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DOI: 10.35699/2317-6377.2021.34563
eISSN 2317-6377
Priming Emocional: efeitos de acordes consonantes e
dissonantes sobre o julgamento de palavras emocionais
Raquel Aline Ramos Motta
https://orcid.org/0000-0002-0558-192X
Universidade Federal de Minas Gerais, Programa de Pós-graduação em Neurociências
araquelmotta@gmail.com
Maurílio Nunes Vieira
https://orcid.org/0000-0001-6612-6456
Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Engenharia Eletrônica
maurilionunesv@gmail.com
Antonio Jaeger
https://orcid.org/0000-0001-5093-6198
Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Psicologia
antonio.jaeger@gmail.com
SCIENTIFIC ARTICLE
Submitted date: 11 jun 2021
Final approval date: 29 jun 2021
Resumo: No presente experimento, os participantes (32 estudantes universitários com idade média de 26,7; ±4,2)
foram instruídos a realizar julgamentos quanto à valência emocional de palavras com valência positiva, negativa e
neutra apresentadas imediatamente após a um acorde, dissonante ou consonante ser tocado. A análise inicial
demonstrou que palavras de valência negativa precedidas por acordes dissonantes foram mais frequentemente
julgadas como positivas. Em uma segunda análise, a classificação emocional atribuída pelos participantes aos acordes
foi considerada. Esta demonstrou que acordes agudos foram percebidos como mais positivos, enquanto acordes
graves foram percebidos como mais negativos. Mais importante esta análise demonstrou que palavras de valência
neutra precedidas por acordes agudos (logo, percebidos como mais positivos), foram mais frequentemente percebidas
como positivas. Este resultado sugere que acordes percebidos como mais positivos, produzem um efeito de priming
emocional sobre palavras neutras.
Palavras-chave: Priming; Priming emocional; Acordes.
TITLE: EMOTIONAL PRIMING: EFFECTS OF CONSONANT AND DISSONANT CHORDS ON EMOTION WORD JUDGMENTS
Abstract: In the present experiment, participants (32 college students with a mean age of 26.7; ± 4.2) were instructed
to make judgments regarding the emotional valence of words with positive, negative, and neutral valence presented
immediately after a chord, dissonant or consonant to be played In the initial analysis, the negative valence words were
most often considered as positive when preceded by dissonant chords. While in the second analysis, we considered
the chord classification assigned by participants. This result showed that treble chords were perceived as more
positive, while bass chords as more negative. Most importantly, this analysis revealed that neutral valence words when
preceded by treble chords were also more often perceived as positive.
Keywords: Priming; Emotional priming; Chords.
Per Musi, no. 41, General Topics, e214108, 2021
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Motta, Raquel Aline Ramos; Vieira, Maurílio Nunes; Jaeger, Antonio. 2021. “Priming Emocional: efeitos de acordes consonantes e dissonantes sobre o
julgamento de palavras emocionais” Per Musi no. 41, General Topics: 1-24. e214108. DOI 10.35699/2317-6377.2021.34563
Priming Emocional: efeitos de acordes consonantes e
dissonantes sobre o julgamento de palavras emocionais
Raquel Aline Ramos Motta, Universidade Federal de Minas Gerais, araquelmotta@gmail.com
Maurílio Nunes Vieira, Universidade Federal de Minas Gerais, maurilionunesv@gmail.com
Antonio Jaeger, Universidade Federal de Minas Gerais, antonio.jaeger@gmail.com
1. Introdução
Emoções evocadas pela música e sua influência sobre a memória e mecanismos neurais envolvidos no
processamento de informações têm sido objeto de estudo ao longo das últimas décadas. De acordo com
Mithen (2009) e Logeswaran e Bhattacharya (2009), sob o ponto de vista evolutivo, a música pode ter tido
papel importante na comunicação de emoções ainda sem a linguagem desenvolvida como a conhecemos.
No campo das neurociências, vários estudos têm possibilitado uma maior compreensão sobre a relação
entre música e sistema nervoso corroborando a ideia de que a música exerce influência sobre os processos
de aprendizado e memória (Gaab; Gaser; Schlaug 2006), envolvendo modificações neuroquímicas (Angelucci
et al. 2007a; Angelucci et al. 2007b; Maegele et al. 2005; Kemper & Danhauer 2005), anatomofuncionais e
comportamentais resultantes da experiência musical, seja ouvindo, cantando ou executando música
(Schlaug, Jancke, Huang, Staigeri, & Steinmetz 1995; Zatorre 2005; Lahav, Saltzman, & Schlaug 2007; Vogt et
al. 2007).
O processamento musical conta com o recrutamento de várias estruturas corticais e subcorticais, algumas
integrantes do sistema límbico como o complexo amigdaloide (Overy & Molnar-Szackacs 2009; Levitin &
Tirovolas 2009). Essa estrutura desempenha papel relevante na expressão de respostas fisiológicas e
comportamentais na presença de estímulos ambientais biologicamente relevantes provenientes de
diferentes modalidades sensoriais (Glascher & Adolphs 2003; Sander, Grafman & Zalla 2003; Cohen et al.
2015). Vários estudos apontam para o papel do complexo amigdaloide no processamento de estímulos
emocionais (Labar, Ledoux, Spencer & Phelps 1995; Bechara et al. 1995). Além disso, suas conexões
recíprocas com o hipocampo, estrutura fundamental na consolidação de memórias, são determinantes na
integração de informações (Petrovich, Canteras & Swanson 2001; Paz & Pare 2013).
Durante o processo de aquisição, o hipocampo é responsável pelo fornecimento da representação interna
do contexto no qual o estímulo é apresentado (Fanselow 1990). Para isso, o hipocampo utiliza-se de vários
elementos sensoriais (odores, imagens, sons) do ambiente no qual o estímulo é apresentado para
estabelecer uma configuração contextual coerente; informação que é repassada ao complexo amigdaloide.
Além da informação contextual, aferências de vários cleos do tronco encefálico que participam do
controle dos batimentos cardíacos, da respiração e da vasodilatação chegam ao complexo amigdaloide.
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Motta, Raquel Aline Ramos; Vieira, Maurílio Nunes; Jaeger, Antonio. 2021. “Priming Emocional: efeitos de acordes consonantes e dissonantes sobre o
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Assim, essa estrutura parece ser responsável pela associação entre as informações gerando um amplo
espectro de respostas frente a um estímulo emocional (Fanselow 1990; Maren, Aharonov & Fanselow 1997;
Nader, Schafe & Ledoux 2000; Fanselow & Dong 2010; Orsini & Maren 2012). Tais evidências sugerem a
influência da emoção sobre a memória.
De acordo com Damásio (2012) e Lang (2010) não existe consenso, na literatura, quanto à definição de
emoção. Entretanto, ambos os autores sugerem que as emoções são quantificáveis e observáveis. Nesse
viés, Lang (2010), diante dos impasses gerados pela multiplicidade de definições para emoção e ausência de
uma definição comum, propõe alguns parâmetros através dos quais a emoção pode ser mensurada, sendo
eles: respostas fisiológicas (alterações somáticas e autonômicas), observação do comportamento (luta e
fuga, freezing, expressões faciais) e relatos subjetivos (escalas avaliativas).
Em situações de ameaça, dor e antecipação de recompensa, foi observado que seres humanos e outras
espécies exibem respostas fisiológicas similares. Essa similaridade entre respostas fisiológicas pode estar
relacionada a reações herdadas que originalmente serviram para perpetuar a vida (Lang 2010). Em trabalhos
que versam sobre o condicionamento de medo, observou-se que o aprendizado de que determinado
estímulo ambiental prediz um evento aversivo foi essencial para promover a sobrevivência das espécies,
uma vez que o aprendizado se dá não apenas em relação ao próprio estímulo, mas também em relação ao
contexto ou circunstâncias em que este estímulo frequentemente ocorre (Phelps & Ledoux, 2005; Maren,
Yap & Goosens 2001). Lang (2010) destaca, entretanto que, uma característica que diferencia a espécie
humana das demais é sua capacidade de atribuir significado a tais situações.
De acordo com o Modelo Circumplexo, proposto por Russell (1980), as emoções podem ser investigadas a
partir de duas dimensões: a valência e o alerta. A valência pode ser compreendida como um “rótulo”
atribuído a um estímulo ou evento em termos de agradabilidade (agradável/positivo; desagradável
/negativo), ao passo que o alerta se refere à avaliação de um estímulo em termos de excitação, ou seja, o
quanto um estímulo é excitante (alertante) ou relaxante (calmante) sendo que ambos podem, ainda, ser
avaliados em termos de neutralidade (Bradley, Codispoti, Cuthbert & Lang 2001).
Os processos cognitivos relacionados à valência e ao alerta diferenciam-se em termos de complexidade de
processamento. A valência, enquanto processo de categorização, exige níveis de processamento mais
complexo com envolvimento de estruturas primordialmente corticais. O alerta, no entanto, está relacionado
à ativação de respostas rápidas que cursam com alterações fisiológicas, e, por isso, ao recrutamento de
estruturas subcorticais com enfoque para o complexo amigdaloide (LeDoux 2000; Bradley et al. 2001). Essas
ideias são corroboradas por Damásio (2012) ao sugerir que as emoções podem ser divididas em primárias e
secundárias. Enquanto as emoções primárias envolveriam disposições inatas para responder a certas classes
de estímulo, controladas pelo sistema límbico, as emoções secundárias seriam aprendidas e envolveriam
categorizações de representações de estímulos, associadas a respostas passadas, avaliadas como boas ou
ruins (Damásio 2012).
Diante do exposto, ressalta-se o arcabouço de evidências que apontam para a influência da emoção sobre a
memória. De acordo com Izquierdo (2011), memória pode ser definida como um processo que envolve
aquisição, consolidação, armazenamento e evocação de informações. Algumas de suas características como
tempo de duração, tipo de informação armazenada e envolvimento ou não da consciência durante o
aprendizado, permitem classificá-la em diferentes formas. De acordo com o modelo proposto por Squire
(1992), a memória de longo prazo pode ser subdividida em explícita (declarativa) e implícita (não
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Motta, Raquel Aline Ramos; Vieira, Maurílio Nunes; Jaeger, Antonio. 2021. “Priming Emocional: efeitos de acordes consonantes e dissonantes sobre o
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declarativa). Memória explícita é aquela que permite o armazenamento de informações sobre fatos e
eventos e envolve primordialmente processos conscientes. a memória implícita se caracteriza por
operações que não dependem necessariamente de processos conscientes como aprendizagem de
procedimento, formação de hábitos e outras formas de aprendizagem condicionamento clássico, priming,
habituação, sensibilização (Schacter 1987; Squire & Zola-Morgan 1996).
O priming, objeto de estudo no presente trabalho, é um tipo de memória implícita que se caracteriza pela
facilitação na detecção e no processamento de um estímulo como resultado de sua apresentação anterior
(Tulving & Schacter 1990). Esclarecendo que o conceito de priming envolve outros aspectos para, então,
ampliá-lo, Baddeley (2011), afirmam que o priming pode ser compreendido como um processo pelo qual a
apresentação de um estímulo ou item, denominado prime, influencia o processamento de um item
subsequente, target (alvo), podendo facilitar o processamento do estímulo subsequente, fenômeno
conhecido como priming positivo, ou dificultar, priming negativo (Baddeley 2011). De acordo com Leritz,
Grande e Bauer (2006), o efeito de facilitação de priming pode ser detectado pelo aumento na acurácia da
resposta e redução do tempo de reação.
Tarefas de decisão lexical, de identificação de palavras, de identificação de figuras fragmentadas são
procedimentos comumente utilizados para investigar o priming (Baddeley 2011). De acordo com Speelman,
Spruyt, Impe e Geeraerts (2013), vários testes indiretos para a avaliação da memória implícita foram
desenvolvidos nas últimas décadas, sendo um deles o paradigma do priming emocional. Esse paradigma
recebeu contribuições significativas de paradigmas de priming semântico uma vez que ambos sugerem que
o efeito de priming pode ser explicado pela relação associativa entre prime e alvo. Em trabalhos nos quais o
efeito de priming foi investigado através de paradigmas de priming emocional, observou-se o uso de
diferentes modalidades sensoriais na criação de primes tais como palavras, (Fazio, Sanbonmatsu, Powell &
Kardes 1986), imagens de valência negativa, positiva e neutra (Hermans, Spruyt, De Houwer, & Eelen 2003),
odores (Hermans, Baeyens & Eelen 1998), estímulos auditivos (Degner 2011), acordes consonantes e
dissonantes (Sollberger, Reber & Eckstein 2003). Essa última é uma modalidade ainda pouco explorada em
trabalhos sobre o priming emocional e será utilizada no presente estudo.
O priming emocional ocorre quando um estímulo precedente (prime) facilita o processamento de um
estímulo apresentado posteriormente (alvo) devido à congruência emocional entre ambos (Tulving &
Schacter 1990; Fazio 2001). Em tarefas de priming emocional, os participantes são instruídos a julgar o mais
rapidamente possível a valência do alvo durante sua apresentação (Degner 2011). O efeito de facilitação
pode ser verificado através da redução do tempo de reação e do aumento na acurácia da resposta em
condições nas quais os estímulos o emocionalmente equivalentes se comparado a condições em que essa
congruência é inexistente (Speelman, Spruyt, Impe & Geeraerts 2013). Condições controles, nas quais não
congruência emocional entre os estímulos, podem ser estabelecidas através do uso de primes e/ou alvos
não equivalentes ou de valência neutra (Nievas & Justicia 2004).
De acordo com Holderbaum (2009), além das variáveis acurácia e tempo de resposta, outras duas
variáveis que influenciam no efeito de priming e que podem ser controladas no experimento: a força de
associação entre os estímulos e o intervalo entre a apresentação do prime e do alvo, o Stimulus Onset
Asynchrony (SOA) ou Assincronia de Início dos Estímulos. No priming emocional, a força de associação está
relacionada à congruência emocional entre os estímulos. Para se obter pares de estímulos equivalentes
emocionalmente deve-se usar primes e alvos com a mesma valência, os quais podem ser obtidos em estudos
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Motta, Raquel Aline Ramos; Vieira, Maurílio Nunes; Jaeger, Antonio. 2021. “Priming Emocional: efeitos de acordes consonantes e dissonantes sobre o
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prévios nos quais os estímulos foram avaliados e classificados emocionalmente. No presente estudo, foram
utilizadas palavras alvo provenientes de uma lista de palavras emocionais (Janczura, Castilho, Oliveira, Van
Erven & Huang 2007) e primes sonoros, acordes consonantes, previamente classificados como de valência
positiva, e dissonantes, de valência negativa (Costa, Bitti & Bonfiglioli 2000; Smith & Williams 1999;
Sollberger, Reber & Eckstein 2003). A outra variável, o SOA, pode ser obtido calculando-se quanto tempo o
prime fica exposto acrescido do tempo de intervalo até a apresentação do alvo. De acordo com Holderbaum
e Salles (2010), o SOA é uma das variáveis mais importantes nos estudos sobre priming que envolvem relação
associativa, pois não só interfere nas características do efeito, como também no processo subjacente a este
efeito.
De acordo com Neely (1977), existem algumas teorias que podem explicar o efeito de priming, das quais se
destaca a Teoria de Propagação da Ativação, proposta por Collins e Loftus (1975). De acordo com os
pressupostos dessa teoria, informações relacionadas semântica ou associativamente são armazenadas na
forma de rede. Assim, a informação contida no prime se propagaria pela rede para palavras semanticamente
relacionadas, explicando o efeito de facilitação evidenciado pela redução do tempo para o julgamento do
alvo (Collins & Loftus 1975; Meyer & Schvaneveldt 1976; Neely 1977). Neely (1977) destaca, entretanto que,
essa teoria poderia ser utilizada apenas para explicar efeitos de priming obtidos quando o SOA é pequeno,
inferior a 300 ms, pois, neste caso, a apresentação rápida do prime envolveria processos automáticos. Outra
teoria, no entanto, que pode auxiliar na compreensão do efeito de priming, em experimentos cujo SOA é
superior a 300 ms, é a Teoria de Processos Estratégicos.
Diferente da Teoria de Propagação da Ativação, que pressupõe o envolvimento primordial de processos
automáticos, a Teoria de Processos Estratégicos sugere o envolvimento de processos atencionais
decorrentes do efeito de expectativa gerada pelo prime. Ao ser apresentado, o prime provocaria a
expectativa de que alvos relacionados a ele fossem apresentados posteriormente, sendo que o efeito de
facilitação se daria em casos nos quais a expectativa fosse confirmada (Nievas & Justicia 2004). Essa teoria
nos permite compreender também o efeito de dificultação encontrado em tentativas nas quais os estímulos
não são emocionalmente equivalentes. Nesses casos, segundo Squire e Zola-Morgan (1996), ocorre um
conflito entre a pré-ativação, provocada pela valência do prime, e a análise conceitual e semântica do alvo,
resultando no aumento do tempo para julgar o alvo. Esse processo é conhecido como competição de
respostas (Squire & Zola-Morgan 1996).
Foi dito anteriormente que, no presente estudo serão utilizados primes sonoros, acordes consonantes e
dissonantes. Para melhor compreensão da natureza e da categorização emocional desses acordes, é
necessário descrever os processos envolvidos na percepção sonora. A via auditiva é composta por diversas
estruturas, desde a cóclea até o córtex auditivo, que estão envolvidas no processamento do estímulo sonoro
e na atribuição de significado a esse estímulo. O estímulo sonoro que chega à membrana basilar pode ser
proveniente de um som puro ou de um som complexo como é o caso dos acordes. Um acorde pode ser
definido como duas ou mais notas musicais soando simultaneamente que resultam em séries harmônicas
que se sobrepõem (Fernandes 2010). Esta sobreposição pode causar interferências na percepção do som
caso os harmônicos estejam dentro de um intervalo de frequência denominado banda crítica.
Experimentalmente, verifica-se que a largura da banda crítica corresponde a aproximadamente 20% do valor
da frequência central da banda (Roederer 2002; Plomp & Levelt 1965). Assim, se a diferença relativa entre
as frequências de dois sons que soam simultaneamente com mesma amplitude resultar em um valor inferior
a 20%, isso implica que há sobreposição dentro de uma banda crítica, gerando no ouvinte uma sensação de
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desconforto e estranheza. No entanto, se o valor obtido for superior a 20%, não ocorre fenômeno de
sobreposição e a sensação gerada pode ser de conforto e familiaridade (Roederer 2002; Fernandes 2010).
Para exemplificar, pode-se verificar que a diferença relativa entre os valores de frequência de Ré# 4 e 4
(tabela 1) resultam em um valor inferior a 20%. Roederer (2002) denomina essas sensações subjetivas de
dissonância e consonância, respectivamente.
Considerando todo o exposto foram levantadas duas hipóteses no presente estudo. A primeira se baseia na
relação de congruência emocional entre prime e alvo, sustentada por Sollberger, Reber e Eckstein (2003) e
outros autores cujos trabalhos investigaram tal relação (Fazio et al. 1986; Hermans et al. 2003; Hermans et
al. 1998; Degner 2011). Assim, espera-se que palavras alvo precedidas por acordes cuja valência seja
equivalente à valência da palavra serão julgadas mais rápida e precisamente que palavras precedidas por
acordes cuja valência não corresponde à valência da palavra-alvo.
A segunda hipótese baseia-se em dados reportados Massaro e Egan (1996) e Logeswaran e Bhattacharya
(2009). Massaro e Egan (1996) demonstraram que, em comparação com estímulos de valência positiva ou
negativa, os estímulos de valência neutra são mais sucetíveis a influência de primes auditivo em tarefas de
detecção de emoção facial. Esses autores utilizaram primes que consisitiam em palavras que variavam em
termos de emoção provocadas por diferentes entonações de voz (alegres, tristes e neutras) e estímulos alvo
constituídos por faces humanas (alegres, tristes e neutras). Logeswaran e Bhattacharya (2009), conduziram
um experimento semelhante, porém utilizaram pequenos trechos instrumentais provenientes dos gêneros
jazz, rock-pop, música clássica e música ambiente como primes. Esses autores constataram que estímulos
alvo de valência neutra são fortemente influenciados por primes sonoros, corroborando com os resultados
encontrados por Massaro e Egan (1996). Com base nos resultados descritos por estes autores, a segunda
hipótese levantada no presente estudo é que palavras de valência neutra serão mais frequentemente
julgadas com a mesma valência do acorde que as precede.
Para investigar estas hipóteses, foi utilizado um paradigma experimental semelhante ao empregado por
Sollberger et al. (2003). Esses autores investigaram se acordes com valência positiva e negativa poderiam
influenciar processos cognitivos relacionados à percepção de informações emocionais e, assim, provocar
mudanças na avaliação de informações apresentadas após a reprodução dos acordes. No experimento
descrito pelos autores, palavras de valência negativa ou positiva eram precedidas por acordes dissonantes e
consonantes, respectivamente. Em pesquisa piloto, os autores verificaram que os participantes classificaram
os acordes dissonantes como de valência negativa e os acordes consonantes como de valência positiva.
Considerando essa classificação, foram formados pares de estímulos congruentes (i.e., prime e palavra alvo
com a mesma valência), e incongruentes (i.e., prime e palavra alvo com valências diferentes). Os
participantes foram instruídos a julgar o mais rapidamente possível as palavras-alvo que apareciam na tela.
De acordo com os autores, as palavras eram apresentadas 200 ms após o início do prime, o que resultava
em uma sobreposição entre prime e palavra alvo que durava no máximo 600 ms, uma vez que os primes
tinham a duração de 800 ms. Decorridos 800 ms, uma nova tentativa era iniciada, mas, se o participante
julgasse o alvo antes de 800 ms, a apresentação do prime era imediatamente suprimida. O conceito de
priming e os procedimentos estabelecidos no Paradigma do priming emocional estabelecem que os
estímulos sejam apresentados de forma subsequente. Questiona-se, assim, a adequação do procedimento
descrito aos parâmetros do Paradigma do priming emocional o intuito de verificar se os resultados
encontrados por Sollberger et al. (2003) poderiam ser replicados em um paradigma de priming propriamente
dito, utilizamos neste trabalho o mesmo procedimento empregado pelos autores, porém com modificações
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Motta, Raquel Aline Ramos; Vieira, Maurílio Nunes; Jaeger, Antonio. 2021. “Priming Emocional: efeitos de acordes consonantes e dissonantes sobre o
julgamento de palavras emocionais” Per Musi no. 41, General Topics: 1-24. e214108. DOI 10.35699/2317-6377.2021.34563
que permitiram adequá-lo à proposta experimental do Paradigma do priming emocional. Isto é, a
apresentação subsequente e não sobreposta dos estímulos. A finalidade do presente estudo é investigar a
influência da exposição a acordes dissonantes e consonantes sobre o julgamento de palavras com valência
positiva, negativa e neutra em tarefas de priming. Para isso, replicamos as condições experimentais
propostas pelos autores que, gentilmente, nos cederam o direito de uso dos acordes produzidos por eles.
2. Métodos e Materiais
2.1. Participantes
Foram incluídos no estudo estudantes universitários brasileiros com idades entre 18 e 35 anos. Todos
relataram não possuir histórico de treinamento musical na forma de estudos sobre percepção e apreciação
musical e aprendizagem instrumental nos últimos cinco anos. Os participantes deveriam ter audição normal
e visão normal ou corrigida. Ao todo, 36 sujeitos foram inicialmente recrutados, porém 4 foram excluídos
por não atenderem aos critérios de inclusão. Todos os 32 participantes (12 mulheres) eram destros, com
idade média de 26,7 (±4,2).
Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e preencheram um formulário contendo
informações referentes à idade, escolaridade, endereço, contatos e histórico musical. Todos os
procedimentos foram aprovados pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Minas Gerais e seguiram
as Diretrizes e Normas para a Pesquisa envolvendo seres humanos (CAEE 55524516.9.0000.5149). A
participação no estudo foi voluntária.
2.2. Materiais
2.2.1. Palavras
As palavras utilizadas neste estudo foram retiradas da lista de palavras emocionais de Oliveira, Janczura e
Castilho (2013). Cada palavra dessa lista possui classificação bidimensional, valência e alerta, bem como a
média e o desvio padrão para as categorias valência, alerta, concretude e frequência por milhão. Para cada
categoria emocional de palavras (negativa, positiva e neutra) foram determinados a média e o desvio padrão
para as categorias valência (negativa 2,66 ± 0,69; positiva 7,64 ± 0,42; neutra 5,62 ± 0,76); alerta (negativa
6,78 ± 0,88; positiva 3,45±0,87; neutra 4,66±0,96); concretude (negativa 3,73 ± 1,43; positiva 3,81 ± 1,57;
neutra 3,85 ± 0,94) e frequência por milhão no corpus do Núcleo Interinstitucional de Linguística
Computacional - NILC (negativa 1186,51 ± 2110,32; positiva 1330,19 ± 0,42; neutra 1367,52 ± 1639,72
(Janczura et al., 2007; Janczura, Castilho, & Oliveira, 2016a; Janczura, Castilho, Keller, & Oliveira, 2016b). Os
dados podem ser vistos na Figura 1.
A menor valência das palavras foi de 1,35 (1 = palavras com máxima desagradabilidade) e a maior 8,58 (9 =
palavras com máxima agradabilidade), com amplitude = 7,23; o Alerta variou de 1,75 (1 = condição máxima
de relaxamento) a 8,15 (9 = condição máxima de estimulação), com amplitude = 6,40; a concretude variou
de 1,61 (1 = palavra altamente concreta) a 6,93 (7 = palavra altamente abstrata), com amplitude = 5,32. A
frequência de ocorrência variou de 1 a 78.264 (amplitude = 78.263). Esses valores indicam que a amostra
incluiu palavras relaxantes, neutras ou alertantes (fator alerta); palavras negativas, neutras ou positivas
emocionalmente (fator valência); palavras julgadas como mais concretas até mais abstratas; e palavras de
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diferentes frequências de ocorrência na língua portuguesa, ou seja, desde raras até muito frequentes
(Janczura et al., 2007; Janczura et al., 2016a; Janczura et al., 2016b ).
Figura 1 - Média e Desvios Padrão para julgamentos de valência e alerta de palavras em língua portuguesa
1
Para a etapa de teste, foram escolhidas 80 palavras de valência negativa, 80 de valência positiva e 80 de
valência neutra, totalizando 240 palavras. Para a etapa de treino foram escolhidas 8 palavras de valência
negativa, 8 de valência positiva e 8 de valência neutra, totalizando 24 palavras.
2.2.2. Acordes
No total, foram utilizados quatro acordes sonoros no experimento: um acorde dissonante grave, um acorde
consonante grave, um acorde dissonante agudo e um acorde consonante agudo. As notas musicais,
intervalos e duração de cada um dos acordes foram representados na Figura 2.
Figura 2 - Representação das notas de cada acorde na partitura
Para facilitar a leitura, na partitura grave, foi usada a notação 8vb para indicar que as notas soam uma oitava
abaixo. Foi usada a notação de Lá bemol no lugar de Sol sustenido (para referência, verificar Tabela 1).
1
Retirado de Oliveira, Janczura e Castilho (2013).
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Tabela 1 - Notas musicais e suas respectivas frequências para cada acorde
2
Agudo
Consonante
Dissonante
Freq (Hz)
Nota
Freq (Hz)
1174,66
Ré 5
1174,66
880,00
4
880,00
587,33
Ré# 4
622,25
4
587,33
Grave
146,83
Ré 2
146,83
220,00
2
207,65
146,83
Ré# 4
622,25
4
587,33
Os acordes foram produzidos por Sollberger et al. (2003) no Cubase VST Score Music Creation com o
software Production System usando um sintetizador Yamaha QY20 e o software WaveLab 3.0 para converter
os sons em arquivo áudio e utilizados para fins de pesquisas que versavam sobre o priming emocional. Os
autores concederam o direito de uso dos acordes sonoros para os procedimentos empregados neste estudo.
Quanto à classificação emocional dos acordes, assumiu-se, para este estudo, que os acordes dissonantes
(agudo e grave) tinham valência negativa. A classificação adotada justifica-se pela existência de trabalhos
nos quais observou-se que acordes dissonantes eram comumente classificados como mais negativos e
desagradáveis quando comparados aos acordes consonantes (Costa et al. 2000; Smith & William 1999).
Com base em diretrizes sugeridas por Jeong et al. (2011) e Fecteau, Armony, Joanette e Belin, (2004) no
presente estudo foram utilizados apenas estímulos sonoros instrumentais, sem adição de voz humana. Este
procedimento foi adotado no intuito de minimizar efeitos adicionais provenientes de fatores tais como
letras, idioma, gênero do intérprete, inflexão de palavras e vocal, estilo e técnica.
2.2.3. Desenho
As palavras e os acordes foram apresentados em pares (acorde - palavra). Essas combinações foram geradas
randomicamente e de acordo com a classificação bidimensional da emoção para cada palavra e cada acorde.
Todas as combinações estabelecidas entre os acordes e as palavras, a proporção de palavras para cada
acorde sonoro e os pares de estímulos que apresentam congruência emocional tanto para a etapa de treino
quanto para a de teste estão representadas na Tabela 2 e 3 respectivamente.
Tabela 2 - Número de combinações possíveis entre os tipos de acordes e de palavras para a etapa de treino
Dissonante Agudo
Palavra Positiva
2
Palavra Negativa
2
Palavra Neutra
2
Dissonante Grave
2
2
2
Consonante Agudo
2
2
2
2
Nota. Dó3 = Dó central do piano.
10
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julgamento de palavras emocionais” Per Musi no. 41, General Topics: 1-24. e214108. DOI 10.35699/2317-6377.2021.34563
Consonante Grave
2
2
2
Tabela 3 - Número de combinações possíveis entre os tipos de acordes e de palavras
Dissonante Agudo
Palavra Positiva
20
Palavra Negativa
20
Palavra Neutra
20
Dissonante Grave
20
20
20
Consonante Agudo
20
20
20
Consonante Grave
20
20
20
Todos os estímulos e a combinação entre eles foram apresentados em ordem pseudoaleatória. Dessa forma,
quando apresentado uma acorde dissonante agudo seguido de uma palavra positiva, cuidou-se para que
essa combinação não fosse apresentada mais do que 3 vezes consecutivas. Esse procedimento foi realizado
no intuito de reduzir o efeito de expectativa, de priming emocional e de habituação (Büchel, Morris, Dolan
& Friston 1998; Büchel, Dolan, Armony & Friston 1999; Fischer, Furmark, Wik & Fredrikson 2000; Fecteau,
Belin, Joanette & Armonyd 2007).
2.2.4. Procedimento
Para a apresentação dos sons e das palavras, foi usado o software PsychoPy v1.8 (Peirce 2007; Peirce 2009)
e um fone de ouvidos com possibilidade de ajuste da intensidade do estímulo sonoro conforme
confortabilidade indicada por cada participante.
Os participantes desempenharam individualmente a tarefa de memória usando microcomputadores
programados para esse fim. A tarefa foi dividida em três etapas, sendo a primeira a etapa de treino, a
segunda de teste e a terceira de classificação dos acordes. Para realizar todas as etapas, os participantes
gastaram aproximadamente 40 minutos.
Durante a etapa de treino, os participantes foram submetidos aos mesmos procedimentos do experimento
(teste), porém com apenas seis tentativas. A etapa de treino teve por finalidade garantir que os indivíduos
compreendessem todas as tarefas que compõem o experimento. As palavras utilizadas nesta sessão não
foram utilizadas novamente no experimento, e os resultados das tentativas que compunham a etapa de
treino não foram incluídas nas análises.
Durante cada tentativa da seção de teste, um ponto de fixação branco, na forma de cruz, foi apresentado
sobre um fundo preto no centro da tela do computador durante 1500 ms (Figura 3). Após 500 milissegundos
(ms) do início da apresentação do ponto de fixação, o estímulo sonoro era reproduzido nos fones por 800
ms, enquanto o ponto de fixação permanecia no centro da tela. Imediatamente após o término da
apresentação sonora, a palavra a ser avaliada aparecia no centro da tela do computador por 2000 ms.
Durante esse tempo, os participantes tinham que julgar as palavras de acordo com a valência pressionando
a tecla “A”, no teclado do computador, caso a palavra fosse positiva, ou a tecla “L”, caso fosse negativa.
Posteriormente, o ponto de fixação era novamente apresentado no centro da tela sinalizando o início de
uma nova tentativa.
11
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julgamento de palavras emocionais” Per Musi no. 41, General Topics: 1-24. e214108. DOI 10.35699/2317-6377.2021.34563
Figura 3 - Ordem de apresentação dos estímulos e respectivos tempo de apresentação (ms)
3. Resultados
Para a realização das análises, os dados obtidos (resposta e tempo de resposta) foram organizados em seis
categorias emocionais: acorde dissonante palavra neutra; acorde consonante palavra neutra; acorde
dissonante palavra positiva; acorde consonante palavra positiva; acorde dissonante palavra negativa;
acorde consonante palavra negativa. As análises das variáveis acurácia da resposta e tempo de resposta
foram conduzidas para cada uma destas seis categorias. Nestas primeiras análises, o fato de os acordes
serem agudos ou graves não foi levado em consideração.
Em conformidade com estudos que versam sobre o priming emocional (Hermans, Houwer, & Eelen 1994;
Sollberger et al. 2003), os tempos de resposta inferiores a 300 e superiores a 1500 milisegundos (ms) e as
não respostas foram excluídos das análises no intuito de minimizar o efeito de possíveis outliers. A partir
disto, 8 % do total de respostas foi eliminado do estudo.
3.1. Acordes Consonantes e Acordes Dissonantes
As categorias emocionais e os valores de média e de desvio padrão para cada uma delas podem ser
visualizados na Tabela 4 de acordo com as variáveis analisadas: acurácia (proporção de respostas) e tempo
de resposta (TR).
Tabela 4 - Média e Desvio Padrão para cada categoria emocional
3
DNeu
CNeu
DPos
CPos
DNeg
CNeg
TR respostas
positivas
789 (200)
801 (190)
623 (140)
629 (140)
786 (260)
813 (320)
TR respostas
negativas
910 (270)
943 (280)
422 (510)
461 (490)
701 (160)
688 (150)
3
Nota. DNeu = acorde dissonante/palavra neutra; CNeu = acorde consonante/palavra neutra; DPos = acorde
dissonante/palavra positiva; CPos = acorde consonante/palavra positiva; DNeg = acorde dissonante/palavra
negativa; CNeg = acorde consonante/palavra negativa; TR = Tempo de resposta. Os tempos de respostas
estão expressos em milissegundos.
12
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3.1.1. Acurácia
A variável acurácia da resposta foi analisada, no presente estudo, com base na proporção de respostas
positivas atribuídas a cada modalidade de palavra, de valência positiva, negativa e neutra. A proporção de
respostas para cada categoria emocional, assim como valores de média e de desvio padrão podem ser vistas
na Figura 5.
Figura 5 - Média e Desvio Padrão para proporção de respostas positivas para cada categoria
4
Inicialmente, comparou-se através de um teste t a proporção de respostas “positivas” para palavras neutras
precedidas por acordes consonantes e dissonantes, o que demonstrou que embora acordes consonantes
tenham aumentado a frequência de respostas “positivas” para palavras neutras em comparação com
acordes dissonantes, esta diferença foi apenas marginalmente significativa, t (31) = 1,953, p = 0,060.
Uma segunda comparação envolveu a proporção de respostas “positivas” para palavras de valência positiva
e de valência negativa precedida por acordes consonantes e dissonantes. De acordo com os dados
reportados por Sollberger et al. (2003), palavras positivas precedidas por acordes consonantes devem ser
percebidas como “positivas” mais frequentemente do que palavras positivas precedidas por acordes
dissonantes, enquanto que palavras de valência negativa precedidas por acordes dissonantes devem ser
percebidas como “negativas mais frequentemente do que palavras negativas precedidas por acordes
consonantes. Verificou-se, entretanto, que a proporção de respostas positivas para palavras de valência
positiva não foi afetada pelo tipo de acorde, t (31) = 0,649, p = 0,521. Por outro lado, constatou-se que as
palavras de valência negativa foram mais frequentemente percebidas como “positivas” quando precedidas
por acordes dissonantes, t (31) = 2,266, p = 0,031.
4
Nota. DNeu=Acorde Dissonante/Palavra Neutra; CNeu=Acorde Consonante/Palavra Neutra; DPos=Acorde
Dissonante/Palavra Positiva; CPos=Acorde Consonante /Palavra Positiva, DNeg=Acorde Dissonante/Palavra
Negativa; CNeg=Acorde Consonante /Palavra Negativa. Nota. % = proporção de respostas.
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
% de Respostas Positivas
Categorias Emocionais
DNeu CNeu DPos CPos DNeg CNeg
13
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3.1.2. Tempo de Resposta
Ao analisarmos o tempo de resposta para palavras de valência neutra, constatamos que o tipo de acorde
não influenciou no tempo utilizado para julgá-las como “negativas”, t (31) = 0,783, p = 0,440, ou para julgá-
las como “positivas”, t (31) = 0,757, p = 0,455.
Quanto ao tempo para julgar palavras de valência positiva, verificou-se que não foi afetado pelo tipo de
acorde [respostas positivas, t (31) = 1,161, p = 0,255; respostas negativas, t (31) = 0,321 p = 0,750].
Resultados equivalentes foram encontrados para palavras de valência negativa [respostas positivas, t (31)
= 0,412, p = 0,683; respostas negativas, t (31) = 1,141, p = 0,263].
Diante dos resultados encontrados, buscamos investigar a relação de congruência emocional entre os pares
de estímulos utilizados no experimento. Para isso, comparamos a classificação emocional prévia dos acordes,
fornecida por Sollberger et al. (2003), com a classificação atribuída por cada participante no presente estudo.
Para avaliar todas as possíveis diferenças entre os tipos de respostas, uma Análise de Variância (ANOVA) de
duas vias foi conduzida nestes dados, inserindo-se os fatores altura (grave e agudo) e harmonia (consonante
e dissonante) na análise. Ao contrário do esperado a partir dos dados de Sollberger et al. (2003), esta análise
demonstrou uma ausência de efeito principal para o fator harmonia, F (1,31) = 1,07, p = 0,31 tendo em vista
que o resultado foi significativo. Surpreendentemente, houve um efeito principal de altura, F(1,31) = 23,92,
p < 0,001, porém a interação entre estes fatores não foi significativa (F < 1). Comparações através de teste t
demonstraram que o efeito principal de altura (i.e., acordes graves percebidos como mais negativos do que
agudos) ocorreu para os dois tipos de harmonia [consonantes, t (31) = 4,090, p < 0,001, e dissonantes, t (31)
= 3,917, p < 0,001]. Em suma, estes resultados sugerem que embora as categorias harmônicas (consonante
vs. dissonante) não tenham sido percebidas como diferentes emocionalmente, os acordes mais graves
(categoria altura) foram percebidos como mais negativos do que os agudos. A média e o desvio padrão das
respostas atribuídas a cada um dos acordes pode ser visualizada na Figura 6.
Figura 6 - Média e Desvio Padrão para classificação de valência para cada acorde
5
5
Nota. ConsA = acorde consonante agudo; ConsG = acorde consonante grave; DissA = acorde dissonante
agudo; DissG = acorde dissonante grave.
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
4.5
5
Valores - Escala SAM
Valência
Cons A Cons G Diss A Diss G
14
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A partir deste resultado surpreendente, procedemos com uma segunda análise comparando a influência dos
acordes agudos e graves sobre cada uma das categorias de palavras (i.e., palavras de valência neutra,
negativa e positiva). Para a realização das análises, os dados obtidos (tipo de resposta e tempo de resposta)
foram novamente organizados em seis categorias emocionais: acorde agudo palavra neutra; acorde grave
palavra neutra; acorde agudo palavra positiva; acorde grave palavra positiva; acorde agudo palavra
negativa; acorde grave palavra negativa
3.2. Acordes Agudos e Acordes Graves
As categorias emocionais e os valores de dia e de desvio padrão para cada uma delas foram representados
na Tabela 5, de acordo com as variáveis analisadas, acurácia (proporção de respostas) e tempo de resposta
(TR).
Tabela 5 - Média e Desvio Padrão para cada categoria emocional
6
ANeu
GNeu
APos
GPos
ANeg
GNeg
TR - respostas
positivas*
780 (190)
790 (200)
620 (140)
640 (150)
740 (340)
780 (260)
TR - respostas
negativas*
900 (400)
900 (240)
330 (440)
510 (540)
680 (150)
700 (160)
3.2.1. Acurácia
Novamente, a variável acurácia da resposta foi analisada com base na proporção de respostas positivas
atribuídas a cada modalidade de palavra, de valência positiva, negativa e neutra. A proporção de respostas
para cada categoria emocional, assim como valores de média e de desvio padrão podem ser vistas na Figura
7.
Através da comparação da proporção de respostas positivas” para palavras neutras precedidas por acordes
agudos e graves, verificou-se que os acordes agudos aumentaram significativamente a frequência de
respostas “positivas” para palavras neutras em comparação com acordes graves, t (31) = 5,239, p < 0,001.
Outra constatação foi que, embora acordes agudos tenham aumentado a frequência de respostas
“positivas” para palavras de valência positiva em comparação aos acordes graves, esta diferença não foi
significativa, t (31) = 0,403, p = 0,690. Em contrapartida, as palavras negativas foram mais frequentemente
percebidas como “positivas” quando precedidas por acordes graves do que quando precedidas por acordes
agudos, t (31) = 6,381, p < 0,001. Os dados apontam que essa diferença foi significativa.
6
Nota. ANeu = acorde agudo/palavra neutra; GNeu = acorde grave/palavra neutra; Após = acorde
agudo/palavra positiva; GPos = acorde grave/palavra positiva; ANeg = acorde agudo/palavra negativa; GNeg
= acorde grave/palavra negativa. Nota. * valores expressos em milissegundos (ms).
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Figura 7 - Média e Desvio Padrão para proporção de respostas positivas para cada categoria
7
3.2.2. Tempo de Resposta
Ao analisarmos o tempo de resposta para palavras de valência neutra, constatamos que a altura do acorde
não influenciou no tempo gasto fosse para julgá-las como “negativas”, t (31) = 0,043, p = 0,966, ou para
julgá-las como “positivas”, t (31) = 0,499, p = 0,621. Por outro lado, o tempo de resposta para palavras
positivas foi afetado pela altura do acorde. Quando precedidas de acordes agudos, os participantes foram
mais rápidos em julgá-las como “positivas”, t (31) = 2,382, p = 0,024. Embora essa diferença seja significativa,
quando julgadas como “negativas”, não houve influência da altura sobre o tempo de resposta, t (31) = 1,490,
p = 0,146. O tempo de resposta para palavras de valência negativa também foi influenciado pela altura.
Nesse caso, observou-se que palavras negativas precedidas de acordes agudos foram mais rapidamente
julgadas como “negativas”, t (31) = 2,158, p = 0,039. Resultados semelhantes não foram observados quando
palavras de valência negativas foram julgadas como “positivas”, t (31) = 0,545, p = 0,590.
4. Discussão
Para investigar possíveis efeitos de priming emocional produzidos por acordes sobre palavras, acordes
dissonantes e consonantes foram apresentados imediatamente antes da apresentação de palavras de
valência positiva, negativa ou neutra. Os participantes julgavam então cada palavra como “negativa” ou
“positiva”. A partir do resultado de estudos anteriores (Sollberger et al. 2003), nossa expectativa era a de
que acordes consonantes aumentariam a proporção de palavras julgadas como “positivas”, enquanto
acordes dissonantes aumentariam a proporção de palavras julgadas como “negativas”. Inesperadamente,
isto não ocorreu em nosso estudo. Enquanto palavras de valência positiva e neutra não foram
diferentemente afetadas de acordo com a harmonia dos acordes, palavras de valência negativa foram mais
frequentemente julgadas como “positivas” após acordes dissonantes.
7
Nota.ANeu=Acorde Agudo/Palavra Neutra; GNeu=Acorde Grave/Palavra Neutra; APos=Acorde
Agudo/Palavra Positiva; GPos= Acorde Grave/Palavra Positiva, ANeg=Acorde Agudo/Palavra Negativa;
GNeg=Acorde Grave/Palavra Negativa. Nota. % = proporção de respostas.
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
% de Respostas Positivas
Categorias Emocionais
ANeu GNeu Apos Gpos Aneg Gneg
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Com o intuito de esclarecer os possíveis motivos para esta inconsistência entre os resultados atuais e os
resultados reportados por Sollberger et al. (2013), verificamos se os participantes do nosso estudo
percebiam os sons em termos de valência, de modo semelhante aos participantes recrutados por aqueles
autores. Isto é, os participantes do presente estudo percebiam os acordes consonantes como positivos e os
dissonantes com negativos? Para responder esta questão, analisamos a classificação emocional dos acordes
realizada por cada participante durante o experimento, e constatamos que a altura (grave e agudo) do
acorde, e não o tipo de acorde (consonante e dissonante), afetou o julgamento afetivo dos estímulos
sonoros. Isto é, a altura dos acordes foi o fator determinante na classificação emocional dos acordes.
A partir desta constatação, procedemos com uma segunda análise, desta vez realizada a partir de seis
categorias emocionais nas quais foi considerado se o acorde era grave ou agudo (logo, positivo ou negativo),
e não se era consonante ou dissonante. Através desta análise, verificamos que acordes agudos (percebidos
como positivos) aumentaram significativamente a proporção de respostas “positivas” para palavras de
valência neutra. Estes dados demonstram que os acordes provocaram o efeito típico de priming emocional
(Sollberger et al. 2003), sendo que resultados semelhantes foram demonstrados por Logeswaran e
Bhattacharya (2009) e por Massaro e Egan (1996).
Segundo Logeswaran e Bhattacharya (2009), a quantidade de informação contida em estímulos neutros é,
supostamente, inferior a quantidade de informação contida em estímulos de valência positiva ou negativa.
Assim, uma vez que o hipocampo se utiliza de pistas multisensoriais para criar uma representação do
contexto externo (Fanselow 1990; Nader et al. 2000), é provável que os estímulos emocionalmente neutros
sejam influenciados por estímulos emocionalmente “visíveis” (de valência negativa ou positiva) que os
precedem mesmo sendo provenientes de modalidades sensorais diferentes. Assim, sugere-se que o efeito
transitório provocado pelos acordes agudo e grave, tem impacto máximo na avaliação das palavras neutras.
Em relação às palavras de valência positiva, constatou-se que, embora o tipo e a altura do acorde não
tenham afetado a proporção de respostas, quando precedidas por acordes agudos, elas foram mais
rapidamente julgadas como “positivas” se comparadas ao tempo gasto para julgá-las como “negativas”.
Sollberger et al. (2003), reportaram resultados semelhantes no que tange ao tempo de resposta. Pode-se
inferir que esse resultado aponta para a ocorrência de efeito de priming, verificado através de mudanças em
uma das variáveis (tempo de resposta) investigadas no presente estudo, e que pode ser atribuído à relação
de congruência entre os estímulos. Ainda no que tange às palavras de valência positiva, verificamos que os
participantes foram mais lentos em julgá-las como “positivas” do que “negativas” quando eram precedidas
por acordes graves. Esses resultados apontam para o processo de competição de respostas, verificado em
tentativas nas quais os pares de estimulos são incongruentes emocionalmente (Squire e Zola-Morgan 1996).
Quando analisamos as palavras de valência negativa, constatamos que acordes dissonantes e acordes
graves, provocaram aumento na proporção de respostas “positivas” atribuídas a essas palavras. Embora
esses resultados sejam inconsistentes com os dados reportados por Sollberger et al. (2003), eles sugerem
que a resposta “positiva”, expressa pelos participantes, pode ter sido atribuída à sensação gerada pela
congruência entre a valência do prime e a valência da palavra alvo e não necessariamente à percepção da
emocionalidade da palavra alvo. De acordo com a hipótese do afeto como informação, affect-as-information
hypothesis, (Schwarz & Clore 1983; Clore & Huntsinger 2007) ao fazerem julgamentos avaliativos, os
participantes tendem a perguntar a si mesmos: "Como eu me sinto sobre isso?". Essa hipótese confronta a
ideia de que apenas a informação contida no alvo é utilizada em tarefas de julgamento e tomada de decisão.
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Motta, Raquel Aline Ramos; Vieira, Maurílio Nunes; Jaeger, Antonio. 2021. “Priming Emocional: efeitos de acordes consonantes e dissonantes sobre o
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Portanto, de acordo com Schwarz (1990), os sujeitos podem confundir uma emoção gerada por meio da
apresentação de um estímulo com uma reação ao alvo. Arriaga, Franco e Campos (2010), sinalizam a
importância de se diferenciar a percepção do ouvinte acerca da emoção que é expressa na música (e.g.,
alegria) das reações emocionais do ouvinte (e.g., alegria), uma vez que existe diferença entre a identificação
e a indução de certas emoções.
Além dos descritos até aqui, há ainda outros resultados para os quais não encontramos correspondência na
literatura. Observamos que os participantes eram mais rápidos em atribuir respostas “negativas” às palavras
de valência negativa quando elas eram precedidas por acordes agudos. quando eram precedidas por
acordes graves, os participantes foram mais lentos em julgá-las como “negativas”.
Na tentativa de esclarecer os diferentes resultados encontrados em ambos os trabalhos, uma vez que um
procedimento semelhante foi utilizado, faz-se necessário destacar as diferenças entre o presente estudo e
o estudo de Sollberger et al. (2003). Ao descrever o procedimento empregado, os autores relatam que
decorridos 200 ms do início da apresentação do prime, ocorreu a apresentação da palavra alvo a ser julgada,
sendo que os dois estímulos (prime e palavra alvo) foram apresentados simultaneamente por 800
milissegundos. Em outras palavras, houve sobreposição dos estímulos. De acordo com conceito de priming
(e.g., Fazio 2001), a apresentação do prime deve preceder a apresentação do alvo, ou seja, os estímulos
devem ser apresentados de forma subsequente, o que não ocorreu no estudo de Sollberger et al., e pode
estar por trás das diferenças entre os dados reportados por aqueles autores e os dados encontrados no
presente estudo.
Outro possível motivo para as diferenças entre a percepção emocional dos acordes no estudo de Sollberger
et al. (2003) e em nosso estudo, consiste em diferenças culturais. De acordo com Thompson e Schellenberg
(2002), a preferência às consonâncias, sugeridas em vários estudos, são influenciadas por fatores como
aprendizagem e enculturação. A atribuição de significado a um estímulo cursa com acesso a informações
provenientes de aprendizados anteriores como aponta Juslin e Sloboda (2001). Segundo esses autores, a
associação é um dos fatores responsáveis pela evocação de emoção pela música uma vez que se refere à
capacidade de relacionar músicas a experiências prévias, positivas ou negativas. Fernandes (2010) sinaliza
que experiências musicais provenientes de treinamento musical também irão influenciar nesse processo.
Em experimento conduzido por Argstatter (2015) com populações da Alemanha, Noruega, Coréia do Sul e
Indonésia no qual trechos musicais trasnculturais foram avaliados quanto a emocionalidade, verificou-se que
pistas emocionais são mais acuradamente percebidas se o trecho musical e o participante pertencerem a
uma mesma cultura. No que diz respeito às emoções alegria e tristeza, entretanto, não foi observada
diferenças significativas. Corroborando com tal constatação, estudos realizados com populações ocidentais
(Canadá, Suécia, Alemanha) e orientais (Japão, Índia, Camarões) sugerem que existe uma sensibilidade
transcultural às emoções básicas, feliz e triste, diferente de outras emoções que parecem variar na cultura.
Assim, para as emoções básicas, alegria e tristeza, a experiência musical parece não ser fator determinante
(Krumhansl 1997; Arriaga, Franco & Campos 2010, Argstatter 2015).
Argstatter (2015) reportou também dados relacionados a influência do treinamento musical salientando,
porém que as diferenças encontradas sugeriam o envolvimento de aspectos individuais e não representam
um padrão geral. Ao verificar que o desempenho de participantes coreanos foi superior ao desempenho de
participantes indonésios, Argstatter (2015) sugeriu que essa diferença pode ser atribuída à experiência
musical mais profunda oferecida pelo sistema educacional coreano. Segundo esse autor, quase dois terços
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julgamento de palavras emocionais” Per Musi no. 41, General Topics: 1-24. e214108. DOI 10.35699/2317-6377.2021.34563
de todas as crianças em idade pré-escolar estão matriculados em centros de educação pré-escolar ou infantil
na Coréia do Sul envolvendo educação musical inicial. Os gêneros musicais mais utilizados na educação
musical pré-escolar são música pop (coreana) e música clássica (Lee, 2009). Diferente dos participantes
coreanos que estão expostos aos princípios musicais subjacentes à música clássica desde a segunda infância
que conduzem a uma habilidade melhorada do reconhecimento da emoção, os participantes indonésios
possuem uma cultura extremamente diverdificada e influenciada, a depender da região, por elementos da
cultura indiana, árabe, ibérica e malaia (Argstatter 2015; Anderson & Campbell 2010).
Nesta perspectiva, levantamos algumas hipóteses na tentativa de esclarecer a diferença encontrada para a
classificação emocional dos acordes entre os participantes do estudo de Sollberger et al. (2003), que são de
origem sueca, e os sujeitos do presente estudo. A Suécia é um país fortemente influenciado pela música
clássica, sendo a música uma das disciplinas encontradas na grade curricular desde a pré-escola (Melo,
2014). No Brasil, existe uma cultura diversificada e influenciada por vários gêneros musicais, alguns deles
decorrentes da regionalização. Além disso, diferente do sistema educacional sueco, a música clássica não se
encontra entre as disciplinas ofertadas nas escolas públicas brasileiras se quer na modalidade opcional. Essas
diferenças permitem inferir que os sujeitos da amostra de Sollberger et al. (2003) estavam mais hábeis a
identificar elementos musicais que diferem entre os acordes e consequentemente em julgá-los
emocionalmente. Isso decorre do fato de serem precocemente expostos aos princípios musicais subjacentes
à música clássica o que favorece uma habilidade melhorada em reconhecê-los se comparado aos brasileiros.
5. Considerações Finais
Em nosso estudo, constatamos que o efeito de priming emocional pode ser obtido através da apresentação
subsequente entre acordes e palavras. Alguns resultados descritos aqui corroboram com resultados
reportados por outros autores sendo consistentes com a literatura. Outros resultados, no entanto, geraram
questionamentos referentes a hipótese de congruência emocional entre os estímulos.
Observamos que uma multiplicidade de fatores envolvidos no julgamento afetivo dos estímulos. Podemos
destacar a aprendizagem e a cultura e, ainda, a capacidade dos participantes em diferir entre a valência do
estímulo e a sensação gerada por ele nas tarefas de julgamento.
Ressalta-se a necessidade de futuras replicações na perspectiva do paradigma empregado no presente
estudo, porém com número amostral maior na tentativa de esclarecer algumas diferenças marginalmente
significativas encontradas. Além disso, sugere-se que futuros estudos utilizem acordes que forneçam grande
distinção emocional entre si, a saber, os graves e agudos, a fim de fornecer informações sobre efeito de
priming proveniente da congruência emocional entre estímulos.
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