O uso prejudicial de bebidas alcoólicas por povos indígenas no Brasil

Autores

Palavras-chave:

Bebidas alcoólicas, População indígena, Saúde mental

Resumo

O uso prejudicial de bebidas alcoólicas por povos indígenas é um grave problema de saúde e necessita ser compreendido levando-se em conta os valores socioculturais e processos históricos de cada povo e cada comunidade. Apesar disso, pesquisas sobre o tema no Brasil ainda são relativamente incipientes e limitam o desenvolvimento de ações para mitigar os problemas relacionados. Este trabalho foi elaborado a partir de uma revisão de teses e dissertações defendidas no Brasil entre os anos 2010 e 2019, considerando todas as áreas do conhecimento e acessadas no Catálogo de Teses e Dissertações da Capes e no da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. Foram encontradas 15 produções, sendo cinco teses e dez dissertações, que indicaram a existência de uma grande diversidade nos modos de beber e na regulação desses consumos. O uso prejudicial de bebidas alcoólicas apareceu mais frequentemente associado à desestruturação sociocultural, conflitos sociais e agravos em saúde. Além disso, os serviços de atenção não têm conseguido prestar uma assistência mínima satisfatória, seja pela alta demanda, quantidade insuficiente de profissionais, seja pela falta de qualificação técnica.

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Biografia do Autor

Ivan Barreto, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Doutorando em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Mestre em Antropologia pela Universidade Federal da Bahia, Especialista em O Consumo e os Consumidores de Álcool e outras Drogas pela UFBA e Graduado em Psicologia (Formação de Psicólogo) pela Universidade Federal de Alagoas. Atuou como psicólogo e responsável técnico pelo Programa de Atenção à Saúde Mental no Distrito Sanitário Especial Indígena Médio Rio Purus, foi professor da Faculdade de Tecnologia e Ciências - Itabuna/BA e bolsista de mestrado CAPES. Atualmente é bolsista de Doutorado CAPES, pesquisador do Grupo Interdisciplinar de Estudo sobre Substâncias Psicoativas, pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Psicoativos e membro do Grupo Modos de Subjetivação, Políticas Públicas e Contextos de Vulnerabilidade. Possui experiência nas áreas de saúde mental, psicologia social, antropologia e pesquisa qualitativa, com especial interesse em questões envolvendo o uso de substâncias psicoativas, a saúde de povos indígenas e populações em vulnerabilidade social.

Magda Dimenstein, Universidade Federal do Ceará

Professora visitante da Universidade Federal do Ceará. Professora Titular vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFRN. Graduada em Psicologia pela UFPE (1986), Mestre em Psicologia Clínica pela PUC/RJ (1994) e Doutora em Saúde Mental pelo Instituto de Psiquiatria da UFRJ (1998). Realizou estágio Pós-Doutoral em Saúde Mental na Universidad Alcalá de Henares (Espanha/2010) e em Saúde Coletiva no Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da UFC (2018). Atua na área de saúde coletiva com ênfase em saúde mental, atenção primária e psicossocial, em cenários urbanos e rurais. Participa do grupo de pesquisa Modos de subjetivação, Políticas Públicas e Contextos de Vulnerabilidades (diretório de GP/CNPq) e do GT/ANPEPP Políticas de subjetivação e invenção do cotidiano. Membro do CA/CNPq (2019-2022). Bolsista PQ1A/CNPq.

Jáder Leite, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Graduado em Psicologia pela Universidade Estadual da Paraíba (1998); mestrado em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2003), doutorado em Psicologia Social pela UFRN (2008) e estágio pós-doutoral junto ao Núcleo de Psicologia Comunitária (NUCOM) da UFC (2014). É professor associado I, vinculado ao Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com atuação na graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado). Presidente da Associação Brasileira de Psicologia Política (Gestão 2017 - 2018), coordenador e membro do GT Saúde Comunitária da ANPEPP (2017-2018). Atua no campo da Psicologia social e política a partir dos temas: movimentos sociais e relações de gênero em contextos rurais.

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Publicado

2024-10-22