Avaliação dos parâmetros nutricionais e metabólicos de borregas alimentadas com
leveduras na ração
Marco Túlio Santos Siqueira
1
*; Paulo Arthur Cardoso Ruela
2
; Karla Alves Oliveira
3
; bora Adriana de Paula
Silva
4
; Luciano
Fernandes Sousa
5
; Gilberto de Lima Macedo nior
6
DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.23902
Resumo
Objetivou-se avaliar a digestibilidade da matéria seca, consumo e perfil metabólico de borregas alimentadas com le- veduras
vivas e inativadas na ração. Foram utilizados vinte animais mestiços com peso médio de 37,3kg. Os alimentos foram fornecidos
duas vezes ao dia e pesados e amostrados diariamente, também foram amostradas as sobras e as fezes na matéria natural. Foi
mensurada a quantidade de urina excretada bem como sua densidade. Todas as coletas sanguíneas foram realizadas de manhã
com animais em jejum. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e cinco repetições. Foram
submetidos à análise variância e as médias dos tratamentos com- paradas pelo teste SNK com nível de significância de 5%
para o erro tipo I. Foi considerada tendência significativa o P valor maior que 0,05 e menor que 0,10. Avaliou-se os seguintes
tratamentos: Milk Sacc X® (levedura ativa), Active Flora® (levedura viva mais levedura inativada) e Rúmen Yeast® (levedura
inativa). Não houve diferença entre tratamentos para CMS e DMS, assim como para as demais variáveis analisadas com
exceção do escore fecal, que apresentou tendência significativa (P=0,0682), cujos tratamentos Active Flora® e Rúmen Yeast®
foram ideais para a espécie. Nenhum tratamento apresentou diferença estatística para as variáveis metabólicos sanguíneos.
Porém, houve efeito quadrático para horário de avaliação para a concentração de glicose sanguínea. A inclusão de leveduras
vivas ou inativadas na dieta para borregas não influencia na digestibilidade da dieta, no consumo de matéria seca dos animais
e também não altera o perfil metabólico dos mesmos.
Palavras-chave:
Aditivo microbiano. Metabólitos. Ovis aries. Ruminantes.
Evaluation of nutritional and metabolic parameters of lambs fed with yeast in the feed
Abstract
The objective was to evaluate dry matter digestibility, consumption and metabolic profile of lambs fed with live and
inactivated yeasts in the feed. Twenty crossbred animals with an average weight of 37.3 kg were used. The food was supplied
twice a day and weighed and sampled daily, the leftovers and feces in natural matter were also sampled. The amount of urine
excreted and its density were measured. All blood collections were performed in the morning
1Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-2098-8568 2Universidade
Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0001-9136-3920
3Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Jaboticabal, SP. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-7792-2615 4Universidade
Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0003-3052-0544 5Universidade
Federal de Tocantins. Araguaína, TO. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-6072-9237 6Universidade
Federal de Uberlândia. Uberlandia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0001-5781-7917
*Autor para correspondência: marcotulio.s.siqueira@gmail.com
CADERNO DE CIÊNCIAS AGRIAS
Agrarian Sciences Journal
2
Siqueira, M. T. S. et al.
with fasting animals. A completely randomized design was used, with four treatments and five replications. Variance analysis
and treatment averages were compared using the SNK test with a 5% significance level for type I error. P value greater than
0.05 and less than 0.10 was considered a significant trend. The following treatments were evalua- ted: Milk Sacc X® (active
yeast), Active Flora® (live yeast plus inactivated yeast) and Rumen Yeast® (inactive yeast). There was no difference between
treatments for CMS and DMS, as well as for the other variables analyzed with the exception of the fecal score, which showed
a significant trend (P = 0.0682), whose Active Flora® and Rumen Yeast® treatments were ideal for the species. No treatment
showed a statistical difference for blood metabolic variables. However, there was a quadratic effect on the time of assessment
for blood glucose concentration. The inclusion of live or inactivated yeasts in the diet for lambs does not influence the
digestibility of the diet, the consumption of dry matter of the animals and also does not change their metabolic profile.
Keywords:
Digestibility. Microbial Additive. Ovis aries. Ruminants.
Introdução
Leveduras são fungos unicelulares e o principal
gênero na indústria alimentícia é o Saccharomyces, que
possui grande importância na nutrição animal. O uso de
leveduras na alimentação de ruminantes tem como
finalidade regular mudanças no balanço e atividade das
comunidades de microrganismos no rúmen, associadas a
desordens e distúrbios metabólicos, tais como cetose e
timpanismo. Essas alterações metabólicas promovem queda
no desempenho produtivo, além de aumentar o
risco à saúde
dos animais, uma vez que limitam consumo
e debilitam os
animais. Assim, as leveduras como pro-
bióticos auxiliam na
estabilidade da microbiota evitando
desequilíbrio no
ecossistema ruminal (Neumann et al., 2008).
A ação sinérgica desses aditivos incluídos nas
dietas contribui para melhores condições no ambiente
ruminal, de modo que as enzimas atuam no melhor apro-
veitamento dos nutrientes, melhorando a digestibilidade da
matéria seca. Por outro lado, as leveduras ampliam as
condições do men gerando um ambiente que efetiva a ação
dos microrganismos ruminais. As enzimas usadas são
importantes em dietas de alta proporção de grãos como a
deste presente estudo. Tal fato é conhecido na literatura,
como demonstra Igarasi et al. (2008), onde
destaca que
rações contendo altos níveis de grãos possibi- litam maior
desempenho aos animais, entretanto mesmo que moído ou
farelado, esse ingrediente é protegido pelo
pericarpo, estrutura
resistente à degradação microbiana e à digestão enzimática.
Ainda segundo Neumann et al. (2008) as leve-
duras podem ser disponibilizadas na forma ativa e na forma
inativa. Tem-se que a forma ativa (viva) apresen- ta melhores
benefícios na alimentação de ruminantes, controlando as
concentrações de ácido lático no rúmen, fornecendo fatores
estimulatórios às bactérias do mes- mo e absorvendo
oxigênio no ambiente ruminal. as leveduras na forma
inativa atuam na manutenção do pH e estimulação da
atividade das bactérias celulolíticas, proporcionando uma
melhor condição do rúmen.
Diante disso, acredita-se que a inclusão de leve-
duras ativas e inativadas na ração de borregas contendo
enzimas possa aumentar a digestibilidade da matéria seca
e
consumo pelos animais sem prejuízos metabólicos aos
mesmos. Assim, tem-se por objetivo neste estudo avaliar
os
efeitos da inclusão de leveduras vivas, inativadas e vivas
mais
inativadas na ração para borregas contendo mix de
enzimas,
sobre como afetam o consumo de matéria seca,
digestibilidade
dos alimentos e metabólitos sanguíneos.
Diversos o os trabalhos publicados que avaliam
a
inclusão de leveduras na dieta de ovinos, no entanto
resultados são focados em consumo e digestibilidade, não
sendo verificados os metabólitos sanguíneos dos animais.
Aguiar et al. (2007) avaliaram o efeito da subs- tituição do
milho e farelo de soja por levedura de cana de açúcar e
ureia, sobre o consumo e digestibilidade de nutrientes e
desempenho, em ovinos. E relataram que tal dieta afetou
negativamente o consumo de energia e o desempenho
animal. Tavares et al. (2020) avaliaram efeitos da
suplementação com levedura Saccharomyces cerervisiae
sobre o consumo de matéria seca e ganho médio diário em
ovinos que passaram por trocas bruscas de dieta na relação
volumoso:concentrado. Os autores
observaram que tanto a
levedura ativa, quanto autolisada
melhoraram o desempenho
animal, aumentando o peso dos mesmos.
Material e métodos
O experimento foi conduzido na Universidade
Federal de Uberlândia, setor de pequenos ruminantes, em
Uberlândia, Oeste de Minas Gerais, Brasil, que apre- sentou
clima com temperatura e umidade relativa do ar médias de
23,6°C e 80,7%, respectivamente durante a experimentação
segundo dados do CLIMA (Laboratório de climatologia e
Meteorologia Ambiental).
Foram utilizadas 20 borregas (cada animal cons-
tituiu uma unidade experimental), Dorper x Santa Inês com
média inicial de 37,3kg de peso corporal (PC) e sete meses
de idade. Os animais foram mantidos em gaiolas de
metabolismo, providas de bebedouro, cocho e saleiro,
conforme padrão dos Institutos Nacionais de Ciência e
Tecnologia (INCT). Foram pesadas, identifica- das,
vermifugadas com Zolvix® (Novartis Saúde Animal,
Cad. Ciênc. Ag., v. 12, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.23902
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Avaliação dos parâmetros nutricionais e metabólicos de borregas alimentadas com leveduras na ração
Basileia-Cidade, Basileia, França) na dose de 2,5 mg de
Monepantel por kg de peso vivo, vacinadas contra raiva,
leptospirose, clostridioses e botulismo; e sorteadas entre os
grupos experimentais. O ensaio teve duração de 20 dias, no
mês de janeiro de 2019, sendo 15 dias de adaptação e cinco
dias de coleta de dados e amostragens.
romyces cerevisiae, com 1,5 x 104 UFC g-1) na dose de
0,0045kg animal dia-1 e Active Flora® ((ICC, Louisville,
Kentucky, Estados Unidos), levedura viva mais levedura
inativada - Saccharomyces cerevisiae, com 2,0 x 1010 UFC g-
1) na dose de 0,003kg animal dia-1. As alimentações
ocorreram às 8:00 e 16:00 horas, sendo ofertados 50% do
total em cada alimentação.
Foram testados quatro tratamentos: controle (sem
adição de leveduras), Milk Sacc X® ((Alltech®, Maringá,
Paraná, Brasil), levedura ativa - Saccharomyces cerevisiae
cepa 1026, 5,0 x 108 UFC g-1) na dose de 0,0015kg ani- mal
dia-1, Rúmen Yeast® ((York Ag Products INC., York,
Pensilvânia, Estados Unidos), levedura inativa - Saccha-
A dieta experimental foi composta por silagem de
milho (30,0%) e concentrado (70,0%) e balanceada segundo
o NRC (2007) para ganhos de 300g dia-1, de forma que
houvessem sobras entre 5-10% do total for- necido (Tabela
1).
Tabela 1 Composição percentual e bromatológica (%) do concentrado e silagem de milho
Composição das dietas/tratamentos
Concentrado
Silagem de milho
Milho farelo
Farelo de soja
Ureia
Sal mineral
Mix de enzimas**
Adsorvente
72,00
18,00
2,00
5,00
3,00
200g
-
-
-
-
-
-
Matéria seca
Proteína bruta
Nitrogênio digestível total
Fibra em detergente neutro
Fibra em detergente ácido
-
-
-
-
-
32,20
6,30
62,63
54,60
32,60
*Sem adição de leveduras; **Mix de enzimas contém: Amaize (extrato de Aspergillus oryzae); Allzyme® (Aspergillus niger) e Fibrozyme® (Tri- choderma
longibarachiatu). Informações obtidas pelas análises feitas no laboratório de nutrição animal da UFU.
Na tabela 2 estão os valores da composição das
enzimas utilizadas no estudo como ingrediente dos con-
centrados utilizados na ração experimental. Para confec- ção
do mix de enzima foram utilizados 75g de Amaize™, 75g de
Allzyme
®
e 90g de Fibrozyme, totalizando 240g de
mix de enzimas (produto). Esse produto foi adicionado aos
ingredientes do concentrado (conforme proporções
na tabela
1) no misturador vertical de 200 kg, misturando
por 15
minutos.
Tabela 2 - Composição das enzimas utilizadas como ingrediente do concentrado de acordo o fabricante
Composição
Allzyme
®
Amaize
Fibrozyme
®
Pectinase
Protease Fitase
Betaglucanase
Xilanase
Celulase
Amilase
Min. 400 u* g-1
Min. 700 u* g-1
Min. 300 u* g-1
Min. 200 u* g-1
Min. 100 u* g-1
Min. 40 u* g-1
Min. 30 u* g-1
-
-
-
-
-
-
Min. 600 FAU** g-1
-
-
-
-
Min. 100 XU*** g-1
-
-
*Uma unidade de atividade enzimática equivalente à quantidade de enzima que dextriniza 1 grama de substrato solúvel por minuto, a pH 4,8 e 30°C;
**Uma unidade de atividade enzimática alfa-amilase equivalente a quantidade de enzima que dextriniza 1 grama de amido solúvel por minuto, a
Cad. Ciênc. Ag., v. 12, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.23902
4
Siqueira, M. T. S. et al.
pH 4,8 e 30°C; ***Uma unidade de atividade enzimática xilanase equivalente à quantidade de enzima que libera 1 micromol de xilose por minuto a partir de
xilano a pH 5,3 e 50°C.
Durante o período de coleta foram pesados e
amostrados diariamente o alimento oferecido, sobras e fezes
na matéria natural em balança com precisão de 5
g. Foi feita uma amostra composta a partir das amostras
simples, para cada animal durante os cinco dias de coleta. A
urina era acondicionada em baldes adaptados com tela para
separação das fezes que eram recolhidas em bandejas plásticas.
O volume total de urina foi medido em proveta
de plástico de
2L com precisão de 20mL e a densidade da urina foi
determina em refratômetro manual portátil da Megabrix®
(Fremont, Ohio, Estados Unidos).
fezes são ligeiramente amolecidas; na escala quatro (4) as
fezes são amolecidas, perdendo o formato e coladas umas
às outras (cacho de uva); na escala cinco (5) as fezes são
amolecidas e sem formato normal (fezes de suínos); e na
escala seis (6) as fezes são diarreicas.
As amostras de alimentos, sobras e fezes foram
acondicionadas em sacos plásticos, identificadas e ar-
mazenadas em congelador a -15°C. Ao final do ensaio, as
amostras foram descongeladas e homogeneizadas, sendo
retirada amostra de 20% do total para posteriores análises
laboratoriais. Os teores de matéria seca foram obtidos pelo
método INCT-CA G-003/1. Posteriormente calculou-se a
matéria seca definitiva e, a digestibilidade aparente da dieta
conforme as equações (Eq. 1 e 2) pro- postas por Maynard et
al. (1984):
Foi avaliado também o escore fecal, de acordo
com escala proposta por Gomes et al. (2012), sendo que
na
escala um (1) as fezes são ressecadas e sem brilho; na
escala
dois (2) as fezes são normais; na escala três (3) as
(Eq. 1)
(Eq. 2)
Sendo CN = consumo do nutriente (kg); Cons =
quantidade de alimento consumido (kg); %cons = teor do
nutriente no alimento fornecido (%); Sob = quanti- dade de
sobra retirada (kg); %sob = teor do nutriente nas sobras
(%); DA = digestibilidade aparente (%); Fez
= quantidade de fezes coletada (kg); %fez = teor do
nutriente nas fezes (%).
As amostras de sangue coletadas foram centrifu-
gadas a 3000 rotações por minuto por 10 minutos, sendo
os
soros separados em alíquotas, guardados em micro- tubos e
armazenados em freezer a -5°C para posterior
análise
laboratorial. Todas as amostras foram processadas
no
analisador bioquímico automatizado Bioplus® 2000
(Bioplus Produtos para Laboratório Ltda., Barueri, São
Paulo, Brasil), usando kit comercial da Lab Test Diagnós-
tica
S. A.® (Lagoa Santa, Minas Gerais, Brasil).
O cálculo do consumo de água de bebida foi ba-
seado na diferença entre o ofertado e as sobras, subtraindo
o
valor evaporado. Todos os dias foram ofertados para
cada
animal uma quantidade padrão de seis litros de água, sendo
acrescida maior quantidade quando necessário. Foi
utilizado
um balde de água para controle da evaporação a cada 24
horas, sendo adicionados seis litros de água e no dia seguinte
contabilizado a sobra. A quantidade de água evaporada foi
descontada do consumo de água de cada animal.
Os componentes bioquímicos avaliados para
determinação do metabolismo energético foram: trigli-
cerídeos, colesterol, VLDL (lipoproteína de muito baixa
densidade, calculado através da fórmula proposta por
Friedewald, Levv e Fredrickson (1972): VLDL = trigli-
cerídeos ÷ 5) e frutosamina; para determinar função he- pática
foram: gama glutamiltransferase (GGT), aspartato
aminotransferase (AST) e fosfatase alcalina (FA); para
determinação do metabolismo proteico foram: proteína total
(PT), ureia, albumina, ácido úrico e creatinina.
As amostras de sangue foram coletadas por ve-
nopunção da jugular com auxílio de tubos Vacutainer® (BD,
São Paulo, São Paulo, Brasil) de cinco mL contendo fluoreto e
EDTA, sendo devidamente identificados para
cada animal. A
avaliação da curva glicêmica foi realizada
no último dia de
coleta, para os componentes bioquí-
micos foram realizadas
no primeiro, terceiro e quinto dia de coleta do experimento.
Essas colheitas ocorreram antes
da primeira alimentação com
o animal em jejum. Para a avaliação glicêmica as colheitas
foram feitas às 8:00h (antes da primeira refeição), 11:00h,
14:00h, 17:00h e às 20:00h. No dia da avaliação glicêmica a
segunda re- feição somente foi ofertada após a colheita das
20:00h. Não foram mensurados os efeitos do estresse da
coleta a cada três horas nos animais.
O experimento foi realizado em delineamen- to
inteiramente casualizado, com quatro tratamentos, sendo
um grupo controle e três contendo diferentes for- mulações
com leveduras. Cada tratamento dispôs de cinco repetições.
Todos os dados foram testados quanto à normalidade
(Shapiro e Wilk, 1965) e homocedasti- cidade (Levene,
1960) de variância do resíduo. Aceitos estes pressupostos os
dados foram submetidos à análise variância e as médias dos
tratamentos comparadas pelo teste SNK (Student-Newman-
Keuls) com nível de signi- ficância de 5% para o erro tipo I.
A variável escore fecal
por ser não paramétrica foi avaliada
pelo teste de Kruskal e Wallis (1952) ao nível de significância
de 5%. A variável
glicemia (horário de colheita) foi avaliada
como parcela subdivida, onde nas parcelas tinham-se os
tratamentos e
Cad. Ciênc. Ag., v. 12, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.23902
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Avaliação dos parâmetros nutricionais e metabólicos de borregas alimentadas com leveduras na ração
nas sub-parcelas os horários de colheita (8h, 11h, 14h, 17h e
20h). Foi considerada tendência significativa o P valor
maior que 0,05 e menor que 0,10 conforme se observa na
discussão atual dos trabalhos internacionais publicados em
revistas indexadas.
Não houve diferença estatística (P>0,05) entre os
grupos avaliados para as variáveis consumo de ma- téria
seca (CMS) em kg dia-1, em porcentagem do peso corporal
e peso metabólico, e para digestibilidade na matéria seca
(DMS, Tabela 3). O CMS médio foi de 1,20
± 0,18 kg dia
-1
, se enquadrando dentro do recomendado
para a
categoria animal analisada que é de 1,0-1,3 kg dia-1 segundo
NRC (2007). o CMS em relação ao peso
corporal
(CMS%PC) recomendado pelo NRC (2007) é de 3,51%, logo
os valores de CMS%PC observados estiveram
todos próximos
do recomendado.
Resultados e discussão
Tabela 3 Consumo e digestibilidade da matéria seca em borregas alimentadas ou não com leveduras na dieta
Tratamento
CMS (kg dia
-1
)
CMS (%PC)
CMS (PC
0,75
)
DMS (%)
Controle Active
Flora® Milk
Sacc X® Rúmen
Yeast® P Valor
MG
CV
1,28
1,13
1,33
1,13
0,4741
1,20
17,69
3,46
3,06
3,90
3,02
0,3000
3,29
20,42
85,45
75,44
94,26
74,84
0,2714
80,94
18,21
83,90
81,13
84,51
79,05
0,2162
81,77
4,84
MG: média geral; CV: coeficiente de variação (%).
Os alimentos utilizados na dieta (farelo de soja e
milho, silagem e ureia; Tabela 1) serviram como fonte
de
nitrogênio degradável no men (PDR), maximizando
a
síntese de proteína microbiana, uma vez que esta é
dependente da concentração e qualidade das fontes de
energia (especialmente amido) no rúmen (Cruz et al.
2010).
Esse equilíbrio entre as fontes pode ter contribuído
em manter
o consumo de alimento estável. Além disso,
todas as dietas
eram iguais, possuíam um mix de enzimas
exógenas, alterando
apenas o tipo de levedura, o que possivelmente contribuiu
para esse resultado, tornando a microbiota ruminal estável.
adição de enzimas encontrou valores de DMS de 70,04%,
66,33%, 66,21% e 62,76%.
Não se observou influência (P>0,05) das dietas
avaliadas para consumo de água (CH
2
O), volume de urina,
densidade de urina, massa de fezes na matéria natural
(MFMN) e fezes na matéria seca (FMS). Houve tendência
significativa para a variável escore fecal (P=0,0682), onde
os tratamentos Active Flora® e Rúmen Yeast® se mostraram
superiores aos demais tendo em vista o mé- todo de
avaliação em graus de escore fecal sugerido por Gomes et al.
(2012), ou seja, ambas obtiveram o valor
recomendado para
a espécie ovina (escore 2) (Tabela 4). As leveduras são
responsáveis por modular a fermentação
ruminal, alterando a
configuração da microbiota do rú- men. melhorando a
digestibilidade e consequentemente o aproveitamento do
alimento, o que causa redução da excreção, com fezes mais
consistentes (Gomes et al., 2012).
A média da DMS do presente estudo foi de
81,77%, considerada alta digestibilidade da dieta. O CMS
esteve dentro do recomendado pela literatura, e pode-se inferir
que houve bom aproveitamento dos alimentos pelos
animais, uma vez que ocorreu alta digestibilidade
da matéria
seca sem redução do consumo. Logo, pode-se inferir que o
valor encontrado para a digestibilidade neste
estudo deveu-se
ao efeito associativo das leveduras e do mix de enzimas
presente no concentrado. As enzimas utilizadas neste estudo
têm por objetivo aumentar a degradação das frações
indigestíveis de alguns alimen- tos, com sinergismo as
enzimas endógenas do rúmen. Elas são essenciais, pois estão
envolvidas na hidrólise de alimentos complexos em suas
moléculas orgânicas mais simples, como glicose, celobiose,
xilose, aminoácidos e ácidos graxos, que então são
utilizados pelos microrga- nismos do rúmen (Kozloski,
2011). Aguiar et al. (2007) ao avaliar com níveis crescentes
de levedura na dieta em substituição ao farelo de milho e
farelo de soja sem
A média observada para CH
2
O dos animais foi de
3,64 litros de água por dia. Através da equação proposta pelo
NRC (2007) que possibilita calcular a exigência para
ingestão de água diária para ovelhas através do CMS: CH2O
= 3,86 x CMS 0,99. Utilizando a média do consumo de
matéria seca (CMS) encontrado para todos os tratamentos
(1,20 Kg dia-1), têm-se que a ingestão de água
recomendada é de 3,64 litros por dia, ou seja, os animais
ingeriram exatamente a quantidade de água recomendada.
Foi estabelecida relação entre o consumo de água bebida e a
quantidade de matéria seca ingerida para ovinos pelo NRC
(2007), devendo ser duas a três
Cad. Ciênc. Ag., v. 12, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.23902
6
Siqueira, M. T. S. et al.
vezes maior que o CMS, logo de acordo com esta reco-
mendação o CH2O dos animais neste experimento se
encontra dentro da normalidade.
Tabela 4 Consumo de água, parâmetros fecais e urinários de borregas alimentadas ou não com leveduras
CH
2
O/CMS
(L Kg
-1
dia
-1
)
Tratamento
CH O (L dia
-1
)
VU (L dia
-1
)
DU (g mL
-1
)
2
Controle
Active Flora®
Milk Sacc X®
Rúmen Yeast®
P Valor
MG
CV
Tratamento
Controle
Active Flora®
Milk Sacc X®
Rúmen Yeast®
P Valor
MG
CV
4,14
3,03
3,32
3,82
0,5394
3,64
28,89
MSF (%)
33,02
30,45
33,81
31,31
0,6509
32,15
14,36
2,77
2,94
1,33
3,34
0,1280
2,60
30,99
FMS (Kg dia-1)
0,175
0,190
0,190
0,194
0,9739
0,188
33,07
1,84
1,66
1,30
1,33
0,5091
1,53
32,65
MFMN (Kg dia-1)
0,521
0,575
0,548
0,572
0,8522
0,554
30,17
1,0204
1,0244
1,0248
1,0216
0,7584
1,0228
0,75
Escore Fecal*
1,74B
2,24A
1,92AB
2,24A
0,0682
2,03
XXX
*Estatística não paramétrica; MG: média geral; CV: coeficiente de variação; Letras distintas na coluna diferem-se pelo Teste de SNK à 5% de significância.
Em relação ao volume urinário (VU) não houve
diferença em função do tipo de levedura. A média geral da
produção de urina apresentada foi de 1,53 L dia-1. Para
Reece (2006), em ovinos a excreção de urina deve ficar entre
0,1 e 0,4L para cada 10kg de peso vivo. Os animais em
estudo tinham peso médio de 37,3Kg, ou seja, a excreção
de urina deve variar entre 0,4-1,5L po- dendo afirmar,
portanto que a excreção média de urina
apresentada pelas
borregas foi compatível com a faixa de recomendação, uma
vez que o consumo de água também
esteve dentro do
recomendado.
(Santos e Nogueira, 2012). Como as dietas continham a
mesma relação volumoso:concentrado, não houve efeito no uso
de leveduras no peso das fezes e na digestibilidade
(Tabela 3).
De acordo com Vieira (2008) uma ovelha
adulta produz
entre 0,8 e 1,5 kg de fezes dia
-1
em matéria
natural. Logo os
animais em questão tiveram produção de 0,3 kg dia-1 menor
que o recomendado, uma vez que se tratavam de animais em
crescimento. Segundo Van
Cleef et. al., (2010), os valores de
referência para matéria
seca fecal (FMS) para a espécie ovina
variam de 37% a 44%. Sendo assim, essa se manteve abaixo
dos valores mencionados (32,15%).
Não houve diferença da densidade de urina (DSD)
em
função do tipo de levedura associado ao uso de enzi-
mas
exógenas para as borregas em estudo. O valor médio
detectado
para essa variável foi de 1,0228, considerada normal para a
espécie. Segundo Carvalho (2008), para ovinos a variação da
densidade urinária é entre 1,0150 e 1,0450. Avaliando os
valores encontrados para CH2O, CH2O/CMS, DSD e VU,
pode-se afirmar que os animais não tiveram restrição
hídrica.
Neste estudo não foi observada diferença (P>0,05)
entre os tratamentos para as concentrações dos metabólitos
energéticos (Tabela 5). A verificação dos metabólitos
sanguíneos é uma ferramenta utilizada para melhor
interpretar os resultados de CMS e DMS, de modo que se
utiliza esta mensuração para observar se
houve algum tipo de
deficiência nutricional ou sobrecarga
hepática e renal durante
os processos de metabolização.
Não foram observadas diferenças (P>0,05) para
peso
de fezes na matéria natural (MFMN), na matéria seca e
matéria seca fecal (Tabela 4). O peso das fezes pode estar
relacionado com a composição da dieta, taxa
de passagem do
alimento pelo men e sua digestibilidade
Não houve diferença estatística entre os trata-
mentos para o metabólito triglicerídeos, de modo que esse
encontra-se dentro da faixa de referência citada por Silva et
al. (2020). A VLDL é responsável pelo trans- porte de
triglicerídeos, logo, é esperado que apresentem
Cad. Ciênc. Ag., v. 12, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.23902
7
Avaliação dos parâmetros nutricionais e metabólicos de borregas alimentadas com leveduras na ração
comportamentos semelhantes (Santos et al., 2015). Essa
variável permaneceu dentro da faixa de referência em todos
grupos avaliados, o que indica adequada capa- cidade de
transporte de moléculas de triglicerídeos ao longo do
período experimental. Os teores de colesterol também
estiveram dentro do esperado para todos os
grupos avaliados. Villa et al. (2009) afirmam que os níveis de
colesterol total plasmático são indicadores adequados
do total
de lipídeos no plasma, e tem uma relação direta com a
alimentação do animal, o que mostra que a dieta foi eficiente
em manter o metabolismo energético dos animais.
Tabela 5 Concentração média dos metabólitos energéticos de borregas alimentadas ou não com leveduras na dieta
Triglicerídeos
(mg dL
-1
)
VLDL
(g dL
-1
)
Colesterol
(mg dL
-1
)
Frutosamina
(µmol L
-1
)
Glicemia
(mg dL
-1
)
Tratamento
Controle
Rúmen Yeast®
Active Flora®
Milk Sacc X®
P Valor
MG
CV
VR*
36,26
36,46
38,26
40,33
0,9655
37,83
37,64
5-71
7,25
7,29
7,65
8,06
0,9654
7,56
37,65
1-16,40
46,80
53,86
54,66
54,60
0,6691
52,48
22,31
14-126,00
146,10
148,50
157,50
159,50
0,3943
154,90
9,37
119,00-451,00
62,24
62,96
66,48
59,96
0,6042
62,91
18,17
30,0-94,0
MG: média geral; CV: coeficiente de variação; VR*: valor de referência para ovinos segundo Silva et al. (2020).
A frutosamina é uma cetoamina estável e formada
quando a glicose reage não enzimaticamente com grupos
aminas das proteínas, principalmente a albumina e a
imunoglobulina e sua concentração no plasma ou sérica é
controlada pelo balanço entre a síntese e eliminação destes
compostos proteicos e de glicose (Gouveia et al.,
2015). Não
houve diferença (P>0,05) para esta variável, com todos os
tratamentos permanecendo dentro da faixa
recomendada por
Silva et al. (2020).
são carboidratos, como o ácido graxo volátil (AGV) pro-
pionato. Após a absorção pelo epitélio ruminal, o propio-
nato
segue via corrente sanguínea para o fígado, sendo
convertido em glicose na gliconeogênese para enfim ser
usado como fonte de energia pelo animal (Kaneko et al.,
2008). Portanto, dietas com relação de concentrado maior
que a de volumosos, como a deste estudo, permi-
tem maior
incremento de ácido propiônico, que é o único
dos AGV’s
precursor de glicose no ruminante, a partir da
fermentação dos
carboidratos solúveis, consequentemente aumentando a
concentração de glicose no plasma. Por ser uma via indireta,
seu tempo de produção é relativamente demorado, o que
explica as 6h necessárias para aumento
da glicose no sangue,
com o pico acontecendo 9h após a ingestão.
Não houve diferença entre os tratamentos para a
variável glicose (Tabela 5). Contudo, houve efeito qua-
drático para horário de avaliação para a concentração da
mesma (Gráfico1). A glicose plasmática em animais
ruminantes possui como precursor compostos que não
Gráfico 1 Concentração de glicose (mg dL-1) em relação ao horário de coleta em borregas alimentadas ou não com leveduras
na dieta
P-VALOR: 0,0158.
1Y = 73,890952 2,258333 + 0,096429x2, R2 = 30,33% (Eq. 3)
Cad. Ciênc. Ag., v. 12, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.23902
8
Siqueira, M. T. S. et al.
A fim de se avaliar a presença de sobrecarga
hepática dos animais verificou-se as concentrações de
enzimas hepáticas durante o experimento. No entanto, não
foi observada diferença entre grupos de borregas avaliadas
(tabela 6). A fosfatase alcalina é uma enzima sintetizada em
vários tecidos, sendo as maiores concen- trações no
intestino, rins, ossos e fígado (Kaneko et al.,
2008). Aumento nos níveis de fosfatase alcalina no plasma
sanguíneo indicam diversas condições patológicas, como
a
sobrecarga hepática. De forma geral, os valores dessa
enzima estiveram dentro da faixa de referência (Silva et
al.,
2020), indicando bom funcionamento hepático pelos
animais.
Tabela 6 Concentração média das enzimas hepáticas de borregas alimentadas ou não com leveduras na dieta
Fosfatase Alcalina
(U
L-1)
Tratamento
AST (U L
-1
)
GGT (U L
-1
)
Controle
Rúmen Yeast®
Active Flora®
Milk Sacc X®
P Valor
MG
CV
VR*
128,06
138,73
156,40
183,80
0,7386
151,75
35,13
49,00-826,90
199,33
123,95
195,55
229,53
0,5862
187,09
35,64
41,00-298,00
79,80
46,60
63,46
59,60
0,1070
62,36
31,73
25,00-146,00
AST: aspartato aminotransferase; GGT: gamaglutamiltransferase; MG: média geral; CV: coeficiente de variação; VR*: valor de referência para ovinos segundo
Silva et al. (2020).
A aspartato aminotransferase (AST) é uma en-
zima citoplasmática e mitocondrial, presente em vários
tecidos como fígado, músculos esquelético e cardíaco. Essa
enzima quando identificada acima das concentra- ções
consideradas normais, indica que o animal pode
desenvolver
lesão hepato-celular secundária, oriundo da
excessiva
mobilização lipídica. As concentrações de AST
estiveram
dentro do intervalo considerado normal para a
espécie (Silva
et al., 2018), indicando mais uma vez que esses animais não
desenvolveram lesão hepato-celular.
imediato caso haja lesão hepática aguda, pois pode ocorrer
liberação de fragmentos da membrana que contenham a
enzima (Paula, 2015). Em ambos os tratamentos essa enzima
está dentro dos valores de referência descritos por Silva et
al. (2020), indicando que o fígado desses animais se
encontrava em um metabolismo adequado.
Os metabólitos energéticos são eficientes em ava- liar
o status energético do animal, no entanto avaliam de
forma
indireta o status proteico dos mesmos, fazendo-se necessária a
avaliação de alguns metabólitos proteicos, para resultados
mais precisos. Deste modo, não houve
efeito (P<0,05) da
utilização de leveduras associadas ao
mix de enzimas sobre a
concentração dos metabólitos proteicos (Tabela 7).
A gamaglutamiltransferase (GGT) deve ser levada em
consideração juntamente com a AST, que ambas po- dem
indicar se ou não ocorrência de injúrias ao tecido
hepático.
Os níveis de GGT podem apresentar aumento
Tabela 7 Concentração média dos metabólitos de borregas alimentadas ou não com leveduras na dieta
Proteínas Totais
(g
dL-1)
Ureia
(mg dL
-1
)
Ácido Úrico
(mg dL
-1
)
Albumina
(g
dL
-1
)
Creatinina
(mg dL
-1
)
Tratamento
Controle
Rúmen Yeast®
Active Flora®
Milk Sacc X®
P Valor
MG
CV
4,26
4,93
4,55
4,52
0,1373
4,57
9,17
88,79
89,46
85,99
92,06
0,7000
89,08
9,03
0,05
0,10
0,10
0,07
0,5078
0,08
30,16
4,14
4,14
4,06
3,95
0,8670
4,07
10,04
0,86
0,80
0,80
0,79
0,7395
0,81
12,87
Cad. Ciênc. Ag., v. 12, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.23902
9
Avaliação dos parâmetros nutricionais e metabólicos de borregas alimentadas com leveduras na ração
VR
*
3,10-10,70
10,00-92,00
0-1,70
1,10-5,20
1,20-1,90
MG: média geral; CV: coeficiente de variação; VR*: valor de referência para ovinos segundo Silva et al. (2020).
Não houve diferença estatística entre os tratamen- tos
para proteínas totais e albumina, que mantiveram seus
valores
dentro do esperado (Silva et al., 2020). Ambos metabólitos
demonstram, o estado nutricional proteico, sendo
considerados os indicadores mais sensíveis para determina-
lo, que valores baixos indicam inadequado consumo
proteico (Oliveira et al., 2014).
Os valores de creatinina ficaram abaixo da faixa
normal de acordo com Silva et al. (2020) e não houve
diferença estatística entre tratamentos, o que pode ter sido
causado devido ao fato dos animais estarem confi- nados, o
que resulta em baixo consumo de energia pelo músculo, uma
vez que a creatinina tem estreita relação com a massa
muscular que varia de acordo com grau de exercício
realizado pelos animais.
A ureia não apresentou diferença estatística para o
presente experimento (P>0,05). Parte da proteína que
chega ao
rúmen é transformada em amônia, para que possa ser
utilizada pela microbiota ruminal na produção
de proteína
microbiana. Quando há falta de carboidratos
na dieta para a
completa utilização desta amônia, ela é absorvida pela
parede ruminal e levada ao fígado onde é transformada em
ureia com alto gasto energético. Essa
ureia pode ser eliminada
na urina, retornar ao rúmen via
saliva ou difusão na parede
ruminal e ser eliminada no
leite em caso de animal em
lactação (Kaneko et al., 2008).
Deste modo, é possível que
tenha havido uma melhora do sinergismo com o
concentrado que era fornecido em
maior quantidade na dieta
(relação concentrado:volumo-
so, 70:30). Com isso maior
passagem de nitrogênio, diminuindo a quantidade de
nitrogênio livre no rúmen que escaparia e seria metabolizada
em ureia no fígado.
Pôde-se observar que todos os metabólitos e
enzimas hepáticas ficaram dentro dos valores indicados
como ideais na literatura. Demonstrando que as dietas
utilizadas foram eficientes em manter os metabólitos em
níveis adequados, mantendo os animais livres de sobrecarga
hepática e renal. Tal fato ocorreu devido ao
sinergismo entre
as enzimas e leveduras, que contribuíram
para uma adequada
nutrição dos animais, mantendo o organismo dos mesmos
sem alterações significativas.
Conclusão
A inclusão de leveduras vivas ou inativadas na
dieta para borregas não influencia na digestibilidade da
dieta,
no consumo de matéria seca dos animais e também
não altera o
perfil metabólico dos mesmos, podendo ser utilizadas em
dietas com elevada proporção de grãos e mix de enzimas
exógenas.
O ácido úrico representa de forma indireta cres-
cimento de microrganismos no rúmen uma vez que é
utilizado pelos microrganismos ruminais, após a transfor-
mação em amônia, como fator de crescimento microbiano,
sendo utilizado para a síntese de proteína microbiana,
tornando-se assim disponível para o ruminante (Paula,
2015). No presente estudo, foi possível observar que os
valores se mostraram equilibrados, não apresentando
diferença estatística entre tratamentos.
Aprovação do Comitê de Ética
O protocolo experimental deste trabalho foi apro-
vado pela Comissão de Ética na Utilização de Animais
(CEUA) da Universidade Federal de Uberlândia sob o
número 092/17.
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