destacamos um padrão mais ou menos comum: com o instrumento vertical o músico movimenta-o em eixo
Leste-Oeste ao mesmo tempo em que a mão livre golpeia a parte frontal em movimentos de eixo variado.
Nas áreas de fronteira entre Portugal e Espanha o adufe apresenta-se como um dos poucos tambores
emoldurados com pele na parte posterior e anterior do instrumento. São tipos de bimembranofones
tradicionais da parte oriental portuguesa, em regiões como Trás-os-Montes, Moimenta, Monsanto e Idanha
(Beira Baixa). Encontrados também em regiões espanholas como Penãparda, León, Arroyo de La Cruz,
Cáceres (Estremadura), Astúrias, Galícia e em Lérida, essa última na divisa com a França (Dias 2011; Silva
2012), algumas de suas variações usam uma baqueta para percuti-lo. Seu formato mais comum é o
quadrado, mas são encontrados modelos com molduras losangulares, triangulares e hexagonais. As peles
mais utilizadas são a de cabra, a de ovelha e de cachorro. Para enriquecer a sonoridade do instrumento
colocam-se sementes, areia, tampas metálicas de garrafa ou pequenas pedras soltas dentro da moldura que
ressoam quando este é golpeado. Tripas de ovelhas passadas em contato com a parte interna da pele
também podem ser usadas. Em Portugal na região de Trás-os-Montes é chamado de pandeiro, em Beira
Baixa de adufe. Com grande relevância na tradição musical local, são quase que exclusivamente tocado por
mulheres no acompanhamento de cantos profanos, religiosos, de trabalho, festivos e romarias. Apoiados na
palma da mão em posição vertical frente ao rosto, são executados com os dedos e mão. Em Portugal,
pandeiros redondos com discos metálicos também são encontrados.
Pandeiros redondos com discos metálicos encontrados na Espanha levam o nome de panderetas. Variações
de tamanho e técnica de execução são vistas na pandereta castellana, na pandereta asturiana ou na
pandereta gallega. No País Basco e na Galícia é chamado de panderoa. Tem presença marcante em regiões
de Astúrias e Cantábria em diferentes manifestações de música e dança do país. Entre os grupos musicais da
Fiesta de los Verdiales, no sul do país, é chamado de pandero, tendo tamanho e técnica de execução
diferenciada.
Na Europa Oriental, alguns países eslavos como Ucrânia, Bielorrússia e Rússia utilizam o buben. Tocado com
baquetas ou a mão, o buben traz platinelas e um cordão cruzado na estrutura interna onde guizos são
pendurados. Entre os modos de execução podemos encontrar tocadores que golpeiam o instrumento com
o joelho, a cabeça, os cotovelos, as mãos e outras partes do corpo. Acredita-se que esta tradição tenha
origem nos Shomorokh, uma espécie de arlequim medieval eslavo que utilizava o canto, as habilidades com
instrumentos musicais e o teatro para o entretenimento. Rice et al. (2000), no volume VIII de “The Garland
encyclopedia of world music”, citam o “buben z brazhotkami” como um tipo de pandeiro com platinelas
(encontrado na Bielorrússia) e o bubon como um tipo de pandeiro tocado com baquetas.
Ao norte do continente, o bodhrán é o instrumento tradicional da música irlandesa. Com medidas que
variam entre 40 cm e 50 centímetros de diâmetro, é construído em madeira e coberto com pele de cabra.
Para executá-lo, o instrumentista golpeia a parte frontal do instrumento com um pequeno bastão chamado
de tipper. A mão livre encosta atrás da pele pressionando e alterando sua tensão. O modo como se utiliza o
tipper diferencia seus estilos de execução. No estilo Kerry (tradition Style) utiliza-se as duas pontas do tipper,
no West Limerick (Modern Style ou Top-End) apenas uma delas. No estilo Roscommon não se utiliza o tipper.
O bodhrán está presente na música folclórica irlandesa desde a metade do séc. XVII, popularizando-se a
partir de 1950 em gravações de artistas da música local. Morrison (2011) associa sua origem as peneiras
contruídas para auxiliar o trabalho no campo dos primeiros habitantes da região, incorporando-se a práticas
xamânicas, a cultura dos vikings irlandeses e a região da Lapônia. Forsthoff e Kruspe (2013) associam sua