelas Brasileiras de Composição de Alimentos para Bovinos, por Valadares Filho et al., (2018).
As sobras das dietas foram mensuradas diariamen- te e
sempre que se obteve valor igual a zero, aumentou-se
a
quantidade ofertada até atingir sobra equivalente a 10% do
ofertado. O cálculo de CMS (consumo de maté- ria seca) dos
alimentos foi obtido por meio da seguinte fórmula: CMS =
(ofertado de alimento x % matéria seca do ofertado) (sobras
de alimento x % matéria seca das sobras).
O escore fecal foi avaliado todos os dias durante o
período de coleta de acordo com a escala proposta por Gomes
et al. (2012), no qual, na escala um (1) as fezes são
ressecadas e sem brilho; na escala dois (2) as fezes são
normais; na escala três (3) as fezes são ligeiramente
amolecidas; na escala quatro (4) as fezes são amolecidas,
perdendo o formato e coladas umas às outras (cachos de uva);
na escala cinco (5) as fezes são amolecidas e sem formato
normal (fezes de suínos); e na escala seis (6) as fezes são
diarreicas.
Durante o período de coletas (cinco dias con-
secutivos após o período de adaptação) foram retiradas
amostras de sobras e fezes de cada animal, onde ao final
do
período, as mesmas eram homogeneizadas e formada amostra
composta para posteriores analise bromatológica
e cálculo do
consumo e digestibilidade da matéria seca.
O fornecimento de água foi feito todos os dias no
período da manhã, em baldes plásticos, na quantidade de seis
litros por animal, e também a tarde quando necessá-
rio
(sempre anotando a quantidade quando fornecida), sendo as
sobras de água mensuradas no dia posterior
em provetas de
plástico. Também se utilizou outro balde
com o objetivo de
mensurar a quantidade de água que evaporou, esse balde de
evaporação recebia também os mesmos seis litros de água
pela manhã, e na próxima
manha media-se a quantidade de
água que ainda restava
para saber o valor do evaporado, e
consequentemente,
esse valor era descontado no consumo
total. O cálculo do consumo de água oferecida no balde foi
feito com base na
diferença entre o ofertado, as sobras e o
evaporado, e, o cálculo do consumo de água total foi feito
somando-se a
água do balde com a água contida no alimento
ingerido. O teor de água contida no alimento foi obtido pela
equação:
100 teor de MS do alimento. Para calcular a
exigência de água do animal, utilizou-se a equação proposta
por Forbes (1968), que possibilita calcular quanto de água
uma ovelha deve ingerir diariamente: CTA (consumo total de
água) = 3,86 x CMS 0,99. De acordo com a fórmula,
no
presente estudo a quantidade de água ingerida pelos animais
deve estar entre 4,25 e 6,84 litros/animal/dia.
Após o final do período de coleta, estas amostras
eram armazenadas em freezers horizontais a -15°C, para
conservação, em seguida foi feita a sua p-secagem
(ofertado, sobras e fezes) em estufa de circulação força- da
de ar, a 55°C por 72 horas, até obter peso constante.
Posteriormente foram trituradas, em moinho de facas
tipo
Willey (referência comercial), em partículas de 1mm. Logo
após as amostras foram levadas ao laboratório onde
foi feita a
determinação da matéria seca das porções de ofertado, sobras
e fezes, em estufa a 105°C por 24 horas, sendo então possível
calcular a matéria seca definitiva das mesmas e teor dos
nutrientes, e posteriormente, a digestibilidade aparente dos
nutrientes e matéria seca através das seguintes formulas
(Maynard et al., 1984):
DA= [CN (Fez x %fez) /CN] x 100
Onde:
CN = consumo do nutriente (kg); DA = digestibi-
lidade aparente (%); Fez = quantidade de fezes coletada
(kg);
%fez = teor do nutriente nas fezes (%).
Para a mensuração do comportamento ingestivo, que
foi realizado no dia do período de coleta, os animais
Cad. Ciênc. Agrá., v. 12, p. 0109, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.19833
4
Silva, D. A. P., et al.
foram submetidos à observação visual por pessoas treina-
das,
em sistema de revezamento, dispostas de maneira a
não
incomodar os animais, por vinte e quatro horas, uma vez ao
longo do período de coleta. No período noturno, o
ambiente
recebeu iluminação artificial, e as luzes foram mantidas
acesas durante cinco dias antes da avaliação para promover
a adaptação dos animais às luzes. Foram verificados, a cada
cinco minutos, se os animais estavam ingerindo alimento ou
água separadamente (ING), e se estavam em ruminação
(RUM), ócio (ÓCIO), de acordo com a metodologia
proposta por Fischer et al. (1998).
tratamentos e cinco repetições. para glicemia conside-
rou-
se delineamento inteiramente ao acaso com parcela
subdivida, onde nas parcelas ficaram os tratamentos e nas
sub parcelas os horários de coleta, sendo estes con-
siderados medidas repetidas no tempo. Esta variável foi
testada para a condição de esfericidade, que não foi aceita.
Portanto, utilizou-se a análise de modelos mistos, em que
foram avaliadas todas as estruturas de covariâncias (S)
disponíveis no pacote do software SAS (SAS INSTITUTE,
2012) que modelam a dependência dos erros do modelo.
Para
selecionar a estrutura de covariâncias que melhor explique a
correlação residual, foi utilizado o critério de informação de
Akaike (AIC), sendo escolhida, para cada variável, a estrutura
que resultou no menor valor de AIC após a análise (Silva et
al., 2015).
Os cálculos das atividades foram feitos em minutos
por
dia, admitindo que, nos cinco minutos subsequentes a cada
observação, o animal permaneceu na mesma ati- vidade. Já o
tempo total gasto em mastigação (MAST) foi determinado
somando-se os tempos gastos em inges- tão (ING) e
ruminação (RUM). As eficiência de ingestão (EIng),
mastigação (EMast) e ruminação (ERum) foram obtidas
segundo POLLI et al. (1996), de acordo com as equações:
EIng (g min-1) = CMS/Tal; EMast (g min-1)
= CMS/Tmast e ERum (g min-1) = CMS/Trum; em que CMS
é consumo de MS (g MS dia-1), Tal é o tempo de
alimentação (min dia
-1
), Tmast é o tempo em mastigação
(min
dia-1) e Trum é o tempo em ruminação (min dia-1).
Todos dados foram testados quanto a normali- dade
(Shapiro e Wilk, 1965) e homocedasticidade (Le-
vene,
1960) das variâncias dos tratamentos. As variáveis normais e
com variâncias homogêneas foram submetidas
a análise de
regressão, tendo como fator regressor o percentual do
Foragge®65%. Nesta análise, observou-se
a significância dos
efeitos linear, quadrático e não signifi- cância da falta de ajuste
do modelo, sendo a probabilidade
de erro tipo I utilizada para
tomada de decisão 5%. Os dados referentes ao escore fecal
foram analisados por estatística não paramétrica, através do
teste de Kruskal e Wallis (1952) seguido pelo procedimento
de Conover
(1980) com nível de significância de 5% de
probabilidade
de erro tipo I.
As coletas de sangue para avaliação dos com-
ponentes bioquímicos foram feitas no primeiro, terceiro e
quinto dia (no cálculo estatístico considerou-se a mé- dia
desses três dias), sempre antes do fornecimento da primeira
alimentação. Para avaliação dos componentes bioquímicos
foram feitas colheitas de sangue por ve- nopunção da
jugular com auxílio de tubos Vacutainer® sem
anticoagulante. Os componentes bioquímicos para
determinação do metabolismo energético foram: triglice-
rídeos e colesterol; e para determinação do metabolismo
proteico foram: proteína total (PT), ureia, albumina, ácido
úrico e creatinina.
Resultados e discussão
O consumo de matéria seca (CMS) foi influen-
ciado pela inclusão do volumoso extrusado na dieta dos
animais (Tabela 2). O CMS (kg/dia) apresentou resposta
linear
positiva, enquanto o CMS/PC e CMS/PC0,75 apre- sentaram
resposta quadrática em função do aumento na inclusão do
Foragge® 65%. Esse aumento nos índices de CMS,
apresentado na tabela 2, é explicado por meio das
características físicas e digestivas do Forrage® 65%, ou seja,
o tamanho das partículas e as características atribuídas a
fibra pelo processo de extrusão.
Para a avaliação glicêmica a primeira coleta foi
feita no 6º dia de coleta, às 8h (antes da primeira refeição),
11h, 14h, 17h e às 20h. No dia da avaliação glicêmica a
segunda refeição somente foi ofertada após a colheita das
20h. As amostras foram coletadas por ve- nopunção da
jugular com auxílio de tubos Vacutainer® de 5 ml contendo
fluoreto e EDTA, sendo devidamente identificados para
cada animal.
Segundo Mertens (1992) uma das vertentes
utilizadas para se explicar a regulação do consumo pe- los
animais são os aspectos relacionados ao alimento (nível
energético, capacidade de enchimento ruminal e teor
nutricional). Logo, entendemos que o processo de extrusão
é responsável pelo aumento significativo no CMS. E, os
fatores que podem explicar são: as partículas do volumoso
extrusado são menores (2 mm em média) que as da silagem
de milho e mais homogêneas, isso torna a apreensão do
alimento mais fácil pelos animais e reduz o efeito de
seletividade do alimento; as mudanças que ocorrem na
matéria prima durante o processo de extrusão, como
gelatinização do amido e desnaturação das proteínas, o que
torna o alimento mais prontamente digerido no rúmen.
As amostras de sangue coletadas foram centri-
fugadas a 3000 rotações por minuto durante 10 minu- tos,
sendo os soros separados em alíquotas, guardados em
microtubos e armazenados em freezer a -5°C para posterior
análise laboratorial. Todas as amostras foram processadas
em analisador bioquímico automatizado Bioplus 2000
(Bioplus©, Barueri-SP, Brasil), usando kit comercial da Lab
Test (Labtest Diagnóstica S. A., Lagoa Santa-MG, Brasil).
Para a maioria das variáveis analisadas utilizou-se
o
delineamento inteiramente casualizado com quatro
Cad. Ciênc. Agrá., v. 12, p. 0109, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.19833
5
Avaliação dos efeitos nutricionais e metabólicos da substituição de silagem de milho por ração extrusada de Capim-marandu (
Urochloa brizantha
) em ovinos
Tabela 2 Consumo de matéria seca (CMS) em kg/dia, % do peso corporal (PC) e do peso metabólico (PC
0,75
), e diges-
tibilidade
da matéria seca (DMS) em %, em função da substituição da silagem de milho pelo Forrage®65%.
Tratamentos
P
MG
C
V
20F:80S
40F:60S
60F:40S
80F:20S
1CMS, kg/dia
2CMS/PC, %
3CMS/PC0,75
DMS, %
1,36
2,53
68,6
52,81
2,01
3,60
98,62
60,88
1,79
3,32
89,91
51,44
2,03
3,43
95,31
52,07
0,0024
0,0152
0,0005
0,3698
1,80
3,22
88,11
54,30
16,89
16,13
15,54
17,21
MG: média geral; CV: coeficiente de variação.1Y = 1,359147 + 0,008912x, R2 =54,97%; 2Y = 1,408555 + 0,072609x 0,000604x2, R2 = 77,42%;
3Y = 39,485517 + 1,895923x 0,015388x2, R2 = 74,44%; MG = média geral; CV = coeficiente de variação (%); P = (P<0,05);
De acordo com o NRC (2007) o CMS recomen-
dado para esta categoria animal é de 1,05 kg/dia. Pode- mos
observar que todos os tratamentos proporcionaram CMS
acima do recomendado, sendo que os animais que receberam
20F:80S apresentaram um aumento de 29% no consumo,
enquanto aqueles de receberam 80F:20S apresentaram um
aumento de 93%. Portanto, a inclusão
de volumoso extrusado
na dieta proporciona aumento no
CMS, quando se considera
as características do alimento
citadas anteriormente. Oliveira et
al., (2018) trabalharam com ovelhas Santa Inês adultas,
observaram CMS de 1,11
e 2,08 kg/dia para animais
alimentados exclusivamente com silagem e milho e
volumoso extrusado, respectiva- mente.
microrganismos do rumen em todos os tratamentos.
Segundo Valadares Filho (2018) a digestibilidade da
matéria seca média da silagem de milho produzida no
Brasil
encontrada na literatura é de 59,58 %. Logo, a DMS
média
encontrada neste trabalho se aproxima do valor encontrado
para silagem, comprovando que é possível a substituição
pelo volumoso extrusado.
Segundo Oliveira (2019), o consumo de água está
diretamente ligado a ingestão de matéria seca pelo
animal. A
tabela 3 demonstra equação linear positiva entre
o consumo de
água (CH2O) e a porcentagem de inclusão de Foragge® do
tratamento. Isso é explicado pelo teor de
matéria seca presente
no do volumoso extrusado (Tabela
1), em detrimento da
silagem. O volume médio de água ingerida pelos animais do
experimento está dentro do recomendado, que de acordo
com Forbes (2007) o consumo de água por kg de matéria
seca ingerida deve estar entre 2 e 3 litros/kg de MS ingerida.
Apesar do maior consumo de matéria seca ob-
servado, a digestibilidade (DMS) dos alimentos não foi
alterada, sendo a DMS média observada de 54,30%,
sugerindo melhor aproveitamento dos nutrientes pelos
Tabela 3 Consumo de água em L/dia (CH2O), em L/kg de peso corporal (CH2O/CMS2), volume urinário em L/dia (Vol. Ur),
densidade urinaria (Dens. Ur.), peso de fezes na matéria natural em kg/dia (PFMN), peso de fezes na matéria seca
em g/dia (PFMS), matéria seca das fezes em %, e escore fecal, % (EF), em função da substituição da silagem de
milho pelo Forrage®65%.
Tratamentos
P
MG
C
V
20F:80S
40F:60S
60F:40S
80F:20S
1CH2O, L/dia
2CH2O/CMS,L/kg
VU, L/dia
3DU, mg/dL
4PFMN, kg/dia
PFMS, kg/dia
MSF, %
EF*
1,57
1,16
0,896
1,0268
1,93
0,636
35,95
2,24
2,47
1,20
0,860
1,0258
2,33
0,774
35,96
2,36
3,53
1,99
0,767
1,0220
2,92
0,858
29,95
2,56
3,6
1,74
0,376
1,0430
3,12
1,138
36,53
2,72
0,0045
0,0085
0,8759
0,0458
0,0369
0,2585
0,4785
0,5896
2,79
1,52
0,725
1,0294
2,57
0,852
34,60
2,47
34,91
28,44
36,85
1,08
30,50
32,00
32,53
-
*Estatística o paramétrica; MG: dia geral; CV: coeficiente de variação (%);
1
Y = 1,009 + 0,035772x, R
2
= 91,53%;
2
Y = 0,890029 + 0,012721x,
R2 = 64,45%;
3Y = 1,045450 0,001138x + 0,000014x², R2 = 85,79%; 4Y = 0,454752 + 0,007950x, R2 = 93,94%; P = (P<0,05);
Segundo Hendrix (2005), a quantidade de urina
excretada por pequenos ruminantes deve ficar entre 10
a 40 ml por kg de peso vivo. Levando em conta a média do
peso dos animais dos tratamentos 55,8 kg, e o valor
Cad. Ciênc. Agrá., v. 12, p. 0109, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.19833
6
Silva, D. A. P., et al.
médio de excreção apresentado na tabela 3, chegamos em
um resultado que se enquadra dentro do citado por Hendrix
(2005), que é de 13 ml/kg de peso vivo.
alimentados com volumoso extrusado em comparação à
silagem de milho.
O escore fecal (EF) é utilizado para avaliar carac-
terísticas como, umidade, consistência e formato, sendo elas
associadas a digestiblidade, com classificação de 1 a
5
(Flickinger, et al., 2003). Segundo Gomes et al., (2012)
o
escore fecal ideal que indica um bom funcionamento
digestivo está em torno de 2. Como a média observada no
presente estudo foi de 2,47, podemos concluir que os animais
apresentavam bom funcionamento digestivo.
O tratamento com maior inclusão do volumoso
extrusado apresentou maior densidade urinaria, possi-
velmente por ter apresentado o maior CMS, conforme a
tabela 2. A densidade urinaria (Dens. Ur), trata se de um
indicador muito importante para a se medir a capacidade
de
concentração renal, sendo utilizada principalmente para
analises clinicas relacionadas a doenças renais. Segundo
Hendrix (2005), em pequenos ruminantes essa densidade
varia de 1,020 a 1,040, sendo assim, todos os tratamentos
promoveram densidade urinária dentro da
normalidade.
Baseando-se nos resultados acima podemos afirmar que os
animais do presente estudo estavam devi- damente hidratados e
sem qualquer indício de problemas
renais, sugerindo que os
tratamentos podem substituir a silagem de milho na
alimentação de ovinos.
Com relação às variáveis analisadas para compor-
tamento ingestivo verificou-se que apenas o tempo gasto
para
ruminação foi afetado pelos tratamentos apresen- tando
equação linear negativa (Tabela 4). Essa redução
no tempo
(min/dia) em ruminação está relacionada com a maior inclusão
do volumoso extrusado na dieta (conse- quentemente, menor
inclusão de silagem de milho), uma
vez que o mesmo é mais
facilmente digerido no rúmen pelos microrganismos devido
ao tamanho de partícula ser menor que a silagem de milho,
demandando menor
tempo para que o alimento atinja tamanho
suficiente para
seguir para o retículo. Oliveira et al., (2018)
verificou que animais alimentados exclusivamente com
volumoso extrusado ruminaram por 1,57 horas/dia, enquanto
ani- mais alimentados exclusivamente com silagem de milho
ruminaram por 8,8 horas/dia.
O peso das fezes na matéria natural (PFMN) apre-
sentou resposta linear positiva à inclusão de Foragge
®
65%
na
dieta. Este resultado está diretamente relacionado ao aumento
no CMS que apresentou o mesmo padrão de resposta
(Tabela 2). o peso das fezes na matéria seca e matéria seca
fecal não foram influenciados, possivel- mente relacionado
aos resultados obtidos para a DMS (Tabela 2). Oliveira et
al., (2018) também observaram
aumento no PFMN em
animais adultos da raça Santa Inês
Tabela 4 Ingestão (ING), ruminação (RUM), ócio, mastigação (MAST), eficiência de ingestão (EIng), eficiência de
ruminação (ERum), eficiência de mastigação (EMast), em função da substituição da silagem de milho pelo
Forrage®65%.
Tratamentos
P
MG
C
V
20F:80S
40F:60S
60F:40S
80F:20S
ING, min/dia
1RUM, min/dia
Ócio, min/dia
MAST, min/dia
2EIng, g/min
3ERum, g/min
4EMast, g/min
418
452
570
870
3,28
3,10
1,59
429
426
585
855
4,78
4,78
2,38
364
445
685
809
4,90
4,02
2,20
348
326
766
674
5,98
6,36
3,06
0,1489
0,0256
0,3614
0,3981
0,0014
0,0094
0,0008
389,75
412,25
651,50
802,00
4,74
4,57
2,31
15,33
16,93
19,46
14,75
18,74
17,43
16,07
MG: média geral; CV: coeficiente de variação (%); 1Y = 502,00 1,7950x, R2 = 62,68%; 2Y = 2,684197 + 0,041171x, R2 = 91,37%; 3Y = 2,315840
+ 0,045098x, R2 = 71,74%; 4Y = 1,254477 + 0,021123x, R2 = 81,20%; P = (P<0,05);
Segundo Van Soest (1994) animais adultos devem
permanecer em torno de oito horas por dia ruminando,
podendo variar entre quatro a nove horas por dia. No
presente estudo, o menor tempo em ruminação foi verifi- cado
no tratamento 80F:20S e mesmo assim resultou em 5,4 horas,
ou seja, dentro do valor sugerido na literatura.
Neste sentido,
podemos concluir que mesmo com o au-
mento no CMS
(Tabela 2) o tempo gasto para ruminação
foi reduzido, porém
sem prejudicar a saúde dos animais.
Isso explica a melhora na eficiência de ingestão, rumina- ção e
mastigação (Tabela 4), a qual também é resultado da
manutenção da DMS e facilidade de apreensão do
alimento
por conta de seu formato. O aumento da taxa de passagem
diminui o tempo de ruminação causando assim o aumento do
consumo de matéria seca, e disponibilidade
de nutrientes ao
organismo do animal. Observa-se que os animais que
receberam 20% de inclusão do Foragge®
65% foram capazes
de ingerir 3,28 g/min e os animais
Cad. Ciênc. Agrá., v. 12, p. 0109, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.19833
7
Avaliação dos efeitos nutricionais e metabólicos da substituição de silagem de milho por ração extrusada de Capim-marandu (
Urochloa brizantha
) em ovinos
que receberam 80% de Foragge® 65% foram capazes de
ingerir 45% a mais de alimento por minuto, resultando nos
CMS de 1,36 e 2,03 respectivamente (Tabela 2).
1). Segundo González (2000) em ruminantes a glicose
plasmática possui como precursor o ácido graxo volátil
(AGV) propionato, que após ser absorvido pelo epitélio
ruminal segue para o fígado, onde é convertido em gli- cose
através da gliconeogênese, sendo posteriormente
utilizado
como fonte de energia pelo animal. A produção
deste AGV é
aumentada em dietas com alta inclusão de concentrados,
sendo assim, como as dietas do presente estudo era
composta exclusivamente por volumosos, o nível de glicose
sanguínea não foi alterado.
O nível de glicose sanguínea não foi alterado em
função dos tratamentos e apresentou resposta linear negativa
em função dos períodos avaliados (Tabela 5). A não
significância para o nível de glicose nos diferentes
tratamentos pode estar relacionado à semelhança exis-
tente
nos níveis de NDT das dietas experimentais (Tabela
Tabela 5 Efeito da relação volumoso extrusado: silagem de milho sobre a glicose (mg/dL).
Tratamentos
P
MG
C
V
20F:80S
40F:60S
60F:40S
80F:20S
Glicose, mg/dL
66,28
64,36
65,68
71,08
0,8524
66,85
14,07
Horários de coleta
P
MG
C
V
08h
11h
14h
17h
20h
1Glicose, mg/dL
77,55
75,30
72,20
66,00
68,85
0,0175
73,69
12,36
Valor de Referência = 29,15 87,18 mg/dL (Varanis, 2018); MG: média geral; CV: coeficiente de variação (%); 1Y = 80,80 1,080x, R2 = 92,05%; P = (P<0,05);
a redução nos níveis de glicose plasmática ao
longo do dia está relacionada ao manejo alimentar ado- tado,
uma vez que o pico de glicose ocorreu logo após o
fornecimento do alimento (8:00 horas) e reduzindo nas horas
subsequentes devido ao processo de degradação e
fermentação da ração no ambiente ruminal, processo este
que
demanda alto gasto energético, consequentemente reduzindo
a concentração de glicose. Como a segunda alimentação
ocorreu após a última coleta de sangue (20:00 horas) não
houve aumento nos níveis de glicose.
era exclusivamente composta por volumoso verificou-se que
os níveis de triglicerídeos mantiveram próximo ao limite
máximo proposto na literatura, possivelmente devido a
maior produção do ácido acético.
A concentração sérica de proteínas totais está
diretamente relacionada ao teor proteico advindo da dieta e
pode ser um indicativo do estado nutricional do animal
(Wittwer, 2000). No presente estudo os níveis de proteínas
totais ficaram 26% abaixo do mínimo reco-
mendado de
acordo com valores de referência propostos
por Varanis
(2018). Tal fato pode estar relacionado ao baixo teor de PB
das dietas experimentais, sendo esta uma característica de
alimentos volumosos. Além disso, isso pode ser explicado
pela alta taxa de passagem do alimento pelo rumem, devido
a sua solubilidade e a sua
taxa de desnaturação (Oliveira et al.,
2019). a albumina
representa 50% da proteína sérica total,
mas sua altera- ção no organismo se de forma mais lenta.
Falhas no funcionamento hepático, perdas durante doenças,
equi- líbrio hidroeletrolítico e disponibilidade de aminoácidos
são problemas que podem afetar a concentração deste
metabólito (González e Silva, 2006). Como no presente
estudo os níveis de albumina mantiveram-se dentro do
recomendado, podemos concluir que os animais se en-
contravam em bom estado de saúde.
Dentre os metabólitos avaliados apenas ureia foi
influenciada pelos tratamentos apresentando uma resposta
quadrática (Tabela 6). Segundo González e Scheffer (2002),
a análise do plasma sanguíneo traz uma grande segurança
quanto à situação metabólica, facilitando assim a detecção
de problemas metabólicos, principalmente relacionados a
deficiências nutricionais.
Os níveis sanguíneos do colesterol são regulados
pela
adição de lipídeos na dieta (Bauchart, 1993), sendo assim,
baixos níveis deste metabólito podem resultar da
deficiência de alimentos energéticos, além de lesões
hepato-
celular ou hipertireoidismo. Enquanto o aumento
de seus
níveis é resultante de dietas ricas em gorduras e/ou
carboidratos, hipotireoidismo e obstruções biliares (González
e Silva, 2006). Os níveis deste metabólito mantiveram-se
dentro do proposto na literatura para a
espécie estudada,
sendo assim podemos concluir que não
houve excesso e nem
falta de lipídeos na dieta.
A creatinina é derivada, quase em sua totalidade,
do
catabolismo da creatina que está contida no tecido
muscular
(González e Silva, 2006). Apesar da baixa ativi- dade muscular
exercida pelos animais por serem mantidos
em gaiolas
metabólicas a concentração deste metabólito não foi alterada.
Os triglicerídeos são a principal forma de arma-
zenamento de ácidos graxos de cadeia longa, sua síntese
ocorre principalmente no tecido adiposo, tendo como
principal precursor o acetato. Como a dieta dos animais
Cad. Ciênc. Agrá., v. 12, p. 0109, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.19833
8
Silva, D. A. P., et al.
Tabela 6 Concentração média dos metabólitos energéticos e proteicos em função dos tratamentos.
Tratamentos
P
VR*
MG
C
V
20F:80S
40F:60S
60F:40S
80F:20S
Triglicerídeo, mg/dL
Colesterol, mg/dL
Proteínas Totais, g/
dL
Albumina, mg/dL
Ácido Úrico, mg/dL
1Ureia, mg/dL
Creatinina, mg/dL
65,26
45,73
53,53
47,46
55,53
43,00
59,80
41,53
0,5486
0,6987
5-78
15-139,9
58,53
44,43
21,37
13,16
2,14
2,32
2,38
2,28
0,3652
3,10 - 11,4
2,28
39,51
3,46
0,32
20,53
0,88
3,53
0,40
26,73
0,88
2,83
0,46
40,80
0,88
3,37
0,40
33,06
0,84
0,3847
0,9963
0,0489
0,2547
1,12 -5,38
0 - 2,9
12,80 -100,0
0,40 -1,80
3,30
0,40
30,28
0,87
18,45
50,64
22,31
11,32
*VR: Valor de Referência (Varanis, 2018); MG: média geral; CV: coeficiente de variação (%); 1Y = 0,052500 + 1,129225x 0,008709x2, R2 = 80,55%; P =
(P<0,05);
O ácido úrico tem relação com o metabolismo
ruminal recente, aumentando de acordo com qualidade
nutricional do alimento ingerido e com a produção de
proteína microbiana. Apesar dos baixos níveis de proteínas
totais presente no plasma em detrimento da porcenta- gem
de PB da dieta, o ácido úrico manteve-se dentro da
normalidade. Representando assim uma boa condição de
proliferação da microbiologia ruminal, permitindo concluir
que o aumento da taxa de passagem promovido
pela inclusão
do alimento extrusado o ocasionou efeito
negativo para o
ambiente ruminal.
lacionada ao aumento linear no CMS (Tabela 2), que
consequentemente aumentou a ingestão de PB.
Conclusão
A silagem de milho pode ser substituída pelo
volumoso extrusado Foragge® 65% em até 80%, pois elevou
o consumo e manteve estável a digestibilidade da matéria
seca. Não se observou quaisquer distúrbios
metabólicos e do
comportamento ingestivo com a inclusão
do Foragge® 65% em
até 80%.
Aprovação do Comitê de Ética
Segundo Contreras (2000) quanto maior a in-
gestão de proteína na ração maior será a concentração de
ureia sanguínea. Sendo assim, a resposta observada para a
concentração de ureia sanguínea pode estar re-
O experimento contou com a aprovação da Co-
missão de Ética e Utilização dos Animais (CEUA) sob o
número de protocolo 092/16.
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