Um estudo qualitativo sobre a relação entre insight e transtornos de humor
Palavras-chave:
Insight, Diagnóstico psiquiátrico, Transtornos do humorResumo
O objetivo do estudo é compreender o insight de sujeitos com transtornos afetivos/humor. Foram investigados aspectos relativos à percepção dos sujeitos sobre seus sintomas, monitoramento de seus próprios modos e a introspecção em relação à aceitação do diagnóstico. O estudo tem viés qualitativo, por meio de uma entrevista semiestruturada, tendo os participantes idade acima de 18 anos, de ambos os sexos, cadastrados em um ambulatório de psiquiatria do Rio Grande do Sul. Nos resultados foram encontradas as categorias: “Consciência do transtorno”; “Aceitação do diagnóstico”; “Adesão ao tratamento”, “Psicoeducação”; “Medicação, medicamentalização e paradigma biomédico” e “Estigma”, e a partir destas, ficou evidente a necessidade de novas intervenções com esses pacientes, mediante a implementação de diretrizes e políticas de cuidado que remetem à humanização, à clínica ampliada e a saberes multiprofissionais, destacando que a maioria desses sujeitos têm o fármaco como única forma de tratamento. Sobre o insight, a maioria, exceto um dos indivíduos, conseguiu articular em seu discurso conteúdos e vivências relativas ao diagnóstico e fatores de mudança em suas vidas, ou seja, o insight torna-se fator imprescindível para que os indivíduos compreendam melhor as alternativas para o seu tratamento, bem como possam ter um controle mais efetivo sobre seu curso de vida.
Downloads
Referências
Abel, M. C. (2015). O insight na psicanálise. Psicologia, Ciência e Profissão, 23, 22-31. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-98932003000400005&script=sci_abstract&tlng=pt.
Bardin, L. (2010). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.
Bleger, J. (1998). Temas de psicologia: entrevista e grupos. São Paulo: Martins Fontes.
Camelo, S. H. H., Angerami, E. L. S., Silva, E. M., & Mishima, S. M. (2000). Acolhimento à clientela: estudo em unidades básicas de saúde no município de Ribeirão Preto. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 8(4), 30-37. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-11692000000400005&script=sci_abstract&tlng=pt.
Camelo, E., Mograbi, D. C., Silva, R. de A. da, Santana, C. M. T., Nascimento, R. L. F. do, Silva, A. C. de O. e, Nardi, A. E., & Cheniaux, E. (2019). Clinical and Cognitive Correlates of Insight in Bipolar Disorder. Psychiatric Quarterly, 90, 385–394. Retrieved from https://link.springer.com/article/10.1007/s11126-019-09627-2.
Costa, A. M. N. (2008). Transtorno afetivo bipolar: carga da doença e custos relacionados. Archives of Clinical Psychiatry, 35(3), 104-110. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-60832008000300003&script=sci_abstract&tlng=pt.
Dalgalarrondo, P. (2008). Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed.
David, A. S. (1990). Insight and Psychosis. The British Journal of Psychiatry, 156(6), 798-808. Recuperado de https://search.proquest.com/openview/2cf52ca908a96728f30ad293a066ef13/1?pq-origsite=gscholar&cbl=40635.
Dewulf, N. D. L. S., Monteiro, R. A., Passos, A. D. C., Vieira, E. M., & Troncon, L. E. A. (2006). Adesão ao tratamento medicamentoso em pacientes com doenças gastrintestinais crônicas acompanhados no ambulatório de um hospital universitário. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, 42(4), 575-584. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-93322006000400013&script=sci_abstract&tlng=pt.
Fonseca, T. M. G., & Jaeger, R. L. (2012). A psiquiatrização da vida: arranjos da loucura, hoje. Revista Polis e Psique, 2(3), 188. Recuperado de https://seer.ufrgs.br/PolisePsique/article/view/40327.
Garcia, C. A. S., JR., Steil, A., & Rocha, K. K. N. (2018). Uma análise sobre o funcionamento do insight em pacientes com anorexia nervosa. Arquivos Catarinenses de Medicina, 47(4), 116-131. Recuperado de 449-1401-2-rv.pdf (bvsalud.org).
Goffman, E. (1988). Estigma: notas sobre a manipulação da identidade ( M. Lambert, Trad.). Recuperado de ESTIGMA - NOTAS SOBRE A MANIPULAO DA IDENTIDADE ETERIORADA (usp.br)
Gomes, B. C., & Lafer, B. (2007). Psicoterapia em grupo de pacientes com transtorno afetivo bipolar. Archives of Clinical Psychiatry, 34(2), 84-89. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832007000200004.
Greenhouse, W. J., Meyer, B., & Johnson, S. L. (2000). Coping and Medication Adherence in Bipolar Disorder. Journal of Affective Disorders, 59(3), 237-241. Retrieved from https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0165032799001524.
Guia da Gestão Autônoma da Medicação – GAM. (2014). Rosana Teresa Onocko Campos; Eduardo Passos; Analice Palombini et al. DSC/FCM/UNICAMP; AFLORE; DP/UFF; DPP/UFRGS. Recuperado de: http://www.fcm.unicamp.br/fcm/laboratorio-saude-coletiva-e-saudemental-interfaces.
Kennedy, S. H. (2013). A Review of Antidepressant Therapy in Primary Care: Current Practices and Future Directions. The Primary Care Companion for CNS Disorders, 15(2). Retrieved from https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3733527/.
Konstantakopoulos, G., Tchanturia, K., Surguladze, S. A., & David, A. S. (2011). Insight in Eating Disorders: Clinical and Cognitive Correlates. Psychological Medicine, 41(9), 1951-1961. Retrieved from https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21211101.
Lima, L. L., Moreira, T. M. M, & Jorge, M. S. B. (2013). Produção do cuidado a pessoas com hipertensão arterial: acolhimento, vínculo e corresponsabilização. Revista Brasileira de Enfermagem, 66(4), 514-522. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71672013000400008&script=sci_abstract&tlng=pt.
Leite, S. N., & Vasconcellos, M. D. P. C. (2003). Adesão à terapêutica medicamentosa: elementos para a discussão de conceitos e pressupostos adotados na literatura. Ciência & Saúde Coletiva, 8, 775-782. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232003000300011&script=sci_abstract&tlng=pt.
Leonardi, J. L., Andery, M. A. P. A., & Rossger, N. C. (2011). O estudo do insight pela análise do comportamento. Perspectivas em análise do comportamento, 2(2), 166-178. Recuperado de https://www.researchgate.net/publication/285530836_O_estudo_do_insight_pela_analise_do_comportamento.
Maheirie, K. (2002). Constituição do sujeito, subjetividade e identidade. Interações, 7(13), 31-44. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/inter/v7n13/v7n13a03.pdf.
Marková, I. S. (2005). Insight in Psychiatry. Cambridge: Cambridge University Press.
Marková, I. S., & Berrios, G. E. (2011). Awareness and Insight in Psychopathology: An Essential Distinction?. Theory & Psychology, 21(4), 421-437. Retrieved from https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0959354310375330.
Miasso, A. I., Cassiani, S. H. D. B., & Pedrão, L. J. (2008). Transtorno afetivo bipolar e terapêutica medicamentosa: identificando barreiras. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 16(4), 739-745. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-11692008000400014&script=sci_arttext&tlng=pt.
Murakami, R., & Campos, C. J. G. (2012). Religião e saúde mental: desafio de integrar a religiosidade ao cuidado com o paciente. Revista Brasileira de Enfermagem, 65(2), 361-367. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672012000200024.
Neumann, A. P., & Zordan, E. P. (2011). A implantação do acolhimento na abordagem sistêmica em uma clínica-escola: possibilidades e desafios. Revista de Psicologia da IMED, 3(1), 496-505.
Nunes, M., & Torrenté, M. D. (2009). Estigma e violências no trato com a loucura: narrativas de centros de atenção psicossocial, Bahia e Sergipe. Revista de Saúde Pública, 43, 101-108. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-89102009000800015&script=sci_abstract&tlng=pt.
Resolução n. 466, de 12 de dezembro de 2012. (2012). Brasília, Diário Oficial da União. Recuperado de https://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf.
Resolução n. 510, de 7 de abril de 2016. (2016). Brasília, Diário Oficial da União. Recuperado de http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf.
Ribeiro, A. C. L., & Ferla, A. A. (2016). Como médicos tornaram-se deuses: reflexões acerca do poder médico na atualidade. Psicologia em Revista, 22(2), 294-314. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-11682016000200004.
Silva, R. de A. da, Mograbi, D. C., Landeira-Fernandes, J., & Cheniaux, E. (2014). O insight no transtorno bipolar: uma revisão sistemática. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 63, 242-254. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0047-20852014000300242&script=sci_abstract&tlng=pt.
Silva, R. de A. da., Mograbi, D. C., Camelo, E. V., Amadeo, L. N., Santana, C. M., Fernandez, J., & Cheniaux, E. (2018). The Relationship between Insight and Affective Temperament in Bipolar Disorder: An Exploratory Study. Trends in Psychiatry and Psychotherapy, 40(3), 210-215. Retrieved from http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2237-60892018000300210&script=sci_arttext.
Silva, R. de A. da, Mograbi, D. C., Silveira, L. A., Nunes, A. L., & Novis, F. D. (2014). Insight across the Different Mood States of Bipolar Disorder. Psychiatry Quarterly, 85(4):391–522. Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25597029/.
Silva, R. de A. da, Tancini, M. B., Cheniaux, E., & Mograbi, D. C. (2020). Metacognição no transtorno bipolar: uma revisão sistemática. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 69(2), 131-139. Recuperado de https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0047-20852020005001201&script=sci_arttext.
Varga, M., Magnusson, A., Flekkøy, K., Rønneberg, U., & Opjordsmoen, S. (2006). Insight, Symptoms and Neurocognition in Bipolar I Patients. Journal of Affective Disorders, 91(1), 1-9. Retrieved from https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0165032705002855.
Weber, C. A. T. (2012). Residenciais terapêuticos, o dilema da inclusão social de doentes mentais. Porto Alegre: EdiPUCRS.
Whitbourne, S. K., & Halgin, R. P. (2015). Psicopatologia: perspectivas clínicas dos transtornos psicológicos. Porto Alegre: AMGH.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam neste periódico concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à periódico o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial neste periódico.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).