Somando todos estes gestos de fraseado, temos um total de 51 ocorrências. Sobre o recurso a este tipo de
reguladores de performance, o professor afirma que o faz de forma deliberada porque, muitas vezes, a nossa
comunicação verbal é ineficiente e/ou incompleta. Acrescenta, ainda, que na música há coisas que não
passam necessariamente pela racionalização total: o corpo e a imagem podem ser mais expressivos que a
voz. Questionado sobre se será dessa forma que os alunos o interpretam, o professor espera que sim. No
entanto, admite que, com certos alunos, talvez seja incomodativo. Acrescenta, ainda, que, para um aluno
mais circunspecto, como a aluna C, aquilo que faz pode ser para ela um pouco exagerado. Ainda assim,
afirma que o faz com o intuito de ela se desbloquear emocionalmente. No entanto, acredita que cada
indivíduo vai reagir de maneira diferente e que tenta adequar os seus gestos aos alunos.
As variedades de marcar pulsação registaram um total de 57 ocorrências. O professor afirma que, mesmo
sabendo que possa ser castrador, marcar a pulsação acaba por ser necessário em alguns casos. Prefere ser
ele a fazê-lo, ao invés de colocar um metrónomo, porque, desta forma, é mais natural e pode ajustar o
andamento às necessidades que a música impõe. Em casos mais drásticos, admite colocar os alunos a andar
e a tocar no mesmo tempo, mas que, por norma, marcar a pulsação é uma forma mais eficaz e humana de
alcançar a regularidade rítmica.
5. Discussão dos Resultados
É interessante reparar que, na entrevista, o professor foi perentório ao afirmar que o facto de a sala ser
pequena nunca o incomodou, mas que iria pensar sobre o assunto. De facto, ao longo da entrevista, foi
forçado a fazê-lo e acabou por se aperceber que, na realidade, o espaço que tinha acabava por condicioná-
lo mais do que pensava. Ao longo da entrevista, este foi o único tema que acabou por surgir quando se
abordavam outras questões. Se no início da entrevista (primeira pergunta) era algo que não o incomodava,
ao longo dela conseguimos observar que, no entanto, tem mais importância para o ensino/aprendizagem
de uma aula individual de violino, do que ele pensava.
Além da dimensão, que foi o maior foco de preocupação, existem outros aspectos a ter em conta, como a
cor e decoração da sala, bem como a sua acústica. Em relação à acústica, o professor afirmou que a sala que
tinha antes era demasiado ressonante. De facto, uma sala com estas características torna-se um obstáculo
para a audição e desenvolvimento do trabalho sonoro. No caso da apresentação da sala, uma sala despida,
escura, descuidada, torna-se desagradável para quem nela esteja, dificultando, uma vez mais, o processo de
ensino/aprendizagem.
Apesar de o professor saber da existência de teorias em relação às cores, acaba por considerar isso um
aspeto secundário da comunicação. Ainda assim, sem saber, a cor predominante usada ao longo das cinco
observações foi o azul. Esta cor transmite uma sensação de conforto e tranquilidade, é a cor do céu e do
mar, da vida quotidiana e do trabalho, e é das mais usadas na indumentária. Não existe nenhum sentimento
negativo em que predomine o azul. Além disso, é uma cor masculina que, como o preto, corresponde à
imagem tradicional do homem forte (Heller 2013).
No que se refere ao tipo e apresentação da indumentária, as escolhas do professor vão ao encontro do que
professa na entrevista, ou seja, algo informal, mas cuidado. De facto, se optasse por uma indumentária muito