(Berry 1987, 191), definição que contempla os aspectos quantitativos
(densidade-número, densidade-compressão e espaço-textural) e qualitativos (grau de interdependência),
caraterísticas fundamentais para a análise da textura em música.
***
A ênfase destinada neste trabalho à teoria de Berry é devida ao fato de que ela apresenta mecanismos que
permitem abordar a textura independentemente do tipo de repertório, resultando numa primeira
aproximação, de caráter objetivo, às caraterísticas texturais. Compartilha-se, assim, da visão de Jorge
Santos:
A teoria textural de Berry pode ser entendida, no nosso ponto de vista, como um
paradigma científico nesta área de estudo, pois mesmo não dando conta de todas as
possibilidades de compreensão deste fenômeno, ela estabelece fundamentos e modelos
teóricos, ou seja, modos de abordar e analisar o objeto estudado, que servem como
ponto de partida para investigação. (Santos 2012, 04)
A teoria de Berry poderia ser criticada pelo seu caráter extremadamente objetivo e positivista, e até
poderia servir de exemplo da procura de uma validação acadêmica das áreas menos científicas, como as
artes e humanidades, que pretendiam, ao incluir metodologias ligadas às ciências exatas, como a
matemática e a física, validar seus estudos frente a outras áreas do ambiente acadêmico universitário.
Entretanto, neste estudo considera-se que olhar para a textura a partir de um ponto de vista objetivo pode
trazer discussões muito interessantes, ainda que a textura considere a subjetividade do receptor como
elemento essencial para sua formulação. É a partir desse aparente desencaixe entre a teoria e a prática,
nas abrangências e resultados, seja em repertórios principalmente tonais, como fora geralmente aplicada
por Berry, ou noutros mais contemporâneos, como pretende-se aproximar aqui, que podem ser
visualizadas aquelas caraterísticas que fazem dessa teoria em particular uma que não permite vislumbrar a
totalidade da complexidade do assunto. O reconhecimento dessas caraterísticas poderia levar a uma
readaptação da teoria de Berry e a um conhecimento mais aprofundado do que se entende por textura,
podendo assim traçar pontes frutíferas entre uma teoria aparentemente obsoleta e um repertório que
explora novas noções de textura.
3. Wallace Berry
O livro Structural Functions in Music foi publicado inicialmente em 1976 pela editora Prentice-Hall, e foi
reimpresso numa segunda edição pela editora Dover Publications no ano 1987, edição utilizada neste