A comunicação de más notícias nos cuidados paliativos

Autores

Palavras-chave:

Comunicação de más notícias, Relação médico-paciente, Cuidados paliativos, Psicologia médica, Psicologia da saúde

Resumo

A comunicação de más notícias representa um desafio aos profissionais que atuam em cuidados paliativos, com entraves que precisam ser compreendidos. Para descortiná-los, objetivou-se analisar a perspectiva de médicos que atuam em cuidados paliativos com adultos acerca da comunicação de más notícias. Realizou-se uma pesquisa qualitativa, que contou com a participação de nove médicos que trabalham em cuidados paliativos, em hospitais públicos e privados, com experiência na especialidade entre 2 e 18 anos. Responderam a um roteiro semiestruturado, contendo as seguintes temáticas: comunicação de más notícias, capacitação profissional e dificuldades dessa prática. Os dados foram analisados no software IRaMuTeQ. Os resultados organizaram-se em cinco classes, que apresentam: 1) a importância e as deficiências na capacitação e prática dos profissionais; 2) os cuidados necessários no processo de comunicação; 3) a reação do paciente e de seus familiares diante do diagnóstico e prognóstico em cuidados paliativos; 4) a integração entre equipe e família em cuidados paliativos e; 5) a importância de verificar a compreensão dos pacientes sobre a comunicação. Conclui-se que a comunicação de más notícias em cuidados paliativos é um desafio que requer conhecimento teórico e habilidades em Psicologia Médica e da Saúde, que precisam ser enfatizadas na formação profissional.

Biografia do Autor

  • Maria Rannielly de Araújo Lima Magalhães, Universidade de Fortaleza

    Psicóloga. Mestre em psicologia. Doutoranda em psicologia pela Universidade de Fortaleza.

  • Liza Maria Studart de Meneses, Universidade de Fortaleza

    Graduanda em Psicologia pela Universidade de Fortaleza.

  • João Lins de Araújo Neto, Universidade Federal do Ceará

    Médico. Especialista em clinica médica e em cardiologia. Mestrando em ciências cardiológicas pela UFC.

  • Railda Sabino Fernandes Alves, Universidade Estadual da Paraíba

    Psicologa. Doutora em Psicologia. Professora do Programa de Pos-Graduação em Psicologia da Saúde da UEPB.

  • Cynthia de Freitas Melo, Universidade de Fortaleza

    Psicóloga (licenciatura e formação). Especialista em Saúde Coletiva. Especialista em Psicologia Cognitivo-Comportamental. Mestre em Psicologia Social - UFPB. Doutora em Psicologia - UFRN. Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Unifor.

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Publicado

2024-10-31