Avaliação dos produtos agrícolas comercializados na feira do produtor no município de
Santa do Sul - SP, Brasil
Laile Caroline Alves Ramos1; Lara Letícia Silva Lima2; Jaqueline Bonfim de Carvalho3*; Camila Fernandes
Ferreira Aparecido4
DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2022.40815
Resumo
A preocupação por consumo de alimentos de qualidade, bem como alimentos orgânicos tem tomado grandes propor-
ções, principalmente pela preocupação em manter hábitos mais saudáveis. Os alimentos orgânicos têm se destacado
por não conter fertilizantes, agrotóxicos, pesticidas e outros sintéticos na sua cadeia de produção. A presente pes-
quisa tem como objetivo avaliar a comercialização de produtos agrícolas convencionais e orgânicos no município de
Santa do Sul/SP na feira do produtor rural. Foram aplicados questionários com questões abertas e fechadas a 12
feirantes que comercializam exclusivamente produtos agrícolas. Com a análise dos dados foi possível notar que o
predomínio de pessoas do sexo masculino, com idade superior a 50 anos. A grande maioria utiliza na propriedade a
mão de obra familiar, e os produtos convencionais tem um pequeno destaque em relação aos orgânicos, em ambos os
sistemas de produção há o predomínio da comercialização por folhosas. Os problemas citados pelos produtores são a
falta de água, prejudicando a colheita dos produtos e subsequência venda/comercialização. Como conclusão espera-se
que esses comerciantes/produtores recebam uma melhor assistência técnica para suprir eventuais necessidades na
propriedade, para que reflitam em melhoria na disponibilidade e comercialização dos produtos.
Palavras-chave: Agricultura familiar. Comercialização. Feira Livre. Produtos agrícolas.
Evaluation of agricultural products sold at the producer fair in the city of Santa do Sul -
São Paulo, Brazil
Abstract
The concern for quality food consumption, as well as organic food has taken large proportions, mainly due to the
concern to maintain healthier habits. Organic food has stood out for not containing fertilizers, pesticides, pesticides
and other synthetics in its production chain. The present research aims to evaluate the commercialization of conven-
tional and organic agricultural products in the city of Santa do Sul/SP at the farmers’ market. Questionnaires with
open and closed questions were applied to 12 marketers who commercialize exclusively agricultural products. With
the data analysis it was possible to notice that there is a predominance of male people, over 50 years old. Most of
them use family labor on the property, and the conventional products have a small highlight in relation to the organic
ones, in both production systems there is a predominance of the commercialization of leafy vegetables. The problems
mentioned by the producers are the lack of water, hindering the harvest of the products and subsequent sale/marke-
ting. As a conclusion it is expected that these traders/producers receive better technical assistance to supply eventual
needs in the property, so that they reflect in improvement in the availability and commercialization of the products.
1
Centro Universitário de Santa do Sul UNIFUNEC. Curso de Engenharia Agronômica. Santa do Sul, SP. Brasil.
https://orcid.org/0000-0003-0605-1135
2Centro Universitário de Santa do Sul UNIFUNEC. Curso de Engenharia Agronômica. Santa do Sul, SP. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-0144-846X
3Centro Universitário de Santa do Sul UNIFUNEC. Curso de Engenharia Agronômica. Santa do Sul, SP. Brasil.
https://orcid.org/0000-0003-0627-1971
4
Centro Universitário de Santa do Sul UNIFUNEC. Curso de Engenharia Agronômica. Santa do Sul, SP. Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-8429-950X
*Autor para correspondência: jaquecarvalho.agro@gmail.com
Recebido para publicação em 17 de agosto 2022. Aceito para publicação em 18 de setembro 2022
e-ISSN: 2447-6218 / ISSN: 2447-6218. Atribuição CC BY.
CADERNO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
Agrarian Sciences Journal
2
Ramos, L. C. A. et al.
Cad. Ciênc. Agrá., v. 14, p. 0108, DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2022.40815
Keywords: Family farming. Commercialization. Free market. Agricultural products.
Introdução
Segundo Castro (2013) as feiras livres surgiram,
para que os produtores rurais pudessem comercializar os
seus produtos sem precisar pagar por receitas, mas com o
passar do tempo às feiras foram perdendo seus objetivos, e
junto com os produtores rurais vieram os comerciantes de
vestuário, artesanatos e alimentação, em muitos lugares
as feiras passaram a ser pontos turísticos e até mesmo
de lazer, gerando empregos e lucros para a cidade, isso
fez com que em algumas cidades as autoridades dessem
mais atenção para este tipo de comércio, construindo
locais fixos para a realização das feiras.
Na comercialização de produtos agropecuários, os
camponeses (agricultores familiares) e suas organizações
trabalham com distintas “faces”. Uma delas é a venda
direta que permite o encontro entre produtos e consu-
midor, como exemplo a venda na fazenda ou mercados
de proximidade, com relações de troca entre o produtor
e o comprador (Sabourin, 2013).
o canal de comercialização é o caminho per-
corrido pela mercadoria/produto desde o produtor até
o consumidor final. No caso da comercialização pelos
feirantes é considerada uma venda direta, no qual os
produtores vendem sua produção diretamente ao con-
sumidor (Waquil, Miele e Schultz, 2010).
Em relação aos produtos agrícolas, na feira livre
podem ser comercializados os mais diferentes tipos de
produtos, como alimentos convencionais, com o sistema
de produção convencional e uso de insumos químicos e
alimentos orgânicos.
Os alimentos orgânicos têm por finalidade não
conter fertilizantes, agrotóxicos, pesticidas e outros sin-
téticos na sua cadeia de produção, fazendo com que
isso preserve o ciclo natural das plantas, respeitando
a diversidade de cada cultura, além de seus inúmeros
benefícios, o alimento orgânico é o que tem maior valor
nutricional (Mãe Terra, 2021).
Segundo a Lei nº 10.831, de dezembro de 2003,
que regula a agricultura orgânica no Brasil, um produto
orgânico é “aquele obtido dentro de um sistema orgânico
de produção agropecuária ou extrativista sustentável
que beneficie o ecossistema local, proteja os recursos
naturais, respeite as características socioeconômicas e
culturais da comunidade local, preserve os direitos dos
trabalhadores envolvidos e não utilize organismos gene-
ticamente modificados nem químicos sintéticos (Brasil,
2003).
Os produtores de alimentos orgânicos têm se
destacado, pelo fato de que muitos produtores fazem
o uso indiscriminado de fertilizantes, o que gera certa
preocupação por parte dos consumidores, que na atuali-
dade vem se preocupando um pouco mais com a saúde.
Os consumidores começaram a levar em conta como os
produtos são fabricados, os tratos culturais diferentes dos
industrializados, e tiveram a percepção de um alimento
com aparência mais saudável. A partir disso surgiu uma
nova classe, a de consumidores orgânicos (Araújo; Paiva;
Filgueira, 2007).
Produtores de alimentos orgânicos são fiscaliza-
dos e orientados a cumprir a normatização ambiental, por
exemplo, realizando a manutenção das reservas legais,
protegendo e amparando as florestas. Sendo assim, o pro-
duto orgânico é estritamente produzido em conformidade
com a lei dos orgânicos. Através disso, o Ministério da
Agricultura emite um selo, atestando que ele foi produ-
zido dentro das normas, ou seja, o produto pode ser
considerado orgânico tendo o selo ou certificado (Mãe
Terra, 2021).
Segundo Rabello (2019) as hortaliças, em especial
a alface, era procurada em preferência quando o assunto
era consumo de produtos orgânicos, entretanto no ano
de 2019 foi possível notar um aumento na demanda por
frutas orgânicas. Apesar de um produto com preço mais
elevado, os consumidores levam em conta todo o processo
e sistema produtivo que esse é passado, concluindo que
seja um alimento que exige mais cuidados, manejo e mão
de obra especializada.
A Feira dos Agricultores Familiares de Santa
do Sul, a qual foi analisada e estudada nesse trabalho
é chamada de “Feira do Produtor Rural” e comercializa
produtos orgânicos e convencionais oriundos das ativi-
dades agrícolas desenvolvidas por esses produtores. Os
produtores são oriundos do Cinturão Verde de Santa
do Sul e municípios vizinhos. A feira tem origem desde
o ano de 1996, e está localizada na Rua Vinte e Três e
acontecem todas as sextas-feiras à noite e aos domingos
pela manhã.
Diante do exposto o presente trabalho objetivou-
-se avaliar a comercialização e percepção dos produtores
em relação aos produtos orgânicos e convencionais na
Feira Municipal de Santa do Sul SP; contando com
um levantamento de dados dos produtores, por intermédio
de questionários abertos e fechado.
Material e Métodos
Para alcançar os objetivos delineados nesse tra-
balho foram realizadas inúmeras etapas de obtenção,
compilação, análise e demonstração de resultados, a fim
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Avaliação dos produtos agrícolas comercializados na feira do produtor no município de Santa do Sul - SP, Brasil
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de que os dados obtidos pudessem dar suporte à temáti-
ca em questão. Os dados utilizados nesta pesquisa para
caracterização da comercialização de produtos agrícolas
comercializados na “Feira do Produtor” de Santa do
Sul (Figura 1) foram provenientes de questionários a um
grupo de 12 produtores rurais.
Figura 1 Feira do Produtor rural, localizada na rua vinte e três em Santa do Sul, Estado de São Paulo/SP.
Fonte: Adaptado de Google Earth, 2021.
A feira que é o objeto de estudo dessa pesquisa,
está localizada no município de Santa Fé do Sul-SP, em
local fixo desde o ano de 1996. No local existem vários
comerciantes de diversos produtos agrícolas e não agrí-
colas como: artesanato, alimentação in loco e vestuários.
Durante os dias que acontecem à feira (sexta-feira das
17:00 ás 21:00 horas e domingo das 07:00 ás 12:00 horas)
foi verificada (no mês de Julho de 2021) uma média de
apenas 16 barracas que comercializavam produtos agrí-
colas, e as demais barracas presentes na feira comercia-
lizavam produtos não agrícolas. Logo, foram escolhidos
12 feirantes para serem entrevistados, correspondendo
à uma amostra dia de 75% da população.
Os dados referidos foram coletados durante o
mês de julho de 2021, por meio de entrevistas e ques-
tionários com questões abertas e fechadas (Tabela 1).
Segundo Dornelles (2006), sendo categorizado como
social-empírico e, segundo sua tipologia, enquadra-se
em uma pesquisa aplicada.
Tabela 1 Questões aplicadas aos agricultores entrevistados na “Feira do Produtor” em Santa do Sul, Julho de 2021.
QUESTÕES
I
- Estrutura da propriedade/
características dos produtores:
1
- A gestão da propriedade é feita pelo agri-
cultor?
SIM NÃO
( ) ( )
2
- Utiliza o de obra contratada? ( ) ( )
3
- Pertence a alguma cooperativa ou asso-
ciação?
4
- A propriedade pertence à família ou é
arrendada? (Própria / Arrendada)
( ) ( )
( ) ( )
5
- Qual o sexo
Feminino ( ) Masculino ( )
6 - Faixa etária 20 a 30 ( ) 31 a 40 ( ) 41 a 50 ( ) mais de 50 ( )
II
- Quais são os alimentos comercializados/sistema de produção utilizado/empregado (convencional ou orgânico)
III - Dentre os alimentos convencionais, quais são os produtos comercializados?
IV - Dentre os alimentos orgânicos, quais são os produtos comercializados?
V - Motivo pelo qual comercializa produtos orgânicos?
VI - Dificuldades encontradas pelos agricultores no sistema de produção orgânico
Fonte: Elaborado pelos autores.
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Ramos, L. C. A. et al.
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A descrição pormenorizada apresenta a seguinte
estrutura: questões para identificação do respondente e
perguntas a respeito das técnicas empregadas nos pro-
cessos produtivos e percepções de cada agricultor no
que se refere a alimentos orgânicos ou convencionais.
As informações coletadas farão parte de um banco de
dados, tabulados e interpretados (Valent et al., 2014).
A amostragem utilizada não foi probabilística, uma vez
que calcular a probabilidade de cada elemento não foi o
objetivo da pesquisa, sendo considerada como amostra
casual (Selltiz et al., 1975; Valent et al., 2014).
Resultados e Discussão
Em relação aos dados coletados, é possível ve-
rificar no gráfico 1 que o número de feirantes do sexo
masculino é de 66,67% e do sexo feminino de 33,33%. Os
dados corroboram com Oliveira (2019) que realizou uma
pesquisa em dezembro de 2019, com intuito de avaliar
comerciantes de feiras livres no município de Rio Verde,
estado do Goiás, observou-se que 35% eram mulheres e
65% eram homens (Oliveira, 2019).
Gráfico 1 Porcentagem de feirantes do sexo masculino e feminino entrevistados na feira do produtor, Santa do
Sul, 2021.
No gráfico 2 foi possível observar a faixa etária
dos comerciantes/produtores avaliados, em que a -
dia de 83 % dos feirantes entrevistados entre homens e
mulheres eram com idades acima de 50 anos, e apenas
16% possuíam a faixa etária de 41 a 50 anos. Entre os
comerciantes entrevistados não se observou a presença
de idades abaixo dos 41 anos. Dados encontrados por
Rocha et al., 2010 em feira livres no município de Passo
Fundo, no estado do Rio Grande do Sul, puderam observar
que dentre o grupo de feirantes analisados prevaleceu a
faixa etária entre 40 e 55 anos, no qual corrobora com
a presente pesquisa.
Gráfico 2 Faixa etária dos agricultores entrevistados, Santa do Sul, 2021.
Segundo Silva (2021), que avaliou as caracterís-
ticas de agricultores familiares no município de Veredinha
no estão de Minas Gerais, pode observar nas entrevistas
realizadas que o perfil dos agricultores familiares feiran-
tes associados possuíam faixa etária concentrada entre
40 a 65 anos. A autora reforça que dentre os feirantes,
os jovens são a minoria que trabalham na agricultura
familiar, pois em sua grande maioria, migram para os
grandes centros urbanos em busca de oportunidades.
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Avaliação dos produtos agrícolas comercializados na feira do produtor no município de Santa do Sul - SP, Brasil
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Gráfico 3 Mão de obra empregada na propriedade, Santa do Sul, 2021.
Os feirantes que possuíam mão de obra familiar,
contaram com a ajuda do marido e/ou esposa, filhos,
mães e pais, e os que detinham de mão de obra contra-
tada, contam com essa possibilidade principalmente no
momento do plantio e colheita. Desse modo podemos
notar que não é um processo que depende 100% da mão
de obra contratada, e sim nos momentos que depende
de maior demanda na atividade dentro da propriedade,
se caracterizando como o de obra sazonal.
Um estudo realizado por Silva et al., 2014 no
município de São Pedro do Sul no Rio Grande do Sul
chegou à conclusão que a grande maioria dos feirantes
possuía mão de obra familiar e uma pequena % possuía
mão de obra contratada.
Nos dias atuais é notável a procura por alimentos
orgânicos, ou seja, mais saudáveis, como podemos obser-
var no gráfico 4, no entanto o sistema de produção para
esse tipo de alimento acaba se tornando mais caro, pelo
fato de todos os requisitos a serem seguidos que deman-
da um tempo maior, estrutura e dinheiro para produzir
um alimento 100% orgânico, desse modo o sistema de
produção que mais vem se destacando entre os feirantes
no município de Santa do Sul é o convencional, por
ser de fácil manejo, ainda que atualmente os preços de
fertilizantes, adubos e a falta de água tem sido um grande
problema para o produtor.
Muitos feirantes futuramente pretendem se tornar
produtor de orgânicos, mas ainda um longo caminho a
ser percorrido, por conta de todos os requisitos
necessários
citados na Lei 10.831, de dezembro de
2003. Pinheiro (2012) cita que a agricultura orgânica se
mostra como uma alternativa para os produtores
familiares, principal- mente quando se associa-se aos
problemas oriundos do sistema convencional da
produção como: inadequação econômica, social e
ambiental. Entretanto, por mais que este sistema de
produção seja de fácil implantação na pequena
propriedade, além da sua semelhança com os
conhecimentos tradicionais dos produtores, ao enfrentar
a realidade destas pessoas salienta-se que as legislações
brasileiras foram uma barreira para o crescimento destas
unidades neste mercado, no que diz a respeito a instruções
normativas para disciplinas a execução da lei.
Gráfico 4 Sistema de produção utilizado pelos agricultores entrevistados, Santa do Sul, 2021.
Em relação aos produtos comercializados dentro
do sistema de produção convencional, pelos feirantes
entrevistados, podemos observar, no gráfico 5, que a
maior disponibilidade é por folhosas, sendo 42,85% e a
segunda maior é por frutas, sendo 28,57%, englobando
produtos como limão, melão, ponkan e banana. a co-
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mercialização por legumes, doces e produtos em conserva
possuem a mesma porcentagem (14,29%). Essa forma de
transformação tecnológica dos produtos comercializados
como fabricação de doces e conservas permitem agregar
valor ao produto comercializado.
Gráfico 5 Produtos comercializados dentro do Sistema de Produção Convencional, Santa do Sul, 2021.
Gráfico 6 Produtos comercializados dentro do Sistema de produção orgânico, Santa do Sul, 2021.
O sistema de produção orgânico apresenta produ-
tos diferentes, quando comparado aos produtos oriundo
da produção convencional. Com uma maior representação
as folhosas representam 40%, as frutas, os subprodutos
(banha e farinha) e outros (mandioca, pimenta) possuem
20%.
Podemos observar a diferença de produtos que
são comercializados pelos agricultores dos sistemas, con-
vencional e orgânico, sendo observados no gráfico 5 e
gráfico 6. O produto em comum nos dois sistemas de
cultivo são as “folhosas”, sendo no sistema convencional a
comercialização dos produtos correspondendo a 42,85%,
no sistema orgânico com 40%. Essa diferença ocorre
por conta dos valores fornecidos pelos produtores, como
dito anteriormente, o sistema orgânico emprega um maior
cuidado na produção, enfrenta maiores dificuldades com
pragas, condições climáticas, demanda mais tempo e
dedicação, ou seja, possui um maior custo de produção
que se encontra embutido no valor dos produtos.
É importante salientar também que o trabalho de
pesquisa foi feito durante a pandemia do COVID-19, que
afetou diretamente a venda de produtos a consumidores.
Segundo Pedroso et al., (2020) que avaliou a crise do
coronavírus e o agricultor familiar produtor de hortaliças
notou que de acordo com os entrevistados, a redução na
comercialização de “hortaliças folhosas” foi muito maior
do que a de “hortaliças não folhosas”. São consideradas
“folhosas”: alface, couve, cula, cheiro verde, agrião,
etc. Os autores também notaram que produtores que
vendiam diretamente para supermercados conseguiram
manter o escoamento da produção e comercialização de
melhor forma, direta ou indiretamente, em contrapartida,
produtores que dependiam de feira livres e restaurantes
ficaram mais prejudicados economicamente.
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Avaliação dos produtos agrícolas comercializados na feira do produtor no município de Santa do Sul - SP, Brasil
Cad. Ciênc. Agrá., v. 14, p. 0108, DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2022.40815
Gráfico 7 Dificuldades encontradas no sistema de produção orgânico, Santa do Sul, 2021.
É possível observar no gráfico 7 as dificuldades
do sistema orgânico, como o clima/falta de água cor-
respondendo cerca de 80%. Outro fator descrito pelos
produtores entrevistas na feira foi que a atividade do
sistema de produção orgânico demanda muita dedicação/
tempo, com 20%. Os produtores esbarram em dificuldades
técnicas, naturais, culturais e sociais, ou seja, ao mesmo
tempo que a agricultura orgânica pode representar uma
oportunidade para os produtores rurais, a sua produção
não está livre de dificuldades. As dificuldades encontradas
no processo de transição do sistema convencional para o
sistema orgânico, geram receio por parte dos produtores,
fazendo muitas vezes com que não adotem esse sistema
produtivo.
Algumas alternativas que podem ajudar nessa
transição seria um projeto para obtenção crédito agrícola,
ações educativas em parceria com instituições de ensino,
pesquisa e extensão, a divulgação da importância do de-
senvolvimento sustentável e sua relação com a produção
de alimentos orgânicos, além da formação de uma rede de
associações, com a união dos produtos, para que gerem
maior poder de barganha junto aos mesmos.
Conclusão
Como conclusão espera-se que esses comercian-
tes/produtores recebam uma melhor assistência técnica
para suprir eventuais necessidades na propriedade, para
que reflitam em melhoria na disponibilidade e comercia-
lização dos produtos. Outro ponto que pode ser abordado
é a diversificação de produtos na barraca da feira, não
ficando dependente da sazonalidade, comercializando
distintos produtos em todo ano. O sistema de produção
convencional é modo mais adotado pelos agricultores
entrevistados na feira livre.
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