com o instrumento metálico que ele mesmo concebeu (o SIX-XEN). Esse tipo de tratamento ainda
reapareceu em sua produção posterior e o enfoque nesta discussão parece necessário para se
compreender melhor o interesse do compositor nestes materiais.
Referências provenientes da música indonésia pululam em Claviers, seja em termos de coleções de alturas,
sucessões intervalares, inferências melódico-harmônicas e tratamentos texturais. Esse movimento é
apenas parte de Pléïades, mas incorpora fortemente uma série de ferramentas muito representativas do
processo criativo do compositor para os anos seguintes. A inserção de uma escala balinesa
especificamente gravada em 1972 e o uso de uma textura ouvida em uma gravação de gamelão em 1951
foram fundamentais na produção do sexteto de percussão em 1978. Isto conferiu à obra mais do que
somente tensões potenciais e estruturas musicais inovadoras (algo que o próprio compositor afirmou ser
importante para ele), afinal foram igualmente incorporadas significações muito pessoais para Xenakis e
correlações com experiências vivenciadas por ele. O discurso que perpassa a estruturação do movimento
se apresenta extremamente conectado às memórias do compositor e aos interesses que a música de
outras culturas lhe trouxera.
Mesmo com tudo o que foi apresentado aqui, esta é apenas uma parte de um contexto muito maior com
relação à abordagem composicional de Xenakis aplicando essas ferramentas e estruturas. Materiais
exógenos raramente foram encontrados em suas obras, mas uma parte importante de sua produção pode
ser compreendida sob uma perspectiva diferente partindo-se das constatações aqui enfatizadas. Isso já é
substancial considerando-se apenas Pléïades, mas uma visão mais ampla de sua produção após a primeira
metade da década de 1970 até, pelo menos, a segunda metade da década de 1980 parece necessária para
avaliar todo o contexto. Mais considerações sobre esse momento prolífico da vida de Xenakis e as
correlações com as tradições do sudeste asiático serão o foco de publicações futuras.
9. Agradecimentos
Em primeiro lugar, eu gostaria de agradecer às instituições que tornaram esta pesquisa possível e a seus
funcionários que diligentemente realizam seus deveres e atribuições com a máxima competência: a Escola
de Música FHNW (Hochschule fr Musik FHNW, Suíça), Universidade da Basiléia (Universitt Basel),
associação swissuniversities, Academia de Música da Basiléia (Musik-Akademie Basel), e o Instituto Federal
de Educao, Cincia e Tecnologia de Gois (IFG).
Também gostaria de agradecer a todas as pessoas que tornaram esta pesquisa possível, compartilhando
conhecimentos, memórias e documentos ricos e muito preciosos. Em primeiro lugar, gostaria de registrar
minha gratidão a Betsy Jolas, François-Bernard Mâche e Philippe Manoury por suas imensas contribuições
durante trocas pessoais extremamente estimulantes. Gostaria de agradecer Mâkhi Xenakis, que permitiu o
acesso à Coleção da Família Iannis Xenakis (CFIX) e que contribuiu pessoalmente com este trabalho de
modo bastante enriquecedor. Agradeço às equipes da Biblioteca Nacional da França (BnF), Biblioteca
Musical La Grange-Fleuret (BLGF), Les Percussions de Strasbourg, Centro Nacional de Dança (CND, França),
Ópera Nacional do Reno (Opéra National du Rhin) e Instituto nacional de audiovisual (INA, França), que me
ofereceram a oportunidade de visitar e consultar importantes coleções. Eu gostaria de incluir ainda Anne-
Sylvie Barthel-Calvet, cujas contribuições foram importantes em determinados momentos da pesquisa,
bem como a Georges Starobinski, Christian Dierstein e Matthias Schmidt, que não mediram esforços para
incentivar essa abordagem.