MARC21 Autoridades para entidades coletivas: experiência da oficina ministrada aos alunos de Biblioteconomia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro


Relato de Experiência


MARC21 Autoridades para entidades coletivas: experiência da oficina ministrada aos alunos de Biblioteconomia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro




Mylena Carvalho Moreira1


Vinicius de Souza Tolentino2





Resumo: O formato MARC21 é um padrão amplamente utilizado nos catálogos das bibliotecas brasileiras e estrangeiras, sendo parte essencial na rotina dos bibliotecários catalogadores. Por este motivo, o ensino deste formato na graduação se mostra essencial para que os alunos estejam familiarizados com os campos e subcampos que este formato apresenta, além de ser uma preparação fundamental para o mundo do trabalho e para a atividade profissional na área da Biblioteconomia. Para contribuir com a formação e estimular a prática do uso do formato MARC21, ofereceu-se para os alunos do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, uma oficina sobre o MARC21 Autoridades com foco em entidades coletivas, como uma maneira de prepará-los para a vida profissional no processamento técnico de uma biblioteca. Este relato de experiência busca analisar o ponto de vista dos alunos participantes, com o propósito de apurar a eficácia da oficina para o aprendizado da representação de entidades coletivas por meio da utilização do formato MARC21 em registros de autoridades. Utilizou-se como método de avaliação um formulário on-line, enviado aos participantes via e-mail, após a realização da oficina. Os resultados apontaram que 76% dos participantes saíram da oficina muito satisfeitos e 100% concluíram que a oficina contribuiu para seu entendimento sobre o tema proposto. Conclui-se com este relato de experiência que os graduandos da universidade aprovam oficinas com atividades práticas e se mostram interessados na oferta de oficinas futuras com novos temas de catalogação.

Palavras-chave: Catalogação; Catálogo de autoridade; MARC21; Registro de autoridade; Entidades coletivas.


MARC21 Authorities for corporate body: experience of the workshop given to Library Science students at the Federal University of the State of Rio de Janeiro


Abstract: The MARC21 format is a standard widely used in the catalogs of brazilian and foreign libraries, being an essential part of the routine of cataloging librarians. For this reason, teaching this format in undergraduate courses is essential for students to become familiar with the fields and subfields that this format presents, in addition to being a fundamental preparation for the world of work and for professional activity in the area of ​​Library Science. To contribute to the education of students and encourage the practice of using the MARC21 format, a workshop on MARC21 Authorities was offered to Library Science students at the Federal University of the State of Rio de Janeiro, focusing on corporate bodies, as a way to prepare them for professional life in the technical processing of a library. This experience report seeks to analyze the point of view of the participating students, with the purpose of determining the effectiveness of the workshop in learning how to represent corporate bodies through the use of the MARC21 format in authority records. An online form was used as an evaluation method, sent to participants via email after the workshop. The results showed that 76% of the participants left the workshop very satisfied and 100% concluded that the workshop contributed to their understanding of the proposed topic. It can be concluded from this experience report that the university's undergraduates approve workshops with practical activities and are interested in offering future workshops with new cataloging topics.

Keywords: Cataloguing; Authority catalogue; MARC21; Authority register; Corporate body.



MARC21 Autoridades para entidades colectivas: experiencia del taller impartido a estudiantes de Biblioteconomía de la Universidad Federal del Estado de Río de Janeiro


Resumen: El formato MARC21 es un estándar ampliamente utilizado en los catálogos de bibliotecas brasileñas y extranjeras, y es parte esencial de la rutina de los bibliotecarios catalogadores. Por tal motivo, la enseñanza de este formato en las carreras de pregrado es fundamental para que los estudiantes se familiaricen con los campos y subcampos que este formato presenta, además de ser una preparación fundamental para el mundo del trabajo y para la actividad profesional en el área de la Bibliotecología. Para contribuir a la formación de los estudiantes y estimular la práctica del uso del formato MARC21, se ofreció un taller sobre Autoridades MARC21 a los estudiantes del curso de Bibliotecología de la Universidad Federal del Estado de Rio de Janeiro, con foco en las entidades colectivas, como forma de prepararlos para la vida profesional en el procesamiento técnico de una biblioteca. Este relato de experiencia busca analizar el punto de vista de los estudiantes participantes, con el propósito de determinar la efectividad del taller en el aprendizaje de la representación de entidades colectivas a través del uso del formato MARC21 en registros de autoridad. Se utilizó un formulario en línea como método de evaluación, enviado a los participantes por correo electrónico después del taller. Los resultados mostraron que el 76% de los participantes salieron muy satisfechos del taller y el 100% concluyó que el taller contribuyó a su comprensión del tema propuesto. De este relato de experiencia se concluye que los estudiantes universitarios aprueban los talleres con actividades prácticas y están interesados ​​en ofrecer a futuro talleres con nuevos temas de catalogación.

Palabras-clave: Catalogación; Catálogo de autoridades; MARC21; Registro de autoridad; Entidades colectivas.


Como citar este artigo: MOREIRA, Mylena Carvalho; TOLENTINO, Vinicius de Souza. MARC21 Autoridades para entidades coletivas: experiência da oficina ministrada aos alunos de Biblioteconomia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Múltiplos Olhares em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 15, p. 1-16, 2025. DOI: 10.35699/2237-6658.2025.57407.

1 Introdução

De acordo com o glossário do Anglo-American Cataloguing Rules Second Edition 2002 Revision3 (AACR2r), entidade é definida como uma “organização ou grupo de pessoas identificado por um determinado nome, que age ou pode agir como um todo” (Código de Catalogação Anglo-Americano, 2004, apêndice D-4). As entidades coletivas, termo conhecido no Brasil, são abordadas no capítulo 24 do AACR2r, onde são apresentadas regras para a criação de cabeçalhos para cada tipo de entidade. Os exemplos de entidades coletivas incluem: associações, instituições, empresas comerciais, empresas sem fins lucrativos, governos, órgãos estatais, projetos e programas, entidades religiosas, grupos de igrejas locais identificadas pelo nome da igreja, conferências, exposições, feiras e festivais, filiais, estações de rádio e televisão, forças armadas, embaixadas e consulados, entre outros.

O catálogo de autoridades inclui as formas autorizadas dos nomes de autores, entidades coletivas, séries, eventos e assuntos, facilitando a busca, identificação e seleção desses dados. Ao padronizar os pontos de acesso, o catálogo de autoridade garante consistência e a precisão na catalogação. Desse modo, as entidades coletivas compõem o catálogo de autoridades de uma biblioteca, contribuindo para a padronização e recuperação das informações quando solicitadas por usuários ou bibliotecários.

Até a implantação de um formato legível pelo computador, as fichas catalográficas eram elaboradas manualmente. O formato MARC (Machine Readable Cataloging, ou Catalogação legível para computadores) foi criado pela Library of Congress (LoC) na década de 1960, com o objetivo de se tornar um padrão internacional de descrição bibliográfica, promovendo a cooperação e o intercâmbio entre bibliotecas ao redor do mundo e a padronização das informações bibliográficas em diferentes softwares. No final da década de 1990, o formato MARC passou a ser conhecido como MARC21, após a fusão de seus formatos derivados, MARC II, USMARC e CAN/MARC (Dumer; Albuquerque, 2020).

O MARC21 passou a ser composto por cinco formatos: bibliográfico, autoridade, dados de coleção, classificação e informações da comunidade. O formato MARC21 Autoridade é utilizado na construção de registros de autoridades para nomes pessoais, entidades coletivas, séries, assuntos e eventos. Este formato define os campos e subcampos, etiquetas e códigos que devem ser aplicados para representar as informações sobre uma autoridade.

Com o objetivo de contribuir para a formação dos alunos da graduação em Biblioteconomia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), foi oferecida uma oficina sobre a utilização do formato MARC21 Autoridades com ênfase na representação de entidades coletivas. A oficina ocorreu durante a 22ª Semana de Integração Acadêmica, realizada de 14 a 18 de outubro de 2024, e foi ministrada pela graduanda Mylena Carvalho Moreira, sob orientação do Professor Doutor Vinicius de Souza Tolentino, cumprindo as atribuições dos bolsistas indicadas no edital de monitoria, esta que foi realizada na disciplina de Representação Descritiva III. A oficina contou com uma breve exposição teórica sobre o tema, abordando os conceitos de catálogo e entidades coletivas, a partir de uma pesquisa bibliográfica com os principais autores da área e instrumentos mais utilizados na Catalogação. A partir disso, foram apresentados materiais on-line a serem utilizados como instrumentos de pesquisa para aplicação nas atividades da oficina e também no dia a dia do catalogador.

Após a realização da oficina, um formulário eletrônico com 20 questões foi enviado a todos os participantes para que respondessem anonimamente. Esta avaliação foi formulada a partir de perguntas introdutórias sobre o nível de conhecimento prévio dos participantes sobre o tema da oficina, o período atual dos alunos, disciplinas já cursadas sobre a área e posteriormente com perguntas voltadas à realização da oficina e das atividades.

A intenção deste relato de experiência, além de expor os temas abordados durante a oficina, é também compartilhar o ponto de vista dos alunos participantes, com o objetivo de explorar o conhecimento adquirido por eles sobre o tema, a relevância de oficinas presenciais voltadas para a prática da catalogação e a importância do desenvolvimento de métodos de ensino-aprendizagem que integrem alunos e professores.

2 A Oficina

A Semana de Integração Acadêmica ocorre anualmente em diversas universidades do país, com objetivo de divulgar o conhecimento produzido nas universidades e promover a troca de experiências entre alunos, professores e pesquisadores. Esses eventos, realizados dentro da universidade, são importantes especialmente no que se refere ao compartilhamento de informações e conhecimento entre os próprios alunos. Com esse intuito, para cumprir uma participação obrigatória e apresentação do projeto de monitoria, decidiu-se oferecer, durante a 22ª Semana de Integração da UNIRIO, a oficina sobre MARC21 Autoridades para entidade coletivas.

A oficina sobre MARC21 Autoridades para entidades coletivas aconteceu no dia 18 de outubro de 2024, às 10h, na sala 205 do Centro de Ciências Humanas e Sociais (CCHS) da UNIRIO, localizado na Urca, Rio de Janeiro. No total, foram disponibilizadas 40 vagas aos alunos da universidade, das quais 38 foram preenchidas.

Com o objetivo principal de apresentar os conceitos básicos sobre o MARC21 Autoridades, além de abordar as entidades coletivas e seu uso profissional, foi planejado uma atividade prática para os participantes, como forma de aplicar o conhecimento adquirido. Os materiais utilizados durante a oficina incluíram uma apresentação do conteúdo em formato de slides e no formato oral, além de folhas de papel A4 com planilhas impressas no formato de tabela do MARC21 para a atividade prática. Essa alternativa para os exercícios foi adotada devido à impossibilidade de agendar o laboratório de informática para a realização do minicurso, limitando o uso de recursos tecnológicos no evento. Além disso, a oficina também teve como objetivo demonstrar que o método de aprendizagem prático da Representação Descritiva e a integração entre professor e aluno em projetos, podem contribuir na formação dos graduandos em Biblioteconomia.

O primeiro assunto tratado foi o das entidades coletivas, abordando seu conceito, funcionalidade, exemplos e recomendações para sua utilização. Esses aspectos foram apresentados no primeiro tópico da oficina. A criação de pontos de acesso para entidades coletivas no Brasil segue normas e recomendações específicas, que garantem a padronização e a consistência de cabeçalhos. As bibliotecas brasileiras adotam as regras do AACR2r para a construção desses pontos de acesso, além das diretrizes da Fundação Biblioteca Nacional. Tais orientações estabelecem os critérios para a elaboração dos cabeçalhos de entidades coletivas, garantindo que sejam claros e unívocos.

Além disso, as recomendações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são seguidas quando necessário o uso de qualificadores geográficos, junto com as orientações do capítulo 23 do AACR2r, com o objetivo de especificar a localização de uma entidade coletiva, quando pertinente.

No segundo tópico, foi feita uma breve explanação sobre os conceitos de catálogo e registros de autoridades. Um registro de autoridade inclui um ponto de acesso autorizado, as diferentes formas do nome e as fontes que fundamentam a criação desse ponto de acesso e suas variantes (Chan, 1994, p. 23 apud Assumpção, 2020, p. 119). Para complementar este tópico, foram apresentados exemplos de catálogos on-line que servem como referência para a consulta de autoridades, como ilustrado na Figura 1. Os catálogos de autoridade apresentados abaixo desempenham um papel de modelo para diversas bibliotecas, proporcionando o desenvolvimento de um padrão e interoperabilidade entre os catálogos. O Virtual International Authority File (VIAF) é um catálogo internacional onde são hospedados vários arquivos de nomes de autoridades registrados pelas Bibliotecas Nacionais de diversos países, combinando todos em um só registro, a fim de facilitar a consulta e a padronização destes cabeçalhos.




Figura 1 Exemplos de catálogos on-line

Fonte: Elaboração própria, 2024.



Dando continuidade, no terceiro tópico foi apresentado um contexto geral sobre o MARC21, abordando sua criação, objetivos, funcionalidades e formatos. Podemos entender o MARC21 como um conjunto de padrões desenvolvidos com a finalidade de representar e comunicar de forma legível por máquina, metadados descritivos sobre itens de informação. Desta forma, tem como finalidade ser um formato padronizado para a descrição, armazenamento e intercâmbio automatizado de registros bibliográficos e catalográficos de diferentes tipos de recursos informacionais em uma unidade de informação. Para atingir este objetivo, o formato está representado através de campos de dados variáveis, representados por etiquetas com três dígitos numéricos (040, 100, 400, 500, 670, etc.), em que as indicações de conteúdo são realizadas por meio de subcampos e indicadores. Os subcampos são dois caracteres que diferenciam os dados dentro do campo, os quais requerem tratamento separado (representados por códigos ($a, $b, $c, etc.), já os indicadores são as duas primeiras posições, no início de cada campo de dados variáveis, que interpretam ou complementam os dados contidos no campo. Após esta contextualização, foram apresentados o site oficial do MARC21 bibliográfico da LoC e sua tradução brasileira realizada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e pela Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas de Informação e Instituições (FEBAB). As traduções realizadas pela PUC-Rio e pela FEBAB estão disponíveis on-line na Web e são imprescindíveis no dia a dia de um bibliotecário catalogador, para fins de consultas dos campos e subcampos e indicadores a serem utilizados durante a catalogação (Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, [20–?]; Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2017). Esses tópicos introdutórios foram essenciais para que o formato MARC21 Autoridades pudesse ser devidamente esclarecido aos alunos.
No quarto tópico, foi detalhado o formato MARC21 Autoridades. Foram apresentados a lista de campos desse formato, os campos selecionados para uma abordagem mais profunda durante a oficina, o site oficial do formato da LoC e sua tradução brasileira realizada pela FEBAB. Durante a oficina, houve um aprofundamento no uso dos campos 110, 111, 370, 371, 377, 410, 411, 510, 670, 672 e 856, conforme Figura 2.

Figura 2 Campos estudados na oficina

Fonte: Elaboração própria, 2024.

Os campos 110, 111, 410, 411, 510 e 670 foram selecionados por terem sido considerados campos principais para a descrição de uma entidade coletiva em um registro de autoridade, e os demais campos foram preferidos para expor as variantes maneiras de se representar os atributos das entidades. No Quadro 1, pode-se verificar a que cada campo estudado se destina:


Quadro 1 Etiquetas dos campos estudados

Etiquetas

Campos

110

Ponto de acesso autorizado – Nome de entidade coletiva (NR)

111

Ponto de acesso autorizado – Nome de evento (NR)

370

Local associado (R)

371

Endereço (R)

377

Idioma associado (R)

410

Ponto de acesso não autorizado – Nome de entidade coletiva (R)

411

Ponto de acesso não autorizado – Nome de evento (R)

510

Ponto de acesso relacionado – Nome de entidade coletiva (R)

670

Fonte dos dados encontrados (R)

672

Título relacionando (R)

856

Localização e acesso eletrônico (R)

Fonte: Elaboração própria, 2024.

Antes de iniciar a prática de elaboração de um registro de autoridade, os ministrantes exibiram aos participantes as funcionalidades de cada campo citado anteriormente e apresentaram dois exemplos de registros de autoridades de entidades coletivas no formato MARC21 Autoridade. Os exemplos dos registros de autoridades das entidades coletivas selecionadas foram adaptados ao propósito da oficina, abarcando apenas os campos mencionados e estudados anteriormente. O primeiro exemplo foi o registro de autoridade da Fundação Biblioteca Nacional, e o segundo exemplo foi o registro de autoridade de um evento, o IX Seminário de Psicologia e Senso Religioso. Optou-se por apresentar um exemplo de evento, pois este é um tipo de entidade pouco abordada em sala de aula, embora frequentemente encontrada no cotidiano do profissional que atua no processamento técnico.


2.1 A prática: criando um registro de autoridade

Foram selecionadas duas entidades coletivas para a atividade prática: a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e o XX Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte. Para a realização da atividade, foi distribuída uma folha A4 com duas tabelas impressas no formato do MARC21 Autoridade, frente e verso, contendo os campos abordados durante a oficina. Os indicadores de cada campo estavam indicados na planilha, juntamente aos subcampos a serem utilizados, com o propósito de familiarizar os alunos, ainda assim, os lembrando da importância da consulta às listas de campos do MARC21 para melhor preferência à escolha da utilização dos subcampos e indicadores. As informações e atributos das entidades coletivas foram selecionadas e apresentadas aos participantes pelos slides, possibilitando-os de praticar a atividade alocando cada informação nos campos e subcampos corretos do formato MARC21. Os participantes preencheram cada lado da folha com as informações das duas entidades coletivas selecionadas, conforme Figuras 3 e 4.










Figura 3 Anverso da folha de atividades: tabela para entidade

Fonte: Elaboração própria, 2024.



Figura 4 Verso da folha de atividades: tabela para evento

Fonte: Elaboração própria, 2024.

A correção da atividade e a verificação do uso correto de cada campo do formato foram realizadas durante a oficina, em conjunto com os participantes. Esse momento de correção foi essencial para que os alunos pudessem compreender de forma prática a aplicação do formato MARC21 Autoridade, além de esclarecer possíveis dúvidas em relação aos campos e sua utilização.


3 A opinião dos participantes

A fim de conhecer as considerações dos alunos sobre a oficina, foi enviado aos participantes, via e-mail, um formulário eletrônico com 20 questões, a serem respondidas de forma anônima. Dos 38 participantes, 25 responderam ao formulário, totalizando 65,79% de respostas.

Os alunos pertenciam a três dos quatro cursos oferecidos pela Escola de Biblioteconomia da UNIRIO: Bacharelado matutino em Biblioteconomia (72%), Bacharelado noturno em Biblioteconomia (24%) e Bacharelado em Biblioteconomia na modalidade a distância (4%). A maioria (32%) estava no 5º período de seu curso, conforme apresentado no Quadro 2. Este período é o indicado para a realização da disciplina Representação Descritiva III, oferecida nos cursos matutino e noturno de Bacharelado em Biblioteconomia, que aborda o tema entidades coletivas. Para o curso de Licenciatura em Biblioteconomia, a disciplina é optativa, enquanto no Bacharelado em Biblioteconomia na modalidade a distância, as disciplinas Instrumentos de Representação Descritiva da Informação I e II, são oferecidas no 2º e 3º períodos (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2010).


Quadro 2 Período os alunos participantes

Período

Quantidade de alunos participantes

Porcentagem de alunos participantes

1º período

1

4%

3º período

2

8%

4º período

4

16%

5º período

8

32%

6º período

4

16%

7º período

4

16%

8º período

1

4%

13º período

1

4%

Total

25

100%

Fonte: Elaboração própria, 2024.

Conforme exposto acima, a disciplina Representação Descritiva III é a disciplina em que é ministrada o conteúdo de entidades coletivas. No Gráfico 1 a seguir, é possível verificar as disciplinas referentes ao conteúdo de catalogação que os participantes já haviam cursado até o momento da oficina.











Gráfico 1 Alunos e disciplinas cursadas



Fonte: Elaboração própria, 2024.

Uma questão levantada no formulário referia-se ao conhecimento prévio dos alunos sobre o MARC21 e o registro de autoridade para entidades coletivas. Essa questão também foi abordada no início da oficina, visando maior integração entre os ministrantes e os participantes, já que não foi definido no momento de divulgação da oficina qualquer pré-requisito.


Gráfico 2 Conhecimento sobre MARC21

Fonte: Elaboração própria, 2024.

















Gráfico 3 Conhecimento sobre entidades coletivas





Fonte: Elaboração própria, 2024.

Os Gráficos 2 e 3 mostram que 52% dos participantes já tinham algum conhecimento sobre o formato MARC21. No entanto, a maioria dos alunos não possuía conhecimento sobre entidades coletivas. Esse dado é compreensível, quando comparado ao Gráfico 1, em que revela que um número significativo dos participantes ainda não haviam cursado a disciplina de Representação Descritiva III.


3.1 Da utilização do conhecimento

Para avaliar se o conhecimento compartilhado durante a oficina foi proveitoso para os participantes, o formulário incluiu perguntas sobre a aplicação futura desse conhecimento. A pergunta “A oficina contribuiu para o seu entendimento sobre o MARC21 autoridades para entidades coletivas?” obteve 100% de respostas na opção “sim, de forma significativa”. Já a pergunta “A oficina ajudou a esclarecer suas dúvidas sobre o uso do MARC21 autoridades para entidades coletivas?” obteve oito votos (32%) para a opção “sim, completamente” e 17 votos (68%) na opção “sim”.

Quanto à utilidade do conteúdo para seu trabalho profissional, todos os 25 alunos consideraram o conteúdo “muito útil”. Sobre a motivação para a aplicar o conteúdo apresentado na rotina de trabalho, 17 dos votos foram para “sim, com certeza” e oito votos marcados para a opção “em parte”.



3.2 Do conhecimento compartilhado

Além de avaliar o aproveitamento do conteúdo compartilhado entre os colegas, também foi analisado o conhecimento da ministrante e a forma como o conteúdo foi apresentado, para um melhor planejamento de oficinas futuras.

Todos os 25 alunos concordaram que o conteúdo foi extremamente relevante para a área de atuação. Quanto ao tempo da oficina, 84% consideraram adequado, enquanto 16% acharam o tempo “curto demais”. Em relação ao conhecimento da ministrante, 76% avaliaram como “excelente” e 24% consideraram “bom”. Além disso, 96% consideraram a ministrante clara e acessível, ao passo que 4% não compartilharam a mesma opinião.

Sobre o material de apoio em formato de slides, 76% dos participantes consideram a exposição e confecção “excelente”, 20% “bom” e 4% “muito ruim”. Quanto à metodologia utilizada (exposição teórica, atividades práticas e estudos de caso), 80% dos alunos acharam “muito adequada” e 20% consideram “adequada”. A mesma quantidade de votos foi observada para a pergunta sobre os recursos utilizados (slides, materiais de apoio, ferramentas digitais).

E para finalizar, na avaliação de satisfação geral com a oficina, 76% dos alunos se mostraram “muito satisfeito” e 24% “satisfeito”, como ilustrado no Gráfico 4.


Gráfico 4 Satisfação geral da oficina



Fonte: Elaboração própria, 2024.

Em uma pergunta aberta sobre o que poderia ser melhorado, três alunos sugeriram mais tempo de oficina. Quando questionados sobre outros temas para oficinas futuras, os participantes sugeriram tópicos como RDA, entradas analíticas, uso da Inteligência Artificial na catalogação e mais assuntos sobre MARC21. Essas sugestões demonstram o interesse dos alunos em aprofundar seus conhecimentos e abordar questões relevantes e atuais para sua formação e atuação profissional.

4 Considerações finais

Em uma oficina, palestra, minicurso ou qualquer outro formato de exposição de conhecimento, o objetivo principal é sempre garantir que a informação compartilhada seja utilizada de forma eficaz. O formulário de opinião é uma ferramenta que permite aos organizadores desses eventos obter uma visão sobre a eficácia do conteúdo transmitido, além de aproximá-los dos participantes.

Por meio do formulário eletrônico enviado aos participantes da oficina sobre MARC21 Autoridades para entidades coletivas, foi possível avaliar o interesse dos alunos da UNIRIO por oficinas que envolvem atividades práticas e que contribuem para sua formação. A predominância de alunos que ainda não haviam cursado a disciplina relacionada ao tema da oficina demonstra que atividades complementares são valiosas para a formação dos graduandos, funcionando como uma preparação para sua futura atuação profissional.

Além do entusiasmo demonstrado pelos alunos por mais oficinas na área de catalogação, o preenchimento de 95% das vagas também destaca a relevância do tema abordado e da metodologia aplicada, pois, no momento da inscrição, as informações sobre o formato e a condução da oficina já estavam disponíveis. Ademais, oficinas confeccionadas pelos próprios alunos da graduação, supervisionadas por um professor orientador, fortalecem novos métodos de ensino-aprendizagem, aumentando a interação entre alunos e professores.

Neste contexto, este relato de experiência tem o objetivo de estimular a oferta de oficinas e minicursos sobre catalogação durante as semanas de integração, ou ainda disciplinas optativas, com foco no desenvolvimento de atividades práticas, sempre que for possível, para enriquecer a formação dos graduandos em Biblioteconomia.


Referências

ASSUMPÇÃO, Fabrício Silva. AACR2, MARC 21 e controle de autoridade: um guia de estudo. Florianópolis, 2020. Disponível em: https://fabricioassumpcao.com/guia-de-estudo. Acesso em: 24 mar. 2025.


BIBLIOTECA NACIONAL. Acervo digital. Disponível em: https://acervo.bn.gov.br/sophia_web. Acesso em: 19 maio 2025.


CÓDIGO de catalogação anglo-americano. 2. ed. rev. 2002. São Paulo: FEBAB; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004. Folhas soltas; 30 cm.


DUMER, Luciana; ALBUQUERQUE, Maria Elizabeth Baltar Carneiro de. MARC21 e outros formatos de intercâmbio bibliográfico. João Pessoa: Editora UFPB, 2020. 188 p., il. ISBN 9788523715144. Disponível em: https://www.editora.ufpb.br/sistema/press5/index.php/UFPB/catalog/download/179/911/7524-1?inline=1. Acesso em: 8 jan. 2025.


FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ASSOCIAÇÕES DE BIBLIOTECÁRIOS E INSTITUIÇÕES. MARC 21 Autoridade. Disponível em: https://marc.febab.org/. Acesso em: 22 jan. 2025.


LIBRARY OF CONGRESS. Library of Congress Authorities. Disponível em: https://authorities.loc.gov/. Acesso em: 19 maio 2025.


MOREIRA, Mylena Carvalho; TOLENTINO, Vinicius de Souza. Oficina sobre MARC21 Autoridades para entidades coletivas. Rio de Janeiro, RJ. 18 out. 2024. Apresentação do Power Point. 31 slides. color.


PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO. Divisão de Bibliotecas e Documentação. Marc21: formato bibliográfico. 2017. Disponível em: http://www.dbd.puc-rio.br/MARC21/conteudo.html. Acesso em: 22 jan. 2025.


UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Escola de Biblioteconomia. Projeto pedagógico do curso de bacharelado em Biblioteconomia. 2010. Disponível em: https://www.unirio.br/cchs/eb/arquivos/Projeto%20Politico%20Pedagogico%20Bacharelado%20-%2031.05.2010.pdf. Acesso em: 22 jan. 2025.













NOTAS



CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA

Concepção e elaboração do manuscrito: M. C. Moreira

Coleta de dados: M. C. Moreira

Análise de dados: M. C. Moreira

Discussão dos resultados: M. C. Moreira

Revisão e aprovação: V. S. Tolentino


DECLARAÇÃO DE DISPONIBILIDADE DOS DADOS

Todo o conjunto de dados que dá suporte aos resultados deste estudo foi publicado no próprio artigo.


FINANCIAMENTO

Não se aplica


CONFLITO DE INTERESSES

Não se aplica


REVISÃO E NORMALIZAÇÃO

Os autores


EDITOR RESPONSÁVEL

Patrícia Nascimento Silva (https://orcid.org/0000-0002-2405-8536)


EQUIPE DE APOIO

-


HISTÓRICO

Recebido em: 10-02-2025 – Aprovado em: 11-06-2025 – Publicado em: 15-06-2025.





1 Graduanda em Biblioteconomia, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, mylenacarvalho.moreira@edu.unirio.br

2 Doutor em Ciência da Informação, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, vinicius.tolentino@unirio.br


DOI: https://doi.org/10.35699/2237-6658.2025.57407

Revista Múltiplos Olhares em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 15, e057407, 2025

3 Em português: Código de Catalogação Anglo-Americano 2ª edição revisada de 2002 (CCAA2r).

11

Revista Múltiplos Olhares em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 15, e057407, 2025