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eISSN 2317-6377
Influências da Musicologia e da Etnomusicologia
na Pesquisa em Educação Musical no Brasil
Influences of Musicology and Ethnomusicology
in Music Education Research in Brazil
Eliton Perpetuo Rosa Pereira
Instituto Federal de Goiás, Departamento de Áreas Acadêmicas Goiás, GO, Brasil
eliton.pereira@ifg.edu.br
SCIENTIFIC ARTICLE
Section Editor: Fernando Chaib
Layout Editor: Edinaldo Medina
License: "CC by 4.0"
Submitted date: 20 aug 2022
Final approval date: 04 feb 2023
Publication date: 23 mar 2023
DOI: https://doi.org/10.35699/2317-6377.2023.40870
RESUMO: O texto apresenta uma ntese teórica das tendências musicológicas e etnomusicológicas com o objetivo de explorar
essas categorias no contexto da pesquisa em educação musical, que aborda música na escola. Foram elegidas 30 teses para a
aplicação destas categorias com recortes codificados, em sua maioria, nos resumos dos trabalhos. As metodologias de Análise
de Conteúdo Categorial e Síntese Qualitativa de Pesquisa foram usadas para dar segurança ao processo de análise qualitativa
das teses. Este trabalho exploratório e descritivo revelou aspectos fundamentais sobre a influência da musicologia e
etnomusicologia na pesquisa em educação musical no Brasil. As categorias elegidas dos contextos teóricos da musicologia e
etnomusicologia e os processos de análises apresentados podem possibilitar novas formas de compreensão da área da
educação musical enquanto campo de conhecimento pedagógico e também (etno)musicológico.
PALAVRAS-CHAVE: Musicologia; Etnomusicologia; Pesquisa; Educação Musical.
ABSTRACT: The text presents a theoretical synthesis of the musicological and ethnomusicological tendencies with the objective
of exploring these categories in the context of the research in musical education, which approaches music in the school. Thirty
theses were chosen for the application of these categories with codified cuts, mostly in the abstracts of the works. The
methodologies of Categorical Content Analysis and Qualitative Research Synthesis were used to give security to the qualitative
analysis process of theses. This exploratory and descriptive work revealed fundamental aspects about the influence of
musicology and ethnomusicology in the research in musical education in Brazil. The chosen categories of the theoretical
contexts of musicology and ethnomusicology and the processes of analysis presented may enable new forms of understanding
of the area of musical education as a field of pedagogical knowledge and also (ethno)musicological.
KEYWORDS: Musicology; Ethnomusicology; Search; Musical Education.
Per Musi | Belo Horizonte | v.24 | General Topics | e232401 | 2023
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Perpetuo Rosa Pereira, Eliton. 2023.Influências da Musicologia e da Etnomusicologia na Pesquisa em Educação Musical no Brasil
1. Introdução
Kraemer (2000), em seu artigo “dimensões e funções do conhecimento pedagógico-musical”
1
afirma que a
educação musical é constituída por musicologias e pedagogias. O autor, desde o contexto da sociologia da
educação musical alemã
2
, busca realizar uma delimitação da educação musical como ciência ou área de
conhecimento, de modo a revelar aspectos do conhecimento pedagógico-musical e as relações desta área
com outros campos de conhecimentos. Admitimos a lógica epistemológica interdisciplinar defendida por
este autor, na qual ele, “preocupa-se com uma construção da teoria da educação musical partindo do
princípio de que a pedagogia da música está entrelaçada com outras disciplinas” (Kraemer 2000, 50).
Outros pesquisadores também discutem a epistemologia da área da educação musical na atualidade, com
destaque para os trabalhos de Bresler (2011), Georgii-Hemming e Lilliedahl (2014), Del-Ben (2010, 2013),
Souza (1996) e Aquino (2016). Com base nesta proposição, consideramos as tendências musicológicas que
exercem influência sobre a área da educação musical, tendo por base os trabalhos de Swanwick (1992),
Nettl (2010), Campbell (2003), Queiroz (2010) e Pereira (2011). De modo que, a partir dessas bases
teóricas, não é possível falar em educação musical, sem se falar em pedagogias e em musicologias.
Por tendências musicológicas compreende-se estruturas intrinsicamente ligadas à educação musical como
área que a configura. No entanto, nem sempre se verifica clareza nas posturas, concepções e práticas dos
educadores, pesquisadores e profissionais da área. As tendências musicológicas, dizem, deste modo, da
diversidade de musicologias inerentes ao contexto da pesquisa e da prática musical em si.
Consideramos assim, que as pesquisas nesta área são construídas a partir destes elementos. Por outro
lado, temos a consciência de que nem sempre o pesquisador estotalmente cônscio destes processos de
construção, que se originam anteriormente à elaboração das produções e das práticas. Ou seja, existe uma
pluralidade de musicologias que se mesclam de modo singular e geram diferentes abordagens. No Brasil, e
mais especificamente na produção científica brasileira da área da educação musical, a variedade de
pedagogias musicais se manifesta a partir das várias concepções desde o campo da Musicologia e
Etnomusicologia.
Nesta investigação, além de uma síntese teórica destas áreas, desenvolvemos, em termos metodológicos,
uma Análise de Conteúdo (Bardin 2011) e uma Síntese Qualitativa de Pesquisa (Major & Savin-Baden
2010), quando aplicamos as categorias advindas das tendências musicológicas nas 30 teses que abordam o
ensino de música no contexto escolar
3
. Assim, esta investigação, do modo semelhante ao estudo de
1
Tradução de Jusamara Souza, a partir do texto original publicado por Rudolf-Dieter Kraemer na revista
alemã Musikpädagogische Forschung 16, 1995: 146-172.
2
Rudolf-Dieter Kraemer é professor na Universidade de Augsburg, Alemanha. Segue a tradição da
educadora musical alemã Sigrid Abel-Struth que impulsionou a discussão sobre o status científico da área
da educação musical com seu livro Materialien zur Entwicklung der Musikpädagogik als Wissenschaft
(Material para o desenvolvimento da pedagogia musical como ciência) publicado em 1970.
3
Investigação originário de uma pesquisa de doutoramento mais ampla (Pereira 2019).
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Perpetuo Rosa Pereira, Eliton. 2023.Influências da Musicologia e da Etnomusicologia na Pesquisa em Educação Musical no Brasil
Campbell (2003, p. 16), busca compreender “as influências da teoria e do método (etno)musicológico nos
aspectos acadêmicos e práticos da educação musical”
4
.
2. Tendências Musicológicas e Etnomusicológicas
Em seu guia de introdução à investigação em educação musical, Maravillas Díaz (DÍAZ, 2006)
5
destina um
capítulo da obra para fazer uma descrição da música como campo de conhecimento, antes de abordar
temáticas importantes da pesquisa em educação musical, como a psicologia e pedagogia da música.
Nesse sentido, acredita-se que para se obter uma melhor clareza acerca dessas relações entre
Musicologia/Etnomusicologia e educação musical, é necessário, previamente, compreender o que venha a
ser cada uma destas áreas em específico.
2.1. Musicologia e sua Configuração no Contexto Acadêmico
Apesar de estar intrinsecamente atrelada à arte musical, a musicologia se configura em uma ciência que
buscou rigor metodológico a partir do século XVIII. Este campo de conhecimento tem se estruturado no
século XX como um saber acadêmico/científico cuja produção de conhecimento transcende o seu domínio,
abrangendo várias áreas de atuação.
A segunda edição do Grove Dictionary traz a definição de musicologia como o estudo acadêmico da música
(Duckles & Pasler 2001, 488), como campo do conhecimento que tem como objeto a investigação da arte
da música como fenômeno físico, psicológico, estético e cultural e ainda o estudo da música como objeto
autônomo, e também como conhecimento entrelaçado a uma complexa teia de eventos, ideias, intenções
e situações, que “advém de um processo histórico enquanto ente cultural e têm direcionado parte
considerável dos estudos musicológicos nos últimos vinte anos tanto na temática quanto nas
metodologias de pesquisa”
6
.
No que diz respeito à musicologia como campo de conhecimento científico/acadêmico Duckles & Pasler
(2016) explicam sua origem desde as pesquisas dos gregos até a sistematização cientificista dos séculos
XVIII/XIX. Os autores esclarecem que a partir do século XVII houve um avanço na superação da visão
religiosa sobre o processo de pesquisa em música e destacam os principais pesquisadores deste período no
contexto da anatomia, fisiologia e psicologia. Verifica-se que esse campo de conhecimento, assim como
outros, se configurou a partir do iluminismo inglês e francês, no contexto do positivismo e etnocentrismo
europeu.
Kerman (1987, 1), afirma que no entendimento inicial sobre a área, o temo musicologia abrangia desde a
história da música ocidental até a taxonomia da música primitiva, como era então chamada, desde a
4
The influences of ethnomusicological theory and method on scholarly and practical aspects of music
education” (Campbell 2003, 16).
5
Ibarretxe (2006).
6
comes from a historical process as a cultural entity and has directed a considerable part of musicological
studies in the last twenty years both in thematic and in the research methodologies”. (Duckles & Pasler
2001, 488)
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acústica até a estética, e desde a harmonia e o contraponto até a pedagogia pianística”. O autor segue
citando os nomes de Hugo Riemann e Guido Adler no século XIX sendo os responsáveis por elaboradas
classificações da área; classificações essas condizentes com as formulações clássicas desta vertente
positivista inicial.
Nesse sentido, apresentamos a seguir, no quadro 1, a classificação realizada por Guido Adler (apud
Dudeque 2004) na qual o autor divide a musicologia basicamente em duas áreas: Musicologia Histórica e
Musicologia Sistemática.
Quadro 1 Classificação das Musicologias Histórica e Sistemática por Guido Adler em 1885
I. Musicologia Histórica
História da música (época, nacionalidade, estado, província, região, cidade, escola e compositor).
B)Categorias históricas
básicas (classificação
das formas musicais).
C)Princípios na sucessão histórica.
1. De acordo como estes se manifestam nas obras
de cada período;
2. De como estes eram explicados pelos teóricos
da época;
3. Tipos de performance [práticas interpretativas].
D)História dos
instrumentos
musicais.
Disciplinas auxiliares da Musicologia Histórica:
História Geral com paleografia, cronologia; Diplomacia, bibliografia, biblioteconomia e catalogação;
História da liturgia; História das artes cênicas e dança; Estudos biográficos e músicos, estatísticas sobre associações
musicais, instituições e performances.
II. Musicologia Sistemática
Estabelecimento dos princípios predominantes nas áreas individuais da música.
B)Estética da música:
1.Comparação e avaliação dos
princípios e suas relações com
o objeto da percepção com
vistas ao estabelecimento de
Critérios para o Belo Musical.
2.As questões complexas,
direta ou indiretamente
relacionadas com o aspecto
acima.
C)Pedagogia musical e didática [métodos de
ensino] (derivados de regras com propósitos
pedagógicos):
1.Teoria musical elementar;
2.Harmonia;
3.Contraponto;
4.Composição;
5.Instrumentação;
6.Métodos de ensino [da prática] vocal e
instrumental.
D)[Etno]
Musicologia:
Pesquisa e
comparação
com propósitos
étnicos.
Disciplinas auxiliares da Musicologia Sistemática:
Acústica e matemática; Fisiologia (a sensação do som [musical]);
Psicologia (a concepção, julgamento e percepção do som [musical]);
Lógica (o pensamento musical); Gramática, métrica e poética; Estética.
Fonte: Por Guido Adler em 1885 (apud DUDEQUE 2004, 117)
A divisão entre musicologia histórica e musicologia sistemática está vinculada a uma compreensão inicial
de que o campo basicamente teria uma área principal que se dedica a questões relacionadas à história,
história da música, das biografias dos compositores, das obras, formas e gêneros musicais. no segundo
grupo, da musicologia sistemática, teríamos questões não históricas, abrangendo matérias de cunho
teórico-musical, pedagógico, estético e etnográfico.
No entanto, outras classificações do campo da Musicologia vão aparecer nos trabalhos de diferentes
autores, nos quais é possível perceber duas grandes tendências: a musicologia tradicional (musicologia
histórica), e a new musicology (nova musicologia), tendo, entre essas duas tendências a etnomusicologia e
alguns estudos de transição.
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Nesse sentido, consideramos quatro autores que classificam a musicologia em diferentes tendências, como
é possível de se verificar no quadro 2, a seguir (Kerman 1987; Duckles & Pasler 2001; Solomon 2015;
Maravillas Díaz 2006):
Quadro 2 Classificação das Musicologias segundo quatro diferentes autores
Kerman (1987)
Duckles e Pasler (2001)
Musicologia positivista;
Nova música;
Musicologia crítica;
Etnomusicologia;
Performance histórica.
Método histórico;
Método teórico/analítico;
Crítica textual;
Pesquisa de arquivos;
Lexicografia e terminologia;
Organologia e iconografia;
Práticas performáticas;
Estética e crítica;
Sócio-musicologia;
Psicologia e escuta;
Gênero e estudos da sexualidade.
Solomon (2015)
Maravillas Díaz (Díaz, 2006)
Musicologia histórica;
Musicologia comparada:
Jaap Kunst, Alan P. Merriam, Bruno
Netll, Charles Seeger;
New Musicology:
Adorno, Kerman, Dahlhaus:
Etnomusicologia, Semiótica,
Estruturalismo antropológico,
Pós-estruturalismo e alteridades.
Musicologia Histórica;
Musicologia Sistemática;
Etnomusicologia;
Etnomusicografia;
Etnologia musical;
Antropologia musical;
Fonte: Elaborado pelos autores
Kerman (1987) sintetiza cinco grandes tendências, no entanto, a nova musicologia, por ele designada, a
nosso ver, incluiria também a musicologia crítica, a etnomusicologia e a própria performance histórica. Já a
classificação de Duckles e Pasler (2001) considera onze diferentes áreas de conhecimento sobre as quais se
dedica o campo da Musicologia. Entre essas temáticas estão incldas questões próprias da nova
musicologia, como os estudos de gênero, por exemplo. A classificação realizada por Solomon (2015) parece
ser a mais adequada, pois o autor considera que, além dos campos da musicologia tradicional o que o
autor chama de musicologia histórica, e a new musicology, um período de transição ou tendências de
transição entre a musicologia tradicional e a nova musicologia.
Inicialmente a musicologia tradicional abarcaria a musicologia histórica e a musicologia sistemática em
suas abordagens primárias, ainda abrangendo boa parte das temáticas definidas por Duckles e Pasler
(2001). Posteriormente um grupo de estudos de transição, com influência do desenvolvimento das
ciências sociais do início do século XX, com pesquisas sobre culturas musicais não europeias, com o
surgimento da antropologia cultural e da musicologia comparada, que vem a ser hoje a chamada
etnomusicologia. Por fim, Solomon (2015) destaca a new musicology sendo um novo paradigma de
pesquisa em música, sobre a qual não há um consenso fechado, mas cujas características a faz se distinguir
da musicologia tradicional.
Maravillas Díaz (Díaz, 2006) também vai destacar a classificação dos estudos musicológicos com base na
musicologia histórica e sistemática, a partir de Adler (1885 apud Dudeque, 2004), mas também a partir da
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etnomusicologia como um grande campo que se divide por sublinhas como a etnografia, etnologia e
antropologia, sem citar a new musicology. Desse modo, consideramos, a partir destes autores e de suas
caracterizações, que existem basicamente quatro tendências musicológicas a serem aqui destacadas:
1. Musicologia tradicional histórica e sistemática;
2. Musicologia antropológica musicologia comparada e etnomusicologia;
3. Musicologia crítica sociológica;
4. Musicologia pós-moderna ou new musicology.
2.2. A Etnomusicologia e a Educação Musical
Frank D’Andrea (Andrea 1966), educador musical Norte-Americano, no texto Music education needs
musicology”, em 1966 defendia uma estreita colaboração entre as áreas da educação musical e a
musicologia. O autor, ao analisar a defasagem da educação musical no contexto escolar do estado da
Califórnia na década de 1950, considerou essencial a união de forças entre essas áreas para o
desenvolvimento da educação musical local.
Ainda no contexto internacional, Montoya Rubio (2005), pesquisador espanhol da Universidade de Murcia,
explica que apesar da musicologia nem sempre aceitar de bom grado a pedagogia musical como parte
integrante de seus postulados, é atestado o “potencial que o conhecimento musicológico pode realizar em
desenvolvimentos pedagógicos no campo musical”. De modo que, “as práticas que bebem da musicologia
são bem-sucedidas”, contexto no qual o autor fala de práticas pedagógicas. (Montoya Rubio 2005, 61
traduções minhas
7
).
A educação musical, na visão de Adler (apud Dudeque, 2004) está classificada no eixo da musicologia
sistemática. Porém, na prática, os eventos e as pesquisas de cada área, no contexto acadêmico brasileiro,
na maioria dos casos, se dão em situações distintas. Essa tendência tem sido conduzida para um quadro
cada vez mais estreito, no qual as áreas têm buscado manter maior contato. Principalmente no contexto
acadêmico brasileiro, no qual a maioria das pesquisas em educação musical são desenvolvidas em
programas de pós-graduação em Música, tantos mestrado, quanto doutorado, de modo que a educação
musical figura como uma linha de pesquisa das pós-graduações em Musicologia. Ainda no contexto
internacional, podemos citar por exemplo os significativos textos de Swanwick (1992) e Nettl (2010), nos
quais os autores apresentam questões pontuais sobre o contato entre a área da educação musical com a
etnomusicologia. Swanwick (1992), em seu texto Music education and Ethnomusicologyapresenta um
estudo comparativo entre composições de crianças de várias etnias. O autor, com base em um estudo que
se utiliza de categorias da sua teoria espiral, chega a defender o papel da educação musical no
desenvolvimento de uma crítica musical, de uma capacidade de escolha estética e de criatividade no
processo de desenvolvimento de crianças e adolescentes, independentemente de sua origem étnica.
7
potencial que el conocimiento musicológico puede materializar en desarrollos pedagógicos en el campo
musical” (…) “las prácticas que beben de la musicología son exitosas” (Montoya Rubio 2005, 61).
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Nettl (2010), em seu texto Music Education and Ethnomusicology: A (usually) Harmonious
Relationship”, apresenta uma série de critérios e categorias próprias da etnomusicologia que são
recomendáveis para a área da educação musical na atualidade como:
1. Compreender a música como elemento cultural além de estético;
2. Desenvolver uma atitude de respeito e tolerância sobre a ampla gama de mundos musicais hoje
reconhecidos;
3. Reconhecer a autenticidade no contexto das várias tradições musicais e culturais;
4. Compreender a música no mesmo patamar da diversidade multicultural e intercultural;
5. Considerar que sob o prisma antropológico todas as culturas musicais são iguais, no contexto de
que todas as culturas são patrimônios da humanidade.
Além de refletir sobre estas colaborações, desde o contexto de desenvolvimento da etnomusicologia, o
autor ainda defende um maior diálogo entre as áreas, em disciplinas acadêmicas, em comitês, em seções e
ações conjuntas, e ainda tendo como exemplo o trabalho de alguns educadores musicais que se colocam
nesse desafio
8
.
Além de considerar a produção internacional nos exemplos acima citados, também partimos do
pressuposto que cada abordagem da educação musical se serviu das sistematizações da musicologia para
desenvolver suas didáticas
9
, suas pedagogias musicais. Assim podemos citar alguns exemplos: 1) A
educação musical tradicional depende do conhecimento histórico, do registro acadêmico da música; 2) A
educação musical tradicional depende de referências sistematizadas sobre teoria, análise e composição
musical; 3) A educação musical ativa depende dos estudos sobre música em contato com outras áreas de
conhecimento, como acústica, psicologia, corpo, movimento e dança; 4) A educação musical criativa
adveio tão-somente das experiências e das abordagens pedagógicas dos compositores de vanguarda no
contexto da música contemporânea e das oficinas de música; 5) A educação musical multicultural e
contextualista identificada como a educação musical contemporânea, tanto necessita, quanto se mistura
com as temáticas da musicologia pós-moderna new musicology e etnomusicologia.
Nesse sentido, tendo por base esses exemplos internacionais e os pressupostos por nós mencionados, nos
interessa compreender como a produção científica brasileira também tem considerado essa relação entre
educação musical e Musicologia/Etnomusicologia. Assim, levantamos as pesquisas e publicações
desenvolvidas com este objetivo no Brasil, salientando os principais pesquisadores nacionais e ainda as
tendências temáticas dessas investigações. Os trabalhos por nós escolhidos, para realizar esta análise,
foram:
Anais da ANPPOM
10
, 23 volumes, de 1988 até 2013 (TOMÁS, 2015);
Temáticas de 300 Teses da educação musical no Brasil, disponíveis online;
Anais do ENABET, de 2006 a 2017 6 volumes;
8
Pesquisadores citados: Patricia Campbell, Barbara Lundquist e Huib Schippers (Nettl 2010).
9
Consideramos as didáticas da área da música elencadas por Fernandez (2013).
10
ANPPOM Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música; ENABET Encontro Nacional
da Associação Brasileira de Etnomusicologia; ABEM Associação Brasileira de Educação Musical.
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Revista da ABEM 36 volumes;
A produção científica de sete etnomusicólogos brasileiros.
Na tabela 1, apresentada a seguir, quantificamos os trabalhos científicos que abordam a relação entre
Educação Musical e Musicologia ou Etnomusicologia.
Tabela 1 Quantitativo de produção que relaciona musicologia/etnomusicologia e educação musical
Fontes
Total de comunicações
Ed. musical, musicologia e etnomusicologia
Anais da ANPPOM
2650, de 1988 a 2013
546 da educação musical = 47 (8,6%)
Anais da ANPPOM
2650, de 1988 a 2013
222 da etnomusicologia = 5 (2,2%)
Teses da educação musical
300, de 1987 a 2017
4 + 5 = 9 (3%)
Anais do ENABET
Volume III, 102
13 (12,7%)
Anais do ENABET
Volume IV, 77
21 (27,2%)
Anais do ENABET
Volume V, 73
14 (19%)
Anais do ENABET
Volume VI, 80
20 (25%)
Anais do ENABET
Volume VII, 81
6 (7,4%)
Anais do ENABET
Volume VIII, 96
5 (5,2%)
Revista da ABEM
360, 36 volumes
32 (8,88%)
Produção etnomusicólogos94
350 em média
41 (11,7%)
Fonte: Elaborado pelo autor com base em vários documentos
11
Além dessas análises, ainda consideramos fazer um exame da produção científica de sete pesquisadores
que mais publicam na área de etnomusicologia no Brasil. De modo que, fizemos uma contagem de sua
produção que aborda diretamente a relação entre educação musical e etnomusicologia. Os pesquisadores
são: Ângela Elizabeth Lühning, Luís Ricardo Silva Queiroz, Rosângela Tugny, Glaura Lucas, Marília Stein,
Luciana Prass e Liliam Barros
12
. Do total da produção de artigos científicos, livros e capítulos de livros,
encontramos 41 publicações que fazem essa relação direta, representando este quantitativo, mais de 10%
da produção científica destes pesquisadores.
Além de considerar que historicamente a musicologia tem influenciado com suas temáticas e abordagens a
área da Educação Musical, consideramos que a Etnomusicologia e algumas temáticas da new musicology
dialogam e influenciam a pesquisa na área da educação musical na atualidade.
11
Anais da ANPPOM: Tomás (2015). Teses disponíveis no banco de dissertações e teses da capes:
<http://bancodeteses.capes.gov.br/banco-teses/#!/>; dez. 2017; Anais ENABET: Cambria (2017),
Domínguez, (2015), Montardo e Braga (2011), Pinto (2006), Ribeiro (2008), Sandroni e Satomi (2013).
Revistas da ABEM. Disponível em: <http://www.abemeducacaomusical.com.br/revistas/revistaabem>; dez.
2017.
12
Os currículos dos pesquisadores estão disponíveis online (Acesso em dezembro de 2017):
Ângela Elisabeth Lühning: <http://lattes.cnpq.br/0685512552006492>;
Glaura Lucas: <http://lattes.cnpq.br/5237321219459906>;
Líliam Cristina Barros Cohen: <http://lattes.cnpq.br/0286644614789784>;
Luciana Prass: <http://lattes.cnpq.br/7144191083096706>;
Luís Ricardo Silva Queiroz: <http://lattes.cnpq.br/5224390361847356>;
Marilia Raquel Albornoz Stein: <http://lattes.cnpq.br/9120605359249566>;
Rosângela Pereira de Tugny: <http://lattes.cnpq.br/8693017792087928>;
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Perpetuo Rosa Pereira, Eliton. 2023.Influências da Musicologia e da Etnomusicologia na Pesquisa em Educação Musical no Brasil
Assim, podemos inferir algumas relações temáticas, categorias, abordagens teóricas e metodologias afins
entre as áreas. Nesse sentido, listamos alguns destes pontos interdisciplinares que consideramos
relevantes a partir da análise das referências e das pesquisas que aqui citamos:
Biografias de compositores, músicos e educadores musicais;
Potencial pedagógico de métodos e técnicas desenvolvidas no campo da pesquisa em música;
Potencial pedagógico de obras musicais históricas e das etnias;
Contexto etnográfico de grupos escolares;
Etnografia e ensino formal, informal, não formal;
Aspectos de transmissão de conhecimento em contextos étnicos;
Aspectos pedagógicos em manifestações culturais regionais;
Consideração da sociologia e sociologia da música na educação musical;
Consideração sobre o multiculturalismo, cultura popular e regional em relação com contextos
pedagógicos;
Temáticas pós-modernistas que abrangem cultura, música e educação.
Além destas considerações musicológicas do campo estritamente acadêmico, vale ressaltar que o campo
da pesquisa sobre música popular excede em muito o contexto das publicações científicas (Cohen 2013).
Esta tendência nacional não vai ao encontro da tendência do contexto internacional
13
, no qual as pesquisas
sobre música popular se encontram mais amplamente presentes no contexto da produção científica.
As publicações independentes sobre música popular, cultura popular, biografia de grupos e compositores
da música popular brasileira, movimentos e manifestações culturais/musicais brasileiros são intensas em
formato de livros. Publicações essas advindas do campo da História, Antropologia, Comunicação, Arte,
Estudos Culturais; se originando de trabalhos de pesquisadores autônomos, nem sempre ligados às
universidades (Abreu 1995; Baia 2011; Bessa 2005; Diniz 2002; Napolitano 2002; Tinhorão 1998).
Acredita-se que a ampla produção literária sobre música popular no Brasil, levando em conta a intensidade
da diversidade cultural nacional, certamente também veio a influenciar, juntamente com o
desenvolvimento da musicologia e etnomusicologia, a produção científica em música e educação musical
no Brasil (Pablo Gonzále, 2000; Corrêa & Westvall 2014).
Assim, a relação entre música e educação, entre musicologias e pedagogias musicais, parece ser patente e
promissora. O que pode não ser tão claramente observável na pesquisa, mas que exige uma análise mais
atenta e sistemática para tal percepção indo além do exame que realizamos até aqui nos Anais da
ANPPOM, nas Teses da educação musical, nos Anais da ENABET e nas Revistas da ABEM.
13
Verificar referências internacionais (Acessos em dezembro de 2017):
Popular Music Studies: <https://www.ccny.cuny.edu/popmusic>;
Popular Music Studies: <https://www.jstage.jst.go.jp/browse/jaspmpms1997>;
Journal of Popular Music Studies: <http://popmusicstudies.org/>;
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3. Tendências (Etno)Musicológicas em 30 Teses sobre Educação Musical
As tendências musicológicas foram transpostas de forma sintética para um formulário de análise, e este foi
aplicada às 30 teses que abordam a escola de ensino básico e educação formal. O quadro 3, a seguir,
apresenta a correspondência das teses para as tendências musicológicas.
Sabemos que é incomum estudos fazerem essa relação direta entre musicologia e educação musical,
principalmente em contextos de análise comparativa que se utilizam de categorias da musicologia em
processos analíticos qualitativos. Assume-se neste trabalho essa certa originalidade, porém a base para
esta relação é possibilitada a partir dos trabalhos de Swanwick (1992), Campbell (2003) e Nettl (2010). O
primeiro por inicialmente relacionar as áreas da educação musical e da musicologia de modo ponderado,
mas que abriu uma profícua discussão, posteriormente levada à cabo por Campbell (2003) e por Nettl
(2010) de modo mais ampliado.
Quadro 3 Correspondência das teses para as tendências musicológicas identificadas
Tendências Musicológicas
Teses
Quantitativo
Pós-moderna, raça, gênero e pós-
estruturalismo
Mattos (2013), Melo (2014), Romanelli (2009)*,
Santos (2017)
4
Música popular e multiculturalismo
Cernev (2015), Constantino (2017), Costa (2015),
Ferreira (2016), Fialho (2014), Figuerêdo (2014),
Lima (2005), Lopardo (2014), Loureiro (2010),
Marques (2015), Mendes (2010), Romanelli (2009)*,
Santos (2015), Serodio (2014), Silva (2009), Soares
(2015), Souza (2015), Targas (2009)
18
Crítica textual, musical, cultural e social
Beineke (2009), Borges (2014), Campos (2008), Curtú
(2011), Fernandes (1998), Ferreira (2017), Santos
(2013), Vertamatti (2012)
8
Etnomusicologia ou musicologia
comparada, antropologia e
etnografia/folclore
Romanelli (2009)*, Meyer (2000)
2
Fonte: 30 teses sobre “Escola de ensino básico e educação formal”
*Observação: A tese de Romanelli (2009) comparece em mais de uma tendência musicológica.
Além do quadro 3, anteriormente apresentado mostrar o quantitativo de classificações, o Gráfico 1, a
seguir, permite diferentes modos de visualização geral destas relações entre as teses para as categorias
sobre tendências musicológicas.
A classificação das teses foi realizada com base em citações que expressam e representam como os
pesquisadores concebem a música, no que diz respeito ao seu conceito de música, seu nculo com algum
tipo de estética, função social ou gênero/estilo musical, tendo em conta a tendência como uma disposição
ou convergência para um determinado contexto musical/cultural, também considerando a relação entre o
título do trabalho, o resumo e partes do texto que expressam essas disposições nem sempre declaradas de
forma inequívoca.
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Gráfico 1: Categorias do formulário (tendências musicológicas) para as 30 teses
Fonte: 30 teses sobre “Escola de ensino básico e educação formal”
A grande maioria das teses, 18 (60%) de 30, foram classificadas em “Música popular e multiculturalismo”.
Outras oito teses, 26,6% do total de 30 teses, foram classificadas em “Crítica textual, musical, cultural,
social”. Quatro teses foram classificadas com tendência musicológica “Pós-moderna, raça, gênero, pós-
estruturalismo” e somente uma tese como Etnomusicologia ou musicologia comparada, antropologia e
etnografia/folclore”.
Apresentamos as codificações realizadas em algumas teses como exemplo do processo de identificação
das abordagens musicológicas nesses trabalhos.
Cernev (2015, 26), no contexto de sua pesquisa sobre aprendizagem musical mediada pelas tecnologias
digitais, enfatiza “a necessidade de estar preparado para exercer uma prática contextualizada”.
Constantino (2017, 16), estudando a apreciação de gêneros musicais na educação básica, explica que
tratou “a apreciação musical no contexto escolar, por meio da abordagem de diferentes gêneros musicais”.
Costa (2015, 6), investigando as músicas veiculadas pelas mídias entre jovens, afirma buscar compreender
esta temática porque “as relações desses jovens e de todos os outros estudantes com o mundo das mídias
são uma parte importante de sua formação”. Loureiro (2010, 53), estudando a presença da música na
educação infantil, afirma que é necessário que a criança possa “explorar e identificar elementos da música
para se expressar, interagir com os outros e ampliar seu conhecimento de mundo”, fazendo alusão aos
referenciais curriculares RCNEI (Brasil 1998). Marques (2015, resumo), estudando o ensino de músicas nas
escolas de Salvador, tem por referência os trabalhos de “Penna (2002, 2007, 2008, 2010), Figueiredo e
Pereira (2010), Figuerêdo (2014)”, os quais identificam-se com a tendência musicológica multiculturalista.
Verifica-se que nesta análise as teses de Santos (2015) e Serodio (2014) não se encaixaram totalmente na
classificação musicológica previamente codificada como multicultural. Apesar de possuir aberturas
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dialógicas para vários estilos musicais em suas concepções, suas influências possuem maior relação com
outras categorias. Santos (2015) tem maior relação com uma concepção pós-moderna e Serodio (2014)
com uma concepção musicológica crítica/criativa.
Assim, a contextualização, a consideração sobre os diferentes gêneros musicais, mídias, as músicas do
cotidiano, das práticas musicais reprodutivas dos estudantes, as músicas da internet, dos aparelhos
portáteis, a música popular; e ainda bases teóricas em legislações nacionais e autores que defendem uma
postura mais aberta sobre as músicas que os estudantes vivenciam no seu dia a dia são ideários ligados a
uma tendência mais culturalista e multiculturalista.
A segunda categoria mais codificada nas teses foi a “Crítica textual, musical, cultural, social” que se trata de
uma abordagem ou postura do investigador de crítica ante as dias, à cultura midiática, à cultura de
massa ou indústria cultural. Considera-se como pertencente a esta categoria também os trabalhos que
defendem uma abordagem criativa, ligada às oficinas de criação musical, à composição e à produção
musical pelos estudantes.
É necessário que se tenha consciência que nessas classificações de tendências musicológicas, assim como
nas concepções pedagógicas (Libâneo 1985), o total pureza ou separação entre elas, pois em um
mesmo trabalho de tese ou na obra de um pesquisador/escritor pode haver várias tendências coexistindo,
como ocorre também na prática pedagógica dos professores. Deste modo, esta classificação revela
tendências, convergências, inclinações, ou disposições sobre culturas-estéticas-músicas.
Além de considerar as oito teses inicialmente identificadas: Beineke (2009), Borges (2014), Campos (2008),
Curtú (2011), Fernandes (1998), Ferreira (2017), Santos (2013), Vertamatti (2012), também considerou-se
inserir à posteriori a tese de Serodio (2014) como pertencente a esta concepção musicológica
crítica/criativa.
Beineke (2009, resumo), estudando a composição musical de crianças no contexto da aprendizagem
criativa, enfatiza que o processo proposto foi “participando das aulas como compositores, intérpretes e
audiência crítica, as crianças constroem sua identidade no grupo e tornam-se agentes da própria
aprendizagem”. Borges (2014, resumo), estudando ações educativas relativas à música contemporânea em
sala de aula, explica que “como desdobramento dos processos anteriores, o pesquisador apresenta um
conjunto de propostas composicionais, (...) para ampliar a experiência dos alunos da escola em relação à
música contemporânea”.
Verifica-se, por meio das diferentes formas como os estudiosos da área da educação musical no Brasil
veem se apropriando das teorias de Keith Swanwick, onde as ideais deste autor têm sido associadas às
duas tendências musicológicas, à tendência criativa por alguns, como no caso de Fernandes (1998), mas
principalmente às tendências musicológicas multiculturalistas, como em Marques (2015), Mendes (2010) e
Souza (2015), entre outras teses.
Ferreira (2017, resumo), estudou a “formação vinculada ao jazz e ao rap no engajamento estético de
jovens estudantes do ensino médio de uma escola pública”. Santos (2013, 89), estudando a orquestra
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escolar como espaço formativo em música, coloca que “é na escola, por meio de um projeto da orquestra,
que os participantes do espetáculo aprendem música, aprendem a tocar o instrumento que executam nas
apresentações”. Vertamatti (2012, resumo) estudando a cultura musical dos adolescentes no contexto
escolar, explica que pelo fato do trabalho dialogar com diversas áreas do conhecimento, “foi necessário
buscar subsídios nos conceitos e propostas de Educação Musical de H. J. Koelrreutter, G. Reibel, M. Schafer
e John Paynter”, tendo por base educadores musicais precursores de propostas criativas. Serodio (2014,
resumo) investigando a didática da composição musical em sala de aula, defende que “chega-se ao enorme
potencial formativo da atividade didática de composição musical, para a criança e jovem”.
A partir destas análises para determinadas colocações dos autores nas teses, verifica-se que algumas
características prevalecem nesta tendência musicológica, como: a criatividade, a relevância do processo
criativo, a participação ativa dos estudantes, o foco na música contemporânea, a crítica à música das
mídias e à indústria cultural, à massificação da audição, da escuta, do gosto e do acesso à música. Também
se verifica que uma defesa de uma escuta e apreciação mais autônoma e ainda o trabalho com músicas
que possibilitem o desenvolvimento de uma consciência crítica, reflexiva e o engajamento estético dos
estudantes.
Comparece, assim, nesta tendência o fazer musical e o desenvolvimento ativo de práticas instrumentais e
vocais, além das propostas criativas, principalmente o foco em uma consciência crítica ético-estética.
A tendência musicológica identificada como “Pós-moderna, raça, gênero, pós-estruturalismo” foi
identificada em quatro teses: Mattos (2013), Melo (2014), Romanelli (2009), Santos (2017).
A tese de Romanelli (2009) foi identificada também como multiculturalista, mas aqui incluída também na
tendência pós-moderna. Mattos (2013), investigando o pagode e suas performances para a educação das
relações étnico-raciais no currículo escolar aborda uma temática em voga, atualmente associada às
temáticas da pós-modernidade. Assim, a música popular é tratada de forma diferenciada da tendência
multiculturalista, apresentando uma abordagem crítica para um tema pós-colonialista.
Parto das representações corporais e etnicorraciais das sicas produzidas pelos novos
estilos musicais que surgiram a partir da década de 1990 na Bahia, elaboradas por jovens
negros da periferia, cuja linguagem oral, escrita e corporal se diferencia daquela
permeada por um passado de colonização e passa a valorizar a musicalidade de matriz
africana como um instrumento de expressão cultural. Meu aporte teórico é constituído
pelos Estudos Culturais e Pós-Coloniais, adotando a Multirreferencialidade como método
de pesquisa. (Mattos 2013, resumo).
Como características da tendência musicológica pós-moderna podemos citar: ênfase em questões de raça,
gênero, étnicas ou valorização de culturas marginalizadas sob um olhar antropológico, etnográfico e
etnomusicológico. Nesse contexto, há uma certa valorização do conhecimento prático, diário e do convívio
histórico-social local, e uma certa valorização do pragmatismo desconstrucionista, por vezes anti-
estruturalista ou ainda abordando aspectos musicais, artísticos e culturais que buscam atender minorias
em inclusão.
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A tendência musicológica “Etnomusicologia ou musicologia comparada, antropologia e etnografia/folclore”
se difere da anterior em função do foco mais fechado e mais específico nas questões étnico-musicais. Em
Meyer (2000), apesar de a pesquisadora trabalhar com o método Orff, uma adaptação para as músicas
folclóricas brasileiras, valorando a cultura local. Nesse sentido, a tese de Meyer (2000) é ao mesmo tempo
ativa, instrumental e etnomusicológica. A tese de Romanelli (2009) também apresenta esta mesma
característica de sincronicidade entre tendências musicológicas, manifestando tendências pós-modernas,
multiculturalistas e etnomusicológicas.
4..Considerações Finais
As análises aqui realizadas, além de considerar as produções antecedentes relacionadas às temáticas da
Musicologia e Etnomusicologia, levou em consideração procedimentos de Análise de Conteúdo (Bardin
2011) e de Síntese Qualitativa (Major & Savin-Baden 2010) para organização de categorias e
desenvolvimento de sínteses das 30 teses analisadas. Salientamos, como produto deste processo, as
categorias elegidas do campo da Musicologia e Etnomusicologia, comprovadamente presentes nas
pesquisas, identificadas conforme os procedimentos adotados.
Em um contexto de análise mais completo, e igualmente complexo, que considera análises a partir de
categorias pedagógicas (Libâneo 1985) e epistemológicas (Souza & Magalhães 2011), podemos
compreender de forma mais ampla a função dessas identificações, somando as áreas da
(Etno)Musicologia, Pedagogia e Metodologia Científica.
A investigação não fecha a questão sobre as diversas formas de influência entre as áreas (Campbell 2003),
mas abre novas possibilidades de se pensar de modo mais pragmático essas relações, tendo a consciência
de que estas se dão de modo diverso e complexo. As indicações aqui expostas por meio do estudo
confirmam essas influências e apresenta possibilidades de se pensar novas investigações sobre a
constituição epistemológica e acadêmica da pesquisa em educação musical. Assim, espera-se que essas
abordagens, revisões, procedimentos e proposições possam contribuir para uma melhor compreensão da
área no Brasil.
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