Representações sociais de morte para equipes de saúde de dois centros de terapia intensiva

Autores

Palavras-chave:

Representações Sociais, Morte, CTI, Equipe de Saúde

Resumo

Este estudo teve como objetivo analisar as representações sociais da morte para a equipe de saúde de dois Centros de Terapia Intensiva de um hospital de Belo Horizonte/MG. Para tal, foram entrevistados 18 profissionais intensivistas de dois CTIs, localizados em um hospital que atende exclusivamente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Os resultados mostraram que, embora a maioria dos profissionais tivesse dificuldades de lidar com a morte, ora ela era vista como continuidade da vida, ora como fim. Essas visões revelaram duas perspectivas distintas acionadas na ancoragem das representações sociais da morte: uma pessoal e subjetiva – na qual a morte era objetivada como “vida em outro lugar” – e outra técnica e profissional, na qual a morte era o “inimigo a ser vencido”. Longe de serem concorrentes, essas perspectivas e os afetos e sentimentos por elas evocados se intersecionavam com crenças e experiências pessoais, prevalecendo flexivelmente conforme o contexto.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Carla Vieira Gomes de Faria, Hospital Municipal Odilon Behrens (Belo Horizonte/MG), Prefeitura Municipal de Nova Lima/MG, Programa de Pós-Graduação em Psicologia/UFMG

Mestre em Psicologia. Programa de Pós-Graduação em Psicologia/UFMG.

Thiago Mikael Silva, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Mestre em Psicologia e Doutorando em Psicologia no Programa de Pós-Graduação em Psicologia/UFMG.

Adriano Roberto Afonso Nascimento, Universidade Federal de Minas Gerais

Docente. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Belo Horizonte. Minas Gerais. Brasil.

Referências

Afonso, S. B. C., & Minayo, M. C. S. (2013). Notícias difíceis e o posicionamento dos oncopediatras: revisão bibliográfica. Revista Ciência & Saúde Coletiva, 18(9), 2747-2756. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S1413-81232013000900030.

Alves, M. V. M. F. F., Scudeler, D. N., Bronzatto, C. H. L., Nitsche, M. J. T., & Toso, A. L. R. (2012). Morte e morrer em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica: percepção dos profissionais de saúde. Cogitare Enferm, 17(3), 543-548. Recuperado de http://dx.doi.org/10.5380/ce.v17i3.29296.

Ariès, P. (1982). O homem diante da morte (Vol. II, (L. Ribeiro, Trad.). Rio de Janeiro: Francisco Alves.

Bardin, L. (1977). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.

Bauer, M. W. (2002). Análise de conteúdo clássica: uma revisão. In M. W. Bauer & G. Gaskell (Orgs.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático (pp. 189-217). Petrópolis: Vozes.

Borges, M. S., & Mendes, N. (2012). Representações de profissionais de saúde sobre a morte e o processo de morrer. Rev Bras Enferm, 65(2), 324-331. Recuperado de https://www.scielo.br/pdf/reben/v65n2/v65n2a19.pdf.

Castro, R. R., Barbosa, N. R., Alves, T., & Najberg, E. (2016). Perfil das internações em Unidades de Terapia Intensiva adulto na cidade de Anápolis – Goiás. Revista de Gestão em Sistemas de Saúde, 5(2), 115-124. Recuperado de https://doi.org/10.5585/rgss.v5i2.243.

Combinato, D. S. (2005). Concepção de morte e atuação de profissionais de saúde em Unidade de Terapia Intensiva: implicações educacionais. Dissertação de mestrado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

Costa, J. C., & Lima, R. A. G. (2005). Luto da equipe: revelações dos profissionais de Enfermagem sobre o cuidado à criança/adolescente no processo de morte e morrer. Rev Latino-am Enfermagem, 13(2), 151-7. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692005000200004.

Dantas, M. A. A., Alves, M. J., Araújo, G. M. R., & Araújo, M. Z. (2016). Enfrentamento da morte: Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva. Congresso Brasileiro de Ciências da Saúde, 2016. Recuperado de http://www.editorarealize.com.br/revistas/conbracis/trabalhos/TRABALHO_EV055_MD4_SA4_ID380_28042016111028.pdf.

Fernandes, F. S., Ferraz, F., Salvaro, G. I. J., Castro, A., & Soratto, J. (2018). Representações sociais dos profissionais de saúde sobre a terminalidade infantojuvenil. Rev. CEFAC., 20(6), 742-752. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620182062618.

Fitaroni, J. B. (2016). Morte nos cuidados paliativos: representações sociais da equipe multidisciplinar. Dissertação de mestrado, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

Grutcki, D. M., Ferreira, M. S., Sanvicente, C. T., Tetelbom, P. S., & Kluck, M. M. (2009). Mortalidade no CTI adulto do HCPA: análise dos anos 2002 a 2008. Revista HCPA. Recuperado de https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/21707/000733288.pdf?sequence=1.

Hermes, H. R., & Lamarca, I. C. A. (2013). Cuidados paliativos: uma abordagem a partir das categorias profissionais de saúde. Revista Ciência & Saúde Coletiva, 18(9), 2577-2588. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232013000900012.

Jodelet, D. (2001). Representações sociais: um domínio em expansão. In D. Jodelet. As representações sociais (pp. 17-44). Rio de Janeiro: Uerj.

Jodelet, D. (1984). Représentattions sociles: phenoménes, concepts et theories. In S. Moscovici (Ed.). Psychologie sociale (pp. 357-378). Paris: PUF.

Jovchelovitch, S. (2008). Os contextos do saber: representações, comunidade e cultura. Petrópolis: Vozes.

Jovchelovitch, S., & Priego-Hernández, J. (2015). Cognitive Polyphasia, Knowledge Encounters and Public Spheres. In G. Sammut, E. Andreouli, G. Gaskell & J. Valsiner (Eds.). The Cambridge Handbook of Social Representations. Cambridge University Press.

Kovács, M. J. (2005). Educação para a morte. Psicologia Ciência e Profissão, 25(3), 484-497. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932005000300012.

Marques, C. D. C., Veronez, M., Sanches, M. R., & Higarashi, L. H. (2013). Significados atribuídos pela equipe de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica ao processo de morte e morrer. REME Rev Min Enferm., 17(4), 823-830. Recuperado de http://www.dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20130060.

Marková, I. (2006). Tríade dialógica e processos de três componentes. In I. Marková. Dalogicidade e representações sociais: as dinâmicas da mente (pp. 206-241). Petrópolis: Vozes.

Menezes, R. A., & Barbosa, P. de C. (2013). A construção da “boa morte” em diferentes etapas da vida: reflexões em torno do ideário paliativista para adultos e crianças. Revista Saúde Coletiva, 18(9), 2653-2662. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S1413-81232013000900020.

Menezes, R. A. (2000). Difíceis decisões: uma abordagem antropológica da Prática Médica em CTI. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, 10(2), 27-49. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0103-73312000000200002.

Mortiz, R. D., & Nassar, S. M. (2004). A atitude dos profissionais de saúde diante da morte. RBTI – Revista Brasileira Terapia Intensiva, 16(1), 14-21. Recuperado de http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/107.

Moscovici, S. (2005). Representações sociais: investigações em psicologia social (3a ed.). Petrópolis: Vozes.

Moscovici, S. (2012). A Psicanálise, sua imagem e seu público. Petrópolis: Vozes.

Nascimento, A. M., & Roazzi, A. (2007). A estrutura da representação social da morte na interface com as religiosidades em equipes multiprofissionais de saúde. Psicologia: Reflexão e Crítica, 20(3), 435-443. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722007000300011.

Oliveira, D. C. (2011). A teoria das representações sociais como grade de leitura da saúde e da doença: a constituição de um campo interdisciplinar. In A. M. O. Almeida, M. F. S. Santos & Z. A. Trindade (Orgs.). Teoria das representações sociais: 50 anos (pp. 585-624). Brasília: Tchnopolitik.

Oliveira, F. O., & Werba, G. C. (2005). Representações sociais. In F. O. Oliveira & G. C. Werba. Psicologia Social Contemporânea (9a ed., pp. 104-117). Petrópolis: Vozes.

Rodrigues, J. C. (2011). Tabu da morte (Coleção Antropologia e Saúde, 2a ed., 1a reimpr.). Rio de Janeiro: Fiocruz.

Sá, C. P. (2001). Prefácio à edição brasileira. In D. Jodelet (Org.). As representações sociais (pp. 7-10). Rio de Janeiro: Uerj.

Salomé, G. M., Cavali, A., & Espósito, V. H. C. (2009). Sala de emergência: o cotidiano das vivências com a morte e o morrer pelos profissionais de saúde. Rev Bras Enferm, 62(5), 681-6. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672009000500005.

Santos, M. F. S., & Almeida, L. M. (2005). Diálogos com a Teoria da Representação Social. Editora Universitária UFPE.

Schmitt, J. (2010). Mortes vitorianas: corpos, luto e vestuário. São Paulo: Alameda.

Shimizu, H. E., & Ciampone, M. H. T. (2002). As representações sociais dos trabalhadores de Enfermagem não enfermeiros (técnicos e auxiliares de Enfermagem) sobre o trabalho em Unidade de Terapia Intensiva em um hospital-escola. Revista da Escola de Enfermagem, 36(2), 148-155. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0080-62342002000200007.

Seiffert, C. S. L. C., Freitas, K. O., Monteiro, G. O., & Vasconcelos, E. V. (2020). O processo de morte e morrer para equipe de Enfermagem do Centro de Terapia Intensiva. Rev Fun Care Online. Recuperado de http://dx.doi.org/10.9789/2175-5361.rpcfo.v12.7242.

Silva, V. X. P., Ramos, R. S., Mariz, R. G. A., Oliveira, O. V. S., Nunes, L. M. P. N., Santos, E. I., & Gomes, A. M. T. (2015). As representações sociais de enfermeiros de clínica médica sobre cuidados paliativos oncológicos. Revista HUPE, 14(1), 42-49. Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistahupe/article/download/17926/13458.

Souza, D. M., Soares, E. O., Costa, K. M. S., Pacífico, A. L. de C. & Parente, A. C. M. (2009). A vivência da enfermeira no processo de morte e morrer dos pacientes oncológicos. Revista Texto e Contexto Enfermagem, 18(1), 41-47. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0104-07072009000100005.

Souza, G. A., Giacomin, K., Arendes, J. S., & Firmo, J. O. A. (2018). Comunicação da morte: modos de pensar e agir de médicos em um hospital de emergência. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 28(3), 1-19. Recuperado de https://doi.org/10.1590/s0103-73312018280324.

Souza, P. S. N., & Conceição, A. O. F. (2018). Processo de morrer em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica. Rev. bioét. (Impr.)., 26(1), 127-134. Recuperado de https://doi.org/10.1590/1983-80422018261234.

UTIs Brasileiras (2020). Principais desfechos: taxas de mortalidade em UTI e no hospital. Recuperado de http://www.utisbrasileiras.com.br/uti-adulto/principais-desfechos/#!/taxas-de-mortalidade-na-uti-e-no-hospital.

Vala, J. (2004). Representações Sociais e Psicologia Social do conhecimento cotidiano. In J. Vala & M. B Monteiro (Orgs.). Psicologia Social (6a ed., pp. 457-502). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Vieira, A. M., Parente, E. A., Oliveira, L. S., Queiroz, A. L., Bezerra, I. S. A. M., & Rocha, H. A. L. (2019). Características de óbitos dos pacientes internados em uma Unidade de Terapia Intensiva de hospital terciário. J. Health Biol Sci., 7(1), 26-31. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0034-71672009000500005.

Downloads

Publicado

2024-10-22