
Docha, A. L. M. et al.
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Cad. Ciênc. Agrá., v. 12, p. 01–05, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.24029
number of shoots per explant. The in vitro germination of seeds was satisfactory, with survival rate higher than 98%.
The percentage of in vitro contamination was only 2%, free from bacterial cultures. The apical shoots of C. rubriflora
were not multiplied in a single subculture in vitro in BAP culture medium. The results demonstrate the viability of
in vitro germination of C. rubriflora seeds for the introduction and subsequent micropropagation process, opening
perspectives for further studies with the species.
Keywords: Ruby paineira. Calcareous Dry Forest. Species conservation. Micropropagation.
Introdução
Ceiba rubriflora é uma árvore nativa do Brasil,
de ocorrência natural na região do médio São Francisco
nas fitofisionomias da Caatinga (stricto sensu), Floresta
Estacional Semidecidual, e vegetação sobre Afloramentos
Rochosos (REFLORA, 2019). As árvores podem atingir
mais de 20 metros de altura e a espécie se destaca na
paisagem árida, pelo florescimento em plena estação seca,
com flores de pétalas vermelhas. (Carvalho-Sobrinho e
Queiroz, 2008; Mahr, 2009).
Atualmente, o habitat natural da C. rubriflora
encontra-se fragmentado e degradado. Cerca de 46%
da cobertura vegetal original da Caatinga foi suprimida
da sua área original pela intervenção humana (MMA,
2019). Isso agrava-se pelo endemismo da C. rubriflora,
pois a baixa densidade de indivíduos numa área, limita a
produção de sementes, que garantiria a perpetuação da
espécie. Em decorrência disso, a C. rubriflora encontra-se
sob risco de extinção e assim há urgência na realização
de estudos relacionados a propagação da espécie.
Nesse contexto, a micropropagação apresenta-se
como uma ferramenta com potencial de viabilizar a con-
servação e multiplicação de espécies e/ou genótipos em
risco de extinção, tais como a C. rubriflora. Muitas espécies
florestais ameaçadas de extinção com valor comercial e
ornamental, tais como Moringa peregrina, Renanthera
imschootiana, Aegiphila verticillata, C. petandra, Cariniana
legalis, têm sido protegidas e multiplicadas via propagação
in vitro (Al-Khateeb et al., 2013; Wu et al., 2014; Almeida
et al., 2015; Aragão et al., 2018). Contudo, não há ainda
estudos na literatura que reportam o cultivo in vitro de
C. rubriflora.
O estabelecimento in vitro corresponde à pri-
meira etapa da micropropagação. A avaliação de agentes
desinfetantes na introdução in vitro dos explantes, como
o cloro ativo, tem sido determinante para o seu sucesso
(Pasqual et al., 2010; Brondani et al., 2013). Ademais,
vários fatores podem interferir na multiplicação in vitro
dos explantes, como reguladores de crescimento, a oti-
mização de suas concentrações potencializa a produção
de propágulos vegetativos. O regulador de crescimento
6-benzilaminopurina (BAP) tem sido utilizado com efi-
ciência para a multiplicação in vitro dos diversos tipos de
explantes de diferentes espécies (Oliveira et al., 2015).
Dada a importância de estabelecer e desenvolver
de um protocolo de cultivo in vitro de C. rubriflora, os
objetivos do presento estudo foram: (1) avaliar a ação
hipoclorito de sódio (NaOCl) na desinfestação das se-
mentes para germinação in vitro e (2) avaliar a o efeito
do BAP na multiplicação in vitro de brotações apicais.
Material vegetal
Frutos da C. rubriflora foram coletados de uma
árvore matriz crescendo em um afloramento calcário
numa área de Mata Seca na Fazenda Pequi-Porteirinha
(16°45’38”S, 43°54’07”W) da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG) em Montes Claros - MG. Para a
realização do presente estudo, um dos frutos foi arma-
zenado em ambiente seco e à temperatura ambiente até
sua completa maturação e deiscência no Laboratório
de Melhoramento Florestal da UFMG, campus Montes
Claros. Após abertura espontânea do fruto procedeu-se
o beneficiamento das sementes e as mesmas foram arma-
zenadas em recipiente plástico sob temperatura ambiente
(± 24°C) durante 6 meses.
Estabelecimento e multiplicação in vitro
O procedimento foi executado no Laboratório
de Biotecnologia, do Centro de Pesquisas em Ciências
Agrárias (CPCA) do Instituto de Ciências Agrárias da
UFMG.
No estabelecimento in vitro foi realizado expe-
rimento de desinfestação das sementes de C. rubriflora.
Inicialmente, as sementes foram lavadas em água corrente
durante 20 minutos com duas gotas de detergente Spa
Soft
®
neutro. Lavadas em água deionizada autoclavada
por três vezes e em capela de fluxo laminar, as sementes
foram imersas em solução de álcool (70%) durante 30
segundos, em seguida, imersas em diferentes soluções de
NaOCl nas concentrações 0,0; 0,5; 1,0; 1,5; e 2,5% (v/v)
de cloro ativo por 15 minutos e adicionadas 3 gotas do
detergente Spa Soft
®
neutro, em agitação constante. Ao
término da desinfestação, as sementes foram lavadas em
água deionizada autoclavada por quatro vezes e então
inoculadas individualmente em tubos de ensaio contendo
meio de cultura MS (Murashige; Skoog, 1962), suple-
mentado com sacarose (30,0 mg L
-1
), solidificado com
ágar (7,0 mg L
-1
) e pH ajustado para 5,8. O delineamento
experimental utilizado foi inteiramente casualizado (DIC),
com 5 tratamentos e 30 repetições por tratamento, onde
cada unidade experimental foi constituída por um tubo
de ensaio contendo uma semente. Aos 21 dias foram ava-
liados o número de sementes germinadas (após emissão