Percepção de risco da utilização e descarte de embalagens de agroquímicos em hortas, em
Santarém, Pará
Éder Bruno Rebelo da Silva
1*
, Gilbson Santos Soares
2
, Welligton Conceição da Silva
3
, Maria Roseane Pereira
dos Santos4
DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.25062
Resumo
O objetivo neste estudo foi analisar a percepção de risco no uso de agroquímicos quanto a utilização e descarte das
embalagens vazias em hortas no município de Santarém, Pará. O estudo foi realizado no município de Santarém, Pará,
com o
intuito de verificar a percepção dos produtores que utilizam agroquímicos em hortas, assim, foram realizadas entrevistas in
loco com aplicação de questionário contendo 10 perguntas de caráter aberto e fechado, sendo avaliadas 7 comunidades
produtoras de hortaliças (Área Verde, Cristo Rei, Floresta, Jutaí, Mararu, Tabocal e Urumanduba), totalizando 30
agricultores. Analisando os resultados, observou-se que todos os produtores respeitam o período de carência e grande parte
faz uso de métodos convencionais, seguindo principalmente as instruções do rótulo, obser- vou-se também que a maioria dos
produtores recebe orientação de profissionais com conhecimento técnico sobre o assunto. Percebeu-se que o agroquímico
mais adotado foi o inseticida, além disso, apenas uma pequena parte dos produtores utiliza equipamento de proteção
individual completo e a maioria realiza a lavagem das roupas após a utilização, entretanto, não realizam a tríplice lavagem das
embalagens vazias. Por fim, pode-se perceber que grande parte dos produtores não tem conhecimento sobre o posto de coleta
e descartam a embalagem dos agroquímicos principalmente no lixo. Diante do exposto, conclui-se que os produtores de
hortaliças do município de Santarém não fazem o descarte correto das embalagens vazias de agroquímicos, descartando-as em
ambiente inadequado, sendo que nenhum produtor devolveu a embalagem no posto de coleto conforme preconiza a legislação
brasileira.
Palavras-chave:
Ambiente. Defensivos agrícolas. Inseticida.
Risk perception of the use and disposal of agrochemical packaging in vegetable gardens, in
Santarém, Pará
Abstract
The objective of this study was to analyze the perception of risk in the use of agrochemicals regarding the use and disposal of
empty packaging in vegetable gardens in the municipality of Santarém, Pará. The study was carried out in the municipality of
Santarém, Pará, in order to verify the perception of producers who use agrochemicals in vegetable gardens, thus, were evaluated
on the spot with the application of a questionnaire containing 10 open and closed questions, with 7 vegetable producing
communities being evaluated (Área Verde, Cristo Rei, Floresta, Jutaí, Mararu, Tabocal and Urumanduba ), totaling 30
farmers. Analyzing the results, it was observed that all producers respect the grace period and a large part makes use of
conventional methods, following mainly as label instructions, it was also observed that most producers receive guidance
from professionals with technical knowledge on the subject. It
1Centro Universitário Luterano de Santarém, Santarém, PA. Brasil. http://orcid.org/
0000-0002-2964-8471
2Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia e Centro Universitário Luterano de Santarém, Santarém, PA. Brasil.
http://orcid.org/0000-0001-8810-1954
3Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém, PA. Brasil. http://orcid.org/ 0000-
0001-9287-0465
4Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, PA. Brasil. http://orcid.org/
0000-0002-3721-6564
*Autor para correspondência: eder.b.rebelo@gmail.com
CADERNO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
Agrarian Sciences Journal
2
Rebelo da Silva, E. B. et al.
was noticed that the most widely used agrochemical was the insecticide, besides, only a small part of the producers used
complete personal protective equipment and most of them wash the after use, however, they do not perform a triple washing of
the empty packaging. Finally, it can be seen that most producers are unaware of the collection point and discard the packaging
of agrochemicals mainly in the trash. In view of the above, it is concluded that vegetable producers in the municipality of
Santarém do not correctly dispose of empty agrochemical packages, discarding them in an advanced environment, and no
producer returned a package at the collection point as recommended by Brazilian legislation.
Keywords:
Environment. Insecticide. Pesticides.
Introdução
O cultivo de hortaliças através das conhecidas
hortas é uma prática que ocorre a bastante tempo, sendo
para
muitas famílias a principal fonte de renda (Ferreira e
Cepolini, 2014). Para Pantoja et al. (2013) a horta é
um
laboratório vivo, dessa forma toda interação química
e
biológica vai causar uma reação, seja ela benéfica ou
danosa.
recipientes para descarte, estima-se que o Brasil produz para
acompanhar essa demanda 115 milhões de emba- lagens
para armazenar 250 toneladas de agroquímicos (Oliveira e
Sabonaro, 2016).
A utilização e o manejo inadequado de defen-
sivos agrícolas podem ocasionar impactos ambientais e
prejuízos à saúde dos seres humanos e dos animais
(Lopes e
Albuquerque, 2018), neste contexto, justifica-se
este estudo
pela necessidade de identificar os principais problemas
relacionados ao modo de aplicação, utiliza- ção de EPIs,
local de descarte das embalagens vazias e conhecimento
dos produtores sobre o posto de coleta. Neste estudo,
adotamos a hipótese de que os produtores
de hortaliças do
município de Santarém fazem o descarte
correto das
embalagens vazias de agroquímicos.
Nesse contexto, os agroquímicos são substâncias
químicas artificiais utilizadas na agricultura e pecuária,
sendo tóxicos em graus variados ao homem, animais e
meio
ambiente. Sua principal função é a proteção vegetal contra-
ataques de pragas e moléstias, tais como bactérias, fungos,
insetos e no controle das chamadas ervas daninhas
ou plantas
invasoras (Lopes e Albuquerque, 2018).
O Brasil por ser um grande produtor agrícola
apresenta altas taxas de intoxicação por agroquímico, seja
no meio rural ou urbano, devido principalmente à
falta de
conhecimentos de manejo (Lara et al., 2019). Os agroquímicos
podem trazer riscos à saúde, e dependendo
do tempo de
exposição ao químico, além da quantidade utilizada, isso vai
se agravar ainda mais, ou seja, a falta
de conhecimento
ocasiona a superdosagem e é agravada
pelo uso parcial ou
nulo dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) (Santos
et al., 2017).
Com base nessas informações, o objetivo neste
trabalho foi analisar a percepção de risco no uso de agro-
químicos quanto à utilização e descarte das embalagens
vazias em hortas no município de Santarém, Pará.
Material e métodos
Local
Este é um estudo de caráter descritivo, a pesquisa
foi
realizada com agricultores de hortas residentes no
município de Santarém, Pará (02° 26’35” S e 54° 42’ 30”
W), situado no oeste paraense, mesorregião médio
Amazonas, no período de dezembro de 2019 a janeiro de
2020.
O uso do EPI torna seguro a aplicação de agroquí-
micos, entretanto há grandes evidências que um elevado
número de agricultores não faz o uso desses equipamentos
de
proteção (Sousa et al., 2016). Segundo Alves (2013) os EPIs
existem para proteger a saúde do trabalhador e devem ser
testados e aprovados pelas autoridades competentes
objetivando comprovar sua eficácia, desse modo, devem ser
utilizados para garantir a integridade do aplicador e proteger
contra contaminações ao meio externo.
Seleção da amostra
A fração de um todo é definida como amostra, ou
seja, uma pequena parcela de uma população (Bolfarine e
Bussad, 2004). Neste estudo, a amostra é composta,
exclusivamente por produtores de hortaliças do município
de
Santarém, Pará.
Na aplicação de agroquímicos em hortas a preocu-
pação extra é quando ao descarte das embalagens vazias, o
principal motivo da destinação correta das embalagens
é
diminuir o risco a saúde e a contaminação do meio
ambiente (Bernardi et al., 2018).
Foram avaliadas 7 comunidades produtoras de
hortaliças (Área Verde, Cristo Rei, Floresta, Jutaí, Mararu,
Tabocal e Urumanduba), sendo entrevistados 30 agri-
cultores, desse modo, foram aplicados 30 questionários. A
abordagem foi cautelosa, devido ao receio de ser um órgão
de fiscalização, por parte dos produtores.
A grande demanda na produção de hortaliças faz
com que o produtor busque otimizar sua produção
utilizando agroquímicos, o que favorece o aumento de
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Roteiro e coleta de dados
Durante o levantamento dos dados verificou-se
que
predominantemente 100% dos produtores respeitam
o período
de carência (período entre a última aplicação do agrotóxico e
a reaplicação, colheita, uso ou consumo do alimento). Para
Fernandes Neto e Sarcinelli (2009),
os agroquímicos são
contaminantes pela intensidade que
são usados, pelo não
cumprimento do intervalo e de do-
sagens fora das
recomendações descritas pelo fabricante.
Para mensurar a percepção do produtor a respeito
do
período de carência, observando se estes recebem alguma
instrução quanto ao manejo de agroquímicos e
qual era
responsável pela transmissão dessas informações,
bem como
verificar qual o agroquímico foi utilizado na horta, como se
deu a utilização dos Equipamentos de
Proteção Individual
(EPI), se realizam a tríplice lavagem,
onde estes costumavam
descartar as embalagens vazias e se possuíam conhecimento
sobre o posto de coleta.
Quanto ao tipo de cultivo, 28 produtores (93,3%)
declararam realizar o preparo convencional e apenas 2
produtores (6,7%) realizam o cultivo protegido. Isso
pode
ser explicado, devido ao cultivo convencional requer
grandes
quantidades de insumos, como fertilizantes e
defensivos
agrícolas para a sua manutenção e por muitas
vezes esses
agroquímicos são usados de maneira inade- quada, gerando
riscos ao meio ambiente (Rosset et al. 2014).
Com o intuito de verificar a percepção do pro-
dutor, o método de coleta de dados foi a entrevista com
questionário semiestruturado contendo 10 perguntas de
caráter aberto e fechado, o questionário aberto pos-
sibilitava ao produtor a resposta livre, o fechado dava
direito a resposta de “Sim” ou Não e de múltipla es-
colha, desenvolvido em feiras e em visitas in loco nas
propriedades.
Na Figura 1 observa-se que 14 (46,6%) produ-
tores seguem as instruções para aplicação apresentadas
no
rótulo do produto, 8 (26,6%) do vendedor, 4 (13,4%) do
engenheiro agrônomo ou técnico e 4 (13,4%) seguem
as
orientações dos familiares. Seguindo as instruções do
rótulo
os produtores minimizam os riscos de toxicidade ao
meio
ambiente eveis de poluentes, além da utilização adequada
do produto. Castelo (2003) relata que devido à quantidade de
informações técnicas e o tamanho das letras contidas na bula,
muitos agricultores afirmam que leem as informações sobre
dosagens e pragas, mas não
dão a devida atenção sobre
cuidados de segurança. Dados
distintos foram evidenciados
por Viero et al. (2016) em seu estudo realizado no interior
do Rio Grande do Sul,
que apontou que os produtores
utilizavam os agroquími-
cos conforme receituário do
engenheiro agrônomo das empresas fornecedoras dessas
substâncias.
As perguntas realizadas no questionário foram se o
produtor respeita o período de carência; o tipo de cultivo; se
segue as instruções de aplicação do rótulo, vendedor,
engenheiro agrônomo/técnico ou outro; se já recebeu
instruções sobre o uso de agroquímicos; se sim, de quem;
qual o agrotóxico é mais utilizado na propriedade; se faz
uso de EPI (equipamento de prote- ção individual); se a
roupa é lavada após a utilização; se
possuem conhecimento
sobre o posto de coleta; em quais
locais as embalagens de
agroquímicos são descartadas e se é feita a tríplice lavagem
da embalagens.
A escolha do agricultor foi aleatória, o único cri-
tério foi o produtor fazer parte da área de abrangência do
município de Santarém. A principal dificuldade durante a
realização das entrevistas foi o fato das comunidades e/
ou
propriedades se encontrarem distantes um das outras.
A maioria dos produtores 23 (76,6%) afirmaram ter
recebido orientações sobre o uso de agroquímicos, des- te 9
(29,9%) receberam instruções do cnico, 6 (19,9%) do órgão
de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), 4 (13,4%) do
vendedor, 3 (10%) de assistência particular e apenas 1 (3,4%)
recebeu instrução “familiar”. No entanto
7 produtores,
totalizando 23,4% relataram não receber orientações sobre a
utilização de defensivos agrícolas. Corroborando com o
estudo de Mendes et al. (2014), na qual a maioria dos
entrevistados (60,9%) receberam orientações de
profissionais especializados.
Durante a visita foi possível notar irregularidades
no
manejo de defensivos agrícolas e foram transmitidas
sugestões aos entrevistados sobre o descarte, proteção
antes,
durante e após a aplicação para não ocorrer futuras intoxicações
de pessoas e animais, nem contaminação do meio ambiente,
sendo está uma ação de caráter educativo.
Análise de dados
Os dados foram tabelados em planilhas do Mi-
crosoft Excel
®
2017, sendo posteriormente apresentados
em
forma de gráficos e tabelas para facilitar a discussão e
entendimento do leitor.
Quando questionados sobre o tipo de agrotóxico
utilizado em suas propriedades 12 (40%) produtores
relatam que fazem o uso apenas Inseticida, 6 (20%)
produtores utilizam Fungicida e Herbicida, 5 (16,7%)
aplicam Inseticida e Herbicida, 4 (13,3%) utilizam Fun-
gicida e Herbicida e apenas 3 (10%) usam os três tipos de
defensivos (Fungicida, Herbicida e Inseticida). Resul- tados
semelhantes foram evidenciados por Mendes et al. (2014) no
município de Tianguá, Ceará, acerca do uso e aplicação de
agroquímicos, onde os inseticidas foram os mais utilizados
pelos produtores.
Resultados e discussão
Neste item serão apresentados os resultados
obtidos no estudo a partir da aplicação do questionário
aos
produtores de hortaliças. Os dados foram organizados
seguindo
a ordem das perguntas realizadas no questio- nário.
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Rebelo da Silva, E. B. et al.
Figura 1 Resposta dos produtores quando questionados sobre as instruções de aplicação.
parcialmente, segundo Viero et al. (2016), os trabalhado- res
ficam expostos a contaminações e acidentes, cujo uso correto
dos EPI poderia minimizar ou evitar. Santos et al. (2017)
afirmam que entre todas as atividades de manejo
das culturas,
a aplicação de defensivos agrícolas é a que oferece maior
perigo ao trabalhador rural, para Nunes (2010) a falta ou a
utilização parcial do EPI representa
grande perigo à saúde do
aplicador, aumentando os riscos
de intoxicações.
Na utilização de equipamentos de proteção in-
dividual, a maioria dos produtores 18 (60%) fazem uso de
utilizam EPI parcialmente, outra parte não utiliza e uma
pequena parcela faz uso completo do EPI (Figura 2). Isso
pode ser explicado, possivelmente, devido as condições
financeiras que podem inviabilizar a comprar de EPIs,
associado ao desconforto da utilização desses
equipamentos
em decorrência do calor intenso na região.
Foi possível inferir
que a maioria não utiliza EPI ou usa
Figura 2 Resposta dos produtores quanto a utilizam equipamento de proteção individual.
Dos produtores entrevistados que responderam
fazer
o uso parcial do equipamento de proteção individual,
grande
parte utiliza, principalmente, luvas (13), botas
(13) e óculos (5), os demais equipamentos adotados estão
apresentados na Tabela 1. Vale ressaltar que durante a
entrevista uma das principais queixas pelo uso parcial do
EPI é
a falta de conforto rmico e o desconforto durante
a utilização,
resultados semelhantes foram encontrados no
estudo de Santos et al. (2017) que realizaram a aplicação de
um questionário na região do município de Governador
Mangabeira-BA, os resultados obtidos mostraram que os
principais motivos alegados pelos produtores para a não
utilização ou utilização incompleta do EPI foi por estes
serem considerados desconfortáveis, esquentarem demais
(calor), dificultarem a respiração e mobilidade.
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Percepção de risco da utilização e descarte de embalagens de agroquímicos em hortas, em Santarém, Pará
Tabela 1 Respostas dos produtores que utilizam EPI parcialmente.
EQUIPAMENTOS
LUVAS
BOTAS
CHÁPEU
ÓCULOS
*MCM
*AI
QUANTIDAD
E
13
13
1
5
3
1
*Cada produtor pode selecionar mais de uma opção de acordo com a vestimenta Adotada.
*MCM= Macacão Com Mangas
*AI= Avental Impermeável
Predominantemente 29 (96,6%) dos produtores
afirmaram lavar a roupa após a aplicação e somente 1
(3,4%) não realiza esse procedimento. Esse dado é
importante, pois a lavagem das roupas reduz a fonte de
contaminação. Em estudo semelhante realizado por Costa et
al. (2017) na comunidade Rodeador no Cariri Cearense
encontrou-se resultados divergentes, onde por pois a grande
maioria dos entrevistados não lavam as roupas após o
trabalho (91,7%).
(2015) descrevem que muitos produtores desconhecem a à
legislação (Lei 9.974 de 2000) referente à devolução das
embalagens vazias, que devem ser entregues no local
de venda
que o produtor efetuou a compra (artigo 6º). Mendes et al.
(2014) afirmam que as embalagens dos agroquímicos, são
um problema de saúde pública, dessa forma, a destinação
final correta realizada por meio da devolução no posto de
coleta, busca reduzir o risco para a saúde das pessoas e de
contaminação do meio.
Em relação ao conhecimento sobre os postos de
coleta, identificou-se que 22 (73,4%) produtores o co-
nhecem e não sabem sobre o posto de coleta e somente 8
(26,6%) tem conhecimento sobre o local de devolução das
embalagens vazias. Esse dado é preocupante, pois quando
as
embalagens vazias de agroquímicos são descartadas em
locais inadequados, essas podem contaminar o meio
ambiente, além de pode aumentar os riscos à saúde de
seres
humanos e animais. Nesse contexto, Cavalcante et al.
A maioria dos produtores 18 (60%) descartam,
principalmente, as embalagens vazias de agroquímicos no
lixo comum ou deixam próximo a cultura 4 (13,4%), outros
ambientes também são utilizados para o descar- te conforme
Figura 3. Teixeira et al. (2014) em estudo semelhante
realizado na região de Guanambi-BA, iden- tificaram que o
descarte é realizado próximo a cultura, enterram, queimam e
apenas um produtor devolve no posto de coleta.
Figura 3 Resposta dos produtores em relação ao local de descarte das embalagens vazias de agrotóxico.
Questionados sobre a realização da Tríplice Lava-
gem, 24 (80%) dos produtores não realizam esse proce-
dimento em embalagens vazias, e a minoria de 6 (20%)
executam a lavagem das embalagens. A tríplice lavagem das
embalagens vazias está previsto na legislação brasi- leira,
(Brasil, 2002), e deve ser executado sempre antes do descarte
da embalagem, evitando a contaminação do
ambiente.
Resultados semelhantes foram observados por Costa et al.
(2017) em estudo no Cariri Cearense, no qual, 87,55% não
realizam a tríplice lavagem das embalagens. Segundo Reinato
et al. (2012) a embalagem vazia de de-
fensivos agrícolas,
retém quantidade do produto, e essa
quantidade varia em função da superfície, do formato e da
formulação, por isso a necessidade da execução da tríplice
lavagem, assim diluindo resíduos do produto e
consequentemente reduzindo possíveis contaminações e
intoxicações.
Conclusão
Os produtores de hortaliças do município de San-
tarém, Pará. não fazem o descarte correto das embalagens
vazias de agroquímicos, descartando-as em ambiente
inadequado, sendo que nenhum produtor devolveu a
Cad. Ciênc. Ag., v. 12, p. 0106, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2020.25062
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Rebelo da Silva, E. B. et al.
embalagem no posto de coleto conforme preconiza a
legislação brasileira. Além disso, os produtores seguem
principalmente as instruções do rótulo, e recebem orien- tação
de profissionais com conhecimento técnico sobre o assunto.
Percebeu-se que o agroquímico mais adotado foi o inseticida.
Por fim, apenas uma pequena parte dos produtores utiliza
EPI completo e a maioria realiza a lavagem das roupas após
a utilização, entretanto, não realizam a tríplice lavagem das
embalagens vazias.
Ética da pesquisa
Este estudo seguiu os preceitos éticos de pes-
quisa, obedecendo às normas de sigilo confidencial de todas
as propriedades visitadas in loco”, bem como os aspectos
vinculados aos proprietários. Todos os partici- pantes
concordaram voluntariamente em participar da pesquisa,
tendo sido informados sobre as questões de
sigilo de dados.
Ademais, registraram seu aceite mediante assinatura de termo
de consentimento livre e esclarecido.
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