Presença de
Peptostreptococcus indolicus
em bula timpânica de cão com otite média
Carlos Artur Lopes Leite
1
DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.32519
Resumo
A otite média é definida como uma inflamação da orelha média. Em cães, essa condição é uma das causas mais comuns na
manutenção de otite externa recorrente. Tanto bactérias aeróbicas como anaeróbicas estão presentes na bula timpânica
doente, sendo que em algumas circunstâncias, torna-se difícil determinar qual o papel que estes microrganismos ali exercem.
Apesar de a microbiota aeróbica ser frequentemente estudada em cães com otopatias, poucos dados estão disponíveis sobre os
microrganismos anaeróbicos estritos presentes nas orelhas destes pacientes. Neste relato é revelado o isolamento da bactéria
anaeróbica Peptostreptococcus indolicus no exsudato de um cão adulto da raça São Bernardo com otite média crônica bilateral,
se tratando da primeira descrição na literatura veterinária relacionada à presença desta espécie bacteriana em otite média
canina. Com base neste achado, é sugerido que bactérias anaeróbicas como P. indolicus podem estar relacionadas ao processo
infeccioso da orelha média em es.
Palavras-chave
: Bactérias anaeróbicas. Dermatologia. Otologia.
Presence of
Peptostreptococcus indolicus
in tympanic bulla of dog with otitis media
Abstract
The otitis media is defined as an inflammation of the middle ear. In dogs, this condition is one of the most common causes of
maintaining recurrent otitis externa. Both aerobic and anaerobic bacteria are present in the diseased tympanic bulla, and in
some circumstances, it becomes difficult to determine what role these microorganisms play. Although the aerobic microbiota
is frequently studied in dogs with ear diseases, little data is available on the strict anaerobic microorganisms present in the
ears of these patients. In this report, the isolation of the anaerobic bacteria Peptostreptococcus indolicus is revealed in the
exudate of an adult Saint Bernard dog breed with bilateral chronic otitis media, being the first description in the veterinary
literature related to the presence of this bacterial species in canine otitis media. Based on this finding, it is suggested that
anaerobic bacteria such as P. indolicus may be related to the infectious process of the middle ear in dogs.
Key words
: Anaerobic bacteria. Dermatology. Otology.
1Faculdade de Zootecnia e Medicina Veterinária, Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Lavras (UFLA). Lavras, MG. Brasil.
http://orcid.org/0000-0002-0551-9317
*Autor para correspondência: caca@ufla.br
CADERNO DE CIÊNCIAS AGRIAS
Agrarian Sciences Journal
2
Leite, C. A. L.
Introdução
ser oriundo de bactérias com baixa viabilidade celular,
clamídias, micoplasmas ou mesmo microrganismos ainda
não
conhecidos (Soriano, 1997).
A otite média (OM) é definida como uma infla-
mação da orelha média, causada por infecção bacteriana,
disseminação hematógena ou mesmo uma extensão de
quadros infecciosos da nasofaringe através da tuba au-
ditiva (Bruyette e Lorenz, 1993; Little et al., 1991). Em seu
estado crônico, a OM é uma afecção potencialmente
destrutiva caracterizada por alterações variáveis e recor-
rentes do epitélio da bula timpânica e estruturas ósseas
adjacentes (Papastavros et al., 1986). Essa condição é
comum em pacientes com otite externa (OE) crônica não
responsiva aos tratamentos clínicos de rotina, cons- tituindo-
se em um dos maiores entraves na cura clínica das otopatias
em cães (Brook e Van de Heyning, 1994).
Nos últimos anos, a microbiota anaeróbica pre-
sente no conduto auditivo de es otopatas vem sendo
investigada com maior cuidado, especialmente o grupo de
anaeróbios estritos, devido a uma possível ação nas
otopatias de pequenos animais (Paterson, 2020). Estas
bactérias podem ser divididas em dois grupos: anaeróbi-
cas
obrigatórias e aerotolerantes (Koneman et al., 1994). Ainda
segundo aqueles autores, as bactérias anaeróbicas
obrigatórias
(BAO) crescem na ausência de oxigênio livre, mas não se
desenvolvem quando incubadas ao ambiente ou em
incubadoras com 5-10% de CO2. Neste grupo podem ser
encontradas bactérias obrigatórias es- tritas, que não
crescem na superfície de meios expostos ao O2 atmosférico,
e bactérias obrigatórias moderadas, que podem crescer
quando expostas ao ambiente com 2-8% de O2. No grupo
das bactérias anaeróbicas aeroto- lerantes (BAA) estão
aquelas que se desenvolvem muito pouco em meios de
cultura incubados no ambiente ou em incubadoras com 5-
10% de CO2.
Em medicina não até o momento uma defini- ção
exata do papel que as bactérias anaeróbicas possam exercer
na OM (Nwaokorie et al., 2017), porém as pes- quisas
indicam que estes microrganismos possivelmente
mantêm a
doença por períodos prolongados (mesmo após
a instituição da
terapia), conforme relatos de Paterson (2020). relatos
demonstrando que essas bactérias anaeróbicas estão
envolvidas com OM grave em seres humanos (Koneman et
al., 1994; Amano et al., 2020),
que no ambiente da bula
timpânica (baixa tensão de O
2
), conseguem se desenvolver. É
importante ressaltar que as
otopatias descritas em seres
humanos possuem caracte- rísticas que as diferem
acentuadamente das encontradas
em es (Gotthelf, 2000).
Entretanto, as comparações são inevitáveis, ainda mais quando
pouco se conhece sobre o
verdadeiro papel da microbiota
auditiva anaeróbica no microambiente de cães otopatas.
A OM pode ser primária (rara em cães, como
citam Bruyette e Lorenz, 1993; Gotthelf, 2000) ou, mais
frequentemente, secundária, causada por uma extensão
de um
quadro infeccioso de etiologia bacteriana presente
na OE, que
avança pelo óstio do meato auditivo até o interior da bula
timpânica (August, 1988). A ruptura da membrana
timpânica nos quadros de OE pode ser causada pela
liberação de proteases bacterianas e lisozi- mas oriundas de
células fagocitárias presentes na região afetada. Mesmo
animais com membranas timpânicas hígidas podem
apresentar OM (Murphy, 2001), embora não seja o esperado
(Little e Lane, 1989).
A microbiota bacteriana dos exsudatos presentes
na
bula timpânica de cães otopatas tem sido extensiva- mente
estudada (Griffin, 2020; Paterson et al., 2021),
porém,
faltam dados sobre os microrganismos anaeróbicos estritos
possivelmente presentes nesta condição (Gotthelf, 1995). É
possível que a caracterização desse grupamento
bacteriano,
juntamente com o entendimento sobre a re- lação entre os
diversos gêneros de microrganismos com
o meio e consigo
mesmo, possibilite um avanço maior na
área otológica de
pequenos animais, que bactérias e fungos não são
considerados fatores desencadeantes de
otites, mas sim
mantenedores de um processo já instalado
(August, 1988).
relativamente poucos estudos sobre bactérias
anaeróbicas na OM de pequenos animais. No primeiro
relato da presença de uma bactéria anaeróbica no am-
biente
auricular de um cão otopata, isolou-se Clostridium
sp (Fraser
et al., 1961). Um resultado similar ocorreu em outra
pesquisa (Denny, 1973), em que Clostridium sp também foi
isolado de cães com OM. Em um estudo posterior utilizando
23 cães com OM crônica bilateral, bactérias anaeróbicas
foram encontradas em 1,3% das orelhas examinadas, porém
não foi realizada a classifi- cação taxonômica desses
microrganismos (Cole et al., 1998).
As bactérias são os microrganismos mais fre-
quentemente isolados em es com OM (Colombini et al.,
2000). dois grandes grupos bacterianos em orelhas
doentes: aeróbicos e anaeróbicos. Ambos são considerados
fatores perpetuantes (August, 1988), pois não causam
otopatias de forma direta, mas apenas as mantém. Em
otologia humana, está comprovada a natureza polimi-
crobiana das OM (Brook et al., 1983; Brook et al., 1992;
Brook et al., 1998; Koneman et al., 1994; Papastavros et
al.,
1986). É possível que esta associação entre microrga-
nismos
exerça um efeito sinérgico final, diferentemente quando há
apenas uma espécie bacteriana envolvida. Apesar de alguns
relatos indicarem que 15-35% dos ex- sudatos presentes na
bula timpânica possam ser estéreis (Soriano, 1997), outras
pesquisas comprovam que resquícios de ácido
desoxirribonucleico (DNA) bacte- riano neste material
(Gok et al., 2001). Este DNA pode
A bactéria Peptostreptococcus é um microrganis-
mo anaeróbico estrito, Gram-positivo e não esporulado, que
ocorre em pares, tétrades, massas irregulares ou em cadeias.
Este gênero foi isolado de abscessos na vesícula
urinária
(100%), vagina (87%), pênis (86%), rins (83%)
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 0108, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.32519
3
Presença de
Peptostreptococcus indolicus
em bula timpânica de cão com otitedia
e uretra (71%) em seres humanos (Hnatko, 1983). O
Peptostreptococcus também foi isolado em outros processos
mórbidos, como abscessos periapicais (68%), ferimentos
penianos (66%) e abscessos das mamas (51%), além de
membranas placentárias de mulheres gestantes, espe-
cialmente nos partos prematuros (Hnatko, 1983). Em
Medicina Veterinária, este gênero bacteriano foi isolado tanto
de animais hígidos quanto doentes, incluindo o ambiente
ótico (Quadro 1).
Quadro 1 - Isolamento de Peptostreptococcus sp em Medicina Veterinária de acordo com espécie animal, localização
anatômica e quadro patológico.
ESPÉCIE
LOCALIZAÇÃO ANAMICA
QUADRO PATOGICO
AUTORIA
Gengiva
Doença periodontal
Valdez e Vallejo (2020)
Pleura
Piotórax
Maggio et al. (2011)
Coração
Depressão miocárdica pós-sepse
Dickinson et al. (2007)
CANIN
A
Osteomielite em pós-cirúrgico de
fixação esquelética externa
Ossos
Carneiro et al. (2001)
Ouvidos
(Animais hígidos)
Shuiquan et al. (2020)
Cavidade bucal
Estomatite
Santos et al. (2019)
FELIN
A
Pleura
Piotórax
Maggio et al. (2011)
EQUIN
A
Gengiva
Abscesso periodontal
Kern et al. (2016)
Útero
Endometrite
Peng et al. (2013)
BOVIN
A
Vagina
Vaginite
Husted (2003)
Fígado
Abscessos
Silva (2018)
AVE
(Avestruz)
Sistema gastrintestinal
(Animais hígidos)
Marinho et al. (2004)
Após a identificação do agente etiológico pre-
sente na orelha média de cães otopatas, a escolha do
princípio ativo a ser empregado deve basear-se nos testes
de
sensibilidade aos antimicrobianos (Gotthelf, 2000).
Entretanto, tal como descrito por Reig et al. (1992), apesar
dos
padrões de resistência antimicrobiana de bactérias
anaeróbias serem considerados altamente preditivos, não é
rotineira a realização dos testes de sensibilidade
antimicrobiana com este tipo de microrganismo, dificul-
tando uma escolha adequada da base farmacológica a ser
empregada em cada caso. Assim, se torna dificultosa a
operação de comparação entre raros estudos que, adi-
cionalmente, utilizam métodos de avaliação diferentes.
autores, 62% das amostras testadas (de um total de 350 cepas)
revelaram resistência cruzada entre clindamicina e
eritromicina. o Comitê Nacional para Padrões Labo-
ratoriais Clínicos (NCCLS, 1990) sugeriu PRA de 26,3%
(para a clindamicina) e 55,2% (para a eritromicina).
É possível que, seguindo o padrão das BAO, o
gênero Peptostreptococcus seja sensível ao metronidazol.
Muitos quadros de OM humana são tratados com este
nitroimidazólico, que cerca de um terço da microbiota
bacteriana nestes casos é composta por BAO (Jokipii et al.,
1978; Jokipii e Jokipii, 1981); logo, é comum a sua
utilização na rotina terapêutica da OM humana (Brook e Van
de Heyning, 1994; Papastavros et al., 1986; Soriano,
1997).
O perfil de resistência antimicrobiana (PRA) de
P. indolicus é variável de acordo com os poucos relatos
disponíveis. Reig et al. (1992) relataram que diferentes
cepas
mostram diferentes taxas de PRA. Adicionalmente, esses
pesquisadores citaram que pesquisas diversas com o gênero
Peptostreptococcus revelando, principalmente, seu PRA para
antibióticos dos grupos dos macrolídeos (como
a eritromicina)
e lincosamidas (como a clindamicina). Nestas avaliações,
de métodos microbiológicos que se diferenciam entre si,
atestaram-se tanto PRA de baixa ou nula sensibilidade
(Concentração Inibitória Mínima,
CIM, menor que 1mg/mL)
até grande resistência antimi- crobiana (CIM maior que
8mg/mL). Ainda segundo estes
Relato de Caso
Foi atendido no Hospital Veterinário do Departa-
mento de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Lavras (DMV/UFLA) um cão da raça São Bernardo,
macho,
idade de cinco anos e dez meses e pesando 63kg.
Seu longo
histórico de otopatia se iniciou quando tinha
dois anos de
idade, com otite externa bilateral recidivante.
Neste período foi
sendo tratado alternadamente por di-
versos protocolos
terapêuticos específicos para otopatias, sempre com remissões
do quadro clínico otopático inicial.
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 0108, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.32519
4
Leite, C. A. L.
No momento da consulta estava sem qualquer intervenção
medicamentosa ou de manejo há pelo menos 30 dias.
ambiente anaeróbico9, sendo incubadas a 37°C por 48- 72h,
de acordo com recomendações de NCCLS (1990). Todos os
microrganismos que se desenvolveram nestas condições
foram identificados por métodos bioquímicos
usuais de rotina
utilizados em microbiologia (Koneman et al., 1979; Koneman
et al., 1994; Hillier e Moncla, 2007).
Ao exame físico, as alterações observadas clinica-
mente foram rarefação pilosa em todo o corpo, aumento
de
tamanho dos linfonodos mandibulares, linfonodos pa- rotídeos
reativos, otalgia à palpação das regiões periaural
e aural,
otorreia mucopurulenta bilateral, com descarga moderada e
odor pútrido, estenose mediana dos óstios dos condutos
auditivos externos, hiperpigmentação me- lânica moderada
das escafas e concreções ceruminosas dispersas na entrada
dos canais verticais.
Para fins de diferenciação entre BAO (crescem na
ausência de oxigênio) e BAA (crescem tanto na ausên-
cia ou
na presença de oxigênio), foi realizada replicação das cepas
com crescimento positivo em placas de ágar sangue e
mantidas em estufa a 37°C por 48-72h e com tensão de
oxigênio ambiente.
O paciente foi conduzido para a realização de
exames otológicos específicos (otoscopia direta, radio-
logia convencional, canalografia, citologia auditiva e
microbiologia ótica).
A avaliação da sensibilidade antimicrobiana foi
realizada em ambiente anaeróbico, como descrito ante-
riormente para cultura e isolamento de BAO, utilizando
o
método preconizado por Wilkins e Thiel (1973) através
de
baterias de microdiluição em caldo infusão rebro-
-coração10 enriquecido com extrato de levedura 0,5%. Após
dupla testagem, foram anotadas as concentrações inibitórias
mínimas para os seguintes antibióticos: am- picilina (AMP),
cefotaxima (CTX), cefoxitina (CFO), cloranfenicol (CLO),
clindamicina (CLI), eritromicina (ERI), metronidazol
(MTZ) e penicilina G (PEN). Para efeitos de análise e
comparação de resultados, foram utilizados os dados
propostos por Reig et al. (1992) na determinação de CIM
para o gênero Peptostreptococcus.
No momento da realização dos testes otológicos
específicos, o paciente foi submetido à medicação pré-
-anestésica (MPA) com uma associação de xilazina2 2%
(0,5mg/kg, IM) e morfina3 1% (1,0mg/kg, IM); a indu- ção
anestésica foi realizada com tiopental sódico 2,5%
(10,0mg/kg, IV) e a manutenção da anestesia executada
com
isoflurano4 (1,5 V%). Os condutos auditivos foram
examinados utilizando-se otoscópio portátil5 com cones
esterilizados. Neste mesmo momento, o exsudato foi
colhido por meio de uma sonda metálica6, introduzida
através do espéculo otológico, o mais profundamente
possível dentro da bula timpânica. Em seguida, o material
intracavitário da bula timpânica foi aspirado para uma
seringa descartável estéril de 10mL, sendo imediatamente
acondicionada em ambiente anaeróbico para posterior
análise microbiológica. Concluída esta etapa, swabs esté- reis
foram introduzidos o mais profundamente possível na porção
ventral de cada bula para confecção de esfregaços
da parede do
espaço timpânico, se tomando a precaução
de evitar a cadeia
ossicular e os ramos simpáticos do nervo
facial na face
dorsomedial do arcabouço ósseo. Por fim, foram realizados
os exames radiográficos convencionais (posicionamento
oblíquo dorsoventral a 20° direito e esquerdo e rostrocaudal
a 30° com boca aberta) e con-
trastado positivo (canalografia,
segundo técnica descrita
por Trower et al., 1988), utilizando
solução radiopaca não iônica7 (posicionamento
dorsoventral).
Resultados e discussão
Ao exame otoscópico, foi detectada ruptura bi-
lateral total da membrana timpânica, além de alterações
progressivas do epitélio dos condutos auditivos (horizontal
e
vertical) sugerindo hiperceratose. Murphy (2001) cita a
possibilidade de OM com manutenção da integridade da
membrana timpânica, o que não foi encontrado neste estudo.
Provavelmente esta condição não ocorreu em
função da
cronicidade do caso, que a OM com tímpano
íntegro é mais
comum nos casos agudos (Little e Lane, 1989).
As projeções radiográficas revelaram alterações no
contorno da bula timpânica, proliferação óssea com lise,
aumento da radiopacidade intracavitária e deformação do
arcabouço timpânico. Estes achados são conclusivos
para
estabelecer o diagnóstico de OM (Little e Lane, 1989;
Little et
al., 1991; Gotthelf, 1995). O procedimento de canalografia
demonstrou ser útil nos casos em que havia
ruptura timpânica
sem que fosse revelado pela otoscopia,
como preconizado por
Trower et al. (1998).
Imediatamente após a colheita do exsudato in-
tracavitário, as amostras foram inoculadas em placas de
Petri
contendo ágar tioglicolato e ágar sangue anaerobiose
(em
duplicata). As placas foram então acondicionadas em jarra
anaeróbica hermética8 com gerador químico de
A citologia auditiva revelou acentuada descama-
ção
epitelial substanciada pelo excesso de ceratinócitos por
campo examinado em ambas as orelhas. A presença
de
células cuboidais picas do epitélio respiratório da bula
timpânica confirmou a ruptura do tímpano e o quadro
instalado de OM média bilateral. Também foi acusada a
2Xilazin®, Syntec - Brasil.
3
Sulfato de morfina injetável 10mg/mL, Hipolabor Farmacêutica - Brasil.
4Vetflurane®, Virbac - Brasil.
5
Diagnostic Set # 3003®, Gowllands Medical Devices, Ltd - Reino Unido.
6Malleable Stylette for Jet Ventilator w/ Luer Lock® 20cm, Anesthesia
Associates, Inc. - EUA.
7Omnipaque®, GE Healthcare Co., Ltd - China.
8Jarra para Anaerobiose ®, Probac do Brasil Produtos Bacteriológicos Ltda.
- Brasil.
9Anaerobac®, Probac do Brasil Produtos Bacteriológicos Ltda. - Brasil.
10Caldo Infusão Cérebro-Coração (BHI)®, Prolab - Brasil.
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 0108, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.32519
5
Presença de
Peptostreptococcus indolicus
em bula timpânica de cão com otitedia
presença de poucos cocos Gram-positivos e abundância de
cordões fibrinosos, este último achado suportando a
evolução crônica da síndrome ótica. Estes achados estão de
acordo com a descrição de diversos autores para cães
otopatas
crônicos (August, 1988; Brook et al., 1983, Brook et al., 1992;
Bruyette e Lorenz, 1993; Brook et al., 1998).
cultivo estão dispostas no Quadro 2. De acordo com Hillier
e
Moncla (2007), os cocos Gram-positivos anaeróbicos
normalmente são isolados em conjunto com outros micror-
ganismos, o que pode ser constatado neste trabalho, pois
P. indolicus foi isolado em associação com outras bactérias
(Pseudomonas aeruginosa e Aerobacter aerogenes).
O P. indolicus foi isolado de ambas as bulas tim-
pânicas. As análises bioquímicas e suas características de
Quadro 2 - Testes bioquímicos e características de cultivo de Peptostreptococcus indolicus isolado do exsudato da bula
timpânica de cão da raça São Bernardo (macho, adulto) com otite média bilateral.
DESCRIÇÃO
RESULTADO
Produção de pigmento negro em ágar tioglicolato
Produção de coagulase
Teste do indol
Redução de nitrato
Produção de urease
Fermentação de celobiose
Fermentação de glicose
Fermentação de lactose
Fermentação de maltose
Fermentação de sacarose
Negativo
Positivo
Negativo
Positivo
Negativo
Negativo
Negativo
Negativo
Negativo
Negativo
Apesar de Cole et al. (1998) também terem iso-
lado bactérias anaeróbicas da orelha média, uma com-
paração mais estreita com os achados deste trabalho não
pode ser efetuada, que aqueles pesquisadores não
procederam à identificação dos microrganismos envolvi-
dos.
O PRA obtido está representado na Figura 1. Uti-
lizando como referência a pesquisa de Reig et al. (1992),
se
pode verificar que os antibióticos pertencentes ao grupo dos
penicilínicos (ampicilina e penicilina G) e das
cefalosporinas (cefotaxima e cefoxitina) foram mais
eficientes in vitro contra P. indolicus. Estas classes de
antibióticos m sido mais utilizadas na terapia da OM
canina, principalmente em função do seu amplo espectro
antibacteriano, baixo custo, facilidade de administração e
reduzido índice de efeitos colaterais.
Os outros dois estudos referentes ao isolamento de
bactérias anaeróbicas da bula timpânica de cães otopatas
(Denny, 1973; Fraser et al., 1961) também não servem para
efeito de comparação com esta pesquisa, já que se
referem a
outro gênero bacteriano (no caso Clostridium).
Pode-se ressaltar nesta pesquisa a baixa eficácia
in
vitro dos antibióticos clindamicina, eritromicina e me-
tronidazol. A clindamicina, um antibiótico do grupo das
lincosamidas, é utilizada na terapia sistêmica de otopatias,
principalmente por causa de sua grande lipossolubilidade.
Entretanto, face ao extenso perfil de resistência por parte
da
microbiota do conduto doente, seu uso clínico vem caindo
em desuso (Gotthelf, 2000).
O significado da presença de P. indolicus em OM
deve ser considerado com muita cautela. A probabilidade desta
espécie representar uma contaminação ambiental é mínima, em
grande parte devido ao isolamento duplo de bulas diferentes
(uma de cada orelha, apesar de serem do
mesmo animal). Este
gênero de bactéria anaeróbica está relacionado com quadros
graves de OM em seres huma- nos como afirmado por
Hnatko (1983), mas nenhuma informação foi fornecida para
cães. É possível que o P. indolicus possa assumir um papel
importante como um fator perpetuante em es com OM,
em especial pelo
metabolismo diferenciado, com consequente
produção de substâncias potencialmente nocivas ao ambiente
auricular. De relevância clínica também se deve citar a
possibilidade deste microrganismo disseminar-se para diversos
órgãos
corporais - como o rebro, causando meningite e
óbito em seres humanos (Jokipii e Jokipii, 1981; Gok et al.,
2001).
O metronidazol, um composto azólico de proprie-
dades antibacterianas fracas, não possui muita valia nos casos
de OE/OM em medicina veterinária (Colombini et
al., 2000).
Este antibiótico possui uma ação comprovada
sobre bactérias
anaeróbicas (Koneman et al., 1979; Ko-
neman et al., 1994),
porém, neste estudo, sua eficácia foi baixa. Alguns
pesquisadores relatam que o metronidazol
possui boa ação
contra anaeróbios presentes na orelha média de pacientes
humanos (Jokipii e Jokipii, 1981; Jokipii et al., 1978),
sendo comum a sua utilização na rotina clínica otológica
(Brook e Van de Heyning, 1994;
Papastavros et al., 1986;
Soriano, 1997). Apesar de se ter
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 0108, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.32519
6
Leite, C. A. L.
apenas uma amostra de P. indolicus para se avaliar frente ao
PRA, se pode sugerir que o resultado encontrado para
os
antibióticos eritromicina e clindamicina seguiram o
padrão ditado por NCCLS (1990) e Reig et al. (1992), que
apontaram grande percentual de PRA para ambos as bases
antibióticas.
Figura 1
-
Concentração inibitória mínima (CIM) a antibióticos selecionados, frente à Peptostreptococcus indolicus isolado
do
exsudato da bula timpânica de cão da raça São Bernardo (macho, adulto) com otite média bilateral.
Conclusão
Agradecimentos
O isolamento de Peptostreptococcus indolicus da
orelha média de cão com otite média crônica sugere que
este
microrganismo possa ter alguma função na etiologia e
desenvolvimento da otopatia, sendo necessária escolha
criteriosa do antibiótico a ser utilizado, com preferência
para
aqueles dos grupos penicilínicos ou cefalosporinícos.
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior.
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico.
UFLA - Universidade Federal de Lavras.
Referências
Amano, E.; Uchida, K.; Ishihara, T.; Otsu, S. Machida, A.; Eishi,
Y. Propionibacterium acnes-associated chronic hypertrophic
pachymeningitis followed by refractory otitis media: a case report.
2020.
BMC Neurology, 20: 17. Doi: https://doi.org/10.1186/s12883-
020-1600-3.
Brook, I.; Yocum, P.; Shah, K. 1998. Aerobic and anaerobic bacteriology
of otorrhea associated with tympanostomy tubes in children, Acta Oto-
laryngologica. 118: 206210. Doi: http://dx.doi.
org/10.1080/00016489850154919.
Brook, I.; Yocum, P.; Shah, K.; Epstein, S. 1983. Aerobic and anaerobic
bacteriologic features of serous otitis media in children. American
Journal
of Otolaryngology, 4: 389392. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/
s0196-
0709(83)80044-1.
August, J. R. 1988. Otitis externa: a disease of multifactorial etiology.
Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 18: 731742.
Doi:
http://dx.doi.org/10.1016/S0195-5616(88)50076-1.
Brook, I.; Frazier, E. H.; Thompson, D. H. 1992. Aerobic and anaerobic
microbiology of external otitis. Clinical Infectious Diseases, 15: 955958.
Doi:
http://dx.doi.org/10.1093/clind/15.6.955.
Bruyette, D. S.; Lorenz, M. D. 1993. Otitis externa and otitis media:
diagnostic and medical aspects: Seminars in Veterinary Medicine and
Surgery (Small Animal), 8: 19. PMID: 8456201.
Brook, I.; Van de Heyning, P. H. 1994. Microbiology and management of otitis
media. Scandinavian Journal of Infectious Diseases: Supplementum,
93: 2032.
PMID: 8047854.
Carneiro, L. P.; Rezende, C. M. F.; Silva, C. A.; Laranjeira, M. G.; Carvalho,
M. A. R.; Farias, L. M. 2001. External skeletal fixation in dogs: clinical and
microbiological evaluation. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária
e
Zootecnia, 53: s.p. (on line). Doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-
09352001000400008.
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 0108, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.32519
7
Presença de
Peptostreptococcus indolicus
em bula timpânica de cão com otitedia
Cole, L. K.; Kwochka, K. W.; Kowalsky, J. J.; Hillier, A. 1998. Microbial
flora and antimicrobial susceptibility patterns of isolated pathogens from
the horizontal ear canal and middle ear in dogs with otitis media,
Journal of
the American Veterinary Medical Association. 212: 534538.
PMID:
9491161.
Koneman, E. W.; Allen, S. D.; Janda, W. M.; Schreckenberger, P. C.; Winn
Jr.,
W. C. 1994. Introduction to diagnostic microbiology. Lippincott Willians
and Wilkins. Philadelphia. ISBN: 0-39751215-5.
Little, C. J. L.; Lane, J. G. 1989. An evaluation of tympanometry, otoscopy
and
palpation for assessment of the canine tympanic membrane. The
Veterinary
Record, 124: 58. Doi: http://dx.doi.org/10.1136/vr.124.1.5.
Colombini, S.; Merchant, S. R.; Hosgood, G. 2000. Microbial flora and
antimicrobial susceptibility patterns from dogs with otitis externa.
Veterinary Dermatology, 11: 235239. Doi: http://dx.doi.org/10.1046/
j.1365-
3164.2000.00191.x.
Little, C. J. L.; Lane, J. G.; Pearson, G. R. 1991. Inflammatory middle ear
disease of the dog: the pathology of otitis media. The Veterinary Record,
128: 293296. Doi: http://dx.doi.org/10.1136/vr.128.13.293.
Denny, H. R. 1973. The results of surgical treatment of otitis media and interna
in the dog. Journal of Small Animal Practice, 14: 585600. Doi:
http://dx.doi.org/10.1111/j.1748-5827.1973.tb06395.x.
Maggio, C.; Bellezza, E.; Barontini, R.; Bonifazi, L.; Bufalari, A. 2011. Il
piotorace nel cane e nel gatto, letteratura umana e veterinaria a confronto.
Veterinaria, 5: 1936. (Doi não encontrado).
Dickinson, A. E.; Rozansky, E. A.; Rush, J. E. 2007. Reversible myocardial
depression associated with sepsis in a dog. Journal of veterinary Internal
Medicine, 21: 11171120. Doi: http://dx.doi.org/10.1892/0891-6640.
Marinho, M.; Meireles, M. V.; Souza, A. V. G. 2004. Determinação da
microflora do trato gastrintestinal de avestruzes (Struthio camelus) criados
na região noroeste do estado de São Paulo, submetidas à
necrópsia.
Arquivos do Instituto de Biologia (São Paulo), 71: 267271.
(Doi não
encontrado).
Fraser, G.; Withers, A. R.; Spruell, J. S. A. 1961. Otitis externa in the dog.
Journal of Small Animal Practice, 2: 14. Doi: http://dx.doi.
org/10.1111/j.1748-5827.1961.tb04080.x.
Murphy, K. M. 2001. A review of techniques for investigation of otitis
externa and otitis media. Clinical Techniques in Small Animal Practice, 16:
236241. Doi: http://dx.doi.org/10.1053/svms.2001.27601.
Gok, U.; Bulut, Y.; Keles, E.; Yalcin, S.; Doymaz, M. Z. 2001. Bacteriological
and
PCR analysis of clinical material aspirated from otitis media with effusions.
International Journal of Pediatric Otorhinolaryngology, 60: 4954. Doi:
http://dx.doi.org/10.1016/s0165-5876(01)00510-9.
National Committee for Clinical Laboratory Standards (NCCLS). 1990.
Methods for antimicrobial susceptibility testing of anaerobic bacteria,
2. ed., vol. 9, no. 10. Approved standard M11-A2. National Committee for
Clinical Laboratory Standards, Villanova, Pa.
Gotthelf, L. N. 1995. Secondary otitis media - an often overlooked
condition. Canine Practice, 20: 1420. ISSN 10576622.
Gotthelf, L. N. 2000. Otitis media. In: Small animal ear diseases: an
illustrated guide. 2.ed. W.B. Saunders. Philadelphia. ISBN:
9780721601373.
Nwaokorie, F. O.; Nwokoye, N. N.; Chukwu, E. E. 2017. Application of
anaerobic techniques in laboratory diagnosis of otitis media in Nigeria:
a
review. University of Lagos Journal of Basic Medical Sciences, 5: 2131.
ISSN: 23544368 (Doi não encontrado).
Griffin, C. E. 2020. Chronic end-stage otitis: treatment and prevention.
British
Small Animal Veterinary Association Congress Proceedings. p. 105106,
Doi: http://dx.doi.org/10.22233/9781910443774.11.4.
Papastavros, T.; Giamarellou, H.; Varlejides, S. 1986. Role of aerobic and
anaerobic microorganisms in chronic suppurative otitis media.
Laryngoscope, 96: 438442. Doi: http://dx.doi.org/10.1288/00005537-
198604000-00017.
Hillier, S. L.; Moncla, B. J. 2007. Peptostreptococcus, Propionibacterium,
Eubacterium, and other nonsporeforming anaerobic Gram-positive
bacteria. In: Murray P. R.; Baron, E. J.; Jorgensen, J. H.; Landry, M. L.;
Pfaller, M. A. Manual of clinical microbiology. 9.ed. ASM. Washington.
ISBN: 9781555813710.
Paterson, S. 2020. Otitis. In: Bruyette, D. S.; Bexfield, N.; Chretin, J. D.;
Kidd, L.; Kube, S.; Langston, C.; Owen, T. J.; Oyama, M. A.; Peterson, N.;
Reiter, L. v>; Rozanski, E. A.; Ruaux, C.; Torres, S. M. (Ed). Clinical Small
Animal Internal Medicine. New Jersey: John Wiley & Sons. Cap. 167. Doi:
https://doi.org/10.1002/9781119501237.ch167.
Hnatko, S. I. 1983. Epidemiology of anaerobic infections. Surgery, 93: 125
133. PMID: 6849197.
Paterson, S.; Nett, C.; Neuber, A.; Maddison, J.; Ackerman, N.; Fitzgerald,
R.;
Noli, C.; Warren, S. 2021. Otitis externa: a roundtable discussion.
Companin Animal, 26: S1S16. Doi: https://doi.org/10.12968/
coan.2021.26.3.S1.
Husted, J. R. 2003. Bacterial and fungal organisms in the vagina of normal
cows and cows with vaginitis. Austin: Texas A&M University, 22 f.
Dissertação Mestrado.
Peng, Y.; Wang, Y.; Hang, S.; Zhu, W. 2013. Microbial diversity in uterus
of healthy and metritic postpartum Holstein dairy cows. Folia
Microbiologica, 58: 593600. Doi: http://dx.doi.org/10.1007/s12223-
013-0238-6.
Jokipii, A. M.; Jokipii, L. 1981. Metronidazole, tinidazole, ornidazole and
anaerobic infections of the middle ear, maxillary sinus and central nervous
system. Scandinavian Journal of Infectious Diseases: Supplementum, 26:
123129. PMID: 6941449.
Reig, M.; Moreno, A.; Baquero, F. 1992. Resistance of Peptostreptococcus
spp. to macrolides and lincosamides: inducible and constitutive
phenotypes. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, 36:662664. Doi:
http://dx.doi.org/10.1128/aac.36.3.662.
Jokipii, L.; Karma, P.; Jokipii, A. M. 1978. Access of metronidazole into
the chronically inflamed middle ear with reference to anaerobic bacterial
infections. Archives of Otorhinolaryngology, 220: 167174. Doi:
http://dx.doi.org/10.1007/BF00457484.
Santos, P. K. B.; Carniatto, C. H. O.; Anizelli, A. C.; Petry, F. L. B.;
Verlingue, G. F.; Zavatine, F. 2019. Estomatite em felinos domésticos:
revisão. In: XI Encontro Internacional de Produção Científica. 2019. 4
f. (anais eletrônico). Disponível em: <http://rdu.unicesumar.edu.br/
handle/123456789/4137>.
Kern, L.; Bartmann, C. P.; Verspohl, J.; Rohde, J.; Biernet-Zeit, A. 2016.
Bacteraemia before, during and after tooth extraction in horses in the
absence of antimicrobial administration. Equine Veterinary Journal, 49:
179182. Doi: http://dx.doi.or/10.1111/evj.12581.
Koneman, E. W.; Allen, S. D.; Dowell Jr., V. R.; Sommers. H. M. 1979.
Color atlas and textbook of diagnostic microbiology. 5nd ed. J.B.
Lippincott. Philadelphia. ISBN 10: 0397504055.
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 0108, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.32519
8
Leite, C. A. L.
Shuiquan, T.; Prema, A.; Tjokrosurjoa, J.; Sarya, M.; Van Bela, M. A.;
Rodrigues-Hoffmannb, A.; Kavanaghc, M.; Wua, G.; Van Edena,
M. E.; Krumbecka, J. A. The canine skin and ear microbiome: A
comprehensive survey of pathogens implicated in canine skin and ear
infections using a novel next-generation sequencing-based assay. 2020.
Veterinary Microbiology, 247: 110. Doi: https://doi.org/10.1016/j.
vetmic.2020.108764.
Trower, N. D.; Gregory, S. P.; Renfrew, H.; Lamb, C. R. 1998. Evaluation
of the
canine tympanic membrane by positive contrast ear canalography.
The
Veterinary Record, 142: 7881. Doi: http://dx.doi.org/10.1136/ vr.142.4.78.
Valdez, L. A.; Vallejo, A. A. 2020. Identificación microbiológica en
enfermedades gingivo-periodontales en perros atendidos en el
Consultorio
Veterinario El Fortín. Guayaquil: Universidad de Guayaquil,
93 f. Trabalho
de Conclusão de Curso de Graduação em Medicina Veterinária.
Disponível em: <http://repositorio.ug.edu.ec/handle/ redug/49134>.
Silva, B. P. 2018. Avaliação microbiológica de abscessos hepáticos de
bovinos abatidos em um abatedouro frigorífico localizado na região do
Semiárido Nordeste II da Bahia. 46 f. Cruz das Lamas: Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia. Dissertação Mestrado Profissional.
Disponível em: <http://localhost:8080/handle/prefix/1042>.
Wilkins, T. D.; Thiel, T. 1973. Modified broth-disk method for testing
the
antibiotic susceptibility of anaerobic bacteria. Antimicrobial Agents
and
Chemotherapy, 3: 350356. Doi: http://dx.doi.org/10.1128/ AAC.50.1.1-
21.2006.
Soriano, F. 1997. Microbial etiologies of acute otitis media. Clinical
Microbiology and Infection, 3: 3S223S25. Doi: http://dx.doi.
org/10.1016/S1198-743X(14)64948-X.
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 0108, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.32519