
Avaliação dos parâmetros nutricionais e metabólicos de borregas alimentadas com leveduras na ração
9
Cad. Ciênc. Agrá., v. 12, p. 01–10, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.23902
VR* 3,10-10,70 10,00-92,00 0-1,70 1,10-5,20 1,20-1,90
MG: média geral; CV: coeficiente de variação; VR*: valor de referência para ovinos segundo Silva et al. (2020).
Não houve diferença estatística entre os tratamen-
tos para proteínas totais e albumina, que mantiveram seus
valores dentro do esperado (Silva et al., 2020). Ambos
metabólitos demonstram, o estado nutricional proteico,
sendo considerados os indicadores mais sensíveis para
determina-lo, já que valores baixos indicam inadequado
consumo proteico (Oliveira et al., 2014).
A ureia não apresentou diferença estatística para
o presente experimento (P>0,05). Parte da proteína que
chega ao rúmen é transformada em amônia, para que
possa ser utilizada pela microbiota ruminal na produção
de proteína microbiana. Quando há falta de carboidratos
na dieta para a completa utilização desta amônia, ela é
absorvida pela parede ruminal e levada ao fígado onde
é transformada em ureia com alto gasto energético. Essa
ureia pode ser eliminada na urina, retornar ao rúmen via
saliva ou difusão na parede ruminal e ser eliminada no
leite em caso de animal em lactação (Kaneko et al., 2008).
Deste modo, é possível que tenha havido uma melhora
do sinergismo com o concentrado que era fornecido em
maior quantidade na dieta (relação concentrado:volumo-
so, 70:30). Com isso há maior passagem de nitrogênio,
diminuindo a quantidade de nitrogênio livre no rúmen
que escaparia e seria metabolizada em ureia no fígado.
O ácido úrico representa de forma indireta cres-
cimento de microrganismos no rúmen uma vez que é
utilizado pelos microrganismos ruminais, após a transfor-
mação em amônia, como fator de crescimento microbiano,
sendo utilizado para a síntese de proteína microbiana,
tornando-se assim disponível para o ruminante (Paula,
2015). No presente estudo, foi possível observar que os
valores se mostraram equilibrados, não apresentando
diferença estatística entre tratamentos.
Os valores de creatinina ficaram abaixo da faixa
normal de acordo com Silva et al. (2020) e não houve
diferença estatística entre tratamentos, o que pode ter
sido causado devido ao fato dos animais estarem confi-
nados, o que resulta em baixo consumo de energia pelo
músculo, uma vez que a creatinina tem estreita relação
com a massa muscular que varia de acordo com grau de
exercício realizado pelos animais.
Pôde-se observar que todos os metabólitos e
enzimas hepáticas ficaram dentro dos valores indicados
como ideais na literatura. Demonstrando que as dietas
utilizadas foram eficientes em manter os metabólitos
em níveis adequados, mantendo os animais livres de
sobrecarga hepática e renal. Tal fato ocorreu devido ao
sinergismo entre as enzimas e leveduras, que contribuíram
para uma adequada nutrição dos animais, mantendo o
organismo dos mesmos sem alterações significativas.
Conclusão
A inclusão de leveduras vivas ou inativadas na
dieta para borregas não influencia na digestibilidade da
dieta, no consumo de matéria seca dos animais e também
não altera o perfil metabólico dos mesmos, podendo ser
utilizadas em dietas com elevada proporção de grãos e
mix de enzimas exógenas.
Aprovação do Comitê de Ética
O protocolo experimental deste trabalho foi apro-
vado pela Comissão de Ética na Utilização de Animais
(CEUA) da Universidade Federal de Uberlândia sob o
número 092/17.
Referências
Aguiar, S. R.; Ferreira, M. De A.; Batista, A. M. V.; Carvalho, F. F. R.
De; Bispo, S. V.; Monteiro, P. de B. S. 2007. Desempenho de ovinos
em confinamento alimentados com níveis crescentes de levedura e
ureia. Acta Scientiarum. Animal Sciences, 29: 411-416. Doi: 10.4025/
actascianimsci.v29i4.1007.
Carvalho, M. B. 2008. Semiologia do Sistema Urinário. 389-409. In:
Feitosa, F.L. Semiologia Veterinária: a arte do diagnóstico. São Paulo.
Cruz, B. C. C. da; Portela, C. F.; Cruz, C. L. dos S.; Bittencourt, D.; Cruz,
C. A. C. da. 2010. Metabolismo Ruminal: pH, N-NH3, crescimento e
eficiência microbiana. PUBVET, 4: 1-15.
Friedewald, W. T.; Levv, R. I.; Fredrickson, D. S. 1972. Estimation of the
concentration of low-density lipoprotein in plasma, without use of the
preparative ultracentrifuge. Clinical Chemistry. 18, 499–502. Disponivel
em: http://clinchem.aaccjnls.org/content/clinchem/18/6/499.full.pdf.
Gomes S. P.; Borges I.; Borges A. L. C. C.; Macedo Junior G. L.; Campos
W. E.; Brito T. S. 2012. Tamanho de partícula do volumoso e freqüência
de alimentação sobre o metabolismo energético e protéico em ovinos,
considerando dietas com elevada participação de concentrado. Revista
Brasileira de Saúde e Produção Animal, 13, 732-744. Disponível em:
http://www.rbspa.ufba.br/index.php/rbspa/article/viewArticle/2340.
Gouveia, L. N. F.; Maciel, M. V.; Soares, P. C.; Silva Neto, I. F.; Gonçalves,
D. N. A.; Batista, A. M. V.; Carvalho, F. F. R. 2015. Perfil metabólico
de ovinos em crescimento alimentados com dietas constituídas de
feno ou silagem de maniçoba e palma forrageira. Pesquisa Veterinária
Brasileira, 35, 5-9.
Igarasi, M. S.; Arrigoni, M. B.; Souza, A. A.; Silveira, A. C.; Martins, C.
L.; Oliveira, H. N. 2008. Desempenho de bovinos jovens alimentados
com dietas contendo grão úmido de milho ou sorgo. Revista Brasileira
de Zootecnia, 37: 513-519. https://doi.org/10.1590/S1516-
35982008000300017.
Kaneko, J. J., Harvey, J. W., Bruss, M. L. 2008. (Eds.) Clinical Biochemistry
of Domestic Animals. San Diego, Academic Press.