Frontiers of Knowlegde Representation

Conservação e Restauro de Documentos Gráficos

Carla Lobo — 2024-02-28

Apresenta-se o desenvolvimento de uma abordagem metodológica com o objetivo de construir um vocabulário controlado (VC) para a conservação e o restauro de documentos gráficos, uma ferramenta para auxiliar os especialistas que atuam no âmbito da ciência da informação, permitindo-lhes simplificar e normalizar a descrição de dados, tornando-a mais rápida, correta e completa. Além da criação de um VC, para descrever os danos dos materiais constituintes, os tratamentos e os produtos aplicáveis, que possa servir de apoio a várias instituições nacionais portuguesas, públicas e privadas, para a área dos documentos gráficos, estabelecem-se também, como objetivos específicos: a compilação da informação relativa à área da conservação e restauro de documentos gráficos, nomeadamente dissertações de mestrado, teses de doutoramento, monografias, artigos, glossários e dicionários; a conceção de uma ferramenta capaz de analisar a pertinência da bibliografia para a área específica; e, finalmente, a avaliação e a verificação da eficácia dos termos, em várias tipologias documentais. O estudo segue uma abordagem fenomenológica, que coloca em evidência a experiência vivida pelos investigadores ligados ao fenómeno objeto de pesquisa, através de uma análise descritiva das significações da linguagem, com recurso à revisão de literatura, com o objetivo de abordar os conceitos de linguagem documental, vocabulários controlados, tesauros, taxonomias, ontologias, conservação, e documentos gráficos, tendo em vista o desenvolvimento de um instrumento na área do controlo de vocabulário, aplicado à conservação e ao restauro de documentos gráficos. Como resultados, é possível identificar as seguintes fases na construção de um VC: Descrição da abrangência das facetas/categorias/áreas do conhecimento; Definição das línguas, padrões internacionais, convenções e abreviações utilizados; Criação de regras para a seleção de termos e conceitos e para a descrição dos termos. Conclui com a necessidade de um VC, apresentando diretrizes para a normalização de uma linguagem aplicada à conservação e restauro de documentos gráficos.

Os investigadores portugueses e a sua produção científica no âmbito da ISKO

Luis Corujo — 2024-03-08

Procura-se conhecer o cenário relativo aos investigadores portugueses (residentes em Portugal) na International Society for Knowledge Organization - ISKO. Identifica-se quem são membros ISKO residentes em Portugal que publicam em conferências e revistas desta entidade e qual a sua produção científica. Nesta linha, identificam-se os artigos da sua autoria publicados em atas de conferências e na revista científica desta entidade, a sua afiliação, percurso profissional e académico, a rede de relações entre autores e as principais tendências em termos de assuntos abordados. Numa abordagem qualitativa apoiada na Pesquisa Documental, traça-se um retrato emanado do universo português no âmbito da investigação ligada à Organização do Conhecimento, centrada na ISKO. A maioria destes textos surge publicada em atas de encontros científicos da ISKO. Verifica-se a existência de dezoito sócios residentes em Portugal, dos quais doze são autores de artigos da amostra, concentrados nas Universidades de Coimbra, de Lisboa, e do Porto. Identifica-se uma concentração de relações entre autores das duas primeiras Universidades, assim como do número de autorias de textos da amostra. A maioria partilha formação superior de base na área da História, os restantes na área das Línguas e Literaturas e Ciências e Tecnologias da Informação. Todos enveredam por formação pós-graduada na área da Ciência da Informação e, excetuando uma autora, tiveram da sua formação em Ciência da Informação na Universidade de Coimbra. Metade destes autores exerceu funções como profissionais da informação, enquanto a maioria exerce funções docentes universitárias em exclusividade na área de Ciência da Informação. Perceciona-se que os assuntos abordados remetem para questões ligadas à Representação da Informação, à Gestão do Conhecimento e Tecnologias para a Organização do Conhecimento, à Organização da Informação, e à Investigação e Competências.

Editorial: Organização do Conhecimento em Portugal

Jorge Revez — 2024-03-08

Este número especial da revista “Fronteiras da Representação do Conhecimento” surgiu de um amável convite do Professor Maurício Barcellos Almeida para que fosse organizado um dossier sobre organização e representação do conhecimento, apresentando a visão da comunidade portuguesa de Ciência da Informação.

Ciência da Informação na Universidade Nova de Lisboa

Paula Ochôa de Carvalho Telo — 2024-02-28

Este artigo tem como objetivo realizar uma análise e, em simultâneo, um balanço das estratégias e modelos de ensino da Ciência da Informação na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa desde 2004, caraterizando três fases: (1) Fase do alinhamento com o modelo geral de ensino pré-Bolonha, assente na especialização em Ciências Documentais (2004-2008); (2) Fase da expansão com criação dos mestrados em Ciência da Informação e Documentação (2008-2015); (3) Fase da procura da diferenciação (2015-2023), com a criação de parcerias estratégicas interdisciplinares: primeiro, com uma prestigiada escola de Gestão de Informação (NOVA IMS) e o lançamento do Mestrado em Gestão e Curadoria de Informação (2015-2023) e, mais recentemente com a NOVA FCT Faculdade de Ciências e Tecnologia, com o lançamento do Mestrado em Curadoria e Humanidades Digitais. Cada uma destas fases caracteriza-se pela construção de uma visão epistemológica na área da representação do conhecimento, constituindo uma fonte privilegiada para o estudo da Ciência da Informação em Portugal, não só acompanhando movimentos e debates académicos semelhantes a nível nacional e noutros países, como também dando origem a trabalhos teóricos e empíricos, com novas propostas de análise, abordagens e perspetivas teóricas e concetuais, relações temáticas e discursivas. São igualmente analisadas as abordagens pedagógicas desenvolvidas, com especial destaque para os modelos de ensino híbrido e à distância.

Representação do conhecimento sobre arquivos deslocados

L. S. Ascensão de Macedo — 2024-02-28

O artigo aborda a questão dos arquivos deslocados, que são conjuntos documentais removidos dos seus contextos sociais e territoriais originários, gerando reivindicações pela sua restituição. Essa questão envolve não apenas a posse, mas também a representação do conhecimento sobre esses conjuntos documentais. O artigo utiliza a Estemática como método para analisar empiricamente o caso da Comissão da Fazenda do Distrito da Madeira e do Porto Santo, custodiado pelo Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Portugal), e investiga como este fundo foi representado ao longo do tempo. O artigo explora a relação entre a Crítica Textual e a Arquivística, recorrendo à Estemática como uma abordagem para a representação do conhecimento em arquivos deslocados. Neste estudo, foram analisados diversos Instrumentos de Acesso à Informação (IAI) que descreveram o fundo CFMPS. O estudo concentra-se na fase de recensio, partindo da análise do metadado "título" atribuído às unidades de instalação, elemento extraído dos IAI e dos documentos originais. No entanto, apontam-se limitações na compreensão dos processos evolutivos de representação de arquivos disputados, atendendo o carater seminal deste estudo. A Estemática mostra-se relevante na identificação de metáforas e analogias nas representações dos arquivos deslocados, destacando seu potencial epistemológico para a Organização do Conhecimento em arquivos.

A organização do conhecimento como profissão

Patrícia Almeida — 2024-02-28

No âmbito da Organização do Conhecimento, a indexação revela-se um trabalho minucioso e bastante exigente para o profissional da informação que a executa, envolvendo importantes e difíceis decisões. Tal facto exige um perfil de competências específico, de onde sobressai um conjunto de capacidades pessoais e de proficiências técnicas algo invulgares. Ainda assim, este profissional – o indexador – nem sempre ganha destaque e o seu trabalho nem sempre se encontra devidamente valorizado. Desta feita, propõe-se uma reflexão sobre o perfil profissional do indexador, tendo como foco as suas competências pessoais e técnicas. Esta reflexão decorre de pesquisa bibliográfica, de que resulta a estruturação de um perfil profissional bem como o questionamento do futuro da profissão. Verifica-se a escassez de estudos específicos sobre o perfil de competências do indexador e considera-se a sua necessidade, tanto para o aprimoramento da formação (inicial e contínua) como para a valorização da atuação deste profissional da informação.

From epistemology to technological implementation

Jose Eduardo Santarem Segundo — 2023-08-07

With the knowledge that is found in a concrete reality, representations of knowledge are developed in order to make them adequate to the context and purposes in which they are allocated. The modeling of knowledge domains starts precisely from the understanding of this reality, through abstraction, and determines how the concepts will relate in a logical structure, among themselves and with the specific domain. The present work proposes a look at the epistemological characterization of domain modeling until technological materialization, with the objective of presenting semantic enrichment as an element that contributes to the modeling process of a knowledge domain. The research has a bibliographic and exploratory bias and presents semantic enrichment techniques through links and through the use of inferences, which come from the characterization of axioms and definition of inference rules that can expand the possibilities of domain formalization. The considerations demonstrate that the domain modeling process can bring fruitful contributions with the use of the presented techniques, and that these effectively collaborate to specify elements that individualize and characterize a domain of knowledge.

Modeling Domains

Fernanda Farinelli — 2023-08-07

The evolution of information technologies brings challenges to automatic retrieval. Search engines struggle to make sense of human language, compromising recall and precision rates. There is a growing demand for information processing that meets requirements such as standardization and interoperability. The role of information professionals assumes an interdisciplinary and multifaceted perspective, promoting the necessary skills for knowledge representation aimed at building semantic vocabularies that are unambiguous and readable by humans and machines. In domain modeling, representation is achieved through a set of terms and relationships that translate the key concepts of "things" in this domain. Various representation tools with different degrees of formality and complexity are used in domain representation, employing techniques and tools in the modeling process. Analyzing a knowledge domain requires different levels and perspectives of understanding, demanding diverse information competencies from the modeler in constructing representation artifacts. Additionally, knowledge acquisition techniques are essential for a deep understanding of the domain. The article takes a conceptual approach, providing a didactic explanation of the necessary concepts and discussing the contributions of information organization and representation fields, focusing on domain modeling to identify the required techniques, methodologies, technologies, and representation tools for this activity. As contributions, a set of essential competencies and skills are presented for information professionals to model domains. This approach aims to address technical gaps not covered in traditional training for these professionals, providing a better understanding of the technical aspects related to domain modeling and expanding their scope of practice.

Organization and representation of information and knowledge in informational contexts

Daniela Lucas da Silva Lemos — 2023-09-15

Abstract: currently, there is interest from scientific and practical communities that deal with digital technologies and at the same time with areas belonging to the Human, Social and Applied Social Sciences in reusing information sources on the web and treating their digital cultural objects as preponderant elements in the generation of value in their circulations and social reuse. In this opportunity, the article at presenting a proposal for a theoretical-conceptual model capable of integrating contributions from Information Science, Data Science and Computer Science and, therefore, contribute to the representation of information entities with quality for the production of networked cultural knowledge. This is a theoretical and qualitative research, of an exploratory and descriptive nature, using bibliographical research in specialized databases in the fields cited above as a technique, together with the use of analytical categories derived from the method of Content Analysis in helping to inferences and interpretations about the collected data. The representation artifacts now evidenced in the proposed theoretical-conceptual model can be considered syntheses of a Knowledge Organization System that seeks, primarily, the organization of information resources, producing relationships; access points; sorting for items in collections; generic and specific facets for navigation in web systems, and interoperable digital cultural objects in a network. The information professional, therefore, has as a preponderant role the development of specific terminologies for the structuring of information with quality, following semantic models for the treatment of information, aiming at intelligent, innovative and valuable information services to the field of culture and the field of the Digital Humanities.

Ontological and epistemological assumptions

Linair Maria Campos — 2023-09-12

Foundation ontologies provide principles and theories aligned with a metamodel that can be used coherently in the construction of Knowledge Organization Systems (KOS) of specific domains. Conceptual domain models developed in accordance with a foundation ontology are called ontological models and should reflect in their scope and intention what was raised through the analysis of that domain, which reflects a point of view. Based on the recognition of the underlying epistemological and ontological perspectives, the points of view that are adopted to observe the domain are established, as well as principles and methods for its modeling and representation, in order to make its understanding and reuse clearer. How exactly the domain will be represented, the languages to be adopted, the formalisms and methodologies, all this depends to some extent on the objective of the ontology. In any case, the epistemological and ontological assumptions that influence the representation of the domain, as well as the principles adopted for its modeling, are often not clearly explained, leading to misunderstandings of the ontological commitment underlying these models. In this scenario, we aim to discuss aspects that are at the level of metamodels, to situate their importance, and how they impact conceptual models. As a result, a systematic, non-exhaustive framework of such aspects is presented, with examples of how they can affect existing KOS understanding.