Uso de níveis crescentes de concentrado extrusado e silagem de milho na dieta de ovinos
Gustavo Roberto Dias Rodrigues
1
; Marco Túlio Santos Siqueira
2
; Erica Beatriz Schultz
3
*; Karla Alves Oliveira
4
;
Luciano Fernandes
Sousa5; Gilberto de Lima Macedo Júnior6
DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.33741
Resumo
Objetivou-se avaliar os efeitos de diferentes relações concentrado:volumoso, com a utilização de concentrado extrusado e silagem
milho, sobre o consumo, digestibilidade, comportamento ingestivo e metabolismo de ovinos. Foram utilizadas
20 ovelhas Santa
Inês com peso de 50kg e idade média três anos distribuídas em delineamento inteiramente casuali- zado. Os tratamentos
avaliados tiveram diferentes relações concentrado: volumoso, com a utilização do concentrado extrusado comercial Beef
Agnus® (B) (Nuttrata Nutrição Animal, Itumbiara-GO, Brasil) e Silagem de milho (S). Os tratamentos consistiram: 40% de
Beef Agnus® e 60% de Silagem de milho (40%B:60%S); 50% Beef Agnus® e 50% de Silagem de milho (50%B:50%S); 60%
de Beef Agnus® e 40% de Silagem de milho (60%B:40%S); 70% de Beef Agnus® e 30% de Silagem de milho (70%B:30%S).
As análises de regressão foram realizadas a 5% de probabilidade para erros do tipo I. O consumo de matéria seca (CMS), CMS
em relação ao peso corporal, CMS em relação ao peso metabólico e eficiências de ruminação e mastigação obtiveram resposta
linear negativa ao aumento da inclusão de silagem de milho (P<0,05). A glicemia por horário de colheita e as proteínas totais
apresentaram resposta quadrática (P<0,05). A digestibilidade, os parâmetros urinários e fecais e os metabolitos energéticos se
mantiveram a redução da proporção de volumoso na dieta (P>0,05). Conclui-se que a utilização de concentrado extrusado
promove maior consumo aos animais e não gera danos ao comportamento ingestivo, digestibilidade e metabolismo de ovinos.
Palavras chave:
Extrusão. Ruminantes. Silagem de milho. Ovis aries.
Use of increasing levels of extruded concentrate and corn silage in sheep diet
Abstract:
The aim was to evaluate the effects of different concentrate: roughage relationships, using extruded concentrate and corn silage,
on the intake, digestibility, ingestive behavior, and metabolism of sheep. Twenty Santa Inês ewes with a weight of 50 kg and
an average age of three years were used, assigned in a completely randomized design. The evaluated treatments had different
concentrate: roughage ratios, using the commercial extruded concentrate Beef Agnus® (B) (Nuttrata Animal Nutrition,
Itumbiara-GO, Brazil) and Corn silage (S). The treatments consisted of: 40% Beef Agnus® and 60% Corn silage (40% B:
60% S); 50% Beef Agnus® and 50% Corn silage (50% B: 50% S);
60% Beef Agnus® and 40% Corn silage (60% B: 40% S); 70% Beef Agnus® and 30% Corn silage (70% B: 30% S). The
regression analyzes were performed at 5% probability for type I errors. The dry matter intake (DMI), DMI in
1Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0001-9438-3724
2Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-2098-8568
3Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, MG. Brasil.
http://orcid.org/0000-0003-1916-2117
4Universidade Estadual Paulista. Jaboticabal, SP. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-7792-2615
5Universidade Federal do Tocantins, Araguaína, TO. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-6072-9237
6Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil.
https://orcid.org/0000-0001-5781-7917
*Autor para correspondência: ericabeatrizschultz@gmail.com
Recebido para publicão em 22 de Maio de 2021. Aceito para publicação 25 de Junho de 2021
e-ISSN: 2447-6218 /
ISSN: 2447-6218. Atribuição CC BY.
2
Rodrigues, G. R. D. et al.
relation to body weight, DMI in relation to metabolic weight, rumination, and chewing efficiencies showed a negative linear
response to increased inclusion of corn silage (P <0.05). Glycemia by harvest time and total proteins showed a quadratic
response (P <0.05). Digestibility, urinary and fecal parameters, and energy metabolites were maintained with an reduce in the
roughage proportion in the diet (P> 0.05). It is concluded that the use of extruded concentrate promotes the greater intake of the
animals and does not cause damage to the ingestive behavior, digestibility, and metabolism of sheep.
Key words:
Extrusion. Ruminants. Corn silage. Ovis Aries.
Introdução
A busca por tecnologias para aumentar a produ-
tividade dos rebanhos, sem onerar os custos de produção,
traz
destaque positivo para os alimentos extrusados, uma vez
que esses produtos atuam na maximização da
eficiência
digestiva (Mourão et al., 2012). De acordo com
Silva et al.
(2015b) a extrusão pode ser definida como
uma etapa de
processamento industrial de matéria prima
sólida aplicando
altas temperaturas, pressão e umidade no alimento para gerar
expansão dos ingredientes, gela- tinização do amido, redução
de fatores antinutricionais e desnaturação de proteínas.
extrusado, possa melhorar o consumo e digestibilidade dos
alimentos, além de parâmetros ruminais e metabólicos.
Dessa forma, o objetivo foi avaliar diferentes relações
concentrado: volumoso, com a utilização de concentrado
extrusado comercial e silagem de milho, sobre o consumo,
digestibilidade, comportamento ingestivo, metabólitos
sanguíneos e curva glicêmica de ovelhas adultas da raça
Santa Inês.
Material e Métodos
O experimento teve condução no setor de ca-
prinos e ovinos, da fazenda Capim Branco, pertencente à
Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Sua rea-
lização ocorreu durante o mês de janeiro de 2017, com
duração total de 20 dias, onde os quinze primeiros dias
foram dedicados à adaptação dos animais a dieta expe-
rimental e gaiolas metabólicas, e os últimos cinco dias
foram destinados para coletas de fezes, urina, sobras de
alimento e água. O ensaio contou com a aprovação da
Comissão de Ética e Utilização dos Animais (CEUA) da
UFU sob o número de protocolo 092/16.
Alimentos extrusados não melhoram a diges-
tibilidade, mas também ampliam a biodisponibilidade de
nutrientes presentes nas matérias primas (Singh et al.,
2010). Na nutrição de ruminantes, esses produtos têm a
capacidade de sincronizar o fornecimento das fontes
alimentares, uma vez que as proteínas, energia, minerais,
aditivos e fibras tornam-se um único alimento. Além disso,
ampliam a fermentação ruminal gerando melhor
aproveitamento dos alimentos e beneficiam o ambiente
ruminal pela manutenção de seu pH (Reddy & Reddy,
2015).
As unidades experimentais utilizadas foram vinte
ovelhas da raça Santa Inês, não gestantes, não lactantes, com
peso médio de 50kg e idade média de três anos, distribuídas
em delineamento inteiramente casualizado. Para o início da
experimentação, todos os animais foram
pesados e
vermifugados com Levamisol (via oral) no pri-
meiro dia do
experimento e feita observação da mucosa ocular. Em
seguida, as ovelhas foram alocadas em gaio- las metabólicas
equipadas com comedouro, bebedouro, saleiro, piso ripado e
artefato para separação de fezes e urina, de acordo com
padrão dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia
(INCT).
Em contrapartida, um dos fatores que determinam o
consumo de animais ruminantes é a relação concentra- do:
volumoso. Segundo Macedo nior et al. (2012) com
aumento
na proporção de volumo também aumento nos níveis de
fibra, redução do teor energético da dieta ofertada podendo
levar ao efeito de enchimento rumi- nal e redução no
consumo. dietas ricas em alimentos concentrados podem
ocasionar efeitos negativos à fer-
mentação ruminal e
proporcionar distúrbios metabólicos,
por exemplo, acidose
ruminal (Oetzel, 2017).
Estudos com uso de volumo e concentrado ex-
trusado tem demonstrado efeito positivo no uso desta
tecnologia na alimentação de ovinos (Macedo Junior et
al.,
2019; Ruela et al., 2020). Sendo assim, com a criação
de
novas tecnologias na nutrição animal e surgimento de novas
fontes alimentares na forma processada, as avaliações de
consumo, digestibilidade, comportamento ingestivo e curva
glicêmica são fundamentais para infe- ncias acerca das
características positivas e negativas do uso dos alimentos
extrusados, para ruminantes.
Os grupos avaliados foram constituídos por dife-
rentes relações concentrado: volumoso, com a utilização
do
concentrado extrusado comercial Beef Agnus® (B) (Nuttrata
Nutrição Animal, Itumbiara - GO, Brasil) e Silagem de
milho (S). Os tratamentos experimentais foram: 40% de
Beef Agnus® e 60% de Silagem de milho (40%B:60%S);
50% Beef Agnus® e 50% de Silagem de milho
(50%B:50%S); 60% de Beef Agnus® e 40% de Silagem de
milho (60%B:40%S); 70% de Beef Agnus® e 30% de
Silagem de milho (70%B:30%S) (Tabela 1).
Nossa hipótese é de que as diferentes relações
concentrado: volumoso, com a utilização de concentrado
Cad. Ciênc. Ag., v. 13, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.33741
3
Uso de níveis crescentes de concentrado extrusado e silagem de milho na dieta de ovinos
Tabela 1- Esquema dos grupos experimentais
Tratamentos
Beef Agnus
Silagem de milho
T1
T2
T3
T4
40%
50%
60%
70%
60%
50%
40%
30%
A alimentação foi fornecida aos animais duas
vezes ao dia, às 08:00hrs e posteriormente às 16:00hrs, sendo
ofertado 50% do total diário em cada um desses
turnos. Além
disso, a dieta foi balanceada para ter-se entre
5-10% de sobras
do total fornecido. Durante todos os 20 dias do experimento,
os animais tiveram livre acesso à água e sal mineral
específico para ovinos.
O produto Beef Agnus
®
é um concentrado protei- co-
energético extrusado indicado para ovinos. É composto
por
ureia, sal comum (NaCl), fosfato bicálcico, sulfato de
cálcio, cloreto de potássio, calcário calcítico, farelo de
algodão, milho (70% amido), virginiamicina 50% e núcleo
ovinos 8%. As composições químicas do Beef Agnus®, da
silagem de milho e das dietas experimentais estão descritas
nas Tabela 2.
Tabela 2 Composições percentuais e químicas do Beef Agnus
®
, silagem de milho e das dietas em função dos tratamentos
Alimento
MS (%)
PB (%)
FDN (%)
FDA (%)
NDT (%)
Beef Agnus®*
Silagem de milho**
88,10
31,18
18,20
6,30
17,00
55,40
9,90
32,80
85,20
64,88
Tratamento
MS (%)
PB (%)
FDN (%)
FDA (%)
NDT (%)
40B:60S
50B:50S
60B:40S
70B:30S
53,95
59,64
65,33
71,02
11,06
12,25
13,44
14,63
40,04
36,20
32,36
28,52
23,64
21,35
19,06
16,77
73,01
75,04
77,07
79,10
B: Beef Agnus; S: Silagem de milho; MS: matéria seca; PB: proteína bruta; FDN: fibra em detergente neutro; FDA: fibra em detergente ácido; NDT: nutrientes
digestíveis totais; *Valores fornecidos pelo fabricante Nutratta©. **Valores obtidos através de análises química efetuadas no Laboratório de Nutrição Animal da
Universidade Federal de Uberlândia.
Ao final dos quinze dias destinados à adaptação dos
animais, foram feitas as coletas de dados. Em todos os cinco
dias de coleta, todos os alimentos ofertados, sobras e fezes
foram pesados e amostrados por meio da
utilização de uma
balança eletrônica de precisão de cinco
gramas. Para
realização das análises químicas e cálculo de consumo e
digestibilidade da matéria seca, foram
utilizadas amostras
compostas provenientes das amostras
simples de cada animal.
Após o período de coleta, estas amostras foram armazenadas
em freezers horizontais a uma temperatura de -15° para
conservação das mesmas, e em seguida, os alimentos
ofertados, sobras e fezes foram pré-secos em estufa
ventilada à 55°C durante 72 horas, até a verificação de peso
constante das amostras.
Em seguida, foram trituradas em um
moinho de facas do
tipo Willey (ABNT), em partículas de
1mm. As amostras
foram levadas ao Laboratório de Nutrição
Animal da UFU,
onde foi possível realizar a matéria seca
definitiva das porções de ofertado, sobras e fezes, em estufa
à 105°C
durante 24 horas. Sendo realizado os cálculos de
consumo e digestibilidade da matéria seca de acordo com
Maynard
et al. (1984).
A urina dos animais foi coletada por meio da uti-
lização de baldes com telas, para que ocorresse a retenção
das
fezes que foram recolhidas em bandejas plásticas. A
mensuração do volume urinário contou com o uso de
provetas graduadas de plástico, com capacidade de dois litros
e precisão de 20mL. Quantificou-se o volume de urina
excretado por cada animal durante o período de 24 horas,
sendo amostrado 20% do total diário de todos os baldes
coletores em cada um dos cindo dias de coleta. Em seguida,
essas amostras foram filtradas com a utili- zação de filtros
descartáveis de papel e armazenadas em garrafas plásticas
identificadas mantidas em um freezer à -15°C para futuras
análises.
Com relação à densidade de urina, foi utilizado um
refratômetro manual portátil Megabrix® (Fremont, Ohio,
Estados Unidos) para mensuração dessa variável. Com o
auxílio de pipetas descartáveis, 1 mL de urina foi
transferido do balde coletor de cada animal para o prisma
do optômetro. Esse procedimento realizado sob
luz
fluorescente sempre na mesma posição. Entre a men-
suração
de cada amostra, o refratômetro foi higienizado
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Rodrigues, G. R. D. et al.
e seco com papel toalha para evitar interferências entre os
resultados avaliados.
no primeiro, terceiro e quinto dia de coleta do experi-
mento, antes da primeira refeição ofertada no dia com os
animais em jejum desde a última refeição disponibilizada
no
dia anterior. As colheitas de sangue ocorreram por
venopunção da jugular com tubos Vacutainer® (BD) sem
anticoagulante. Os componentes bioquímicos avaliados para
determinação do metabolismo energético foram:
triglicerídeos, colesterol e frutosamina; e para determi-
nação do metabolismo proteico foram: ureia, proteínas
totais, ácido úrico, albumina e creatinina.
O escore fecal foi avaliado de acordo com a escala
descrita por Gomes et al., (2012), onde na escala um
(1) as fezes são ressecadas e sem brilho; na escala dois
(2) as fezes são normais; na escala três (3) as fezes são
ligeiramente amolecidas; na escala quatro (4) as fezes são
amolecidas, perdendo o formato e coladas umas às outras;
na escala cinco (5) as fezes são amolecidas e sem formato
normal; e na escala seis (6) as fezes são diarreicas.
As colheitas para avaliação glicêmica ocorreram no
último dia de coleta de dados em horários pré-de- finidos,
sendo às 08:00 (antes da primeira refeição), 11:00, 14:00,
17:00 e 20:00 horas. Excepcionalmente nesse dia, a segunda
refeição somente foi ofertada após o recolhimento das 20:00
horas. As amostras destinadas à análise de glicemia foram
obtidas por venopunção da jugular com a utilização de tubos
Vacutainer® contendo fluoreto e EDTA, identificados para
cada animal.
O cálculo da ingestão de água pelos animais foi
realizado por meio da diferença entre a quantidade de água
ofertada diariamente e as sobras mensuradas no dia
seguinte, levando em consideração a quantidade de
água que
evaporou. Utilizou-se uma proveta graduada de plástico com
capacidade de dois litros e exatidão de 20mL
para
identificação desses valores. Durante todos vinte dias do
ensaio experimental ofertou-se uma quantidade padrão de
seis litros de água para cada animal, sendo que caso
houvesse necessidade, fornecia-se quantidades maiores. A
evaporação foi mensurada a cada 24 horas
por meio da
inserção de um balde contendo seis litros de água no galpão
experimental, em local de acesso restrito
aos animais. O balde
de evaporação foi alocado durante o momento de
fornecimento de água para os animais, em uma superfície
plana correspondente à altura dos baldes presentes nas
gaiolas metabólicas. Os níveis de água evaporada também
foram obtidos pela diferença entre os seis litros ofertados e
suas sobras verificadas no
dia seguinte. Para a realização dos
cálculos a quantidade total de água evaporada foi descontada do
consumo diário
de água de cada animal.
Todas as amostras de sangue coletadas passaram por
uma centrifuga à 3000 rotações por minuto, durante
10
minutos. O soro foi separado em alíquotas que foram
armazenados em freezers verticais à -15°C para futuras
análises laboratoriais. O processamento dessas amostras foi
realizado com a utilização de um analisador bioquí- mico
automatizado Bioplus 2000 (Bioplus©, Barueri-SP, Brasil),
usando kit comercial da Lab Test Diagnósticos S. A© (Labtest
Diagnóstica S. A., Lagoa Santa-MG, Brasil).
Utilizou-se delineamento inteiramente casualizado, sendo
para
a glicemia ao longo do dia foi considerado delinea-
mento
inteiramente com medidas repetidas no tempo. Esta
variável foi
testada para condição de esfericidade, que não foi aceita.
Portanto, utilizou-se a análise de modelos mistos, em que
foram avaliadas todas as estruturas de covariâncias (S)
disponíveis no pacote do software SAS
(SAS Institute, 2012)
que modelam a dependência dos er- ros do modelo. Para
selecionar a estrutura de covariância que melhor explique a
correlação residual, foi utilizado o critério de informação de
Akaike (AIC), sendo escolhida,
para cada variável, a
estrutura que resultou no menor valor de AIC após a análise
(Silva et al., 2015a).
Durante o quinto dia do período de coleta, ocorreu
a
mensuração do comportamento ingestivo, de acordo com a
metodologia proposta por Fischer et al. (1998) onde os
animais foram avaliadas a cada cinco minutos, onde
observava-se se estavam ingerindo alimento ou água
separadamente (ING), ruminando (RUM) ou em ócio
(ÓCIO).
Os cálculos das atividades foram feitos em minu- tos
por dia, admitindo que, nos cinco minutos subsequen-
tes a
cada observação, o animal permaneceu na mesma
atividade.
O tempo total gasto em mastigação (MAST) foi obtido pela
soma entre o tempo gasto em ingestão (ING)
e ruminação
(RUM). As eficiências de ingestão (Eing), mastigação
(Emast) e ruminação (Erum) foram obtidas segundo Polli et
al. (1996), de acordo com as equações: CMS/Tmast e Erum
(g min-1) = CMS/Trum; em que CMS é consumo de MS (g
MS dia-1), Tal é o tempo de
alimentação (min dia
-1
), Tmast é
o tempo em mastigação
(min dia-1) e Trum é o tempo em
ruminação (min dia-1).
Todos os dados obtidos foram avaliados quanto a nor-
malidade e homocedasticidade das variâncias dos tra-
tamentos. As variáveis foram submetidas a análise de
regressão, tendo como fator regressor o percentual do Beef
Angus®. Nesta análise, foi observado a significância dos
efeitos linear, quadrático e não significância da falta de ajuste
do modelo, sendo a probabilidade de erro tipo I utilizada para
tomada de decisão 5%. A variável escore fecal, por tratar-se
de uma variável não paramétrica, foi analisada por meio do
teste de Kruskal e Wallis (1952)
seguido pelo procedimento
de Conover (1980) com nível
de significância de 5% de
probabilidade de erro tipo I.
As coletas de sangue para avaliação dos componentes
bioquímicos também foram realizadas após os quinze dias
do período de adaptação dos animais, sendo feitas
Cad. Ciênc. Ag., v. 13, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.33741
5
Uso de níveis crescentes de concentrado extrusado e silagem de milho na dieta de ovinos
Resultados e discussão
A redução no CMS ocorreu pelo aumento na concentra- ção
de fibra nas dietas. De acordo com Macedo Júnior et al.
(2012), caso os níveis de fibra da dieta cheguem a
comprometer a oferta de carboidratos fermentáveis de
origem não fibrosa redução no CMS. Sendo assim, a
maior oferta de silagem de milho que contém maior pro-
porção de fibra levou a redução no consumo das ovelhas.
A medida com que aumentou a proporção de silagem de
milho na dieta houve redução linear no consumo de matéria
seca (CMS), CMS em relação ao peso corporal
(CMS/PC) e
CMS pelo peso metabólico (CMS/PC
0,75
), ou
seja, as dietas
contendo maiores níveis de concentrado
extrusado obtiveram
maior consumo (P<0,05) (Tabela 3).
Tabela 3 Consumo e digestibilidade da matéria seca em ovelhas consumindo diferentes proporções de concentrado extrusado
(Beef Agnus®) e Silagem de milho
Tratamentos
70B:30S
60B:40S
50B:50S
40B:60S
P-Valor
MG
C
V
1CMS (kg/dia)
2CMS/PC (%)
3
CMS/
PC0,75
DMS (%)
1,77
3,74
98,27
62,43
1,59
3,49
90,71
65,44
1,17
2,59
67,2
63,17
1,04
2,28
59,32
54,73
0,0257
0,0198
0,0074
0,3675
1,40
3,03
78,89
61,44
20,09
14,92
15,43
16,50
B: Beef Agnus® (concentrado extrusado); S: silagem de milho; CMS: consumo de matéria seca; PC: peso corporal; DMS: digestibilidade da matéria
seca; MG:
média geral; CV: coeficiente de variação;
1
Y=2,570760 0,026008x, R
2
=95,91%;
2
Y=5,413860 0,052958x, R
2
=95,00%;
3
Y=142,037740
1,403202x, R2=95,23%
Outra explicação para a redução no consumo de
matéria é sobre o processamento do concentrado. A
extrusão
promove sincronismo entre as fontes alimentares
e altera a
estrutura da matéria prima durante o processo de extrusão, o
que facilita a digestão e consequente au- mento do consumo
(REDDY; REDDY, 2015). Além disso, as partículas de
produtos extrusados como demonstrado por Oliveira et al.
(2019) têm tamanho próximo a 2mm,
ou seja, são menores e
mais homogêneas que as da silagem
de milho utilizadas.
Partículas menores tem uma maior taxa de passagem sendo
necessário um maior consumo com maior inclusão de Beef
Agnus®.
aumenta a proporção de silagem de milho, pela maior
concentração de fibras e tamanho da partícula perma-
necem mais tempo no ambiente ruminal expostos para
degradação. Essa compensação levou a não significância
para
digestibilidade entre os tratamentos (Tabela 3).
Não houve efeito das proporções de volumoso e
concentrado extrusado sobre o consumo de água (CH
2
O)
e
consumo de água em relação ao consumo de matéria
seca
(CH
2
O/CMS) (P>0,05) (Tabela 4). De acordo com o NRC
(2007) o CH
2
O/CMS diário de ovinos adultos precisa
estar
entre 2 L/kg e 3 L/kg, portanto, como a média de 2,67
(L/kg), as diferentes relações entre Beef Agnus® e silagem
de milho a ingestão hídrica esteve dentro do recomendado
para a categoria (Tabela 4).
A recomendação de CMS diário para a categoria
animal avaliada é de 1,05kg/dia (NRC, 2007), indicando
que
todos os grupos atingiram a normalidade. O trata- mento
70B:30S está 68,57% acima da referência, os
animais que
consumiram 40B:60S ficou 0,01% abaixo da
mesma. Esses
valores reforçam que a maior inclusão de concentrado
extrusado promoveu o aumento no CMS. Silva et al.
(2020a) e Ruela et al. (2020) também de- monstraram
aumento no CMS elevados com a utilização de alimentos
extrusados na dieta para ovelhas adultas.
Da mesma forma que para o consumo de água os
parâmetros urinários não apresentaram diferenças
estatísticas entre os tratamentos (Tabela 4) (P>0,05). De
acordo com Hendrix (2005) a recomendação de volume de
urina (VU) excretado para ovinos, é de 0,1 a 0,4L à cada
10kg de peso vivo. Como os animais dessa situação
experimental tinham peso médio de 50,0kg, o VU indicado seria
entre 0,5 e 2,0, dentro do esperado. A Densidade da
Urina
(DU) específica de ovinos varia entre 1,020-1,040 g.mL-1
(Hendrix, 2005), portanto, todos os grupos estão dentro da
faixa de recomendação. A estabilização nos valores de VU e
DU podem ser relacionados com o CH2O
adequado, pois
segundo Reece (2006) a restrição hídrica pode acarretar em
problemas renais e consequentemente,
redução no VU e
alterações na DU.
Para a digestibilidade da matéria seca (DMS) não
houve efeito do aumento na proporção de silagem de milho
(P>0,05) (Tabela 3). Alimentos concentrados
possuem maior
presença de carboidratos não fibrosos em
suas composições,
fator que proporciona altas taxas de digestibilidade devido à
elevada capacidade de fermen- tação no rúmen desses
componentes (Vallejo-Hernández
et al., 2018). Com aumento
da proporção de concentrado extrusado embora maior
digestibilidade que carboidratos fibrosos tem maior taxa de
passagem pelo trato gastroin- testinal reduzindo o
aproveitamento. Logo, em dietas que
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.33741
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Rodrigues, G. R. D. et al.
Tabela 4 Ingestão de água, parâmetros fecais e urinários de ovelhas consumindo diferentes níveis de concentrado extrusado
(Beef Agnus®) e silagem de milho
Tratamentos
70B:30S
60B:40S
50B:50S
40B:60S
P-Valor
MG
C
V
CH2O (L/dia)
CH2O/CMS(L/kg)
VU (L/dia)
DU (g.mL-1)
PFMN (kg)
PFMS (g)
MSF (%)
EF*
4,44
2,54
1,76
1,0214
1,82
0,624
36,45
2,68
3,00
1,89
0,93
1,0336
1,48
0,533
37,87
2,68
3,97
3,34
1,58
1,023
1,40
0,461
34,50
2,56
2,99
2,90
1,25
1,0216
1,38
0,562
40,67
2,40
0,3789
0,4725
0,6987
0,7412
0,2147
0,2954
0,4125
0,8897
3,60
2,67
1,38
1,0249
1,52
0,545
37,35
2,58
31,87
32,51
42,8
0,90
22,73
21,58
32,90
XXX
B: Beef Agnus® (concentrado extrusado); S: silagem de milho; CMS: consumo de matéria seca; VU: volume urinário; DU: densidade da urina; PFMN: peso das
fezes na matéria natural; PFMS: peso das fezes na matéria seca; MSF: matéria seca fecal; EF: escore fecal; MG: média geral; CV: coeficiente de variação;
*Estatística não paramética.
Os parâmetros fecais também não diferenciaram
com
as diferentes proporções de silagem de milho e o volumoso
extrusado na dieta das ovelhas (P>0,05) (Ta- bela 4). As fezes
de ruminantes podem ser influenciadas quantitativamente e
qualitativamente pela temperatura ambiental, qualidade
alimentar consumida, manejos
adotados e características
individuais dos animais. O peso
do volume fecal excretado
pode ser afetado pela taxa de
passagem dos alimentos no
rúmen e suas digestibilidades (Santos e Nogueira, 2012). De
acordo com Vieira (2008),
uma ovelha adulta produz entre
0,8 e 1,5 kg de fezes na
matéria natural (PFMN), portanto, a
média verificada de
1,52 kg indica que as dietas ofertadas não
influenciaram
negativamente
no PFMF e digestibilidade dos
alimentos.
A matéria seca fecal (MSF) está dentro da faixa de
reco- mendação de Van Cleef et al. (2010) para ovinos, onde
considera-se normal de 37 a 44% de MSF e a média obtida
foi 37,35%. Similar aos encontrado nos estudos com
produtos extrusados, Silva et al. (2020b) obtiveram
PFMN e
MSF de 2,57 kg/dia e 34,60%, respectivamente.
Oliveira et
al. (2019) constataram 1,798 kg/dia e 31,74% para as
mesmas variáveis. Araújo et al. (2020) verificaram PFMN
de 2,47 kg/dia e MSF de 38,89%.
Não houve diferença estatística para o tempo gas- to
em ingestão, ruminação, ócio e mastigação de ovelhas
consumindo diferentes proporções de silagem de milho e
concentrado extrusado na dieta (P>0,05) (Tabela 5). No
entanto, houve redução linear na eficiência rumina- ção
mastigação à medida que aumento a proporção de silagem
de milho na dieta (P<0,05) (Tabela 5).
O aumento na eficiência de ruminação e masti-
gação pode ter sido proveniente do tamanho médio de 2mm
das partículas do concentrado extrusado, uma vez
são
digeridas com maior facilidade pelos microrganismos
ruminais, e consequentemente, levam um tempo menor para
atingir a dimensão necessária para seguirem ao retículo.
O tempo de ruminação médio diário para ovinos
adultos varia de 240 a 540 minutos, podendo ser direta-
mente
influenciado pela natureza das dietas ofertadas e o
teor da
parede celular contida nos alimentos volumosos (Van Soest,
1994). O único grupo fora dessa referência é o 70B:30S,
estando 18,75% abaixo do valor mínimo. O emprego de
forragens na nutrição de ruminantes é de
suma importância
para a ruminação dos animais, que a
fibra estimula esse
processo. Alimentações que reduzem a ruminação animal
podem diminuir a produção de sa- liva, pH ruminal e
digestibilidade da fibra (Geron et al., 2013). Dessa forma, o
tratamento 70B:30S pode ter tido menor tempo de ruminação
devido à menor presença de
fibra na dieta e o tamanho das
partículas do concentrado
extrusado utilizado (Tabela 5).
A avaliação do escore fecal (EF) é fundamental
para avaliação de possíveis distúrbios no trato gastroin-
testinal e seus impactos na saúde e desempenho dos
animais. O EF descrito por Gomes et al. (2012) como
ideal
é 2, estando a média próxima a este valor com 2,58.
Silva et al.
(2020b), Oliveira et al. (2018) e Araujo et al. (2020)
avaliando a inclusão de alimentos extrusados para ovelhas,
obtiveram EF de 2,47, 3,2 e 2,65, respec- tivamente,
indicando que o uso desses produtos, em diferentes relações
concentrado:volumoso, não alteram a digestibilidade dos
alimentos e o escore das fezes de ovinos.
Em relação ao metabolismo das ovelhas, a gli-
cemia não alterou significativamente com aumento da
silagem de milho na dieta (P>0,05), entretanto, suas
concentrações por horários sofreram resposta quadrática
(P<0,05) (Tabela 6).
Cad. Ciênc. Ag., v. 13, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.33741
7
Uso de níveis crescentes de concentrado extrusado e silagem de milho na dieta de ovinos
Tabela 5 Comportamento ingestivo de ovelhas recebendo diferentes relações de concentrado extrusado (Beef Agnus
®
)
e silagem
de milho
Tratamentos
70B:30S
60B:40S
50B:50S
40B:60S
P-Valor
MG
C
V
Ingerindo (min/dia)
Ruminando (min/dia) Ócio
(min/dia) Mastigação
(min/dia) Eficiência (Ing)
(g/min) Eficiência (Rum)1
(g/min)
Eficiência (Mast)2 (g/min)
289
195
956
484
6,74
9,75
3,79
286
255
899
541
5,67
8,46
3,00
201
332
907
533
5,95
3,87
2,31
195
313
932
508
6,12
3,51
2,19
0,2541
0,2478
0,2698
0,3210
0,1254
0,0025
0,0003
242,75
273,75
923,50
516,50
6,12
6,40
2,82
30,04
31,70
11,91
21,29
37,97
34,11
28,15
B: Beef Agnus® (concentrado extrusado); S: silagem de milho; Ing: ingestão; Rum: ruminação; Mast: Mastigação; MG: média geral; CV: coeficiente de
variação; 1Y=16,895620 0,233146x, R2=89,95%; 2Y=5,299320 0,054926x, R2=92,60%
Tabela 6 Concentração glicêmica por tratamento e horário de coleta de ovinos alimentados com diferentes relações de Beef
Agnus® e Silagem de milho
Tratamentos
70B:30S
60B:40S
50B:50S
40B:60S
MG
C
V
Glicemia (mg/dL)*
50,48
62,56
52,60
58,40
56,07
12,05
Horios de coleta
08h
11h
14h
17h
20h
P-valor
P-valor*
Glicemia1 (mg/dL)
61,50
55,60
49,00
54,40
59,85
0,0458
0,1258
MG: média geral; CV: coeficiente de variação; 1Y=107,190635 7,861111x + 0,275397x2, R2=90,97%; * corresponde ao P-valor da glicemia entre os
tratamentos.
O mesmo perfil glicêmico entre os tratamentos
(Tabela 6) foi provocada pela pouca variação que os teores
desse açúcar sofrem no plasma sanguíneo, uma vez que
intenso controle hormonal desse metabólito pelas ões da
insulina e glucagon sobre o glicogênio e glicorticoides
durante a gliconeogênese (Silva et al., 2020a). Ainda de
acordo com Silva et al. (2020a) o va- lor de referência de
glicose para ovinos é de 30 94 mg dL-1, portanto, todos os
tratamentos apresentaram-se com números adequados,
indicando que as diferentes porcentagens ofertadas do
concentrado extrusado não prejudicaram as concentrações
de glicose dos animais, durante o período experimental.
da glicose ingerida e ocasionado a resposta quadrática
verificada para essa variável.
o aumento às 17:00 e 20:00 horas pode ter sido
ocasionado pela lenta ação da gliconeogênese, que
utiliza
uma via indireta e ocorre de forma lenta. O propio- nato é
transformado em propionil CoA, metimalonil CoA,
succinil
CoA, passa pelo ciclo de Krebs como succionato e em
seguida chega à veia porta hepática como glicose
(Kozloski, 2017). Portanto, os carboidratos solúveis na dieta
podem ter levado a um incremento na produção de ácido
propiônico, e consequentemente, aumentado a concentração
de glicose plasmática dos animais durante às 17:00 e 20:00
horas.
Com relação à glicemia por horário, a diferença
ocorreu devido ao perfil de degradação dos alimentos e aos
horários de alimentação (Tabela 6) (P<0,05). A menor
concentração de glicose verificada foi no horário
das 14:00
horas. Os carboidratos solúveis são fermentados
no rúmen,
entretanto, dependendo do processamento em que os grãos
dos cereais que compõem a dieta são
submetidos, parte
desses compostos escapam da fermen-
tação ruminal e são
digeridos no intestino delgado pelas enzimas de origem
pancreáticas (-amilase) e mucosa
intestinal (maltase e
isomaltase) (Cañizares et al., 2009).
Sendo assim, a parede
intestinal pode ter roubado parte
Para os metabolitos proteicos e energéticos não
houve efeito das diferentes relações concentrado: volu-
moso utilizadas (P>0,05) (Tabela 7). Os triglicerídeos são
sintetizados no fígado e atuam como a principal forma de
armazenamento de ácidos graxos no tecido adiposo,
constituindo fontes de reserva de energia. Seus níveis
encontrados no plasma refletem o fornecimento de energia
proveniente da dieta consumida, assim como sua qualidade.
o colesterol apresenta origem exógena e endógena, sendo a
primeira pela alimentação e a se-
gunda pela síntese realizada
no intestino delgado, células
Cad. Ciênc. Agrá., v. 13, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.33741
8
Rodrigues, G. R. D. et al.
adiposas e gado. Esse metabólito é um indicador dos
níveis lipídeos presentes na corrente sanguínea (Kozloski,
2017). Uma vez que os valores obtidos estão dentro da
referência de Silva et al. (2020a), as dietas ofertadas não
comprometeram o metabolismo energético dos animais e
consequentemente, proporcionaram armazenamento de
energia adequado aos animais.
Tabela 7 Concentração dos metabólitos energéticos e proteicos em função das diferentes relações concentrado ex- trusado
(Beef Agnus®) e Silagem de milho
Tratamentos
70B:30S
60B:40S
50B:50S
40B:60S
MG
P-valor
C
V
VR**
Metabólitos Energéticos
Triglicerídeos (mg/dL)
Colesterol (mg/dL)
60,50
14,20
62,66
16,13
70,12
15,41
69,10
15,13
65,35
15,21
0,8708
0,8936
32,36
26,13
5-71
14-126
Metabólitos
Proteicos
Ureia (mg/dL)
PT*1 (mg/dL)
Ácido úrico (mg/dL)
Albumina (mg/dL)
Creatinina (mg/dL)
43,46
4,32
0,05
3,41
0,60
34,26
4,01
0,04
2,97
0,61
34,58
4,87
0,07
3,64
0,60
31,46
4,76
0,17
3,36
0,63
36,01
4,47
0,08
3,33
0,61
0,4154
0,0823
0,1870
0,6287
0,9700
32,07
11,66
4,37
23,00
17,95
10-92
3,1-10,7
0-1,7
1,1-5,2
0,4-1,7
PT*: Proteínas Totais; MG: média geral; CV: coeficiente de variação; P: probabilidade de significância (5%); VR**: Valor de referência de Silva et al.
(2020a); 1X = 7,182812 0,078172x + 0,000512x2, R2 = 52,90%
Com relação ao metabolismo proteico, a variável
proteína total (PT) apresentou resposta quadrática em
função da inclusão de silagem de milho. As PT participam
do
transporte de nutrientes, metabólitos e hormônios,
regulam o
pH sanguíneo e participam da coagulação san-
guínea. Sua
síntese está diretamente relacionada com o
status nutricional
do animal e é realizada principalmente
no fígado (Kozloski,
2017).
qualidade nutricional e não inferiram de modo negativo na
formação de proteína microbiana no rúmen.
Com relação a creatinina, não foram verificadas
diferenças estatísticas (P>0,05) e seus índices encontram-
-se no valor de referência de Silva et al. (2020a). Esse
metabólito proteico é importante indicativo da função
renal,
uma vez que reflete a taxa de filtração glomerular e sofre pouca
influência de fatores intrínsecos e extrínsecos
aos animais,
como dieta, idade ou sexo (Reece, 2006).
a albumina (Tabela 7) é um constituinte de
grande parte da proteína sérica total, sendo responsável
por
compor reservas energéticas e transportar ácidos gra-
xos
livres no organismo. Como esse metabólito também está na
referência de Silva et al. (2020a), seus índices reforçam que
os resultados da variável PT não promo- veram distúrbios
metabólicos.
Conclusão
O aumento em até 60% de silagem na dieta e 40%
de concentrado extrusado (dieta 40B:60S) leva a redução do
consumo de matéria seca, da eficiência de mastigação e de
ruminação. No entanto, não altera a digestibilidade da
matéria seca, o consumo de água, os
parâmetros urinários,
fecais e metabolitos. Ou seja, o uso
de dietas entre 40% a 70%
de volumoso extrusado pode ser utilizado na dieta de ovinos
sem levar a prejuízos no aproveitamento das dietas e no
metabolismo.
Não foram encontradas diferenças estatísticas
(P>0,05) para a ureia e ácido úrico. A ureia é o principal
indicador do nível proteico em ruminantes, que tem
relação estreita com a digestão proteica e metabolismo da
microbiota ruminal. A amônia absorvida pela parede do
rúmen é transportada pelo fígado e metabolizada em
ureia. O
ácido úrico apresenta ação direta no metabolismo
ruminal,
sendo seus níveis influenciados pela qualidade dos alimentos
ingeridos e produção de proteína ruminal (Kozloski, 2017).
Como essas duas variáveis se apresen- taram no intervalo de
referência de Silva et al. (2020a), os alimentos ofertados
nesse estudo possuíam ampla
Aprovação do Comitê de Ética
O ensaio contou com a aprovação da Comissão de
Ética e Utilização dos Animais (CEUA) da Universi- dade
Federal de Uberlândia sob o número de protocolo 092/16.
Cad. Ciênc. Ag., v. 13, p. 0110, https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.33741
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Uso de níveis crescentes de concentrado extrusado e silagem de milho na dieta de ovinos
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