Percussão em partes não convencionais do instrumento (corpo metálico, aro, diferentes regiões da
pele);
Uso de golpes simultâneos no aro e pele (rimshot) de modo a produzir sonoridade metálica e com
ênfase em harmônicos superiores;
Uso no tímpano de golpes e técnicas típicas de outros instrumentos de percussão (congas e tambor
militar, por exemplo);
Uso de notas iguais, mesma afinação, distribuídas em tímpanos de diâmetro diferente de modo a
enfatizar a diferença tímbrica causada pelas distintas tensões de peles;
Uso de materiais ou outros instrumentos colocados sobre a pele do tímpano;
Modificação da sonoridade do instrumento por meio da pressão exercida sobre a pele do tímpano
com madeira (cabo da baqueta, clave ou baqueta de caixa). Essa pressão sobre a pele engendra um
som mais metálico e enfatiza harmônicos superiores;
Uso de glissando executado com a baqueta que pressiona, simultaneamente, a pele e o aro do
instrumento.
Alguns desses procedimentos já são mencionados em tratados de orquestração. A colocação de outros
instrumentos sobre a pele do tímpano, por exemplo, é descrita na passagem dedicada a “efeitos especiais”
para os instrumentos de percussão por Black & Gerou (1998, 200): “colocando-se um pandeiro (pele para
cima) sobre um tímpano e golpeando-se a pele do tímpano um efeito colorido é produzido pelas platinelas
do pandeiro”. Todavia, esses autores estão referindo-se ao pandeiro e não a efeitos específicos para os
tímpanos. Os mesmos autores, não obstante, descrevem a criação de uma nova sonoridade conseguida
pela junção do glissando de pedal do tímpano com um rulo executado em um gongo ou um prato colocado
sobre a pele do instrumento (ver: Black & Gerou 1998, 233).
O artifício do glissando é também apresentado em outros tratados. Robert Miller, por exemplo, explica a
execução desse efeito e esclarece que o êxito sonoro dependerá da afinação do instrumento (uma vez que
isso implicará diretamente na tensão da pele) e no sentido que o glissando é realizado, pois “um glissando
ascendente possui uma duração ligeiramente maior do que o glissando descendente (pois a distensão da
pele tende a suprimir as vibrações)” (Miller, 2015, 255). Curiosamente, Miller também ressalva que o
efeito glissando, embora interessante sonoramente, não deve ser utilizado em demasia pois está associado
aos desenhos animados e, assim, “a percepção pela audiência de uma intenção artística do glissando no
tímpano será influenciada por sua exposição a esse uso excessivo” (idem, ibidem). Vale observar que em
Konzertstück, o massivo uso das várias formas de combinações de glissandos não provoca risos na
audiência.
Mesmo que existam descrições de procedimentos não tradicionais de escrita para tímpanos em alguns
manuais, a maior parte destes centra-se na explicação da tessitura de cada tambor, na forma de
funcionamento dos pedais de afinação e nos fatores que concorrem para a boa sonoridade do
instrumento. Neste intuito, Black & Gerou, por exemplo, oferecem informações precisas sobre os fatores
que contribuem para a produção de uma melhor sonoridade, considerando, entre outros, afinação, região
de toque, tipos de baquetas e uso de abafador sobre a pele. A apresentação de formas distintas ou
inovadoras do uso do tímpano, quando aparece, é bem sucinta, como por exemplo, quando os autores
escrevem que “os golpes no centro-morto da pele, próximo ao aro, sobre o aro ou no corpo de cobre,