Cartografia e ocupação do território: a Zona da Mata mineira no século XVIII e primeira metade do XIX

Autores

  • Josarlete Magalhães Soares Universidade Federal de Minas Gerais

Palavras-chave:

ocupação territorial, produção cartográfica, Minas Gerais, Zona da Mata mineira

Resumo

A colonização da América Portuguesa foi permeada por diversas iniciativas de reconhecimento e de controle sobre sua ocupação territorial. Com a descoberta do ouro, a capitania de Minas Gerais passou a ser alvo privilegiado dessas iniciativas, merecendo inclusive maior atenção quanto ao mapeamento de suas terras. Desse modo, a produção cartográfica oficial sobre as Minas acabou refletindo o gradativo processo de apropriação de seu território e a lenta expansão do povoamento rumo às fronteiras da capitania. Com o objetivo de visualizar as características desse processo sobre o espaço, neste artigo procedemos à análise de alguns dos principais mapas produzidos pela iniciativa tanto da Coroa portuguesa quanto do governo mineiro ao longo do século xviii e também durante a primeira metade do xix. Privilegiamos aqueles documentos reconhecidos atualmente pela importância e originalidade no momento em que foram produzidos. Nosso recorte de investigação foi a porção sudeste de Minas Gerais, região hoje conhecida como Zona da Mata mineira. Durante a maior parte do século xviii, a Coroa se esforçou em restringir o povoamento dessa área, numa tentativa de evitar o extravio dos impostos sobre o ouro e sobre a circulação de mercadorias. No entanto, nas primeiras décadas do século xix, tais restrições, que já vinham se atenuando, foram completamente extintas e políticas oficiais passaram a estimular o aproveitamento econômico da região. De forma associada ao discurso historiográfico, a cartografia se mostrou um instrumento extremamente válido para a compreensão do processo de conquista do espaço natural a partir da implantação de uma série de assentamentos humanos característicos, embriões de futuros centros urbanos. A cartografia também possibilitou visualizar as linhas de força que impulsionaram a ocupação do território, explicitando o modo como os novos assentamentos humanos se articularam aos demais núcleos urbanos mineiros.

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Publicado

2011-06-01