Revista do Centro de Estudos Portugueses
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<p>A<em> Revista do Centro de Estudos Portugueses</em>, criada em 1979, é o mais antigo periódico em atividade da <a href="http://www.letras.ufmg.br/site/" rel="nofollow">Faculdade de Letras</a> da <a href="https://www.ufmg.br/" rel="nofollow">Universidade Federal de Minas Gerais</a> (Brasil), estando vinculada desde sua origem ao <a href="http://www.letras.ufmg.br/cesp/intro.htm" target="_blank" rel="nofollow noopener">Centro de Estudos Portugueses</a>. Trata-se de uma publicação semestral, com avaliação de pares, que tem como objetivo fomentar a produção teórica, crítica e ensaística na área de Literatura Portuguesa, dando a oportunidade para que pesquisadores do Brasil e do exterior divulguem suas pesquisas e contribuam para o debate qualificado nesta área de estudos. Destaca-se como um dos raros periódicos brasileiros destinados a difundir a produção acadêmica e a reflexão crítica estritamente sobre a literatura portuguesa.</p> <p><strong>Qualis A4</strong>, área de Letras e Linguística, ano base de 2020.</p> <p>Não se cobra nenhuma taxa pela publicação dos artigos.</p>Faculdade de Letras - UFMGpt-BR Revista do Centro de Estudos Portugueses1676-515X“A Cena do Ódio” e o domínio do eu
https://periodicos.ufmg.br/index.php/cesp/article/view/53315
<p>Este ensaio propõe a leitura do poema “A Cena do Ódio”, de Almada Negreiros, a partir da perspectiva de que, ao mesmo tempo em que há a crítica incisiva, panfletária em alguns momentos, ao que o mundo moderno e contemporâneo se tornou, há a escrita e a representação do eu, cuja constituição, narcisisticamente feita, compõe um autorretrato esgarçado, mas hegemônico; totalizante, porém composto pelo recorta-e-cola (M. Foucault). O poema faz de maneira exemplar o movimento da Lírica e Sociedade (T. Adorno), reiterando sucessivamente o modo como o fora age no dentro e o que o Eu, co-movido, devolve ao mundo. Nesse movimento, o retrato do eu é também a resposta: “Serei Vitória um dia / – Hegemonia de Mim!” enquanto o mundo e a burguesia sintetizam-se no “e tu nem derrota, nem morto, nem nada”. A plasticidade do poema é desconcertante, assim como também o é a musicalidade, muitas vezes ressaltada por inusitadas aproximações entre palavras bastante diferentes do ponto de vista semântico, embora com bastante similitude sonora – esses aspectos que conferem musicalidade aos versos serão apontados na medida em que ampliam e/ou tensionam a representação do Eu.</p>Annie Gisele Fernandes
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2024-07-052024-07-05447112514210.17851/2359-0076.44.71.125-142Nota de apresentação
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<p>.</p>Marcus Vinícius Lessa de LimaRenata Soares JunqueiraRoberto Bezerra de Menezes
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2024-07-052024-07-0544717910.17851/2359-0076.44.71.7-9Saídas
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<p>.</p>Jean-Marie GleizeNicole Alvarenga Marcello
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2024-07-052024-07-05447114416810.17851/2359-0076.44.71.144-168Um retrato de Sophia
https://periodicos.ufmg.br/index.php/cesp/article/view/53299
<p>Este artigo propõe uma reflexão breve sobre os tênues limites entre filme documentário e filme de ficção a propósito da obra inaugural da cinematografia do realizador português João César Monteiro (1939-2003): Sophia de Mello Breyner Andresen, curta-metragem de 1969. Se a essência do cinema documentário passa pelo flagrante de aspectos do real, então é preciso considerar que César Monteiro registrou, com maestria, a vida autêntica de Sophia precisamente nos inesperados lapsos das suas poses e da sua calculada performance como protagonista de filme.</p>Renata Soares Junqueira
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2024-07-052024-07-054471111610.17851/2359-0076.44.71.11-16Poetas-cineastas
https://periodicos.ufmg.br/index.php/cesp/article/view/53301
<p>Este artigo propõe uma reflexão sobre a presença da obra e pessoa de Lúcio Cardoso no cinema de Luiz Carlos Lacerda, destacando a faceta poética dos dois autores. Os pontos de cruzamento entre eles, reveladores de um profícuo caso de relação entre literatura e cinema, ultrapassam o fenômeno da adaptação e as redes de filiação estética, não apenas em cenário intra-artístico/intertextual (a poesia), como também em panorama mais amplo, que requer uma apreciação interartística e interdisciplinar (entre letras e filmes), com discussões transversais.</p>Edimara Lisboa
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2024-07-052024-07-054471173410.17851/2359-0076.44.71.17-34O retrato da tirania e do vampiro em O barão, de Branquinho da Fonseca
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<p>António José Branquinho da Fonseca (1905-1974) foi um autor do chamado “Segundo Modernismo” em Portugal e esteve vinculado aos ideais estéticos difundidos pela Presença, influente revista modernista portuguesa fundada em 1927. A produção literária de Branquinho mais conhecida é a novela O barão (1942), publicada originalmente sob seu pseudônimo António Madeira. A partir das personagens, que oscilam entre o real e o fantástico, surgem múltiplas possibilidades de interpretação dessa narrativa, entre as quais aquela que explora a construção da personagem do Barão vinculada a uma simbologia draculesca de viés expressionista, conferindo-lhe uma personalidade singularmente tirânica. Este estudo comparado concentra-se na análise da representação da tirania e do vampiro na obra de Branquinho, estabelecendo paralelos com o romance Drácula (1897), de Bram Stoker. Ao examinar a narrativa à luz do mito do vampiro, é possível identificar camadas simbólicas que remetem à tirania e à exploração, elementos que podem ser interpretados como uma metáfora para as práticas autoritárias do regime salazarista. O vampirismo, muitas vezes associado à busca insaciável de poder e controle, pode ser entendido como uma representação alegórica das políticas opressivas e da dominação exercida pelo governo de Salazar.</p>Vitor Hugo Costantino
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2024-07-052024-07-054471355010.17851/2359-0076.44.71.35-50Nenhures, de Daniel Jonas
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<p>A partir de Nenhures, de Daniel Jonas, nome dado a um “lugar desolado”, “nenhum lugar”, ou “lugar absurdo e enganador”, pretende-se propor algumas reflexões sobre o drama acerca da impossibilidade ou inexistência de uma originalidade no processo representativo na modernidade, advindas da crise da noção de identidade, de sujeito ou de um lugar poético como projeto retórico. Nesse espaço em desconstrução, as metamorfoses das personagens acontecem da mesma forma que, em uma dinâmica intertextual, poesia, teatro, pintura e música se interpenetram em diálogos desconcertantes que se fazem matéria da escrita. Assim, o teatro como representação da realidade se esvai em um dilúvio que batiza o intraduzível, a falência da própria linguagem ou de seu lugar de prestígio, talvez sinalizando, através da ação dramática nesse lugar de vazio inaugural, a possibilidade de um outro recomeço.</p>Valéria Soares Coelho
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2024-07-052024-07-054471516410.17851/2359-0076.44.71.51-64O teatro na poesia de Brecht
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<p>Este artigo estuda as características do público-alvo do teatro de Bertolt Brecht (1898-1956), poeta e dramaturgo alemão que construiu a sua obra, sua teoria e a sua práxis teatral em nome de um teatro épico, contraposto ao modelo do drama clássico ilusionista. Para Brecht, a compreensão do mundo passa necessariamente pelo entendimento da luta de classes, ou seja, alicerça-se no pensamento marxista. Tendo esta dimensão teórica como ponto de partida, este trabalho visa investigar, em um poema de Brecht tematicamente associado ao teatro, uma estética da recepção delineadora do perfil do espectador que o seu teatro épico pretende formar. Com propósito didático, este artigo analisa o poema Meu espectador (1938-1941) de Brecht, guiado pela teoria formalista e pela teoria brechtiana do teatro épico, investigando a dialética do espectador-não espectador que se fez notar na época de Brecht e ainda aflige a contemporaneidade.</p>Rian Henrique dos Santos
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2024-07-052024-07-054471657210.17851/2359-0076.44.71.65-72O retrato diluído no drama poético O marinheiro, de Fernando Pessoa
https://periodicos.ufmg.br/index.php/cesp/article/view/53306
<p>Este trabalho objetiva analisar os procedimentos responsáveis por tecer um plano lírico na peça O marinheiro, de Fernando Pessoa, de modo a nublar as fronteiras entre os gêneros lírico e dramático. A partir disso, buscou-se demonstrar como o autor constrói um drama poético que expõe uma profunda fragmentação do sujeito e aponta para a insuficiência representacional da linguagem mediante uma composição que opera uma desreferencialização em que o mundo, o sujeito e o outro são representados de forma vaga e elusiva. Assim, no drama pessoano, o “ser” é vincado pela incerteza e pela despersonalização. Dessa forma, procura-se analisar como a peça questiona a possibilidade de traçar retratos figurativos empregando-se uma linguagem que ultrapassa o tangível das categorizações e que se liquefaz ao tentar representar um “eu” multifacetado.</p>Nayara Carla da Fonseca
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2024-07-052024-07-054471738410.17851/2359-0076.44.71.73-84Respiros
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<p>Hilda Hilst gostava de desenhar. Segundo a própria poeta, ela desenhava quando o exercício da escrita se lhe tornava pesado e, assim, traçava no papel suas atribulações para “dar uma respirada”. Em Da Morte, Odes mínimas (1980), obra na qual somos apresentados a um eu-lírico que mantém uma assustadora intimidade com a morte, há seis aquarelas feitas por Hilst, nas quais há um movimento de integração em que as dicotomias entre humano e animal, morte e sujeito, conhecido e desconhecido, se hibridizam, alargando a experiência de vida. Tomando como ponto de partida tais ilustrações, este artigo pretende ensaiar possibilidades de leitura sobre os sentidos que ligam o traço do desenho de Hilst à sua poética.</p>Cíntia Paula Maciel
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2024-07-052024-07-0544718510410.17851/2359-0076.44.71.85-104Ismália e suas representações na pintura, na televisão e na música
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<p>O poema “Ismália” foi escrito por Alphonsus de Guimaraens e publicado pela primeira vez em 1910 e, desde então, tem sido recuperado e adaptado por outros artistas que vislumbram na obra possibilidades narrativas diversas. Para muito além do campo da literatura, no entanto, a imagem de Ismália foi diversas vezes representada por meio das artes plásticas, da música e do audiovisual. Através dos diferentes meios e abordagens, a figura de Ismália foi recuperada de maneiras muito contrastantes, mas ao mesmo tempo muito parecidas: alguns elementos se mantém em todas as adaptações enquanto outros são acrescidos ou modificados, a fim de se gerar novas leituras, expor problemas de seu tempo e construir críticas sociais. Assim, comparando três trabalhos bastante singulares (as ilustrações de Odilon Moraes para o poema, a canção homônima de Emicida e o oitavo episódio de Tudo o que é sólido pode derreter), a proposta deste trabalho é pensar justamente como algumas obras contemporâneas exploraram essa personagem, a fim de buscar compreender de que formas o Brasil do séc. XXI tem se conectado com o poema de Guimaraens.</p>Lucas Almeida Dalava
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2024-07-052024-07-05447110512310.17851/2359-0076.44.71.105-123