O homem e os ruminantes têm dividido uma longa
história de produção desde o início dos tempos,
inicialmente de uma forma nômade, e agora com mo-
dernas formas de manejo, principalmente no aspecto
nutricional. Assim, com a constante evolução da nutrição
nesta
espécie, o interesse sobre a digestão de bovinos tem
aumentado amplamente (Berchielli; Pires; Oliveira, 2011).
em animais são escassos e contraditórios entre literaturas
(Almeida, et al., 2008)
Alguns estudos afirmam a ausência da enzima
alfa- amilase salivar em bovinos adultos ou bezerros
(Young e Schneyer, 1981; Lima, et al., 2013), porém,
outros autores demonstraram a atividade da enzima alfa-
amilase salivar na mesma espécie (Reece, 2017; Alves,
Costa e Moraes, 2016). Nesse contexto, o objetivo desse
trabalho foi analisar a presença ou ausência da atividade da
enzima alfa-amilase na saliva de bovinos e que este trabalho
possa contribuir para estudos futuros sobre digestão dos
ruminantes.
A nutrição de ruminantes, em sua maioria, está
baseada nas pastagens tropicais, contudo, visto o inade-
quado manejo do pasto e a sazonalidade nos períodos de
seca,
torna-se necessário buscar alternativas para suprir as
exigências dos animais e, consequentemente, obter um
produto final de qualidade. O uso de concentrados, seja ele
com suplemento ou no próprio confinamento, são opções
para atender essas exigências, porém, a ne-
cessidade de
aumentar a densidade energética das dietas
maximiza o uso
desses concentrados, podendo acarretar distúrbios
metabólicos (Alves, et al., 2003).
Para este estudo foram analisadas amostras de
saliva oriundas de animais da Unidade Educativa de Pro-
dução de Zootecnia III do Instituto Federal do Norte de
Minas Gerais (IFNMG) – Campus Salinas, localizado na
Fazenda Varginha, Rodovia MG-404, Km 02, Salinas-MG. O
protocolo experimental desse trabalho foi aprovado pela
Comissão de Ética na Utilização dos Animais (CEUA) do
Instituto Federal do Norte de Minas Gerais sob o protocolo
de
número 06/2020.
Os problemas digestivos são frequentes em bo-
vinos e, na sua maioria, estão relacionados a um inade-
quado manejo nutricional, seja pelo fornecimento de
nutrientes em excesso como já dito, principalmente em
sistemas intensivos de criação, ou devido ao fornecimento
de
alimentos em quantidade ou qualidade inadequada, situação
mais observada em sistemas extensivos de cria- ção em
condições de escassez de forragens (Lima, et al. 2008,
Gheller, et al. 2010, Burns, et al. 2013).
Foram coletadas treze amostras, onde oito bovi- nos,
fêmeas adultas e em lactação estavam alimentadas com dieta
balanceada, e as outras cinco amostras de bezerros
lactentes. A dieta balanceada era constituída por 55% de
milho, 38% de farelo de soja, 2% de ureia,
3,5% de
suplemento mineral, 1% de óleo mineral e 0,5%
de
bicarbonato de sódio.
A maior parte dos componentes das dietas, in-
cluindo os carboidratos, são demasiadamente grandes para
sofrerem absorção direta através do epitélio intesti- nal e no
sangue. Dessa forma, é necessário que ocorra o processo de
digestão, que é onde ocorre a decomposição do alimento em
pequenos fragmentos (Reece, 2017).
A coleta da saliva foi realizada após a ordenha,
tanto de adultas como lactantes devido a facilidade de
contenção e manejo dos animais. Com o auxílio de luvas e
swab do tipo zaragatoa, as amostras foram coletadas do
vestíbulo oral dos animais através de um esfregaço (todas
em um mesmo dia, no período da tarde) (Figu- ra 1).
Durante a coleta, foram preenchidas fichas que continham
as identificações por brinco, sexo e tipo de alimentação
(Tabela 1).
Essa redução física da partícula é importante não
apenas para permitir que o alimento flua por um tubo
digestivo relativamente estreito, mas também para
aumentar a
área de superfície das partículas de alimento,
facilitando o
contato das enzimas digestivas que agem clivando
moléculas maiores em moléculas menores ca- pazes de
serem absorvidas (Klein, 2014).
O swab foi inserido em microtubo tipo eppendorf
(tubo de microcentrífuga – Figura 2) para a deposição da
saliva. Os microtubos se encontravam identificados e com 2
mL de solução fisiológica estéril (NaCl 0,9%).
Posteriormente, o material coletado foi acondicionado em
caixa de isopor com gelo (Figura 2), para serem conduzidas
ao laboratório e armazenadas em freezer de geladeira e
mantidas congeladas a -10°C, para posterior determinação da
presença da atividade da enzima alfa-
-amilase salivar.
Dentre as enzimas estudadas no processo diges-
tivo,
podemos citar a alfa-amilase salivar e a alfa-amilase
pancreática, que possuem importante participação na
digestão de carboidratos. Durante a digestão, os amidos
da
dieta começam a ser clivados na boca pela alfa-amilase salivar
(Reece, 2017). Essa enzima tem como função bio- lógica
dividir o amido em maltose, maltotriose e dextrinas
entretanto,
estudos sobre a presença de amilase salivar
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 01–07, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.26074