Nuntius Antiquus
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<div id="journalDescription"> <p><em>Nuntius Antiquus</em><em> </em>é um periódico semestral, de fluxo contínuo, com avaliação de pares, mantido pela <a href="http://www.letras.ufmg.br/site/">Faculdade de Letras</a> da <a href="https://www.ufmg.br/">Universidade Federal de Minas Gerais</a> (Brasil) desde 2008. Publica artigos científicos tendo como temática culturas e literaturas da Antiguidade e da Idade Média. Tem como missão fomentar a produção científica na área de estudos clássicos e medievais, permitindo a pesquisadores do Brasil e do exterior divulgarem suas pesquisas e contribuírem para o debate e o progresso científico na área. A revista destaca-se como um dos raros periódicos brasileiros voltados estritamente para os domínios da Antiguidade e do Medievo.</p> <p>Não se cobra dos autores pela publicação.</p> <p><strong>Qualis A2 </strong>(quadriênio 2017–2020).</p> <div dir="ltr"> </div> </div>Universidade Federal de Minas Geraispt-BRNuntius Antiquus2179-7064Relações entre Paládio ('Opus agriculturae') e Columela ('De re rustica')
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<p>Neste artigo, examinamos de forma comparativa elementos ou partes das obras <em>Opus agriculturae</em>, de Rutílio Tauro Emiliano Paládio (séc. IV-V d.C.), e <em>De re rustica</em>, de Lúcio Júnio Moderato Columela (séc. I d.C.). Esses autores se inserem no âmbito dos escritos agronômicos em Roma antiga e, portanto, não compuseram sem incorporação de escritores prévios, nos aspectos da fonte e modelo. O próprio Paládio teve Columela como modelo, estruturando <em>Opus agriculturae</em> segundo as dimensões e formato do gênero tratadístico. Também os livros I e XV de Paládio seguem, com alguma liberdade, aspectos temáticos e genéricos da obra do antecessor. Além disso, embora Columela seja a fonte principal dos saberes técnicos contidos em <em>Opus agriculturae</em>, Paládio se serviu também de outras fontes e adaptou as palavras do <em>De re rustica</em> ao seu estilo e ideias. As conclusões do artigo apontam para o efeito do uso renovado do legado de Columela pelo epígono.</p>Matheus Trevizam
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2024-07-032024-07-03201Um caso de recepção da literatura antiga em Machado de Assis
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<p>Neste artigo, examina-se o uso da literatura antiga por Machado de Assis em seu poema “Clódia” e, secundariamente, num fragmento desse poema que o autor publicou em <em>A Semana Illustrada</em> (1870) mas preferiu não incluir na edição de suas <em>Poesias completas</em> de 1901. Explora-se o modo como Machado identifica Clódia com a Lésbia de Catulo e demonstra ter conhecimento da imagem da personagem tal como traçada no discurso ciceroniano <em>Pro Caelio</em>. Em seu conjunto, o poema de Machado mostra considerável conhecimento dos textos da Antiguidade latina, assim como de aspectos vários da civilização romana. Em resumo, identificamos em “Clódia” hipotextos de Catulo, Cícero, Suetônio, Juvenal, tenham sido os textos latinos lidos por Machado no original ou em tradução. Ao se analisar pormenorizadamente esse aspecto da composição, o uso da literatura antiga, pôde-se perceber como Machado de Assis toma como modelo para um trecho de seu poema (a consulta a um arúspice) uma passagem da Sátira 6 de Juvenal, criando uma interessante relação intertextual: a Clódia (mulher da mais elevada aristocracia romana do século I a.C.) do poema de Machado é apresentada como modelo para uma personagem retratada pelo satirista dos séculos I–II d.C., a matrona Lâmia, mas naquela cena machadiana é a sátira que fornece o modelo literário para o poeta. Em anexo apresentam-se o poema “Clódia” bem como o fragmento de 1870, anotando, neste caso, os vários lapsos de transcrição (alguns graves) que identificamos na segunda edição do Ministério da Educação (MEC) das <em>Poesias completas</em>.</p>Paulo Sérgio de Vasconcellos
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2024-07-042024-07-04201Recepção clássica no Brasil
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<p>O artigo tem como objetivo apresentar alguns desenvolvimentos críticos em torno do conceito de <em>recepção clássica</em>, discutindo sua formulação por Charles Martindale no contexto intelectual do dos anos 1990, algumas de suas revisões ao longo da década seguinte e, por fim, um cenário mais atual, no âmbito do que agora se tem chamado de <em>global classics</em>. Considerando-se o maior interesse no debate internacional e a ampliação do tema em cursos de graduação no Brasil nos últimos anos, procura-se introduzir algumas especificidades a serem pensadas no caso da recepção clássica na literatura brasileira e argumenta-se pela via dupla da crítica internacional e da crítica nacional para pensar teoricamente a forma como nossos autores receberam os clássicos gregos e latinos.</p>Lucia Sano
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2024-07-242024-07-24201O conceito de morte em Tomás de Aquino
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<p>O presente artigo empreende uma análise do conceito de morte na filosofia de Tomás de Aquino, examinando rigorosamente seus pressupostos e limites normativos. Como problemática central, questiona-se a morte como o fim da vida e a mera materialidade do ser humano e busca-se reinterpretar nossa própria compreensão da morte a partir da perspectiva tomista. Com o objetivo de perscrutar a demanda exposta, em primeiro lugar, busca-se realizar uma investigação aprofundada sobre os conceitos de alma e de corpo na vida humana, destacando suas inter-relações e implicações filosóficas. Em seguida, apresenta-se uma análise meticulosa do conceito de morte como corrupção da substância, fundamentando-se na perspectiva metafísica aristotélica, visando, por fim, examinar as implicações filosóficas resultantes da morte na visão de Tomás de Aquino, com especial ênfase na consideração da incorruptibilidade da alma intelectual. Afirmamos, deste modo, que é possível fornecer uma compreensão teorética genuína e contemporânea desse tema, visando enriquecer o debate filosófico e estimular uma reflexão crítica sobre a natureza da existência humana.</p>Wellington Caetano de OliveiraLúcio Souza Lobo
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2024-07-032024-07-03201Dante e o Humanismo
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<p>Neste artigo, analisa-se <em>A Divina Comédia</em> de Dante Alighieri, com ênfase na abertura da “Máquina do Mundo”, visando compreender as intersecções entre a obra e o emergente sentimento humanista na transição do Baixo Medievo para o Renascimento. A posição do ser humano no universo épico de Dante prefigura elementos fundamentais do humanismo renascentista, com sua jornada através do Inferno, Purgatório e Paraíso, sublinhando o papel do indivíduo como descobridor e conhecedor, porém admitindo uma dose altíssima de tensão entre o princípio racional e o princípio da fé e da revelação. A pesquisa se vale do conceito de “humanismo poético” como proposto pelo professor Dante Tringali e da ideia de desvelação/desocultação que se entende em sua tensão com a noção de revelação cristã e o conceito de verdade e memória expresso na ideia grega <em>alétheia</em> e comentado em seu sentido poético pelo professor Jaa Torrano. Tais chaves conceituais são lidas em relação ao conceito proposto de “entendimento humanista”. Conclui-se que Dante, na figura do Poeta, destaca-se como precursor dos ideais renascentistas, posicionando o humano como ator principal na compreensão divina e cósmica e antecipando alguns dos princípios que moldariam a modernidade.</p>Danilo Augusto de Athayde Fraga
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2024-06-272024-06-27201 O problema da temperança na República de Platão
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<p>Ao procurar identificar as quarto virtudes cardeais na cidade que acabara de construir com seus interlocutores na <em>República</em>, é notório o embaraço de Sócrates ao passar à temperança. Esse embaraço parece se dar pelo fato de entender que não será fácil defender que a temperança pode ser encontrada na cidade pela falta de clareza sobre as condições que a tornariam possível. Embora, definida como “virtude política”, a temperança só dependa de que exista um acordo harmonioso entre governantes e governados sobre a questão de quem deve governar, é exatamente a consonância entre governantes e governados que parece depender de que estes últimos tenham sido todos educados visando também a que tenham a “temperança psicológica”. Isto se dá pelo grau de restrição aos prazeres e à riqueza que é considerado fundamental na construção da cidade e que dificilmente seria aceito harmoniosamente sem que os indivíduos fossem educados para serem temperantes. Essa necessidade fica reforçada pelo tipo de medicina que se adota na cidade e também pela expectativa de que não sejam necessárias leis positivas para regular o comportamento dos cidadãos. Tudo isso parece indicar que uma boa leitura da obra exige que se considere que a “educação primária”, pela <em>mousiké</em> e <em>gymnastiké</em>, se estende a todas as classes da cidade.</p>Guilherme Domingues da Motta
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2024-07-042024-07-04201Práticas de escrita acadêmica e escrita de si helenística
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<p>Neste texto, procuro descrever algumas técnicas de pesquisa por meio de escritas prévias (fichamentos, diários de pesquisa, escrita livre etc.) e correlacioná-las ao que Foucault (2012) chama de <em>escrita de si.</em> A ideia geral do texto é que certas práticas de escrita acadêmica, especialmente aquelas que visam tanto a preparação e a lapidação da pesquisa em andamento quanto o aprimoramento do próprio ato de pesquisar, podem ser pensadas à luz das práticas de escrita típicas dos exercícios espirituais da filosofia helenística como os <em>hypomnemata</em> e as cartas. Para tanto, em um primeiro momento, como uma introdução e justificativa, levanto certos argumentos defendendo o cultivo de uma vida interior nas práticas de pesquisa, apontando para a bibliografia relevante sobre o assunto; depois, analiso o que chamo de <em>escritas prévias</em> como formas deste cultivo interior nas diversas práticas de pesquisa contemporâneas. Por fim, descrevo algumas escritas de si helenísticas, como os <em>hypomnemata</em> e as cartas, como eram pensadas e executadas pelos estoicos, epicuristas e outras escolas filosóficas helenísticas</p>Marcus Reis Pinheiro
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2024-06-272024-06-27201Um instrumento para a boa vida
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<p>Plutarco de Queroneia (45-125), importante representante do medioplatonismo, destacará a importância das paixões no horizonte da experiência humana como um traço que lhe distingue e, ao fazê-lo, considera o <em>tópos</em> a ser ocupado pelo juízo dos outros na vida humana. É patente também o apelo de Plutarco para a atenção a ser dada para a atuação na <em>pólis</em>, a vida política, com os outros, que poderá ser usada como um instrumento para a boa vida. Platão, afirma Plutarco, nos advertirá sobre os perigos do amor desmesurado por si mesmo, uma vez que é complexo para o ser humano ser um juiz honesto e imparcial de si próprio, emergindo a necessidade da escuta atenta dos juízos dos outros. Plutarco parte da matriz filosófica platônica que impulsiona seus escritos, instigando seu leitor à sabedoria prática e realizando um convite a uma análise especular que exigirá um ser humano intelectualmente ativo e atento para a esperança do florescimento da virtude. O filósofo lançará mão da <em>parrhesía</em>, a fala franca, que lhe será recorrente tanto em suas <em>Vidas Paralelas</em> (<em>Vitae</em>), quanto nos <em>Tratados Morais</em> (<em>Moralia</em>), provocando, no espírito de seu leitor, a necessidade de uma <em>paidéia</em> ancorada no autoexame e na reta audição, bem como na observação atenta dos demais agentes da <em>pólis</em>. O convite do polígrafo é para que o ser humano se atente para a necessidade de depurar-se a si mesmo e entregar-se ao esforço de oportunamente depurar os demais atores que conosco agem e padecem.</p>Vanderley Freitas
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2024-06-272024-06-27201Modos de vida como filosofia ou o teatro filosófico de Platão
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<p>O objetivo deste artigo é mostrar como Platão não propõe meramente um único modo de vida como paradigma de sua filosofia, mas sim pensa a atividade filosófica em sua multiplicidade de modos de vida incarnados em distintos personagens por ele criados e que encenam diferentes posições filosóficas. Tentarei ilustrar isso brevemente me referindo ao <em>Eutidemo</em> que é o mais importante escrito protréptico de Platão. Por fim, finalizo tecendo algumas observações sobre a obra de P. Hadot e mostrando como a sua generalização de pensar a filosofia antiga como modo de vida não permite elucidar as diversas estratégias presentes nos diálogos platônicos.</p>Fernando Rey Puente
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2024-06-272024-06-27201O uso das representações e os três tópicos da filosofia de Epicteto
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<p>Neste artigo, discutiremos a distinção <em>eph´hemin kai ouk eph´hemin</em> e o status dos indiferentes em Epicteto, o uso das representações como o bem humano, os três tópicos da filosofia de Epicteto e a relação que eles mantêm entre si. Apresentaremos os três tópicos da filosofia de Epicteto: o tópico relativo ao desejo, o tópico relativo ao impulso e o tópico relativo ao assentimento, sendo o primeiro concernente aos nossos juízos sobre as coisas e desejos; o segundo, aos impulsos e ações adequadas; e o terceiro, ao assentimento e à persuasividade das representações. Os conhecimentos contidos nestes três tópicos resumem, para Epicteto, o que se requer para se fazer bom uso das representações e, consequentemente, alcançar o bem humano.</p>Aldo DinucciKelli Rudolph
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2024-06-272024-06-27201 Considerações sobre filosofia e vida em Marco Aurélio
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<p>Tomando por base principalmente o passo 17 do livro II das <em>Meditações</em> (<em>Tá eis heautón</em>), buscaremos analisar a relação que se institui entre <em>filosofia</em> (<em>philosophia</em>) e <em>vida</em> (<em>bíos</em>) nas reflexões desenvolvidas pelo imperador filósofo Marco Aurélio. Diante da constatação da precariedade da vida humana, tão somente a filosofia – enquanto exercício cotidiano seja de notar, atentar e observar; seja de cuidar, velar e proteger o deus interior (<em>tereín tón éndon daímona</em>)– desponta como guia para a travessia da existência. Consistindo num método capaz de explicitar o vínculo entre partes e todo, a filosofia termina por nos convocar a uma disposição amorosa em que se torna a entrelaçar <em>psykhé</em> e cosmos, sem a qual não parece possível adotar um modo de vida conforme a natureza (<em>kata physin</em>).</p>Mariana Monteiro Condé
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2024-06-272024-06-27201