articulação pós-alveolar), quando: antes da letra /i/; antes da letra /e/ em posição átona, na última sílaba
da palavra (que deve soar como /i/); e quando seguido por consoante na sílaba seguinte. Já a pronúncia
utilizada por De Marco, para esses casos, era muito aproximada do italiano e em que
esses fonemas utilizam articulação dentialveolar. Exemplos na pronúncia atual: “senti” ;
“noite” ; “perdido” ; “dizendo” . Mesmos
exemplos na pronúncia utilizada por De Marco: “senti” ; “noite” ;
“perdido” ; “dizendo” .
Outra grande variante na pronúncia de Ernesto De Marco em comparação com a pronúncia atual são
alguns de seus sons nasais. Nas vogais nasais curtas é dúbia a audição de uma diferença substancial do som
produzido pelo barítono em comparação com o de nossa fala urbana atual, por isso é difícil afirmar com
precisão como se dá a sua pronúncia e, também, como a grafar foneticamente. Com isso, alguns de seus
sons nasais, quando não encontradas essas diferenças claramente evidentes, foram grafados seguindo as
Normas de pronúncia de 2007, como nos exemplos: “anjo” ; “dizem” ;
“ilusão” ; “canção” . Não descartamos a possibilidade que,
mesmo nesses casos, haja uma variante de pronúncia, porém, realmente se torna difícil afirmar. Contudo,
a sua pronúncia, principalmente para /ão/, parece bastante satisfatória para a atualidade.
Com relação aos nasais em sílabas com duração mais longa, as suas variantes ficam mais evidentes,
apresentando uma pronúncia muito parecida com a do idioma italiano. É o caso de palavras como:
“longamente” ; “recordando” ; “tanta”
; “bem” . Parece que o barítono não realizava alguns dos nasais /an/; /en/ e
/em/ e, ao invés disso, produzia as vogais /e/ e /a/ mais fechadas ou mais arredondadas que o normal para
o português brasileiro, juntamente com uma coda aparentemente nasal pela articulação de . Desses
exemplos, na pronúncia do fonema /an/ fica ainda mais aparente que o barítono realizava uma articulação
mais arredondada para a vogal /a/. Para representar essa pronúncia do barítono para /an/, optou-se por
usar o símbolo fonético correspondente à vogal arredondada /a/ no italiano, ficando, portanto: .
As variações de pronúncia aqui comentadas, por meio do canto de Ernesto De Marco, mostram um
pequeno exemplo das variantes históricas ocorridas na pronúncia do canto em português brasileiro, no
transcorrer dos séculos XX e XXI, principalmente quando pensamos na pronúncia do barítono para /e/ e
/o/ em finais de palavras; /l/ em finais de palavras; e algumas situações apresentadas da sua articulação
vibrante para a consoante /r/. Esse pode ser um dos campos de análise para entender a história e a prática
vocal no Brasil, já que a forma de pronunciar as palavras cantadas pode explicar muito sobre períodos
históricos, técnicas, estilos, e até mesmo sobre a forma de interpretação musical.
A partir dessas diferenças, encontradas entre a pronúncia utilizada por Ernesto De Marco e as Normas de
2007 – sugeridas para uma pronúncia do português brasileiro cantado atual –, podemos inferir que De
Marco apresentava em suas gravações, variações de pronúncia diacrônicas, o que obviamente era
esperado devido às variantes linguísticas históricas que ocorreram de seu tempo até o momento.
Além disso, em relação à articulação dos seus sons nasais; às consoantes /d/ e /t/; e à duplicação de
consoantes em meio de palavras, o cantor não apresentava uma variante histórica de pronúncia, mas sim