Outramargem: revista de Filosofia https://periodicos.ufmg.br/index.php/outramargem <p><span style="font-size: large;"><span style="font-size: medium; font-family: tahoma;">A <strong>Outramargem: revista de filosofia</strong>, é uma publicação eletrônica internacional fundada por iniciativa de discentes do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O principal objetivo é divulgar pesquisas de pós-graduandos, nacionais e internacionais, no âmbito da filosofia e áreas afins,&nbsp; promovendo o intercâmbio entre os pesquisadores por meio de artigos, resenhas, traduções e entrevistas. </span></span></p> pt-BR Outramargem: revista de Filosofia 2358-7377 Editorial https://periodicos.ufmg.br/index.php/outramargem/article/view/36676 <p>Prezados leitores,</p> <p>nós colaboradores da revista <strong>Outramargem</strong>, após restruturação do corpo editorial, retomamos os trabalhos anunciando a nova edição v.7 n.10 (2020).</p> <p>Agradecemos os autores e pareceristas pela confiança que nos depositaram, nesse momento de crise e de mudanças internas e externas a revista.</p> <p>O desgoverno atual abriu as portas para toda sorte de desigualdades e retrocessos golpeando a cada dia nossas instituições sociais . Sua política criminosa de retirada de direitos, sobretudo da população trabalhadora e mais pobre, tem seu auge no genocídio atualmente promovido pelo Estado. Além do constante atentado à constituição federal e aos direitos humanos, testemunhamos a condenação de atividades acadêmicas de renome nacional e internacional sobre o signo de "balbúrdia". Convivemos com o congelamento de bolsas e estrangulamento orçamentário das principais agencias de pesquisa do país CAPES e CNPQ. Ademais, pesquisadores relatam sofrerem perseguições denunciando que não há mais liberdade acadêmica em nosso país. Em meio a isso, houve a tentativa de impedimento de eleições democráticas para escolha de reitores. Estamos sendo atacados por todos os lados.</p> <p>Diante desse cenário, retomamos a nossa rotina de trabalho reafirmando a importância do ensino e da pesquisa perante os ataques cada vez mais eficazes às instituições educacionais, seja por estrangulamento financeiro ou por perseguições ideológicas. No cenário atual, torna-se cada vez mais patente a necessidade de manutenção e defesa do ensino e pesquisa em oposição ao obscurantismo. À vista disso, nós do corpo editorial da revista <strong>Outramargem</strong> reafirmamos o nosso compromisso em ser um espaço de valorização e divulgação da pesquisa e de pesquisadores em filosofia.</p> <p>Levando em consideração que a análise filosófica séria deve responder aos desafios de nossa sociedade, buscamos conciliar a especificidade da pesquisa filosófica com temas de interesse social e multidisciplinar. Em ética e filosofia da religião dispomos do artigo "Perspectivas sobre a relação entre ética e religião" no qual o autor Fabrício Veliq argumenta sobre como as abordagens superficiais acerca da fé terminam por descredibilizar o estudo de teologia e religião. Ainda nessa linha, o artigo " A crença religiosa à luz de Hume e James" de Gabriel Gonzalez Rungue busca retomar a discussão humeana dos milagres, utilizando a distinção entre religião pessoal e institucional elaborada por James.</p> <p>Já em filosofia política contamos com o artigo "O conceito de estratégia em Michel Foucault: A genealogia do poder" de Felipe Luiz. Nesse, o pesquisador busca debater o conceito de estratégia na obra Microfísica do poder, confrontando a interpretação cânone da noção. Ainda nesse eixo, temos o artigo "A formação moral e conformismo ativo em Gramsci" de João batista Favaretto, que discute as noções de conformismo ativo e formação moral em Gramsci, para se pensar uma educação que tencione diminuir a distância entre governantes e governados.</p> <p>Sobre o tema da linguagem dispomos do artigo "Rousseau e a apropriação do fenômeno da metáfora: uma perspectiva a partir da teoria de Paul Ricoeur". Nesse os pesquisadores Luciano Façanha, Rita Oliveira, Francyhélia Mendes, fazem uma interseção sobre o fenômeno da linguagem entre Rousseau e Ricoeur em uma abordagem comparativa e inovadora.</p> <p>Em uma intercessão entre filosofia e psicologia o artigo "As psicologias entre o explicar e o compreender" discute a oposição entre explicar e compreender a partir da oposição entre mecanicismo e teleologia em Wilhelm Dilthey, onde o autor Gabriel Almeida Assumpção culmina por defender a conciliação desses dois métodos na psicologia. O texto se trata da comunicação de abertura da 1ª Jornada de Filosofia e Psicologia ocorrido dia 11 de outubro de 2019 no Auditório Bicalho, da FAFICH-UFMG. </p> <p>Encerrando a sessão de artigos e representando o eixo filosofia moderna temos "O cartesianismo epistemológico de Leibniz". Nesse, o pesquisador William de Jesus Teixeira pretende discutir a influência da teoria da percepção de Descartes no pensamento leibniziano, principalmente no que tange a sua epistemologia e concepção de inatismo.</p> <p>Buscando discutir de forma livre o tema da educação, o ensaio "Relações sociais não tematizadas na educação: um ensaio sobre a relação professor e aluno", escrito por Marcelo Vinicius Miranda Barros, visa problematizar a relação professor- estudante enquanto categoria ontológica que fundamentaria o ser social na medida em que essa relaciona a tríade, ser humano, trabalho e alteridade.</p> <p>Nesse volume contamos com duas traduções inéditas. Na primeira delas, Caio Barros nos oferece a tradução de um prefácio, escrito por Jean- Paul Sartre ao livro L’artiste et sa conscience, de René Leibowitz (1950). O texto também foi publicado na coletânea de escritos de Sartre Situations, volume IV (1964).René Leibowitz (1913 –1972) foi regente, compositor, teórico musical e professor. Foi defensor da Segunda Escola de Viena na França, sendo autor de diversos livros, especialmente sobre música de Schoenberg e a técnica dodecafônica. A segunda é de Elvis de Oliveira Mendes, que nos apresenta a tradução do texto "Filosofia como ciência rigorosa e filosofia política", de um dos filósofos políticos mais influentes do século XX: Leo Strauss. Nesse escrito, Strauss visa debater a concepção de filosofia de Heidegger e Husserl, argumentando como essas concepções desembocam em uma política e uma filosofia política divergentes.</p> <p>Por fim, agradecemos a todos os autores, pareceristas e colegas de trabalho que contribuíram com essa edição e com a história da revista <strong>Outramargem</strong>. Desejamos a todos uma boa leitura!</p> <p> </p> <p><strong>Monique Costa</strong></p> <p>Corpo Editorial da Revista Outramargem</p> Monique Costa Copyright (c) 2021 Outramargem: revista de Filosofia 2021-10-07 2021-10-07 7 10 Perspectivas sobre a relação entre ética e religião https://periodicos.ufmg.br/index.php/outramargem/article/view/12474 <p>Este artigo visa apresentar algumas relações pertinentes entre as temáticas de ética e religião a partir dos pensamentos de James Rachels, Paulo César Nordari e Everaldo Cescom. Mostramos que algumas das críticas apresentadas pelos autores, ainda que relevantes, pecam por uma abordagem superficial do que vem a ser a fé no pensamento religioso, o que, por sua vez, contribui para a manutenção dos estereótipos brasileiros de que estudos sobre teologias e religiões sejam somente de âmbito espiritual.</p> Fabrício Veliq Copyright (c) 2021 Outramargem: revista de Filosofia 2021-10-07 2021-10-07 7 10 A crença religiosa à luz de Hume e James https://periodicos.ufmg.br/index.php/outramargem/article/view/15393 <p><span style="font-weight: 400;">Nosso intuito neste artigo é investigar a noção de crença na abordagem de Hume sobre os milagres. Para ele a crença em milagres não se justifica por dois motivos. Primeiro, a natureza sobrenatural dos milagres faz deles fenômenos pouco ou nada críveis. Segundo, Hume ressalta o acesso testemunhal que temos aos milagres. Para ele, certos ‘vícios’ psíquicos minam a admissibilidade da crença em milagres. Entretanto, Hume não esclarece o que se entende por crença. Diante desse problema, acreditamos que o pensamento de James sobre a religião pode lançar alguma luz acerca da noção de crença religiosa. Em </span><em><span style="font-weight: 400;">Variedades da Experiência Religiosa </span></em><span style="font-weight: 400;">(1902) ele distingue entre religião pessoal e religião institucional. A primeira tem a sua origem em uma experiência pessoal. Já a segunda é fruto de uma transmissão intersubjetiva, apreendida na relação com a comunidade, com familiares, etc. O que se fará neste trabalho é investigar a abordagem humeana dos milagres à luz da distinção entre religião pessoal e institucional. </span></p> Gabriel Gonzalez Rungue Copyright (c) 2021 Outramargem: revista de Filosofia 2021-10-07 2021-10-07 7 10 O conceito de estratégia em Michel Foucault https://periodicos.ufmg.br/index.php/outramargem/article/view/15168 <p>O objetivo do presente trabalho é analisar o conceito de estratégia em algumas obras de Michel Foucault, notadamente a <em>Histoire de la sexualité I — la volonté de savoir</em>. A partir de uma avaliação das posições filosóficas de Foucault, contida nos <em>Dits et écrits</em> e na edição brasileira conhecida como <em>Microfísica do Poder</em>, sustentamos que é possível aduzir um conceito de estratégia que se choca com aquela fornecido por um dos mais famosos dicionários do pensamento do mestre francês, o <em>Vocabulário Foucault</em>, de Castro. Neste mister, nos debruçamos sobre alguns textos de Foucault, lançando mão de comentadores, a fim de descobrir se existe um conceito filosófico de estratégia em Foucault e qual seu alcance.</p> Felipe Luiz Copyright (c) 2021 Outramargem: revista de Filosofia 2021-10-07 2021-10-07 7 10 Formação moral e conformismo ativo em Gramsci https://periodicos.ufmg.br/index.php/outramargem/article/view/15358 <p>O pensador italiano Antonio Gramsci (1891-1937), preocupado com a distância entre a escola e a vida e, ao mesmo tempo, crítico da divisão entre uma escola destinada às classes superiores e outra às classes inferiores, porque levava a perpetuar as desigualdades sociais, tem, certamente, algo a nos dizer atualmente quando na pauta dos debates sobre a educação aparece a questão do significado da escola na vida dos estudantes. Sua proposta de criação de uma escola única e pública voltada à formação de todos os indivíduos, sem distinção de classes, parece caminhar ao encontro dos anseios democráticos do mundo atual. Não se trata apenas de qualificar o trabalhador para inseri-lo no mercado de trabalho, mas de diminuir a distância entre governantes e governados. Para tanto, é necessário tornar ativos os indivíduos para que não participem passivamente das transformações impostas pelo progresso social. Não há dúvida de que seja necessário produzir uma nova adaptação social, isto é, um novo conformismo, mas é preciso que seja um conformismo ativo. Pensar a educação como formação moral significa colocar o problema da iniciativa da ação humana na sociedade, para que os indivíduos se tornem agentes e não sejam apenas instrumentos das transformações. &nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;</p> JOÃO BATISTA FAVARETTO Copyright (c) 2021 Outramargem: revista de Filosofia 2021-10-07 2021-10-07 7 10 Rousseau e a apropriação do Fenômeno da Metáfora https://periodicos.ufmg.br/index.php/outramargem/article/view/15172 <p>Objetiva-se, no presente artigo, fomentar uma análise da ocorrência bem como das consequências do uso do fenômeno da metáfora no pensamento de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) com base na teoria da metáfora desenvolvida por Paul Ricoeur (1913-2005) em sua obra de filosofia da linguagem <em>Metáfora Viva</em>. Para tanto, duas obras específicas tornam-se fundamentais: <em>Ensaio sobre a origem das línguas </em>e <em>Discurso sobre a origem </em>e<em> os fundamentos da desigualdade entre os homens, </em>nas quais encontramos dados que sinalizam que Jean-Jacques Rousseau, filósofo iluminista, já observava na linguagem, o grande potencial a ser trabalhado em prol da filosofia, utilizando-se, ao longo do percurso, de célebres metáforas a partir das quais intenciona-se analisar a relação da linguagem figurada com o mito do bom selvagem, abordando a alegoria da estátua de Glauco e de como se dá essa apropriação do fenômeno da metáfora na filosofia de Rousseau<em>.</em></p> <p><strong>&nbsp;</strong></p> Luciano da Silva Façanha Rita de Cássia Oliveira Francyhélia Benedita Mendes Sousa Copyright (c) 2021 Outramargem: revista de Filosofia 2021-10-07 2021-10-07 7 10 As psicologias entre o explicar e o compreender https://periodicos.ufmg.br/index.php/outramargem/article/view/19363 <p>A comunicação de abertura da 1ª Jornada de Filosofia e Psicologia consistiu em uma apresentação de questões filosóficas vinculadas à formação em psicologia, tendo como pano de fundo a origem da oposição entre explicar e compreender na dualidade moderna entre mecanicismo e teleologia, sendo esse elemento fundamental no idealismo e no romantismo alemães, ambos importantes na obra de Wilhelm Dilthey (1833-1911), figura central no evento, ocorrido dia 11 de outubro de 2019, no Auditório Bicalho, da FAFICH-UFMG. O ponto frisado na comunicação foi a importância de se conciliar método explicativo e compreensivo (ou mecanicista e teleológico) na psicologia, evitando-se tanto reducionismos naturalistas (neurociências) quanto idealistas (psicanálise lacaniana).</p> Gabriel Assumpção Copyright (c) 2021 Outramargem: revista de Filosofia 2021-10-07 2021-10-07 7 10 O cartesianismo epistemológico de Leibniz https://periodicos.ufmg.br/index.php/outramargem/article/view/15397 <p>Esse artigo pretende discutir o aspecto da filosofia&nbsp; de Leibniz no qual nós acreditamos que ele seja verdadeira e profundamente cartesiano: sua epistemologia. Em primeiro lugar, mostraremos que as noções leibnizians de substância individual e mônada podem ser adequadamente entendidas como um desenvolvimento da teoria da percepção de Descartes. Por essa razão, argumentamos que através de sua teoria da percepção Descartes contribui para dar forma à concepção leibniziana de inatismo. A seguir, demonstramos que, ao operar uma espécie de <em>Aufhebung </em>da noção malebranchiana de ideia como objeto do pensamento e da noção de Arnauld de ideia como forma ou ato do pensamento, Leibniz estará corrigindo os equívocos cometidos por eles na interpretação da teoria das ideias de Descartes. Agindo dessa maneria, Leibniz estará expondo aquilo que nós consideramos ser a teoria das ideias original de Descartes. Por fim, defendemos que a teoria da percepção e a teoria das ideias que Leibniz tomou emprestadas de Descartes foram essenciais para sua resposta às críticas de Locke ao inatismo.</p> William Teixeira Copyright (c) 2021 Outramargem: revista de Filosofia 2021-10-07 2021-10-07 7 10 Relações sociais não tematizadas na educação https://periodicos.ufmg.br/index.php/outramargem/article/view/16177 <p>Trata-se de um artigo de viés ensaístico que tenta apontar a impressão de que a instituição escolar habita uma densa crise existencial. A suposição que norteia essa reflexão visa à crise na educação escolar como uma aparência que costuma continuar velada na maior parte dos discursos críticos acerca da escolarização atual: o afastamento do sentido humano ontológico-social e do significado da experiência escolar que relacionam intersubjetividades professor-estudante, os quais chamaremos de Relações sociais não tematizadas. A relação professor-estudante se apresenta, aqui, no seu sentido ontológico, ou seja, como categoria fundante do ser social que problematiza a educação como uma relação ontológica do ser humano com o trabalho e com a alteridade. Portanto, não se refere ao tratamento de uma pedagogia, mas em enfatizar que o conhecimento só tem valor quando é capaz de dar sentido a existência humana. A investigação nesta atividade será realizada, de um lado, a partir de conceito recentemente desenvolvido, as<em> relações sociais não tematizadas</em>. De outro, a partir de uma tentativa de aplicação desse conceito nas nossas experiências em escolas, nas quais atuamos como psicólogo da educação.</p> Marcelo Vinicius Miranda Barros Copyright (c) 2021 Outramargem: revista de Filosofia 2021-10-07 2021-10-07 7 10 O artista e sua consciencia https://periodicos.ufmg.br/index.php/outramargem/article/view/16204 <p>Tradução do prefácio de Jean Paul Sartre ao livro L’artiste et sa conscience, de René Leibowitz. Sartre debate com Leibowitz os preceitos estéticos do chamado Manifesto de Praga, um documento que resultou do Segundo Congresso Internacional de Compositores e Críticos Musicais, em 1948, em que afirmou-se os preceitos do Realismo Socialista para uma comunidade internacional de artistas. O manifesto reflete o discurso de fechamento do Congresso do Sindicato de Compositores Soviéticos, feito por Andrei Zhdanov no mesmo ano, em que denunciou-se a produção de diversos compositores soviéticos como formalista.</p> Caio Barros Copyright (c) 2021 Outramargem: revista de Filosofia 2021-10-07 2021-10-07 7 10 Filosofia como Ciência Rigorosa e Filosofia Política https://periodicos.ufmg.br/index.php/outramargem/article/view/14837 <p>Por Leo Strauss&nbsp;</p> Elvis de Oliveira Mendes Copyright (c) 2021 Outramargem: revista de Filosofia 2021-10-07 2021-10-07 7 10