Ralph Waddey: O que รฉ que determina a regra? ร o braรงo ou รฉ o tamanho da caixa? -
Clarindo dos Santos: ร tudo. Olha, essa caixa depende de uma regra desse tamanho,
porque se botar uma regra daquela sua, porque esse cavalete vem pra aqui. Agora,
aquela regra daquela viola ali, ela รฉ menor, mas ela dรก pra essa. [...] Agora tem outra
regra daqui, que esse cavalete vem pra aqui mais. Entรฃo quando eu faรงo viola sem o
cavalete de madeira, pregada aqui, eu faรงo com o braรงo maior, com a regra maior,
porque isso vem pra aqui e o [contra-?] cavalete aqui pregado nรฃo tem importรขncia. [...] -
RW: Agora, quando o cavalete vai aรญ atรฉ o fim e prende aรญ atrรกs, o contra-cavalete fica
onde? - CS: Quando รฉ nessa regra ele fica aqui mesmo... - RW: Depois do lugar [do
cavalete?]... - CS: E quando รฉ da regra maior que eu tenho, ele vem pra aqui assim. - RW:
Dois centรญmetros (abaixo da referรชncia anterior?) - CS: Esse aqui nรฃo vai cavalete de
madeira, senรฃo fica feio. Agora, se botar regra maior que eu tenho aรญ e botar o cavalete
de madeira, esse [contra]cavalete vem pra aqui oh, fica feio. (Entrevista de Ralph Waddey
com Clarindo dos Santos, 21/11/1977, Santo Amaro da Purificaรงรฃo-BA)
Embora nรฃo seja possรญvel visualizar os instrumentos e posiรงรตes das peรงas indicadas por Clarindo, nem as
verificar com Ralph Waddey, falecido no inรญcio do projeto Tons de Machete, o diรกlogo entre ambos รฉ
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especรญfica de uma parte ou do corpo inteiro do instrumento, por exemplo do braรงo e seu nรบmero de
trastes, como sugerem as tabelas comparativas de Corrรชa (2014, 66). Para Clarindo, a regra envolve
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inclui sua profundidade, localizaรงรฃo do cavalete e, quando empregado, do contra-cavalete etc. Depois, ao
explicar sobre a aplicaรงรฃo do contra-cavalete para o encordoamento atรฉ o final do tampo, quando abre
mรฃo do cavalete de madeira, o luthier deixa claro que a relaรงรฃo nรฃo รฉ meramente geomรฉtrica, mas
estรฉtica: a depender do tamanho da regra, a posiรงรฃo do cavalete e/ou do contra-cavalete muda, podendo
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RW: Agora, o som da viola que tem o cavalete aqui no fundo รฉ diferente? - CS: ร a mesma
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madeira. Aรญ uma madeira boa, [bate na madeira] cedro, pinho paraรญba, tudo bom de som.
E se fizer tudo disso, ave maria, fica um som grosso danado. [...] Tem uns pinho que eu
faรงo a viola toda de pinho e dรก dura de corda danada. E tem outras que eu faรงo toda de
pinho, como de Joรฃo de Deus lรก de Santo Amaro - รฉ sambador, tanto grita como toca - e a
violinha dele รฉ famanada em Santo Amaro, toda de pinho: รฉ a qualidade do pinho,
depende da qualidade do pinho. (Entrevista de Ralph Waddey com Clarindo dos Santos,
Santo Amaro, 21/11/1977)
Para Clarindo, portanto, o tipo de encordoamento que emprega o cavalete de madeira se apresenta como
mera questรฃo de estรฉtica visual, que nรฃo intervรฉm na sonoridade do instrumento. Essa รฉ definida muito
mais pelo tipo e combinaรงรฃo de madeiras utilizadas, alรฉm das relaรงรตes geomรฉtricas do instrumento, jรก que
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