Representações sociais de morte para equipes de saúde de dois centros de terapia intensiva
Palavras-chave:
Representações Sociais, Morte, CTI, Equipe de SaúdeResumo
Este estudo teve como objetivo analisar as representações sociais da morte para a equipe de saúde de dois Centros de Terapia Intensiva de um hospital de Belo Horizonte/MG. Para tal, foram entrevistados 18 profissionais intensivistas de dois CTIs, localizados em um hospital que atende exclusivamente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Os resultados mostraram que, embora a maioria dos profissionais tivesse dificuldades de lidar com a morte, ora ela era vista como continuidade da vida, ora como fim. Essas visões revelaram duas perspectivas distintas acionadas na ancoragem das representações sociais da morte: uma pessoal e subjetiva – na qual a morte era objetivada como “vida em outro lugar” – e outra técnica e profissional, na qual a morte era o “inimigo a ser vencido”. Longe de serem concorrentes, essas perspectivas e os afetos e sentimentos por elas evocados se intersecionavam com crenças e experiências pessoais, prevalecendo flexivelmente conforme o contexto.
Downloads
Referências
Afonso, S. B. C., & Minayo, M. C. S. (2013). Notícias difíceis e o posicionamento dos oncopediatras: revisão bibliográfica. Revista Ciência & Saúde Coletiva, 18(9), 2747-2756. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S1413-81232013000900030.
Alves, M. V. M. F. F., Scudeler, D. N., Bronzatto, C. H. L., Nitsche, M. J. T., & Toso, A. L. R. (2012). Morte e morrer em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica: percepção dos profissionais de saúde. Cogitare Enferm, 17(3), 543-548. Recuperado de http://dx.doi.org/10.5380/ce.v17i3.29296.
Ariès, P. (1982). O homem diante da morte (Vol. II, (L. Ribeiro, Trad.). Rio de Janeiro: Francisco Alves.
Bardin, L. (1977). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.
Bauer, M. W. (2002). Análise de conteúdo clássica: uma revisão. In M. W. Bauer & G. Gaskell (Orgs.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático (pp. 189-217). Petrópolis: Vozes.
Borges, M. S., & Mendes, N. (2012). Representações de profissionais de saúde sobre a morte e o processo de morrer. Rev Bras Enferm, 65(2), 324-331. Recuperado de https://www.scielo.br/pdf/reben/v65n2/v65n2a19.pdf.
Castro, R. R., Barbosa, N. R., Alves, T., & Najberg, E. (2016). Perfil das internações em Unidades de Terapia Intensiva adulto na cidade de Anápolis – Goiás. Revista de Gestão em Sistemas de Saúde, 5(2), 115-124. Recuperado de https://doi.org/10.5585/rgss.v5i2.243.
Combinato, D. S. (2005). Concepção de morte e atuação de profissionais de saúde em Unidade de Terapia Intensiva: implicações educacionais. Dissertação de mestrado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
Costa, J. C., & Lima, R. A. G. (2005). Luto da equipe: revelações dos profissionais de Enfermagem sobre o cuidado à criança/adolescente no processo de morte e morrer. Rev Latino-am Enfermagem, 13(2), 151-7. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692005000200004.
Dantas, M. A. A., Alves, M. J., Araújo, G. M. R., & Araújo, M. Z. (2016). Enfrentamento da morte: Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva. Congresso Brasileiro de Ciências da Saúde, 2016. Recuperado de http://www.editorarealize.com.br/revistas/conbracis/trabalhos/TRABALHO_EV055_MD4_SA4_ID380_28042016111028.pdf.
Fernandes, F. S., Ferraz, F., Salvaro, G. I. J., Castro, A., & Soratto, J. (2018). Representações sociais dos profissionais de saúde sobre a terminalidade infantojuvenil. Rev. CEFAC., 20(6), 742-752. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620182062618.
Fitaroni, J. B. (2016). Morte nos cuidados paliativos: representações sociais da equipe multidisciplinar. Dissertação de mestrado, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
Grutcki, D. M., Ferreira, M. S., Sanvicente, C. T., Tetelbom, P. S., & Kluck, M. M. (2009). Mortalidade no CTI adulto do HCPA: análise dos anos 2002 a 2008. Revista HCPA. Recuperado de https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/21707/000733288.pdf?sequence=1.
Hermes, H. R., & Lamarca, I. C. A. (2013). Cuidados paliativos: uma abordagem a partir das categorias profissionais de saúde. Revista Ciência & Saúde Coletiva, 18(9), 2577-2588. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232013000900012.
Jodelet, D. (2001). Representações sociais: um domínio em expansão. In D. Jodelet. As representações sociais (pp. 17-44). Rio de Janeiro: Uerj.
Jodelet, D. (1984). Représentattions sociles: phenoménes, concepts et theories. In S. Moscovici (Ed.). Psychologie sociale (pp. 357-378). Paris: PUF.
Jovchelovitch, S. (2008). Os contextos do saber: representações, comunidade e cultura. Petrópolis: Vozes.
Jovchelovitch, S., & Priego-Hernández, J. (2015). Cognitive Polyphasia, Knowledge Encounters and Public Spheres. In G. Sammut, E. Andreouli, G. Gaskell & J. Valsiner (Eds.). The Cambridge Handbook of Social Representations. Cambridge University Press.
Kovács, M. J. (2005). Educação para a morte. Psicologia Ciência e Profissão, 25(3), 484-497. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932005000300012.
Marques, C. D. C., Veronez, M., Sanches, M. R., & Higarashi, L. H. (2013). Significados atribuídos pela equipe de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica ao processo de morte e morrer. REME Rev Min Enferm., 17(4), 823-830. Recuperado de http://www.dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20130060.
Marková, I. (2006). Tríade dialógica e processos de três componentes. In I. Marková. Dalogicidade e representações sociais: as dinâmicas da mente (pp. 206-241). Petrópolis: Vozes.
Menezes, R. A., & Barbosa, P. de C. (2013). A construção da “boa morte” em diferentes etapas da vida: reflexões em torno do ideário paliativista para adultos e crianças. Revista Saúde Coletiva, 18(9), 2653-2662. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S1413-81232013000900020.
Menezes, R. A. (2000). Difíceis decisões: uma abordagem antropológica da Prática Médica em CTI. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, 10(2), 27-49. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0103-73312000000200002.
Mortiz, R. D., & Nassar, S. M. (2004). A atitude dos profissionais de saúde diante da morte. RBTI – Revista Brasileira Terapia Intensiva, 16(1), 14-21. Recuperado de http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/107.
Moscovici, S. (2005). Representações sociais: investigações em psicologia social (3a ed.). Petrópolis: Vozes.
Moscovici, S. (2012). A Psicanálise, sua imagem e seu público. Petrópolis: Vozes.
Nascimento, A. M., & Roazzi, A. (2007). A estrutura da representação social da morte na interface com as religiosidades em equipes multiprofissionais de saúde. Psicologia: Reflexão e Crítica, 20(3), 435-443. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722007000300011.
Oliveira, D. C. (2011). A teoria das representações sociais como grade de leitura da saúde e da doença: a constituição de um campo interdisciplinar. In A. M. O. Almeida, M. F. S. Santos & Z. A. Trindade (Orgs.). Teoria das representações sociais: 50 anos (pp. 585-624). Brasília: Tchnopolitik.
Oliveira, F. O., & Werba, G. C. (2005). Representações sociais. In F. O. Oliveira & G. C. Werba. Psicologia Social Contemporânea (9a ed., pp. 104-117). Petrópolis: Vozes.
Rodrigues, J. C. (2011). Tabu da morte (Coleção Antropologia e Saúde, 2a ed., 1a reimpr.). Rio de Janeiro: Fiocruz.
Sá, C. P. (2001). Prefácio à edição brasileira. In D. Jodelet (Org.). As representações sociais (pp. 7-10). Rio de Janeiro: Uerj.
Salomé, G. M., Cavali, A., & Espósito, V. H. C. (2009). Sala de emergência: o cotidiano das vivências com a morte e o morrer pelos profissionais de saúde. Rev Bras Enferm, 62(5), 681-6. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672009000500005.
Santos, M. F. S., & Almeida, L. M. (2005). Diálogos com a Teoria da Representação Social. Editora Universitária UFPE.
Schmitt, J. (2010). Mortes vitorianas: corpos, luto e vestuário. São Paulo: Alameda.
Shimizu, H. E., & Ciampone, M. H. T. (2002). As representações sociais dos trabalhadores de Enfermagem não enfermeiros (técnicos e auxiliares de Enfermagem) sobre o trabalho em Unidade de Terapia Intensiva em um hospital-escola. Revista da Escola de Enfermagem, 36(2), 148-155. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0080-62342002000200007.
Seiffert, C. S. L. C., Freitas, K. O., Monteiro, G. O., & Vasconcelos, E. V. (2020). O processo de morte e morrer para equipe de Enfermagem do Centro de Terapia Intensiva. Rev Fun Care Online. Recuperado de http://dx.doi.org/10.9789/2175-5361.rpcfo.v12.7242.
Silva, V. X. P., Ramos, R. S., Mariz, R. G. A., Oliveira, O. V. S., Nunes, L. M. P. N., Santos, E. I., & Gomes, A. M. T. (2015). As representações sociais de enfermeiros de clínica médica sobre cuidados paliativos oncológicos. Revista HUPE, 14(1), 42-49. Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistahupe/article/download/17926/13458.
Souza, D. M., Soares, E. O., Costa, K. M. S., Pacífico, A. L. de C. & Parente, A. C. M. (2009). A vivência da enfermeira no processo de morte e morrer dos pacientes oncológicos. Revista Texto e Contexto Enfermagem, 18(1), 41-47. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0104-07072009000100005.
Souza, G. A., Giacomin, K., Arendes, J. S., & Firmo, J. O. A. (2018). Comunicação da morte: modos de pensar e agir de médicos em um hospital de emergência. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 28(3), 1-19. Recuperado de https://doi.org/10.1590/s0103-73312018280324.
Souza, P. S. N., & Conceição, A. O. F. (2018). Processo de morrer em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica. Rev. bioét. (Impr.)., 26(1), 127-134. Recuperado de https://doi.org/10.1590/1983-80422018261234.
UTIs Brasileiras (2020). Principais desfechos: taxas de mortalidade em UTI e no hospital. Recuperado de http://www.utisbrasileiras.com.br/uti-adulto/principais-desfechos/#!/taxas-de-mortalidade-na-uti-e-no-hospital.
Vala, J. (2004). Representações Sociais e Psicologia Social do conhecimento cotidiano. In J. Vala & M. B Monteiro (Orgs.). Psicologia Social (6a ed., pp. 457-502). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Vieira, A. M., Parente, E. A., Oliveira, L. S., Queiroz, A. L., Bezerra, I. S. A. M., & Rocha, H. A. L. (2019). Características de óbitos dos pacientes internados em uma Unidade de Terapia Intensiva de hospital terciário. J. Health Biol Sci., 7(1), 26-31. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0034-71672009000500005.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Carla Vieira Gomes de Faria, Thiago Mikael Silva, Adriano Roberto Afonso Nascimento
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam neste periódico concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à periódico o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial neste periódico.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).