Volare:
poemas de Sônia Cintra
Tadeu Moraes Taffarello, Universidade Estadual de Campinas, tadeumt@unicamp.br
1. Apresentação da partitura
A criação do ciclo de canções Volare (2018) para voz feminina grave e orquestra de cordas ocorreu a partir
de leituras feitas a poemas de Sônia Cintra (1949-2018).
A poetisa Sônia Cintra teve formação acadêmica com a obtenção dos títulos de mestre (2009) e doutora
(2016) em literatura portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisando respectivamente sobre
as obras poéticas de Cesário Verde (1855-1886) e de Albano Martins (1930-2018). Foi membro efetivo da
União Brasileira de Escritores, da Academia Feminina de Letras e Artes de Jundiaí-SP e da Academia
Jundiaiense de Letras. Sua obra poética foi publicada em 13 livros, sendo que alguns deles possuem edições
bilíngues.
O autor-compositor do ciclo de canções conheceu pessoalmente a poetisa e manteve uma amizade com ela
e com sua família, em especial sua filha e seu filho. A escolha dos poemas a serem musicados foi, em parte,
guiada por isto. Dessa forma, alguns poemas podem ser lidos como referências diretas ou indiretas à própria
poetisa, como é o caso de Feição, Volare e Morada, ou à sua família, como é o caso de Pois é e Partitura.
Outras canções mantêm intertextualidades musicais com outras obras, como é o caso de Dengo, Noturno,
Cadência e Partitura; ou uma metaintertextualidade, como é o caso de Disciplina. Outros poemas ainda
foram incluídos por suas belezas poéticas e para o auxílio na constituição global do ciclo. É o caso dos poemas
Vade Retro e Canção. Ao todo, o ciclo é constituído por 11 poemas musicados em conjunto a 2 interlúdios
instrumentais que podem ser tocados em uma versão integral ou reduzida, conforme demonstrado no
quadro 1.
A instrumentação do ciclo é variável. Para algumas canções, a orquestra de cordas foi usada em sua
integralidade, como é o caso de Feição, Noturno, Vade Retro, Canção e Morada. As demais canções,
entretanto, possuem alguma particularidade que as diferenciam em relação ao uso do instrumental:
Disciplina, por exemplo, utiliza o divisi em todos os instrumentos, tratando-os de forma individualizada;
Volare, Pois é, Partitura, Dengo, Cadência, o Interlúdio I e o Interlúdio II utilizam, respectivamente: voz solo;
violas e contrabaixos; naipe de violoncelos em divisi; ausência dos contrabaixos; quarteto de cordas;
contrabaixo solo; e naipes de violinos. Estas são, portanto, formações reduzidas extraídas do todo disponível.