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DOI: 10.35699/2317-6377.2022.40308
eISSN 2317-6377
Percepção de profissionais da clarineta no Brasil sobre a
ansiedade na performance musical
Gueber Pessoa Santos
https://orcid.org/0000-0003-2377-8432
Instituto Federal de Pernambuco, Coordenação de Ciências Humanas e Linguas
gueber.santos@recife.ifpe.edu.br
Pedro Robatto
https://orcid.org/0000-0001-8360-2274
Universidade Federal da Bahia, Escola de Música
probatto@ufba.br
SCIENTIFIC ARTICLE
Submitted date: 29 jun 2022
Final approval date: 17 jul 2022
Resumo: Este artigo investiga a percepção de profissionais da clarineta no Brasil sobre a ansiedade na performance
musical. Desenvolveu-se uma pesquisa quantitativa, a partir de uma amostra intencional, formada por professores de
clarineta dos cursos de graduação e/ou ps-graduao em música de universidades públicas brasileiras. A coleta dos
dados se deu por meio da aplicação de questionário. Os resultados evidenciaram a existência de ansiedade na
performance desses profissionais, as características dessa ansiedade, os fatores que a desencadeia e a utilização de
estratégias de enfrentamento por essa população. Verificou-se, ainda, a contribuição da prática de aulas coletivas em
formato de masterclasses para o controle da ansiedade. Finalmente, torna-se cada vez mais necessário o
desenvolvimento de estratégias de enfrentamento à ansiedade, pois entende-se que esse é o caminho para que o
músico possa lidar com esse sentimento de forma saudável, evitando seus efeitos deletérios sobre a performance
musical.
Palavras-chave: Performance musical; Psicologia da música; Ansiedade; Clarinetistas.
TITLE: PERCEPTION OF PROFESSIONALS OF THE CLARINET IN BRAZIL ABOUT ANXIETY IN MUSICAL PERFORMANCE
Abstract: This article investigates the perception of professionals of the clarinet in Brazil about anxiety in musical
performance. A quantitative research was developed, from an intentional sample, formed by clarinet teachers of
graduate and/or post-graduate courses in music from Brazilian public universities. The data collection occurred
through the application of a questionnaire. The results showed the existence of anxiety in the performance of these
professionals, the characteristics of such anxiety, the factors that trigger it and the use of coping strategies by this
population. The contribution of the practice of collective classes in the form of master classes for the control of anxiety
was also verified. Finally, the developing of coping strategies for anxiety becomes increasingly necessary, because it is
understood that this is the way for the musician to deal with this feeling in a healthy way, avoiding its deleterious
effects on the musical performance.
Keywords: Musical performance; Psychology of music; Anxiety; Clarinetists.
Per Musi, no. 42, General Topics, e224225, 2022
2
Santos, Gueber Pessoa; Robatto, Pedro. 2022. “Percepo de profissionais da clarineta no Brasil sobre a ansiedade na performance musical
Per Musi no. 42, General Topics: 1-23. e224225. DOI 10.35699/2317-6377.2022.40308
Percepção de profissionais da clarineta no Brasil sobre a
ansiedade na performance musical
Gueber Pessoa Santos, Instituto Federal de Pernambuco, gueber.santos@recife.ifpe.edu.br
Pedro Robatto, Universidade Federal da Bahia, probatto@ufba.br
1. Introdução
A performance musical exige do indivíduo a capacidade de expressar-se por meio da música como uma
competência artística que, por sua vez, envolve uma série de habilidades técnicas, tais como coordenação
motora, atenção e memória. Nesse sentido, o sucesso na performance musical demanda um excepcional
controle motor fino, associado a um profundo conhecimento da estrutura musical e da tradição da
performance (Rocha, Dias-Neto e Gattaz 2011). Ressalta-se ainda que a proficiência musical, perto da
perfeição, requer anos de treinamento, prática individual e autoavaliação constante e intensa (Kenny, Davis
e Oates 2004). Toda essa complexidade envolvida no fazer musical, acrescida da pressão diante da plateia,
torna a performance uma atividade suscetível aos estados de ansiedade e esse quadro, relativamente
comum entre os musicistas (Rocha, Dias-Neto e Gattaz 2011), é tido como um sério problema que tem
prejudicado artistas de alto nível em suas respectivas carreiras (Thompson, Bella e Keller 2006).
A ansiedade na performance musical (APM) relaciona-se com o medo de realizar uma apresentação musical
em público, visto que essa atividade envolve uma avaliação de desempenho, mesmo que por parte do
próprio executante. Assim, a pessoa que possui um quadro elevado de ansiedade teme pelo seu
desempenho, podendo apresentar pensamentos catastróficos sobre sua performance, além de imaginar o
julgamento do público e se preocupar, inclusive, se quem a observa percebe o seu estado de ansiedade
(Miranda 2013). Desse modo, uma performance com alto nível de ansiedade pode vir a prejudicar o trabalho
final do executante, devido a uma possibilidade de declínio da concentração, o que pode refletir em um
comprometimento na destreza motora, podendo assim ocasionar um decaimento na sua qualidade técnica
e artística (Wilson 1997).
Ademais, é importante ressaltar que, embora a APM esteja mais comumente associada ao momento exato
da apresentação musical no palco e ao período que antecede à apresentação, esse tipo de ansiedade não
ocorre apenas nesses períodos, podendo se manifestar em semanas ou até meses antes da apresentação
pública (Kemenade, Son e Heesch 1995). Segundo Steptoe (2001), a APM ocorre em vários contextos,
podendo ser bastante previsível e se desenvolver gradualmente ao longo dos dias que antecedem a uma
ocasião importante. Para o autor, o músico pode vir a experienciar sintomas decorrentes da ansiedade desde
a preparação do repertório até a sua execução propriamente dita.
3
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O tema da ansiedade tem sido abordado por vários professores e pedagogos em seus respectivos livros e
tratados de pedagogia instrumental (Gieseking e Leimer 1972; Flesch 1998; Pino 1998; Quantz 2010; Griffin
e Winters-Huete 2012). Contudo, além do conhecimento explícito na literatura, é importante considerar o
conhecimento tácito, construído por profissionais ao longo de suas trajetórias de vida. Diante disso, o
presente estudo teve como objetivo investigar a percepção de profissionais da clarineta no Brasil no que se
refere à APM, com o intuito de fornecer elementos que contribuam com um referencial teórico-prático na
área da performance musical. Portanto, além de gerar conhecimento, pretende-se que esta pesquisa tenha
uma utilidade prática, produzindo subsídios para o aperfeiçoamento da execução e do ensino-aprendizagem
da clarineta.
2. Fundamentação Metodológica
Trata-se de uma pesquisa quantitativa (Richardson 2011), de caráter exploratório, a qual corresponde a um
recorte de pesquisa maior sobre APM (Santos 2017), que utilizou como abordagem o estudo de caso (Yin
2015), cuja população de estudo foi composta por profissionais da clarineta no Brasil. A pesquisa foi
aprovada pela Comissão de Ética do Programa de Pós-graduação em Música da Universidade Federal da
Bahia (PPGMUS-UFBA) com o número de protocolo 23066.058728/2021-02.
Para compor a amostra de sujeitos da pesquisa, foram selecionados, intencionalmente, 27 professores de
clarineta que lecionam nos cursos de graduação e/ou pós-graduação em música de universidades públicas
brasileiras. Devido à amplitude geográfica da pesquisa, optou-se pela utilização de questionário
1
(Marconi e
Lakatos 2010) autoaplicado, enviado aos respondentes por correio eletrônico, no qual continha um link de
acesso ao questionário, bem como as explicações necessárias quanto à natureza da pesquisa, sua relevância
e a importância de se obter a resposta dos participantes. As perguntas foram formuladas pelos
pesquisadores, com base na revisão de literatura realizada sobre o tema, observando o objetivo da pesquisa.
No que tange à estrutura, o questionário possui 35 (trinta e cinco) questões, podendo ser respondido em
aproximadamente 20 (vinte) minutos. Seu formato combina perguntas abertas e fechadas, sendo essas
últimas compostas por alternativas dicotômicas (sim não), de múltipla escolha (permitem marcar uma ou
mais alternativas) e hierarquizadas, as quais buscam estimar ou avaliar: 1 grau de intensidade, variando
entre muito alta e muito baixa, mas existindo também a alternativa N/A, que deve ser marcada quando, em
determinada situação, a ansiedade não se aplica ou não existe; 2 grau de frequência, variando entre nunca
e sempre; e 3 grau de qualidade, variando entre péssima e ótima. Nas questões que avaliam o grau de
intensidade, para fins de apresentação dos resultados, optou-se por aglutinar as alternativas muito alta e
alta, bem como muito baixa e baixa.
Cabe ressaltar que todas as questões foram elaboradas de maneira clara, objetiva e precisa a fim de facilitar
a comunicação entre os pesquisadores e o respondente. Além disso, sua disposição no corpo do questionário
foi pensada de modo a se iniciar a coleta com perguntas gerais, chegando pouco a pouco às específicas,
percorrendo gradativamente dos itens mais simples até os mais complexos, para que o informante seja
levado a responder pelo interesse despertado, sendo as perguntas atraentes e não controvertidas.
1
Para acesso ao questionário ver Santos (2017), disponível em:
https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/26005/1/Tese_Vers%c3%a3o%20Final%20%28Assinada%29.pdf
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O questionário foi submetido a uma fase de p-teste, aplicado a clarinetistas, alunos dos cursos de
graduação e pós-graduação em música da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia (EMUS-UFBA),
com o intuito de revisar o instrumento de pesquisa, direcionar aspectos da investigação e aprimorar o
processo de coleta de dados. Assim, verificadas as falhas, o questionário foi reformulado a fim de assegurar
que seu vocabulário esteja suficientemente claro e acessível, permitindo que cada participante possa
respondê-lo sem o auxílio do pesquisador. Nesse processo, algumas de suas perguntas foram excluídas, e
outras acrescentadas, redirecionando aspectos importantes da investigação.
Para a tabulação dos dados foi elaborado um banco único em planilha Microsoft Excel, e calculadas as
frequências simples e os percentuais para cada pergunta, apresentados a seguir.
3. Resultados
O questionário foi enviado para 27 profissionais e obteve a resposta de 25 respondentes (92,6%), os quais
atuavam, no momento da pesquisa, em 19 instituições de ensino superior (IES), situadas em 14 estados e no
Distrito Federal, distribuídas pelas cinco regiões do país (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul),
conforme demonstra o Quadro 1.
Quadro 1
2
Distribuição dos respondentes, de acordo com as Regiões, Estados e Instituições de Ensino Superior (IES). Brasil, 2016
Estados
IES
Nº de respondentes
Amazonas e Pará
UEA e UFPA
03
Alagoas, Bahia, Paraíba,
Pernambuco e Rio Grande
do Norte
UFAL, UFBA, UFCG,
UFPB, UFPE e UFRN
09
Distrito Federal, Goiás e
Mato Grosso
UNB, UFG e UFMT
03
Minas Gerais, Rio de
Janeiro e São Paulo
UEMG, UFSJ, UNIRIO,
UFRJ, UNESP e USP
08
Paraná e Rio Grande do Sul
UNESPAR e UFSM
02
Entre os respondentes, 23 (92,0%) eram do sexo masculino e 02 (8,0%) do sexo feminino; a faixa etária variou
entre 27 e 56 anos de idade; e 19 profissionais (76,0%) afirmaram lecionar apenas em nível de graduação,
2
Legenda: IES: Instituições de Ensino Superior; UEA: Universidade Estadual do Amazonas; UFPA:
Universidade Federal do Pará; UFAL: Universidade Federal de Alagoas; UFBA: Universidade Federal da Bahia;
UFCG: Universidade Federal de Campina Grande; UFPB: Universidade Federal da Paraíba; UFPE:
Universidade Federal de Pernambuco; UFRN: Universidade Federal do Rio Grande do Norte; UNB:
Universidade Federal de Brasília; UFG: Universidade Federal de Goiás; UFMT: Universidade Federal do Mato
Grosso; UEMG: Universidade do Estado de Minas Gerais; UFSJ: Universidade Federal de São João del-Rei;
UNIRIO: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro;
UNESP: Universidade Estadual Paulista; USP: Universidade de São Paulo; UNESPAR: Universidade Estadual
do Paraná; UFSM: Universidade Federal de Santa Maria. Fonte: adaptado de Santos (2017).
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enquanto 06 (24,0%) relataram lecionar nos níveis de graduação e pós-graduação. No que se refere à
formação musical, os participantes indicaram a natureza dos cursos realizados durante sua trajetória de
estudos (Tabela 1).
Tabela 1 Identificação da população de estudo (n=25), conforme natureza dos cursos realizados. Brasil, 2016
Natureza do Curso
N
%
Tecnológico
0
0,0
Bacharelado em Música Popular/Clarineta
1
4,0
Licenciatura
2
8,0
Licenciatura em Instrumento
3
12,0
Técnico
5
20,0
Mestrado Profissional
5
20,0
Doutorado Profissional (DMA)
6
24,0
Conservatório
8
32,0
Doutorado Acadêmico (PhD)
8
32,0
Extensão
10
40,0
Mestrado Acadêmico
16
64,0
Bacharelado em Instrumento
23
92,0
Outro
6
24,0
Fonte: adaptado de Santos (2017)
Além dos cursos indicados na Tabela 1, os participantes mencionaram na opo ‘outro’ a realizao de cursos
livres em festivais e masterclasses, oficinas e minicursos, bacharelado em saxofone, escolas especializadas
em música e bandas de música. Quando questionados sobre a idade com que iniciaram os estudos de
clarineta, 03 participantes (12,0%) responderam que esse início se deu até os nove anos de idade, 16
participantes (64,0%) afirmaram ter iniciado seus estudos entre os 10 e 14 anos de idade, 05 participantes
(20,0%) mencionaram que essa iniciação ao instrumento ocorreu entre os 15 e 19 anos de idade e apenas
01 participante (4,0%) informou que esse início aconteceu entre os 20 e 24 anos de idade (Tabela 2).
Tabela 2 Identificação da população de estudo, conforme idade de início dos estudos na clarineta. Brasil, 2016
Idade (anos)
n
%
1 a 9
3
12,0
10 a 14
16
64,0
15 a 19
5
20,0
20 a 24
1
4,0
25 a 29
0
0,0
> 30
0
0,0
Total de respondentes
25
100,0
Fonte: adaptado de Santos (2017)
Com relação à idade que realizaram a primeira apresentação musical pública, 01 profissional (4,0%)
respondeu que essa apresentação foi realizada até os nove anos de idade, 15 profissionais (60,0%)
mencionaram haver realizado sua primeira audição pública entre os 10 e 14 anos de idade, 08 profissionais
(32,0%) indicaram que essa apresentação ocorreu entre os 15 e 19 anos de idade e 01 profissional (4,0%)
informou haver realizado essa apresentação entre os 20 e 24 anos de idade (Tabela 3).
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Tabela 3 Caracterização da população de estudo, conforme idade da primeira apresentação musical pública. Brasil, 2016
Idade (anos)
n
%
1 a 9
1
4,0
10 a 14
15
60,0
15 a 19
8
32,0
20 a 24
1
4,0
25 a 29
0
0,0
> 30
0
0,0
Total de respondentes
25
100,0
Fonte: adaptado de Santos (2017)
Quando solicitados a avaliar essa experiência, 01 profissional (4,0%) informou que sua primeira
apresentação musical pública foi péssima, 01 profissional (4,0%) classificou essa experiência como ruim, 07
profissionais (28,0%) mencionaram que sua primeira audição musical pública foi regular, 12 profissionais
(48,0%) apontaram que sua apresentação foi boa e 04 profissionais (16,0%) afirmaram que essa experiência
foi ótima (Tabela 4).
Tabela 4 Avaliação dos respondentes acerca da sua primeira apresentação musical pública. Brasil, 2016
Avaliação
n
%
Péssima
1
4,0
Ruim
1
4,0
Regular
7
28,0
Boa
12
48,0
Ótima
4
16,0
Total de respondentes
25
100,0
Fonte: adaptado de Santos (2017)
No que tange ao acompanhamento pedagógico por parte de seus professores, os participantes foram
questionados acerca da frequência com que seu/sua professor(a) de clarineta oferecia orientação sobre
estratégias para o enfrentamento da APM durante o início de sua trajetória musical e 11 profissionais
(44,0%) afirmaram que nunca receberam esse tipo de orientação por parte de seus professores, enquanto
08 profissionais (32,0%) mencionaram ter recebido raramente orientação a esse respeito. Além disso,
apenas 01 profissional (4,0%) informou ter recebido orientação quase sempre e mais 01 profissional (4,0%)
mencionou sempre ter recebido esse tipo de orientação da parte de seus professores (Tabela 5).
Tabela 5 Percepção dos respondentes acerca da frequência com que seu/sua professor(a) de clarineta oferecia orientação sobre estratégias
para o enfrentamento da APM, no início da trajetória musical. Brasil, 2016
Frequência
N
%
Nunca
11
44,0
Raramente
8
32,0
Às vezes
4
16,0
Quase sempre
1
4,0
Sempre
1
4,0
Total de respondentes
25
100,0
Fonte: adaptado de Santos (2017)
7
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Com relação aos procedimentos de palco, 04 profissionais (16,0%) afirmaram nunca ter recebido orientação
a esse respeito por parte de seu/sua professor(a) de clarineta no início de sua trajetória musical, 10 (40,0%)
afirmaram ter recebido raramente, 10 (40,0%) referiram ter recebido às vezes, enquanto apenas 01 (4,0%)
referiu que sempre recebia orientação sobre o assunto por parte de seu/sua professor(a) (Tabela 6).
Tabela 6 Percepção dos respondentes acerca da frequência com que seus/suas professores(as) abordavam questões sobre como proceder
no palco, no início da sua formação/trajetória musical. Brasil, 2016
Frequência
n
%
Nunca
4
16,0
Raramente
10
40,0
Às vezes
10
40,0
Quase sempre
0
0,0
Sempre
1
4,0
Total de respondentes
25
100,0
Fonte: adaptado de Santos (2017)
Ainda no que se refere à prática pedagógica por parte de seus professores, 09 profissionais (36,0%)
informaram que seu/sua professor(a) de clarineta às vezes acompanhava suas apresentações públicas
durante o início de sua formação musical, enquanto 06 profissionais (24,0%) relataram que seus professores
quase sempre assistiam às suas apresentações musicais e 05 profissionais (20,0%) afirmaram que seus
professores sempre estavam presentes nesses momentos. E ainda, apenas 04 (16,0%) relataram que
raramente eram acompanhados por seus/suas professores(as) e 01 (4,0%) afirmou que nunca foi
acompanhado (Tabela 7).
Tabela 7 Percepção dos respondentes acerca da frequência com que seus/suas professores(as) acompanhavam suas apresentações musicais
públicas, no início da sua formação/trajetória musical. Brasil, 2016
Frequência
n
%
Nunca
1
4,0
Raramente
4
16,0
Às vezes
9
36,0
Quase sempre
6
24,0
Sempre
5
20,0
Total de respondentes
25
100,0
Fonte: adaptado de Santos (2017)
Quando questionados sobre o ambiente vivenciado no início de sua formação musical, 14 profissionais
(56,0%) relataram ter vivenciado ambientes competitivos e com cobrança artística elevada, enquanto 11
profissionais (44,0%) referiram o contrário. Com relação ao sentimento de APM, 24 profissionais (96,0%)
afirmaram haver experimentado esse sentimento e apenas 01 profissional (4,0%) informou nunca ter
vivenciado ansiedade em sua performance musical. Portanto, vale ressaltar que as próximas questões
referentes à APM terão um total de 24 respondentes. Na sequência, os participantes foram questionados se
sofrem perdas na qualidade musical quando estão ansiosos e 20 profissionais (83,3%) responderam que sim,
enquanto 04 profissionais (16,7%) mencionaram que não.
Sobre a percepção dos profissionais acerca dos efeitos da APM, 15 participantes (62,5%) informaram que o
sentimento de ansiedade prejudica seu desempenho, enquanto 03 participantes (12,5%) referiram que a
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ansiedade auxilia no desempenho e outros 03 respondentes (12,5%) mencionaram que a ansiedade não
altera seu desempenho. Com relação à concentração, 12 profissionais (50,0%) responderam que a ansiedade
prejudica essa capacidade, enquanto 07 profissionais (29,2%) percebem que esse sentimento ajuda na
concentração. Para 10 participantes (41,7%), a experiência de ansiedade acarreta sentimentos de medo,
apreensão e insegurança (Tabela 8). Nessa questão os respondentes poderiam marcar mais de uma
alternativa.
Tabela 8 Percepção dos respondentes (n=24) acerca dos efeitos da APM. Brasil, 2016
Efeitos da ansiedade
n
%
Auxiliam meu desempenho
3
12,5
Ajudam na concentração
7
29,2
Prejudicam meu desempenho
15
62,5
Prejudicam minha concentração
12
50,0
Acarretam sentimentos de medo, apreensão e
insegurança
10
41,7
Não alteram meu desempenho
3
12,5
Fonte: adaptado de Santos (2017)
No que tange à imagem e autoestima do indivíduo, 14 participantes (58,3%) afirmaram o se
preocupar com aquilo que o público poderá pensar ao seu respeito caso perceba o seu estado de ansiedade
durante suas apresentações musicais, enquanto 10 profissionais (41,7%) informaram o contrário. Ainda no
que se refere à avaliação por parte do público, 12 participantes (50,0%) relataram temer o constrangimento
ou humilhação de uma possível avaliação negativa acerca de seu desempenho, enquanto os demais (50,0%)
referiram o oposto. Quando questionados se uma performance malsucedida acarretou sentimentos de
preocupação ou apreensão com relação a uma apresentação futura, 12 participantes (50,0%) responderam
que sim e 12 (50,0%) responderam que não.
Com relação ao sentimento de ansiedade, 16 profissionais (66,7%) informaram que costumam vivenciá-lo
nos dias que antecedem a apresentação, enquanto 08 profissionais (33,3%) responderam negativamente.
Além disso, 20 participantes (83,3%) relataram que, após o término de suas apresentações, tudo volta ao
normal e o sentimento de ansiedade desaparece. Entretanto, para 04 respondentes (16,7%) o sentimento
de ansiedade permanece e eles costumam se sentir apreensivos e insatisfeitos com o desempenho ou
resultado apresentado.
No que se refere aos sintomas decorrentes da ansiedade, os participantes costumam sentir com maior
frequência: fisiológicos dificuldade de controlar a respiração/respiração acelerada (66,6%), boca seca
(62,5%), tensão muscular (45,8%); psicológicos apreensão (45,8%), preocupação excessiva (45,8%),
autocrítica severa (45,8%), falta de concentração (41,7%); comportamentais erros técnicos (50,0%),
inquietação (45,8%), conforme Tabela 9.
Além dos sintomas indicados na Tabela 9, os participantes mencionaram na opo ‘outro’ os seguintes
sintomas fisiológicos: necessidade de urinar com maior frequência, tensão nos braços e nas mãos, aftas e
acidez no estômago durante a semana que antecede ao evento.
9
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Tabela 9 Sintomas da ansiedade (fisiológicos, psicológicos e comportamentais) vivenciados pelos respondentes (n=24) na performance
musical. Brasil, 2016
Sintomas
n
%
Fisiológicos
Boca seca
15
62,5
Salivação excessiva
1
4,2
Falta de ar
2
8,3
Dificuldade de controlar a respiração/respiração acelerada
16
66,6
Tensão muscular
11
45,8
Sudorese (transpiração excessiva)
6
25,0
Hiperidrose (suor nos pés e/ou nas mãos)
5
20,8
Mãos trêmulas
7
29,2
Tremor nas pernas
3
12,5
Falta de apetite
5
20,8
Taquicardia (coração acelerado/disparado, palpitações)
4
16,7
Tontura
1
4,2
Diarreia
3
12,5
Outro (especifique)
2
8,3
Psicológicos
Mente divagante
8
33,3
Pensamentos negativos
6
25,0
Noção de tempo alterada
1
4,2
Falha de memória
5
20,8
Insegurança
8
33,3
Apreensão
11
45,8
Angústia
5
20,8
Falta de concentração
10
41,7
Preocupação excessiva
11
45,8
Sensação de bem-estar
2
8,3
Antecipação prazerosa (sensação de prazer antecipada)
3
12,5
Sentimento de satisfação
1
4,2
Aumento de concentração
9
37,5
Autocrítica severa
11
45,8
Nenhum sintoma psicológico
1
4,2
Outro (especifique)
0
0,0
Comportamentais
Inquietação
11
45,8
Irritabilidade
4
16,7
Reação de esquiva (fuga, distanciamento)
6
25,0
Tentativa de disfarçar a ansiedade com sorrisos e brincadeiras
5
20,8
Erros técnicos
12
50,0
Decaimento da performance
6
25,0
Vontade de desistir de realizar a apresentação
2
8,3
Necessidade de ingerir medicação para tocar
1
4,2
Necessidade de consumir bebidas alcoólicas para tocar
1
4,2
Nenhum sintoma comportamental
3
12,5
Outro (especifique)
0
0,0
Fonte: adaptado de Santos (2017)
10
Santos, Gueber Pessoa; Robatto, Pedro. 2022. “Percepo de profissionais da clarineta no Brasil sobre a ansiedade na performance musical
Per Musi no. 42, General Topics: 1-23. e224225. DOI 10.35699/2317-6377.2022.40308
Os participantes também foram questionados sobre a experiência de ansiedade em outras áreas de sua vida
e 12 profissionais (50,0%) afirmaram se considerar uma pessoa ansiosa além da performance, enquanto os
demais participantes (50,0%) não se consideram de tal forma. Com relação à APM, 19 participantes (79,2%)
nunca sentiram a necessidade de buscar ajuda especializada, enquanto 05 profissionais (20,8%) indicaram
já ter sentido essa necessidade.
No que tange ao perfeccionismo, 20 participantes (83,3%) informaram que se preocupam em alcançar a
perfeição em suas execuções musicais, enquanto 04 profissionais (16,7%) referiram o contrário. Quando
indagados sobre o perfeccionismo em outras áreas de sua vida, 15 respondentes (62,5%) relataram se
considerar uma pessoa perfeccionista, enquanto 09 profissionais (37,5%) responderam negativamente.
Além disso, 16 participantes (66,7%) afirmaram que costumam associar sua autoestima e dignidade ao
sucesso de suas performances musicais, enquanto 08 profissionais (33,3%) relataram não fazer essa
associação. Ainda no que se refere ao perfeccionismo, 07 respondentes (29,2%) informaram que costumam
idealizar sua performance comparando-a com gravações comerciais de CDs e/ou DVDs, por exemplo, porém
17 profissionais (70,8%) afirmaram não realizar essa prática.
Em sua atuação profissional, 13 participantes (54,2%) mencionaram que costumam ser mais exigentes
consigo do que com os outros, enquanto 11 profissionais (45,8%) responderam estabelecer os mesmos
níveis de cobrança, tanto para com os outros, quanto para consigo. Vale ressaltar que nenhum profissional
afirmou ser mais exigente com os outros do que consigo.
Quando questionados sobre os fatores que podem contribuir para sua APM, os participantes responderam:
grau de dificuldade do repertório (83,3%); qualidade da plateia formada por autoridades, músicos,
professores (62,5%); condições da palheta (50,0%), entre outros (Tabela 10).
Tabela 10 Fatores que contribuem para a APM dos respondentes (n=24). Brasil, 2016
Fatores
N
%
Tamanho da plateia
3
12,5
Execução de leitura à primeira vista
3
12,5
Comportamento dos demais músicos do grupo
3
12,5
Presença da plateia
4
16,7
Proximidade entre o músico e a plateia
4
16,7
Comportamento do maestro ou líder do grupo
6
25,0
Local da apresentação (uma grande sala de concertos, por exemplo)
8
33,3
Insegurança técnica
9
37,5
Condições da palheta
12
50,0
Qualidade da plateia (formada por autoridades, músicos,
professores)
15
62,5
Grau de dificuldade do repertório
20
83,3
Outro (especifique)
3
12,5
Fonte: adaptado de Santos (2017)
Além dos fatores indicados na Tabela 10, os participantes mencionaram na opo ‘outro’ os seguintes
fatores: tempo e qualidade do estudo dedicado às obras do repertório, falta de preparo adequado para a
11
Santos, Gueber Pessoa; Robatto, Pedro. 2022. “Percepo de profissionais da clarineta no Brasil sobre a ansiedade na performance musical
Per Musi no. 42, General Topics: 1-23. e224225. DOI 10.35699/2317-6377.2022.40308
performance, condições e possibilidades de preparação da apresentação de forma a exaurir as necessidades
artísticas.
Os participantes foram solicitados a classificar o nível de ansiedade vivenciado em diferentes situações e 16
profissionais (66,7%) afirmaram sentir ansiedade alta em performances diante de um júri ou banca avaliativa
provas, concursos, competições; 16 profissionais (66,7%) informaram sentir ansiedade baixa ao participar
de ensaios bandas, orquestras, grupos de câmara; 15 profissionais (62,5%) referiram não sentir ansiedade
durante sua rotina diária de estudos; 13 profissionais (54,2%) mencionaram sentir baixa ansiedade ao gravar
seus estudos; 10 profissionais (41,7%) relataram sentir alta ansiedade em suas performances públicas
recitais, concertos, shows; enquanto outros 10 profissionais (41,7%) indicaram sentir ansiedade média nesse
mesmo tipo de situação (Tabela 11).
Tabela 11 Nível de ansiedade vivenciada pelos respondentes (n=24) em situações inerentes à atividade musical. Brasil, 2016
Situações
Alta
Média
Baixa
N/A
n
%
n
%
n
%
n
%
Rotina diária de estudos
0
0,0
0
0,0
9
37,5
15
62,5
Ao gravar meus estudos
0
0,0
4
16,7
13
54,2
7
29,2
Gravações profissionais em estúdio
4
16,7
9
37,5
10
41,7
1
4,2
Aulas individuais com meu professor
4
16,7
8
33,3
8
33,3
4
16,7
Masterclasses na presença de outros
clarinetistas
8
33,3
7
29,2
7
29,2
2
8,3
Ensaios (bandas, orquestras, grupos de câmara)
1
4,2
3
12,5
16
66,7
4
16,7
Performance pública (recitais, concertos, shows)
10
41,7
10
41,7
3
12,5
1
4,2
Performance diante de um júri ou banca
avaliativa (provas, concursos, competições)
16
66,7
6
25,0
1
4,2
1
4,2
Fonte: adaptado de Santos (2017)
Os participantes também classificaram o nível de ansiedade vivenciado ao se apresentar em público com
diferentes formações musicais e 13 profissionais (54,2%) afirmaram sentir um nível alto de ansiedade em
apresentações como solista à frente de um grande grupo bandas, orquestras; 12 profissionais (50,0%)
mencionaram sentir um nível alto de ansiedade em suas performances solo; 12 profissionais (50,0%)
informaram sentir um nível baixo de ansiedade ao se apresentar com grupos de música de câmara duetos,
trios, quartetos, quintetos; 11 profissionais (45,8%) relataram sentir baixa ansiedade ao se apresentar como
integrante de grandes grupos bandas, orquestras; 10 profissionais (41,7%) referiram sentir ansiedade
média em suas performances solo; enquanto outros 10 profissionais (41,7%) responderam sentir ansiedade
média ao se apresentar como solista à frente de um grande grupo bandas, orquestras, e ao se apresentar
com grupos de câmara duetos, trios, quartetos, quintetos (Tabela 12).
12
Santos, Gueber Pessoa; Robatto, Pedro. 2022. “Percepo de profissionais da clarineta no Brasil sobre a ansiedade na performance musical
Per Musi no. 42, General Topics: 1-23. e224225. DOI 10.35699/2317-6377.2022.40308
Tabela 12 Nível de ansiedade vivenciada pelos respondentes (n=24) ao se apresentarem em público, de acordo com a formação musical.
Brasil, 2016
Formações
Alta
Média
Baixa
N/A
n
%
N
%
N
%
n
%
Grandes grupos (bandas, orquestras)
1
4,2
7
29,2
11
45,8
5
20,8
Música de câmara (duetos, trios, quartetos,
quintetos)
1
4,2
10
41,7
12
50,0
1
4,2
Como solista à frente de um grupo (bandas,
orquestras)
13
54,2
10
41,7
0
0,0
1
4,2
Performance solo
12
50,0
10
41,7
1
4,2
1
4,2
Fonte: adaptado de Santos (2017).
Sobre a experiência de ansiedade no decorrer de sua trajetória musical, 10 participantes (41,7%) avaliaram
ter vivenciado uma alta incidência de ansiedade no início de sua trajetória, porém baixa incidência de
ansiedade nos dias atuais (Tabela 13).
Tabela 13 Incidência de ansiedade vivenciada pelos respondentes em sua trajetória musical. Brasil, 2016. Onde: BI = baixa incidência e AI =
alta incidência
Experiência de ansiedade
n
%
BI de ansiedade no início da trajetória musical e nos dias atuais
8
33,3
BI de ansiedade no início da trajetória musical e AI de ansiedade nos dias atuais
4
16,7
AI de ansiedade no início da trajetória musical e nos dias atuais
2
8,3
AI de ansiedade no início da trajetória musical e BI de ansiedade nos dias atuais
10
41,7
Total de respondentes
24
100,0
Fonte: adaptado de Santos (2017)
Com relação ao enfrentamento da APM, 16 participantes (66,7%) informaram possuir alguma estratégia ou
ritual para lidar com esse sentimento, enquanto 08 participantes (33,3%) referiram o contrário. Além disso,
16 profissionais (66,7%) afirmaram nunca ter utilizado medicação, álcool ou droga não legalizada para
enfrentar sua APM, enquanto 08 profissionais (33,3%) responderam o oposto.
Os participantes também foram questionados sobre os hábitos que fazem parte do seu estilo de vida e
responderam: não fumar tabaco (87,5%); possuir uma alimentação balanceada frutas, verduras, legumes,
fibras (75,0%); não consumir bebida alcoólica, ou consumir com moderação (70,8%); ingerir a quantidade de
água recomendada em média 2L por dia (62,5%); usufruir noites de sono bem dormidas (58,3%); e praticar
atividade física regularmente (50,0%), conforme Tabela 14.
Tabela 14 Hábitos que integram o estilo de vida dos respondentes (n=24). Brasil, 2016
Hábitos de vida
n
%
Prática regular de atividade física
12
50,0
Alimentação balanceada (frutas, verduras, legumes, fibras)
18
75,0
Ingestão de água recomendada (em média 2L por dia)
15
62,5
Noites de sono bem dormidas
14
58,3
Não consumir bebida alcoólica/ou consumir com moderação
17
70,8
Não fumar (tabaco)
21
87,5
Fonte: adaptado de Santos (2017)
13
Santos, Gueber Pessoa; Robatto, Pedro. 2022. “Percepo de profissionais da clarineta no Brasil sobre a ansiedade na performance musical
Per Musi no. 42, General Topics: 1-23. e224225. DOI 10.35699/2317-6377.2022.40308
A maioria dos profissionais participantes da pesquisa (58,3%) informou que atua como professor de clarineta
mais de 20 anos. Com base nessa experiência, 21 profissionais (87,5%) acreditam que o ato de se
apresentar publicamente com maior frequência contribui para reduzir a APM, enquanto 02 profissionais
(8,3%) consideram que essa prática não interfere na ansiedade e 01 profissional (4,2%) referiu que pode
aumentar a ansiedade (Tabela 15).
Tabela 15 Percepção dos respondentes com relação à influência do ato de se apresentar publicamente com maior frequência sobre a APM.
Brasil, 2016
Influência
n
%
Reduz a ansiedade
21
87,5
Aumenta a ansiedade
1
4,2
Não interfere na ansiedade
2
8,3
Total de respondentes
24
100,0
Fonte: adaptado de Santos (2017)
Ainda com base nessa experiência, 21 profissionais (87,5%) afirmaram que a prática de aulas coletivas, em
formato de masterclasse, por exemplo, pode contribuir para reduzir a APM do aluno, enquanto 02
profissionais (8,3%) acreditam que essa prática não interfere na ansiedade e 01 profissional (4,2%)
respondeu que pode aumentar a ansiedade (Tabela 16).
Tabela 16 Percepção dos respondentes com relação à influência da prática de aulas coletivas (masterclasses) sobre a APM. Brasil, 2016
Influência
n
%
Reduz a ansiedade
21
87,5
Aumenta a ansiedade
2
8,3
Não interfere na ansiedade
1
4,2
Total de respondentes
24
100,0
Fonte: adaptado de Santos (2017)
4. Discussão
Este estudo evidenciou a existência de APM de profissionais da clarineta no Brasil. Os achados também
apontam para as características dessa ansiedade, seus efeitos na performance musical, os sintomas
vivenciados pela população de estudo e os fatores que contribuem para a experiência de ansiedade na
performance. Além disso, verificou-se o uso de estratégias por clarinetistas no Brasil para lidar com a APM e
a percepção desses profissionais acerca da influência do ato de se apresentar publicamente com maior
frequência sobre a ansiedade. Constatou-se ainda a contribuição da prática de aulas coletivas em formato
de masterclasses para a redução da ansiedade, de acordo com a experiência dos respondentes.
A literatura afirma que crianças muito novas raramente vivenciam APM, porém ressalta que a transição da
infância para a adolescência pode trazer consigo seus primeiros sintomas (Kenny 2004). Considerando que
a adolescência configura uma fase de transição caracterizada por mudanças, consolidação do crescimento,
instabilidade emocional e pressões sociais (Eisenstein 2005), é provável que o fato dos respondentes terem
iniciado os estudos na clarineta (Tabela 2) e realizado a primeira apresentação musical pública (Tabela 3)
predominantemente nessa fase da vida tenha contribuído para o sentimento de APM. Segundo a literatura,
14
Santos, Gueber Pessoa; Robatto, Pedro. 2022. “Percepo de profissionais da clarineta no Brasil sobre a ansiedade na performance musical
Per Musi no. 42, General Topics: 1-23. e224225. DOI 10.35699/2317-6377.2022.40308
estudantes com 12 anos de idade já apresentam sintomas de APM, assim como ocorre com os adultos (Ryan
2004).
Ainda nesse sentido, a literatura demonstra que as crianças estão, cada vez mais de maneira precoce,
absorvendo os problemas que afligem os adultos. No que se refere à APM, a principal causa observada é a
preocupação demonstrada pelas crianças em relação à possibilidade de cometer falhas em sua performance
diante dos outros (Ryan 2004). Contudo, a avaliação majoritariamente positiva realizada pelos respondentes
acerca de sua primeira apresentação musical pública (Tabela 4) indicou que essa experiência não foi
traumática.
A percepção dos respondentes acerca da frequência com que seus professores de clarineta ofereciam
orientação sobre estratégias para o enfrentamento da APM no início de sua trajetória musical (Tabela 5)
evidenciou uma lacuna na formação de clarinetistas no Brasil. Esse contexto corrobora com o paradigma de
que a ansiedade constitui um sério problema que tem impedido musicistas de alto nível de prosseguirem
com suas carreiras (Thompson, Bella e Keller 2006; Kenny 2011; Miranda 2013).
No que se refere à percepção dos respondentes acerca da frequência com que seus professores de clarineta
abordavam questões sobre como proceder no palco durante o início de sua trajetória musical (Tabela 6), o
resultado obtido demonstrou outra lacuna na formação desses profissionais. Segundo a literatura, o
planejamento de palco pode proporcionar maior segurança ao intérprete e, consequentemente, contribuir
para o aprimoramento de sua performance musical. Desse modo, mesmo que o músico possua qualidade,
talento e sólida formação, é de fundamental importância uma preparação específica para lidar com a
situação de palco e, quanto melhor for essa preparação, menor será o grau de ansiedade vivenciado na
performance (Ray 2009). Portanto, conhecer o palco e saber como proceder nele é tão importante quanto o
estudo das obras musicais que serão apresentadas.
Ainda no que se refere à prática pedagógica de seus professores, a percepção dos respondentes acerca da
frequência com que eram acompanhados em suas apresentações públicas no início de sua formação musical
(Tabela 7) indicou uma maior atenção por parte de seus orientadores nesse quesito.
Com relação ao ambiente vivenciado no início de sua formação musical, o indicativo de que a maior parte
dos respondentes vivenciou ambientes competitivos e com cobrança artística elevada pode ter influenciado
no alto índice de ansiedade relatado pela população de estudo. De acordo com a literatura, jovens que
vivenciam ambientes com cobrança artística elevada e que ainda não possuem todas as ferramentas
pessoais desenvolvidas para suportar esse ideal artístico e competitivo, podem apresentar um perfil propício
para a APM (Barlow 2000). Esses resultados reforçam os achados na literatura que indicam que cobranças
excessivas, impostas pelo meio em que o indivíduo vive podem desencadear perfeccionismo, crenças
irracionais, sentimento de insegurança e ansiedade (Tricoli e Bignotto 2000; Nascimento 2013).
Sobre a ansiedade, a literatura afirma que esse sentimento pode interferir tanto de forma positiva quanto
negativamente na performance musical (Wilson 1997; Wilson e Roland 2002; Studer et al. 2011). Contudo,
a percepção dos respondentes acerca da influência da ansiedade em sua performance indicou a prevalência
dos efeitos prejudiciais da ansiedade (Tabela 8). Isso nos leva a entender que a APM vivenciada pela
populao de estudo se caracteriza mais como ‘ansiedade debilitante’ do que como ‘ansiedade facilitadora’
15
Santos, Gueber Pessoa; Robatto, Pedro. 2022. “Percepo de profissionais da clarineta no Brasil sobre a ansiedade na performance musical
Per Musi no. 42, General Topics: 1-23. e224225. DOI 10.35699/2317-6377.2022.40308
(APA 2010). Além disso, o fato de a opção mais indicada pelos respondentes informar que a ansiedade
prejudica o seu desempenho, sugere que uma parcela expressiva desses clarinetistas não tem alcançado
êxito em transformar o excesso de excitação que a ansiedade pode desencadear em energia e direcio-la
para a performance, conforme recomendado na literatura (Greene 2001).
No que tange à imagem e autoestima do indivíduo, os resultados demonstram que uma parcela expressiva
da população de estudo se preocupa com a avaliação do público ao seu respeito e acerca de seu
desempenho. Embora esse grupo não represente a maioria dos respondentes, esses resultados sugerem um
quadro elevado de ansiedade nessa parcela da população e reforçam os achados na literatura que apontam
a preocupação com o julgamento do público como um agente desencadeante de ansiedade (Wilson e Roland
2002; Marshall 2008; Nascimento 2013; Miranda 2013; Cunha 2013).
Com relação ao sentimento de ansiedade, constatou-se que a maior parte dos respondentes costuma senti-
lo nos dias que antecedem à apresentação. Esse resultado corrobora com os achados na literatura que
afirmam que a APM pode se manifestar durante dias, semanas, ou até meses antes de uma apresentação
pública (Kemenade, Son e Heesch 1995; Steptoe 2001). Além disso, os resultados também demonstraram
que, para uma parcela menor da população de estudo, o sentimento de ansiedade permanece após o
término de suas apresentações. Esse achado indica que a APM também pode se manifestar após a
performance devido à insatisfação por metas não alcançadas durante a atividade realizada, bem como em
função da apreensão pela percepção dos outros acerca do seu desempenho ou resultado apresentado, assim
como ocorre na ‘ansiedade ps-competio’ (APA 2010).
No que se refere aos sintomas decorrentes da ansiedade, os resultados indicam que os sintomas fisiológicos
mais vivenciados pela população de estudo referem-se à respiração, boca seca e tensão muscular (Tabela
9). Porém, a aceleração dos batimentos cardíacos foi o sintoma mais observado no estudo realizado com
clarinetistas da UFBA (Silva e Santiago 2011). Contudo, os sintomas fisiológicos mais relatados pelos
respondentes também podem ser fortemente observados em estudos realizados tanto com clarinetistas,
quanto com outros instrumentistas (Silva e Santiago 2011; Miranda 2013; Nascimento 2013; Cunha 2013).
Sobre os sintomas psicológicos, os mais indicados pelos respondentes foram: apreensão, preocupação
excessiva, autocrítica severa e falta de concentração (Tabela 9). A literatura afirma que a autocrítica severa
é comumente identificada pelos próprios músicos como uma das causas da APM, e que esse sintoma sugere
um perfeccionismo mal trabalhado e/ou uma vulnerabilidade psicológica (Kenny 2011). Cabe ressaltar que
os sintomas psicológicos mais relatados pelos respondentes também foram observados em outros estudos
na literatura (Miranda 2013; Nascimento 2013; Cunha 2013).
Com relação aos sintomas comportamentais, destacaram-se erros técnicos e inquietação (Tabela 9).
Ressalta-se que os sintomas comportamentais mais relatados pelos respondentes também foram
observados em outros estudos na literatura (Miranda 2013; Nascimento 2013; Cunha 2013).
No que tange à experiência de ansiedade para além da performance, metade da população de estudo
informou que se considera ansiosa em outras áreas de sua vida. Esse resultado sugere um ‘trao de
ansiedade’ e corrobora com a premissa de Kemp (1999) ao afirmar que a predisposição para ser ansioso em
todos os aspectos da vida torna o indivíduo mais susceptível à ansiedade também na performance.
16
Santos, Gueber Pessoa; Robatto, Pedro. 2022. “Percepo de profissionais da clarineta no Brasil sobre a ansiedade na performance musical
Per Musi no. 42, General Topics: 1-23. e224225. DOI 10.35699/2317-6377.2022.40308
Outro fator observado foi a prevalência de perfeccionismo, tanto na performance, como nas demais áreas
da vida. A esse respeito, a literatura indica que níveis elevados de perfeccionismo contribuem para
desencadear APM (Mor et al. 1995; Wilson e Roland 2002; Kenny 2011; Miranda 2013). Além disso, a
literatura sugere que o perfeccionismo nos músicos pode estar relacionado ao fato do indivíduo se comparar
com gravações comerciais de CDs, independentemente de o processo de edição desses produtos envolver
inúmeros cortes e repetições (Lehrer 1987). Entretanto, apesar da prevalência de perfeccionismo, apenas
uma pequena parcela dos respondentes referiu que costuma idealizar sua performance comparando-a com
gravações comerciais de CDs e/ou DVDs. Destaca-se também o fato de a maior parte dos respondentes
associar sua autoestima e dignidade ao sucesso de suas performances musicais, reforçando os achados de
Oyan (2006), o qual concluiu que, na sociedade americana, a autoestima e o senso de dignidade muitas vezes
são associados ao sucesso profissional e pessoal.
Com relação aos fatores que contribuem para a APM, o grau de dificuldade do repertório foi apontado pelos
respondentes como o principal fator (Tabela 10), corroborando com Sinico, Gualda e Winter (2012), os quais
afirmam que o nível de ansiedade na performance é diretamente proporcional ao grau de dificuldade da
tarefa a ser realizada, ou seja, quanto mais difícil a tarefa, maior a ansiedade.
Segundo Wilson e Roland (2002) a ‘ansiedade de performance’ pode estar associada à falha de domínio da
tarefa, isto é, à falha no processo de preparação da tarefa. Para Ray (2009), a escolha do repertório está
quase sempre relacionada a um momento de prazer e projeções positivas, uma vez que não se escolhe uma
obra pensando em executá-la de forma inapropriada. Portanto, Greene (2002) orienta que o músico, ao se
preparar para a performance, projete um roteiro a ser executado em um período de, aproximadamente, três
semanas, e que planeje metas a serem alcançadas em cada peça do repertório até o dia da apresentação.
O segundo fator apontado pelos respondentes foi a qualidade da plateia (Tabela 10). Além disso, a simples
presença do público também foi indicada por parte dos respondentes (Tabela 10), reforçando os achados na
literatura que apontam a situação de se apresentar publicamente como um fator que pode desencadear
ansiedade (Nascimento 2013; Miranda 2013; Cunha, 2013). O terceiro fator apontado pela população de
estudo refere-se às condições da palheta (Tabela 10). Vale ressaltar que esse fator representa uma
especificidade dos instrumentistas de sopro que utilizam esse artefato, o qual interfere diretamente na
emissão do som e, consequentemente, no resultado da performance musical do indivíduo.
No que diz respeito ao nível de ansiedade vivenciado pela população de estudo em diferentes situações, a
maioria dos respondentes afirmou sentir ansiedade alta em performances diante de um júri ou banca
avaliativa provas, concursos, competições (Tabela 11). Nesse sentido, Nascimento (2010) afirma que
situações competitivas como testes profissionais, provas na universidade ou conservatório, exames,
audições e concursos são ainda mais estressantes do que uma performance blica em si, pois o nível de
exigência, as expectativas envolvidas e, principalmente, as possíveis perdas advindas de uma apresentação
malsucedida podem comprometer o futuro do indivíduo.
Diante disso, Wilson (1997) sugere aos executantes propensos à ansiedade que escolham peças fáceis ou
que trabalhem com aquelas que lhes são mais familiares, pelo menos para fins de concurso ou ocasião
pública de suma importância.
17
Santos, Gueber Pessoa; Robatto, Pedro. 2022. “Percepo de profissionais da clarineta no Brasil sobre a ansiedade na performance musical
Per Musi no. 42, General Topics: 1-23. e224225. DOI 10.35699/2317-6377.2022.40308
No que tange ao nível de ansiedade vivenciado pela população de estudo ao se apresentar com diferentes
formações musicais, mais da metade dos respondentes referiu sentir um nível alto de ansiedade em
apresentações como solista à frente de um grande grupo bandas, orquestras, e a metade mencionou sentir
um nível alto de ansiedade em suas performances solo (Tabela 12).
Pesquisas realizadas por Jackson e Latané (1981) e Cox e Kenardy (1993) constataram que o sentimento de
ansiedade tende a aumentar à medida que a formação do grupo diminui, elevando-se em apresentações
com quartetos, trios e duetos, até atingir o seu ápice em apresentações solo, isto é, quando o indivíduo se
encontra completamente sozinho no palco. Por conta disso, a performance solo representa a modalidade
que tem causado o maior nível de estresse entre os músicos, conforme afirmam os referidos pesquisadores.
Sobre a experiência de ansiedade no decorrer da trajetória musical, a constatação de que a maioria dos
respondentes avaliou ter vivenciado uma alta incidência de ansiedade no início de sua trajetória, porém
baixa incidência de ansiedade nos dias atuais (Tabela 13) sugere que as estratégias de enfrentamento
aprendidas durante sua formação musical têm alcançado seu objetivo.
Além disso, o quadro de ansiedade se altera quando analisado do ponto de vista do estudante e do
profissional. Nesse sentido, Sternberg (2010) sugere que a diferença entre especialistas e iniciantes está na
quantidade, na organização e no uso do conhecimento, pois para os profissionais muitos aspectos da solução
de problemas podem ser comandados por processos automáticos, cuja especialização em determinado
domínio é vista em grande parte sobre a perspectiva de que a prática leva à perfeição. Outros estudos
também apontaram diferenças entre profissionais e estudantes, especialmente no que diz respeito à forma
utilizada por esses dois grupos para resolver problemas dentro de seus próprios domínios de especialização
(Reitman 1976; Lesgold 1988; Larkin et al. 1980).
Com relação ao enfrentamento da APM, a maior parte dos respondentes informou possuir alguma estratégia
ou ritual para lidar com esse sentimento. Além disso, a maioria afirmou nunca ter utilizado medicação, álcool
ou droga não legalizada para enfrentar sua ansiedade na performance. No entanto, músicos têm se utilizado
de outros artifícios para controlar sua APM. De acordo com a literatura, os betabloqueadores têm se tornado
cada vez mais populares entre a categoria, especialmente por produzirem baixo impacto sobre as funções
cognitivas ou psicológicas, tais como agilidade mental, concentração, autoestima (Kenny 2004; Kenny 2005).
No Brasil, um estudo realizado por Nascimento (2013) apontou o uso de betabloqueadores como uma
estratégia de enfrentamento à APM, adotada por bacharelandos em música. Além disso, o estudo constatou
que a maior parcela dos bacharelandos, usuários de betabloqueadores que atuam em orquestras, nunca
procurou ajuda especializada para minimizar a APM. Segundo Freeman e Freeman (2015), os
betabloqueadores têm sido utilizados de maneira indiscriminada por músicos de orquestra e outros artistas.
Sobre os hábitos que integram o estilo de vida dos respondentes, constatou-se que a maior parte da
população de estudo possui hábitos saudáveis, tais como não fumar, possuir uma alimentação balanceada,
não consumir bebida alcoólica/ou consumir com moderação, ingerir a quantidade de água recomendada
pelos profissionais de saúde, dormir bem e praticar atividade física regularmente (Tabela 14). Esse resultado
encontra-se em consonância com os achados na literatura, que afirmam a importância desses cuidados para
o funcionamento ótimo do organismo, como também para o bom desempenho do indivíduo (Gopinathan,
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Pichan e Sharma 1988; Canani e Silva 1998; Cian et al. 2001; Geib et al. 2003; Walker e Stickgold 2006; Ayala-
Guerrero, Aguilar e Medina 2010; Valle 2011; Borsoi 2012; Mahan, Escott-Stump e Raymond 2013; Maciente
2016).
Com base em sua experiência docente, a maior parcela dos respondentes afirmou que o ato de se apresentar
publicamente com maior frequência contribui para reduzir a ansiedade (Tabela 15). Nesse sentido,
Dienstbier (1989) afirma que a exposição ao estresse pode ser algo benéfico e não apenas uma forma de
comprometer a performance. De acordo com o autor, atuar com sucesso em situações de estresse permite
ao indivíduo um importante aprendizado e configura uma boa forma de lidar com os problemas decorrentes
da ansiedade. Além disso, essa atuação aumenta a possibilidade de se obter um bom desempenho em
situações estressantes e faz com que eventos futuros sejam mais facilmente vivenciados.
Desse modo, estudos de Steptoe e Fidler (1987) relatam diminuição da APM em alunos com aumento de
exposição ao público. Para Miranda (2013), esta exposição frequente pode representar uma estratégia de
enfrentamento da ansiedade e, paralelamente, a performance musical pode ser aperfeiçoada por meio da
prática. Rocha (2012) também afirma que devemos entender a situação de se apresentar em público como
uma prática corrente no meio artístico. Segundo o pesquisador, a formação de musicistas deve abranger o
treinamento voltado para esse tipo de situao a fim de que o ‘medo de palco’ se transforme gradativamente
em uma vivência prazerosa.
Outro ponto destacado por quase todos os respondentes foi a prática de aulas coletivas, em formato de
masterclasse, por exemplo, com a finalidade de reduzir a ansiedade do aluno (Tabela 16). Para Greene
(2002), a prática na qual o músico é instruído a simular performances ao vivo, de preferência gravadas, na
presença de professores, colegas, amigos e/ou familiares a fim de formar uma plateia pode figurar como
uma importante estratégia de enfrentamento à ansiedade. Assim, o autor sugere reservar cerca de meia
hora por dia, ao término do estudo, imaginando-se estar verdadeiramente na apresentação que será
realizada o local, a temperatura, as luzes, os ruídos, a plateia, a banca, o maestro, a orquestra, ou seja,
com o maior número de detalhes possível.
Segundo Maciente (2016) o intuito nessa estratégia é proporcionar uma situação em que o indivíduo se
mantenha o mais nervoso possível, pois a prática desse estado de ansiedade gera maior intimidade com a
situação temida, ampliando o preparo e a capacidade de controle do sujeito. Contudo, considerando que
muitos performers se apresentam durante anos e continuam relatando sofrimento decorrente das perdas
geradas pelo alto grau de ansiedade, Wilson e Roland (2002) afirmam que a exposição ao estresse, por si só,
não extingue necessariamente a APM.
Portanto, a forma como o músico lida com o sentimento de ansiedade, quer seja na performance musical,
em sua vida pessoal, ou profissional está relacionada com aquilo que Goleman (2007) define como
‘inteligência emocional’. Segundo o autor, inteligência emocional é a capacidade que o indivíduo possui para
lidar de forma saudável com suas emoções. Desse modo, quem consegue administrar sua vida emocional
com maior serenidade e autoconsciência parece usufruir de vantagens consideráveis em sua saúde.
Ademais, a ansiedade faz parte da vida e, portanto, o ideal é aprender a lidar com esse sentimento de forma
saudável. Na literatura, vários autores (Champlin e Bentes 1995; Andrade e Gorenstein 1998; D’el Rey 2005;
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Brugués 2009) corroboram com essa afirmação e ressaltam que a ansiedade é inerente ao ser humano,
devendo ser trabalhada para melhorar o desempenho do indivíduo em situações performáticas.
5. Considerações Finais
O sentimento de ansiedade tem sido vivenciado por músicos de diferentes níveis, independentemente de
sua experiência na performance. Apesar desse sentimento ser inerente ao ser humano e constituir uma
resposta normal a vários acontecimentos da vida, experiências de ansiedade podem prejudicar a atividade
musical do indivíduo e até comprometer sua carreira. Assim, torna-se cada vez mais necessário o
desenvolvimento de estratégias de enfrentamento à ansiedade, pois entende-se que esse é o caminho para
que o músico possa lidar com esse sentimento de forma saudável, evitando seus efeitos deletérios sobre a
performance musical.
Isso nos leva a entender que uma preparação eficiente para a performance envolve mais do que o estudo
das obras musicais que serão apresentadas, e que a construção de uma carreira musical bem-sucedida
demanda o gerenciamento das emoções, especialmente da ansiedade. Embora a falta de orientação a esse
respeito por parte de seus professores represente uma lacuna na formação musical de uma parcela
significativa de clarinetistas no Brasil, notou-se o empenho desses profissionais no intuito de modificar essa
realidade em sua trajetória. Desse modo, faz-se necessário novos estudos a fim de investigar a prática
musical e pedagógica desses profissionais, sobretudo, no que diz respeito à utilização e orientação sobre
estratégias para o controle da APM.
Vale ressaltar que alguns entraves foram encontrados durante o desenvolvimento desta pesquisa. Destaca-
se que apenas 02 respondentes da população de estudo pertencem ao sexo feminino, o que dificultou a
obtenção de resultados consistentes no que tange à diferença de gênero na experiência de ansiedade.
Entretanto, esse fato evidenciou que os cargos para professor de clarineta nas universidades públicas
brasileiras são, predominantemente, ocupados por profissionais do sexo masculino.
Outras duas questões que não foram objeto de investigação do presente estudo, mas que são de grande
relevância para o tema da APM referem-se às diferentes tendências para o desenvolvimento da ansiedade
entre músicos que atuam na música popular e aqueles que trabalham com música de concerto, como
também ao fato de crianças apresentarem níveis de ansiedade semelhantes ou iguais aos adultos.
Portanto, este estudo traz subsídios para que novas pesquisas sejam realizadas, abordando as questões
acima citadas e, inclusive, adaptando-se o questionário elaborado neste estudo para os devidos fins.
Contudo, apesar das limitações supramencionadas, o presente artigo alcançou o seu objetivo de investigar
a percepção de profissionais da clarineta no Brasil sobre a APM. Assim, constatou-se a existência de
ansiedade na performance desses clarinetistas, as características dessa ansiedade, os fatores que a
desencadeia e a utilização de estratégias de enfrentamento por essa população.
Por fim, com base na experiência docente de profissionais da clarineta no Brasil, observou-se que o ato de
se apresentar publicamente com maior frequência pode contribuir para o controle da APM, desde que seja
uma prática consciente, alicerçada em um processo de preparação eficiente, voltado para a situação de
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performance e não apenas para a execução do repertório a ser apresentado. Esses achados reforçam o valor
pedagógico das aulas coletivas em formato de masterclasses, associadas ao trabalho individual realizado
com cada aluno em sala de aula.
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