“A Saída é a Morte”
Ideações Suicidas em Profissionais da Saúde
Palavras-chave:
Profissionais da saúde, Trabalho, Ideação suicida, Hospital de Emergência e TraumaResumo
Este estudo teve como objetivo investigar as relações existentes entre ideações suicidas e trabalho de profissionais da saúde em um hospital de emergência e trauma. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de cunho quanti-qualitativo do tipo descritivo exploratório, à luz da Psicodinâmica do Trabalho. Inicialmente utilizou-se um questionário com 80 profissionais da saúde para conhecer a realidade de trabalho e identificar aqueles em sofrimento psíquico e que apresentassem ideações suicidas. Com base nos dados levantados, na segunda parte da pesquisa, foi realizada uma entrevista semiestruturada com dois profissionais que afirmaram ter ideações suicidas em decorrência do trabalho. Os resultados apontaram que as condições e a organização de trabalho presentes na atividade desses profissionais impactam significativamente na saúde desses trabalhadores, deixando-os suscetíveis a desenvolverem transtornos psicológicos fortemente atrelados às ideações suicidas e ao suicídio em si. Verificou-se que situações de assédio moral, sobrecarga de trabalho e a necessidade de conciliar diferentes jornadas de trabalho também se constituem como fatores que favorecem o desenvolvimento do pensamento suicida. Desse modo, faz-se necessário que as organizações em saúde atentem para a saúde do trabalhador, traçando ações de caráter preventivo e que garantam um espaço de trabalho que potencialize a saúde desses profissionais.
Downloads
Referências
Andrade, G. O., & Dantas, R. A. A. (2015). Transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho em médicos anestesiologistas. Brazilian Journal of Anesthesiology, 65(6), 504-510.
Araújo, T. M., Mattos, A. I. S., Almeida, M. M. G., & Santos, K. O. B. (2016). Aspectos psicossociais do trabalho e transtornos mentais comuns entre trabalhadores da saúde: contribuições da análise de modelos combinados. Revista Brasileira de Epidemiologia, 19, 645-657.
Azevedo, B. D. S., Nery, A. A., & Cardoso, J. P. (2017). Estresse ocupacional e insatisfação com a qualidade de vida no trabalho da enfermagem. Texto & Contexto Enfermagem, 26(1), 1-11.
Barros-Duarte, C., Cunha, L., & Lacomblez, M. (2007). INSAT: uma proposta metodológica para análise dos efeitos das condições de trabalho sobre a saúde. Revista Laboreal, 3(2), 54-62.
Barros, N. M. G. C., & Honório, L. C. (2015). Riscos de adoecimento no trabalho de médicos e enfermeiros em um hospital regional mato-grossense. REGE-Revista de Gestão, 22(1), 21-39.
Borsoi, I. C. F. (2007). Da relação entre trabalho e saúde à relação entre trabalho e saúde mental. Psicologia & Sociedade, 19(1), Edição especial, 103-111.
Brito, J. C., Souza, A. M. R. Z., & Oliveira, S. (2009). INSATS: Inquérito Saúde e Trabalho em Serviço – Modelo Adaptado ao Trabalho em Serviço no Brasil. Questionário não publicado. Escola Nacional Pública Sérgio Arouca (Ensp) da Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro.
Campos, L. J., Alquatti, R., & Garbin, S. R. (2016). Trabalho e suicídio: gesto de resistência final. Estud. Pesqui. Psicol., 16(1), 86-103.
Dal’Bosco, E. B., Floriano, L. S. M., Skupien, S. V., Arcaro, G., Martins, A. R., & Anselmo, A. C. C. (2020). A saúde mental da enfermagem no enfrentamento da covid-19 em um hospital universitário regional. Revista Brasileira de Enfermagem, 73(Suppl. 2), e20200434. Recuperado de https://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0434.
Dejours, C. (1986). Por um novo conceito de saúde. Revista Brasileira da Saúde Ocupacional, 54(14), 7-11.
Dejours, C. (1992). A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho (5a ed.). São Paulo: Cortez.
Dejours, C. (2001). Le Travail entre banalisation du mal et émancipation. Recuperado de https://clinicamuncii.files.wordpress.com/2010/06/le-travail-entre-banalization-du-mal-et-emancipation1.pdf.
Dejours, C. (2004a). O trabalho como enigma. In S. Lancman & L. Sznelwar (Orgs.). Christophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho (pp. 127-139). Rio de Janeiro: Fiocruz, Brasília: Editora Paralelo 15.
Dejours, C. (2004b). Addendum: da psicopatologia à psicodinâmica. In S. Lancman & L. I. Sznelwar (Orgs.). (2011). Christophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho (pp. 57-124). Rio de Janeiro, Brasília: Fiocruz/Paralelo 15.
Dejours, C., & Bégue, F. (2010). Suicídio e trabalho: o que fazer? (1a ed.). Brasília: Editora Paralelo 15.
Dejours, C., Abdoucheli, E., & Jayet, C. (1994). Psicodinâmica do trabalho (1a ed.). São Paulo: Editora Atlas.
Fernandes, D. M., & Marcolan, J. F. (2017). Trabalho e sintomatologia depressiva em enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família. SMAD – Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas, 13(1), 37-44.
Garçon, T. A., Aguiar, L. A., Nascimento, E. S., & Voltarelli, A. (2019). Fatores desencadeantes de estresse do enfermeiro na unidade de urgência e emergência. Revista Enfermagem Atual InDerme, 87(25), Suplemento, 1-5.
Gracino, M. E., Zitta, A. L. L., Mangili, O. C., & Massuda, E. M. (2016). A saúde física e mental do profissional médico: uma revisão sistemática. Saúde em Debate, 40, 244-263.
Guerra, P. C., Oliveira, N. F., Sande, M. T., Terreri, L. R. A., Len, C. A. (2016). Sono, qualidade de vida e humor em profissionais de enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva Infantil. Rev Esc Enferm, 50(2), 279-285.
Gupta, P., Moore, R., & Durval, G. F., Neto (2015). Bem-estar ocupacional em anestesiologistas: sua relação com a metodologia educacional. Rev Bras Anestesiol, 65(4), 237-239.
Heloani, J. R. (2004). Assédio moral: um ensaio sobre a expropriação da dignidade no trabalho. RAE-eletrônica, 3(1).
Heloani, J. R., & Capitão, C. G. (2003). Saúde mental e Psicologia do Trabalho. São Paulo em Perspectiva, 17(2), 102-108.
Kovács, M. J. (2010). Sofrimento da equipe de saúde no contexto hospitalar: cuidando do cuidador profissional. O mundo da saúde, 34(4), 420-429.
Lacerda, K. M., Fernandes, R. C. P., Nobre, L. C. C., & Pena, P. G. L. (2014). A (in)visibilidade do acidente de trabalho fatal entre as causas externas: estudo qualitativo. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 39(130), 127-135.
Laville, C., & Dionne, J. (1999). A construção do saber: Manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artmed.
Leão, L. H. C., & Gomez, C. M. (2014). A questão da saúde mental na vigilância em saúde do trabalhador. Revista Ciência & Saúde Coletiva, 19(12), 4649-4658.
Moreira, W. C., Sousa, A. R., & Nóbrega, M. P. S. S. (2020). Adoecimento mental na população geral e em profissionais de saúde durante a covid-19: scoping review. Texto e Contexto Enfermagem. Recuperado de https://doi.org/10.1590/SciELOPreprints.689.
Nascimento, T. C. C. do, Araújo, M. R. M. de, & Almeida, S. P. de (2018). Precarização do emprego em um hospital público do Sergipe: um estudo de caso com profissionais da enfermagem. Revista de Ciências da Administração, 20(edição especial), p. 117-129.
Organização Mundial Da Saúde. (2016). Grave problema de saúde pública, suicídio é responsável por uma morte a cada 40 segundos no mundo. Recuperado de http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5221:grave-problema-de-saude-publica-suicidio-e-responsavel-porumamorteacada40-segundos-no-mundo&itemid=839.
Pantoja, F. G. B., Silva, M. V. S., Andrade, M. A., & Santos, A. A. S. (2017). Avaliação do burnout em trabalhadores de um hospital universitário do município de Belém (PA). Saúde em Debate, 41, 200-214.
Pereira, M. D., Torres, E. C., Pereira, M. D., Antunes, P. F. S., & Costa, C. F. T. (2020). Sofrimento emocional dos enfermeiros no contexto hospitalar frente à pandemia de covid-19. Research, Society and Development, 9(8), e67985121. Recuperado de http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i8.5121.
Ribeiro, A. P., Oliveira, G. L., Silva, L. S., & Souza, E. R. (2020). Saúde e segurança de profissionais de saúde no atendimento a pacientes no contexto da pandemia de covid-19: revisão de literatura. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 45. Recuperado de https://doi.org/10.1590/2317-6369000013920.
Rodrigues, C. C. F. M., Santos, V. E. P., & Sousa, P. (2017). Segurança do paciente e enfermagem: interface com estresse e síndrome de burnout. Revista Brasileira de Enfermagem, 70(5), 1141-1147.
Rosado, I. V. M., & Maia, E. M. C. (2011). Os impactos do trabalho na saúde dos profissionais que atuam no âmbito hospitalar: potencializador da saúde ou do adoecimento.
Rosado, I. V. M., Russo, G. H. A., & Maia, M. C. (2015). Produzir saúde suscita adoecimento?: As contradições do trabalho em hospitais públicos de urgência e emergência. Ciênc. Saúde Coletiva, 20(10), 3021-3032.
Santa, N. D., & Cantilino, A. (2016). Suicídio entre médicos e estudantes de Medicina. Revista Brasileira de Educação Médica, 44(2), 772-780.
Santana, L. L., Sarquis, L. M. M., Miranda F. M. D., Kalinke, L. P., Felli, V. E. A., & Mininel, V. A. (2016). Indicadores de saúde dos trabalhadores da área hospitalar. Revista Brasileira de Enfermagem, 69(1), 23-32.
Santos, A. S., Sobrosa, G. M. R., Borowski, S. B. V., Monteiro, J. K., & Dilélio, A. S. (2017). Contexto hospitalar público e privado: impacto no adoecimento mental de trabalhadores da saúde. Trab. Educ. Saúde, 15(2), 421-438.
Silva, D. S. D., Tavares, N. V. S., Alexandre, A. R. G., Freitas, D. A., Brêda, M. Z., Albuquerque, M. C. S., & Melo, V. L., Neto (2015). Depressão e risco de suicídio entre profissionais de Enfermagem: revisão integrativa. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 49(6), 1023-1031.
Silva, V. F., Oliveira, H. B., Botega, N. J., Marín-León, L., Barros, M. B. A., & Dalgalarrondo, P. (2006). Fatores associados à ideação suicida na comunidade: um estudo de caso-controle. Cadernos de Saúde Pública, 22(9), 1835-1843.
Silva, J. C. B. C., Silva, A. L. A., & Nelson, A. V. M. (2016). Sofrimento humano nas organizações: o enfoque na sociedade disciplinar. Revista de Carreiras e Pessoas (ReCaPe), 5(3), 402-412.
Simões, J., & Biachi, L. R. de O. (2016). Prevalência da síndrome de burnout e qualidade do sono em trabalhadores técnicos de enfermagem. Revista Saúde e Pesquisa, 9(3), 473-481.
Soratto, J., Pires, D. E. P., Trindade, L. L., Oliveira, J. S. A., Fortes, E. C. N., & Melo, T. P. (2017). Insatisfação no trabalho de profissionais da saúde na estratégia saúde da família. Texto Contexto Enferm, 26(3).
Tambasco, L. P., Silva, H. S., Pinheiro, K. M. K., & Gutierrez, B. A. O. (2017). A satisfação no trabalho da equipe multiprofissional que atua na atenção primária à saúde. Saúde em Debate, 41(spe2), 140-151.
Teixeira, C. F. D. S., Soares, C. M., Souza, E. A., Lisboa, E. S., Pinto, I. C. D. M., Andrade, L. R. D., & Espiridião, M. A. (2020). A saúde dos profissionais de saúde no enfrentamento da pandemia de covid-19. Ciência & Saúde Coletiva, 25, 3465-3474.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Eduardo Breno Nascimento Bezerra, Elaine Milena Alves Genuino, Larissa Ketlen da Silva Gonçalves Rocha, Renata Pimentel da Silva
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam neste periódico concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à periódico o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial neste periódico.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).