Conservação de soro do leite integral bovino e sua influência na alimentação de leitões na
fase de creche
Milena Alves da Silva
1
, Adryze Gabrielle Dorásio
2
, Jean Kaique Valentim
3
, Janaína Palermo Mendes
4
, Jeferson Eder Ferreira de
Oliveira
5
, Sabrina Vargas Monteiro
6
, Bruna Pontara Villas Boas Ribeiro
7
, Juliano José de
Oliveira Coutinho8, Ariadne Freitas
Silva9
DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.26778
Resumo
Objetivou-se demonstrar a melhor forma de conservação do soro de leite e verificar o desempenho de suínos na fase de
creche utilizando diferentes níveis de soro de leite em substituição a dieta basal. Foram utilizados 30 leitões machos da
linhagem DanBred x Large White, com peso médio de 6 kg ± 0,200g com 23 dias de idade. Os animais foram distribuídos em
cinco grupos com inclusão do soro do leite integral bovino. Estes tratamentos foram realiza- dos de acordo com a inclusão do
soro de leite na ração controle, com 6 repetições por tratamento em delineamento inteiramente casualizado: D0- Dieta
testemunha sem soro; D1 substituição de 7% da dieta D0 por soro de leite; D2 substituição de 14% da D0 por soro de
leite; D3 substituição de 21% da dieta D0 por soro de leite; D4 subs- tituição de 28% da dieta D0 por soro de leite. Os
parâmetros avaliados quanto a qualidade do soro de leite foram a acidez em graus dornic (°D) e com relação ao desempenho
animal foram, consumo de ração, conversão alimentar, ganho de peso médio diário. Os resultados foram submetidos à análise
de variância e realizado o teste de Tukey ao nível de 5 %. O melhor método de conservação do soro de leite é mantê-lo resfriado
por até uma semana. A utilização do soro de leite integral em dietas de leitões na fase de creche é vvel até 7%, pois apesar de
aumentar o consumo de ração, melhora a conversão alimentar e consequentemente o desempenho animal.
Palavras-chave:
Desempenho. Leitegada. Produto lácteo. Suinocultura.
Conservation of whole bovine milk serum and its influence on piglet feeding in the nursery
phase
Abstract
1Instituto Federal de Minas Gerais. Campus Bambuí . Bambuí, MG. Brasil.
http://orcid.org/0000-0003-1127-4894
2Instituto Federal de Minas Gerais. Campus Bambuí . Bambuí, MG. Brasil.
http://orcid.org/0000-0003-1998-0099
3Universidade Federal da Grande Dourados. Dourados. Dourados, MS. Brasil.
http://orcid.org/0000-0001-8547-4149
4Universidade Federal da Grande Dourados. Dourados. Dourados, MS. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-7860-0933
5Instituto Federal de Minas Gerais. Campus Bambuí. Bambuí, MG. Brasil.
http://orcid.org/0000-0003-3729-9053
6Instituto Federal de Minas Gerais. Campus Bambuí. Bambuí, MG. Brasil.
http://orcid.org/0000-0002-2505-5265
7Instituto Federal de Minas Gerais. Campus Bambuí. Bambuí, MG. Brasil.
http://orcid.org/0000-0003-3386-191
8Instituto Federal de Minas Gerais. Campus Bambuí. Bambuí, MG. Brasil.
http://orcid.org/0000-0002-7481-6366
9Universidade Estadual de Montes Claro. Campus Janaúba. Janaúba, MG. Brasil.
http://orcid.org/0000-0003-4378-4733
*Autor para correspondência: kaique.tim@hotmail.com
Recebido para publicação em 20 de dezembro de 2020. Aceito para publicação em 12 de fevereiro de 2021.
e-ISSN: 2447-6218 /
ISSN: 2447-6218. Atribuição CC BY.
2
Silva, M. A. et al.
The objective was to demonstrate the best way to preserve whey and to verify the performance of pigs in the nursery phase
using different levels of whey to replace the basal diet. Forty DanBred x Large White male piglets were used, with an average
weight of 6 kg ± 0,200g at 23 days of age. The animals were divided into five groups with the inclusion of whole bovine milk
serum. These treatments were performed according to the inclusion of whey in the control diet, with 8 replicates per
treatment in a completely randomized design: D0- Control diet without serum; D1 - replacement of 7% of the D0 diet by
whey; D2 - replacement of 14% of D0 by whey; D3 - replacement of 21% of the D0 diet by whey; D4 - replacement of 28%
of the D0 diet by whey. The parameters evaluated for the quality of whey were acidity in Dornic degrees, and about the
animal, the performance was feed intake, feed conversion, average daily weight gain. The results were subjected to analysis of
variance and the Tukey test was performed at the 5% level. The best method of preserving whey is to keep it cold for up to a
week. The use of whole whey in piglet diets in the nursery phase is viable up to 7% because despite increasing feed
consumption, it improves feed conversion and consequently animal performance.
Keywords:
Dairy product. Performance. Piglets. Pig farming.
Introdução
A suinocultura visando principalmente o aumen-
to
de produtividade e redução dos custos de produção passou
por diversas alterações tecnológicas, isso porque a
alimentação ainda continua sendo o componente de maior
participação no custo de produção (Barros et al., 2020;
Almeida et al., 2020). O consumo de ração do leitão na fase
de creche representa apenas 2,6% do total
de ração sólida até o
abate, no entanto, necessita de uma
escolha cuidadosa na
formulação correta das rações, e
também, na correta mistura
dos ingredientes. A busca por alimentos alternativos que visem
à redução dos custos de
produção tem sido constante, assim,
o soro do leite tem se mostrado eficiente (Zardo e Lima,
1999; Haraguchi et al., 2006).
Após o desmame, a composição da dieta dos
leitões altera drasticamente, sendo o leite da porca subs-
tituído por uma dieta com maior nível de matéria seca, a
lactose pelo amido, e a caseína do leite (de alto valor
biológico) por proteínas vegetais menos digestíveis para o
leitão (Caldara et al., 2009), associado muitas vezes a
problemas de hipersensibilidade no trato gastrointestinal.
Tais mudanças na dieta possuem ações diretas na
queda do desempenho após o desmame, em função dos
problemas advindos da imaturidade fisiológica do trato
gastrointestinal frente ao novo alimento (Haraguchi et al.,
2006; Xiao et al., 2016; Navis et al., 2020a). Assim, a
inclusão de lactose na dieta promove um ecossiste- ma
gastrointestinal saudável de suínos após o desma- me em
termos da manutenção de algumas espécies de
Lactobacillus no trato gastrointestinal (Sugiharto et al.,
2015). Dietas com produtos lácteos podem melhorar a taxa
de crescimento de leitões, desta forma produtos derivados
do leite conhecidos como o soro de leite, que é um
subproduto da fabricação do queijo, que pode ser utilizado
na alimentação de suínos (Navis et al., 2020b).
O soro é o líquido resultante da separação da
caseína e da gordura do leite no processo de elaboração
do
queijo, apresentando alto valor nutricional, com mais da
metade dos sólidos presentes no leite integral original,
incluindo a maior parte da lactose, minerais e vitaminas
hidrossolúveis e cerca de 20% das proteínas do leite, o soro
de leite pode ser fornecido aos leitões na sua forma natural
líquida. Além disso, possui carboidratos como a lactose,
nitrogênio das proteínas, além de ser uma fonte de cálcio, as
proteínas do soro do leite possuem proprie- dades
antioxidantes, (Matalanis et al., 2012; Almeida et al., 2015).
Com isso, este trabalho teve como objetivo mos- trar
o melhor método de conservação do soro de leite e avaliar
o desempenho dos suínos na fase de creche utilizando
diferentes níveis de soro de leite bovino na dieta.
O soro do leite é originado da coagulação do leite,
sendo um subproduto capaz de atender tanto a alimentação
humana quanto a animal, desta forma, é necessária a busca
por alternativas que visem à utiliza- ção correta deste
coproduto, que alguns subprodutos gerados podem
ocasionar problemas para o meio am-
biente quando
desperdiçados em grandes volumes, sendo
constituinte das
águas residuais advindas dos lacticínios e direcionadas
diretamente aos corpos receptores ou em sistemas de
tratamento com baixa eficiência, contami- nando
drasticamente o meio ambiente, caracterizando grave
impacto negativo das indústrias de laticínios no mundo
(Garrido et al., 2016; Ganju e Gogate, 2017).
Material e métodos
O experimento foi realizado no setor de
Suinocultura do Instituto Federal de Minas Gerais campus
Bambuí. Foram utilizados 30 leitões machos da linhagem
DanBred x Large White, com peso médio de 6 kg ± 0,200g
com 23 dias de idade. Os animais foram
alojados em baias
elevadas com 1,3 x 1,1 x 0,6 m, com piso parcialmente ripado,
bebedouro tipo chupeta e comedouro manual. Para o
fornecimento de calor suplementar foram utilizadas lâmpadas,
a aeração interna foi controlada por sistema de cortinas,
mantendo a temperatura entre 23°C
e 28°C.
Cad. Ciênc. Ag., v. 13, p. 0106, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.26778
3
Conservação de soro do leite integral bovino e sua influência na alimentação de leitões na fase de creche
Os animais foram distribuídos em cinco grupos
distintos com inclusão do soro do leite integral bovino,
desta
forma, estes tratamentos foram realizados de acordo
com a
inclusão do soro de leite na ração controle, com 6
repetições por tratamento em delineamento inteira- mente
casualizado (DIC) : D0- Dieta testemunha sem soro; D1
substituição de 7% da dieta D0 por soro de leite; D2
substituição de 14% da D0 por soro de leite;
D3 substituição de 21% da dieta D0 por soro de leite; D4
substituição de 28% da dieta D0 por soro de leite.
A dieta base foi elaborada com milho e farelo de soja
e formuladas de acordo com Rostagno et al. (2011) conforme
a (Tabela 1). A alimentação foi fornecida duas
vezes ao dia
pela manàs 09:00 h e pela tarde às 15:00
h.
Tabela 1 Formulação e composição química da ração base dos leitões (Inicial).
EM (kcal/
kg)
P total
(%)
Ingredientes
Porcentual
PB (%)
Ca (%)
Lis (%)
Met+Cist
Milho
61,7
5,09
2060,78
0,018
0,049
0,12
0,197
Farelo de soja
28,3
12,8
797,96
0,068
0,051
0,72
0,33
Açúcar
5,0
----
37,37
----
----
----
----
Núcleo Inicial*
5,0
----
----
0,5
0,24
0,065
0,02
Total
100
17,89
2896,11
0,59
0,34
0,905
0,55
*Níveis de garantia do núcleo vitamínico-mineral: Ácido pantotênico (min) 240 mg/kg; ácido fosfórico (min) 864 mg/kg; ácido fólico (min) 0,44 mg/kg;
antioxidante (min) 200 mg/kg; acidificante (min) 1500 mg/kg; bacilus subtillis (min) 2,5 UFC/kg; bacilos lincheniforms (min) 2,5 UFC/kg; biotina (min) 0,4
mg/kg; cálcio (max) 30 g/kg; cálcio (min) 10 g/kg; cloro (min) 59 g/kg; cobre (min) 600 mg/kg; colina (min) 1850 mg/kg; en- xofre (min) 5000 mg/kg; ferro
(min) 600 mg/kg; flúor (max) 470 mg/kg; flavorizante (min) 1300 mg/kg; fosforo (min) g/kg; iodo (min) 3 mg/kg; lactose (min) 100 g/kg; lisina (min) 18 g/kg;
manganês (min) 200 mg/kg; metionina (min) 4000 mg/kg; niacina (min) 200 mg/kg; saccharomyces cerevise (min) 2 UFC/kg; selênio (min) 1,2.
O soro de leite integral foi fornecido pelo Setor de
Laticínios do campus Bambuí, sendo conservado em
refrigeração na temperatura de 8°C, assim, foi feita análise
de
acidez para constatar a melhor forma de conservação
do soro,
sendo transportado até o setor de suinocultura o
qual foi
incluído à ração para o fornecimento aos leitões. Os
parâmetros avaliados quanto à qualidade do soro de leite
foram a acidez em graus Dornic e com relação ao
desempenho animal, foram, consumo de ração (kg),
conversão alimentar e ganho de peso médio diário (kg).
Posteriormente, foram submetidos à análise de variância
através do programa R Studio. Quando observado efeito
significativo foram realizadas comparações de médias com
uso
do teste de Tukey. Para todas as análises realizadas o nível
de significância utilizado foi de 5%.
Resultados e discussão
Na primeira semana de avaliação, o soro pasteuri-
zado, resfriado e pasteurizado/congelado mantiveram-se
em
11°D. Na segunda semana de análise, o soro do leite
manteve-
se em 11°D, a conservação pasteurizada (17°D),
pasteurizado/congelado (22°D). Na terceira semana, o soro
resfriado (16°D), pasteurizado (21°D). E na quarta semana, o
resfriado (20°D). Desta forma, o soro pasteu-
rizado/congelado obtiveram a acidez mais distante do
padrão tido como o ideal, por este motivo sua análise foi
suspensa após primeira semana (Tabela 2).
A conservação do soro foi realizada através de três
métodos: o primeiro foi a conservação, onde o leite foi
resfriado a 8°C. O segundo foi a pasteurização lenta do soro
do leite fresco à uma temperatura de 63°C por 30 minutos,
logo após este processo o produto passou por um descanso
até atingir a temperatura de 24°C, e
posteriormente foi
encaminhado para a câmara fria para
ser conservado a 8°C.
No terceiro método o soro foi pas- teurizado e congelado,
mantido a uma temperatura de
-2°C.
A acidez do leite pode ser analisada através do
teste
de Dornic, na literatura (Rosa et al., 2017; Santos et
al., 2020)
o leite possui acidez normal entre 13 a 18°D, assim, a acidez
do soro é determinada por da acidez do leite, variando
normalmente de 12 a 13°D.
Os dados de ganho médio diário de peso foram
obtidos por pesagens individuais desde o início do ex-
perimento semanalmente até os 56 dias pós-desmame (8
semanas). O consumo diário de ração foi obtido pela
quantidade de ração fornecida medida diariamente e no
final de cada período, foi realizada uma totalização
subtraindo as sobras presentes nos comedouros.
Por isso, o soro do leite pasteurizado e resfriado teve
a sua acidez acima do padrão desejável na primeira semana,
isso porque na segunda semana de armazena-
mento a acidez
calculada em Dornic começou a aumentar
exponencialmente.
Esse parâmetro de acidez auxilia na determinação da
qualidade físico-química do leite, que pode ser influenciada
por diversos fatores tais como: saúde das vacas, higiene
pré e pós ordenhas, fatores
Os dados foram verificados quanto à normalidade
dos
resíduos utilizando-se o teste de Shapiro-Wilk e ho-
mogeneidade das variâncias com uso do teste de Levene.
Cad. Ciênc. Ag., v. 13, p. 0106, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.26778
4
Silva, M. A. et al.
nutricionais entre outros (Magalhães, 2005; Araujo et al.,
2013).
estabelecidos pela vigente legislação brasileira, conhecida
como Instrução Normativa 51, o que é sugestivo a falhas
em
algum dos processos da obtenção do produto, seja na ordenha,
manejo, acondicionamento, transporte (Gomes
et al., 2011).
Quando no teste Dornic a acidez apresenta-se
acima de 18°D, o produto encontra-se fora dos padrões
Tabela 2 Valores de acidez nos diferentes métodos de conservação do soro por semana de armazenamento
Acidez
Tipos de conservação
S0
S1
S2
S3
Soro de leite resfriado
11°D
11°D
16°D
20°D
Soro de leite pasteurizado
11°D
17°D
21°D
-
Soro de leite pasteurizado/congelado
11°D
22°D
-
-
Primeira semana do dia 0 do armazenamento do soro (S0); segunda semana de armazenamento do soro para conservação (S1); terceira semana de armazenamento
do soro para conservação (S2); quarta semana de armazenamento do soro para conservação (S3).
Cabe ressaltar que logo após a ordenha, o leite
não
apresenta alterações fermentativas. Essa fermentação
ocorre
devido à ação da temperatura, que produzirá um
fermento e
este que será medido pela acidez. Com isso, a perda de leite nas
usinas acontecerá quando a fermentação
do leite for maior que
18°D (Rodrigues et al., 2013).
conversão alimentar (kg/kg), houve diferença significativa sobre
o ganho de peso (P<0,05) pelos tratamentos, onde
os leitões
que foram alimentados com a dieta (D0) sem a presença do
soro do leite (0%) apresentaram ganho de peso de 0,108 kg.
Conforme os níveis de inclusão do soro foram aumentando,
foi notória a redução no ganho de peso 0,082, 0,081, 0,051,
0,053 kg/dia, sendo os
respectivos níveis de inclusão (7%, 14%, 21% e 28%)
conforme a (Tabela 3).
Quando avaliados os tratamentos em função do
ganho de peso (kg/dia), consumo de ração diário (kg) e
Tabela 3 Valores médios diários de ganho de peso (kg/dia), consumo de ração diário (kg) e conversão alimentar (kg/ kg) de
leitões alimentados com diferentes níveis de inclusão de soro de leite
Tratamentos
Variável
D0
D1
D2
D3
D4
Ganho de peso (kg/dia)
0,108 a
0,082 b
0,081 b
0,051 c
0,053 c
Consumo de ração diário (kg)
0,29 c
0,40 a
0,31 b
0,33 b
0,27 c
Conversão alimentar (kg/kg)
1,53 d
1,09 a
1,18 b
1,18 b
1,28 c
Dieta sem a utilização do soro do leite (D0); Dieta com a substituição de 7% do soro do leite (D1); Dieta com a substituição de 14% do soro do leite (D2); Dieta
com a substituição de 21% do soro do leite (D3); Dieta com a substituição de 28% do soro do leite (D4). *Médias acompanhadas de letras minúsculas distintas
apresentam valores estatisticamente diferentes ao nível de 5%.
Em relação ao consumo de ração diário (kg) houve
influência (P<0,05) dos tratamentos, onde o tra- tamento
(D1) com substituição de 7% do soro do leite apresentou
maior consumo (0,40 kg). Dois tratamentos apresentaram
menor consumo diário, o D0 (sem a pre- sença do soro de
leite) e o D4 (com o maior nível de substituição 28%).
Em relação ao desempenho dos leitões com a
utilização do soro do leite, em um estudo realizado com 48
suínos com idades entre 49 e 63 com a utilização do soro do
leite na proporção de 7%, 14% e 21%, leitões do
grupo com a
suplementação ao nível de 21% de inclusão
apresentaram
melhor conversão alimentar, não havendo diferenças entre o
ganho de peso entre os tratamentos (Hauptli et al., 2005).
A substituição de 7% do soro do leite nas dietas
proporcionou melhor conversão alimentar quando compa-
rada
às demais (1,09), a pior conversão foi observada
no
tratamento sem a inclusão do soro nas dietas de suínos.
De maneira semelhante, Grinstead et al. (2000) ao
comparar a adição do soro na dieta de leitões após o
desmame, observou que a inclusão de 7% melhorou
significativamente a conversão alimentar. Fernandes e
Miranda (2013) também não observaram diferenças no
Cad. Ciênc. Ag., v. 13, p. 0106, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.26778
5
Conservação de soro do leite integral bovino e sua influência na alimentação de leitões na fase de creche
desempenho animal, entretanto, relataram que houve um
aumento do consumo do tratamento que utilizou o soro.
Além disso, os resultados obtidos no presente
estudo corroboram com os citados por Dębiec e Lorenc,
(1988), onde os mesmos relataram que o volume de soro
incluso na dieta dos suínos pode ter sido um fator limitante
para a ingestão das dietas fornecidas que apre- sentavam
maiores teores de matéria seca (MS). Quando
avaliado o soro
oriundo da produção queijeira, é interes- sante avaliar os
aspectos nutricionais, principalmente no
quesito deficiência
de compostos tidos como essenciais na nutrição de suínos,
mas essa deficiência foi suprida pelos elevados teores de
lisina, bem como, lactose, que promoveram melhora na
absorção de minerais.
Tais resultados corroboram com os apresentados
nesta pesquisa, que os animais dos tratamentos com a
adição do soro a 7% apresentaram melhor conversão ali-
mentar e consumiram mais a dieta. Isto pode ter ocorrido
devido ao aumento das quantidades de lactose contida
no
produto, estes animais nesta fase possuem altos níveis
de
lactase, além disso, o soro do leite apresenta-se com maior
palatabilidade (Bertol et al., 2000b). Ainda de acordo com o
autor, esta palatabilidade deve-se ao fato da implantação da
fonte de carboidrato mais digestível na dieta destes animais,
como a lactose.
Conclusão
De acordo com Brooks et al. (2003) o soro de leite
bovino quando fornecido em quantidade adequada
tende a
influenciar no ganho de peso dos suínos, fazendo
com que
ocorra uma redução nos custos de produção, por se tratar de
um alimento alternativo com custos reduzidos. A
substituição de até 30% por soro do leite integral é capaz de
ocasionar resultados de desempenho
iguais ou superiores aos
efeitos proporcionados pela ração
considerada padrão que é
composta de milho e soja em suínos nas fases de
crescimento-terminação (Bertol et al., 1996a; Navis et al.,
2020a).
O melhor método de conservação do soro é mantê-
lo resfriado por até uma semana, para melhor
aproveitamento do produto que suas características
físico-químicas estão dentro dos padrões previstos em
legislação. Dietas para leitões na fase de creche podem ser
viáveis quando se utiliza a inclusão do soro em até 7%, pois
apesar de aumentar o consumo de ração, se obteve
melhorias na conversão alimentar, maximizando o
desempenho animal.
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