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eISSN 2317-6377
O coro infantil e as crianças:
vozes que cantam, falam sobre si e sobre o mundo
The children’s choir and the children:
voices that sing, speak about themselves and the world
Dhemy de Brito1
dbrito@ie.uminho.pt
Sandra Mara da Cunha2
1Universidade do Minho, Centro de Investigação em Estudos da Criança, Braga, Portugal
2Universidade do Estado de Santa Catarina, Departamento de Música, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil
ARTIGO CIENTÍFICO
Editor de Seção: Fernando Chaib
Editor de Layout: Fernando Chaib
Licança: "CC by 4.0"
Data de submissão: 07 out 2024
Aprovação final de aprovação: 29 nov 2024
Data de publicação:: 31 jan 2025
DOI: https://doi.org/10.35699/2317-6377.2025.55182
RESUMO: Este artigo debruça-se na análise de teses e dissertações sobre coros infantis realizadas entre 2015 e
2024, com o objetivo de examinar se a infância como marcador social da diferença e as vozes das crianças são
abordadas nessas pesquisas. A análise abrange os programas de pós-graduação e linhas de pesquisa, a incidência
das publicações ao longo dos anos, as temáticas e o perfil profissional dos autores. Os resultados revelaram a
invisibilidade das vozes infantis, priorizando temas relacionados às concepções pedagógicas e à formação técnica
dos regentes. Como resultados, destaca-se a necessidade de que mais estudos sobre coros infantis tematizem a
infância e contemplem as perspectivas das crianças, reconhecendo-as como informantes centrais na construção de
novos olhares sobre a prática coral. Ao adotar essa abordagem, as pesquisas podem promover uma prática musical
mais ética, inclusiva e sensível, que respeite e valorize as experiências e contribuições das crianças no ambiente
coral.
PALAVRAS-CHAVE: Coro infantil; Sociologia da Infância; Vozes infantis; Crianças; Estado do conhecimento.
ABSTRACT: This article focuses on the analysis of theses and dissertations on children's choirs produced between
2015 and 2024, aiming to examine whether childhood as a social marker of difference and children's voices are
addressed in these studies. The analysis encompasses graduate programs and research lines, the frequency of
publications over the years, themes explored, and the professional profiles of the authors. The findings revealed the
invisibility of children's voices, with a predominant emphasis on pedagogical conceptions and the technical training
of choir conductors. The results highlight the need for more studies on children's choirs to address childhood as a
central theme and incorporate children's perspectives, recognizing them as key informants in shaping new
understandings of choral practice. By adopting this approach, research can foster a more ethical, inclusive, and
sensitive musical practice that respects and values children's experiences and contributions within the choral
environment.
KEYWORDS: Children’s choir; Sociology of childhood; Children’s voices; Children; State of knowledge.
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Brito, Dhemy de; Cunha, Sandra Mara da. O coro infantil e as crianças: vozes que cantam, falam sobre si e sobre o mundo”
1. Introdução
Onde estão as vozes das crianças para além do canto nos coros infantis? Em que medida essas
vozes podem influenciar a estrutura, a dinâmica e os resultados dessas práticas musicais? Qual
lugar lhes é atribuído nos estudos que tematizam o coro infantil? É com base nessas questões
norteadoras e na compreensão das vozes infantis para além do canto, que falam sobre si e sobre
o mundo, que buscamos refletir sobre a visibilidade e a audibilidade das vozes das crianças nas
publicações acadêmicas brasileiras. Desta forma, o objetivo deste estudo está em examinar se a
infância como marcador social da diferença e as vozes das crianças são abordadas nessas
pesquisas científicas. Tal reflexão é essencial para compreender a contribuição das crianças não
apenas como cantoras passivas, mas, como agentes ativos cujas ideias e perspectivas moldam
significativamente as práticas corais infantis (Brito, 2024).
Historicamente, o canto coral com crianças possui longa trajetória no Brasil, remontando aos
primeiros movimentos do Canto Orfeônico, o qual ganhou projeção notória no país por Heitor
Villa-Lobos. Tradicionalmente, o papel do regente ou maestro, tem sido compreendido como
centralizador nas decisões relacionadas a todos os aspectos da prática coral, incluindo técnica
vocal, escolha de repertório, diretrizes da dinâmica de ensaio e, até mesmo, a decisão sobre os
locais de apresentação.
Ao longo dos anos, essa modalidade de prática musical tem ganhado destaque e se expandido,
como evidenciado pela crescente organização de festivais, cursos, concursos, palestras e
congressos na área. Adicionalmente, essa ampliação é também observada na diversidade de
temas abordados em teses e dissertações de programas de pós-graduação no Brasil,
especialmente nas últimas décadas.
Para analisarmos como as vozes das crianças estão presentes no âmbito teórico-científico,
realizamos um levantamento de teses e dissertações sobre coros infantis, produzidas entre os
anos de 2015 e 2024, com o objetivo de mapear as temáticas mais evidentes nos últimos anos
nesse contexto de prática musical. Além de investigar a incidência das publicações ao longo dos
anos, a análise abrange os programas de pós-graduação e linhas de pesquisa no âmbito das
quais os estudos foram produzidos, as temáticas mais recorrentes, bem como o perfil
profissional dos autores.
Os resultados da análise indicam que as vozes das crianças são frequentemente consideradas
unicamente por seu aspecto vocal na maioria dos estudos, os quais tendem a priorizar temas
como concepções e estratégias pedagógicas e a formação técnica de regentes para o ensino de
repertório musical. Destacamos, ademais, a necessidade premente de que mais estudos sobre
coros infantis tematizem a infância e a prática musical a partir das próprias vozes das crianças,
reconhecendo-as como informantes importantes e centrais para contribuir com a construção de
novos olhares e escutas sobre a prática coral. Esse processo requer compromisso ético rigoroso
tanto do ponto de vista teórico quanto metodológico, para assegurar que suas vozes sejam
efetivamente ouvidas e incorporadas, promovendo, assim, uma abordagem mais inclusiva e
sensível às experiências infantis sobre essa prática musical.
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2. As vozes das crianças nas pesquisas científicas
Nos últimos 30 anos, a agenda teórica do campo da Sociologia da Infância tem sido marcada
pela reflexão contemporânea sobre a infância como categoria social do tipo geracional (Mayall
1996; Qvortrup 2010; Muñoz 2006) e pelo reconhecimento das crianças como atores sociais
plenos de direitos (Delalande 2014). Essa concepção de infância tem levado pesquisadores de
diferentes áreas dos Estudos Sociais da Infância a explorar questões fundamentais relacionadas
à imagem das crianças na sociedade, sua participação nos processos decisórios que as afetam
e as experiências de marginalização que muitas enfrentam, nos mais variados contextos sociais.
Além disso, tem-se procurado compreender como a incorporação das vozes infantis,
englobando o que as crianças têm a dizer sobre si e sobre a realidade em que vivem, podem
influenciar novos modos de compreensão para as práticas educacionais e culturais, políticas
públicas e a própria construção da identidade da infância.
A partir de discussões sobre a imagem das crianças na sociedade, o conceito "voz" emergiu
como um tema central de estudo, representando um poderoso legitimador na infância (James
2007). Essa compreensão permite que as crianças compartilhem seus pontos de vista e opiniões,
bem como participem ativamente das tomadas de decisão nos diversos contextos em que estão
inseridas (Hanna e Lundy 2021). Adicionalmente, ao envolver as crianças nos processos
decisórios que as afetam, cria-se base para a proposição de políticas e práticas mais sensíveis e
responsivas às suas necessidades e interesses.
Segundo Hanna e Lundy (2021, 465), o conceito voz” tem sido abordado de maneiras diversas
dentro do campo da Sociologia da Infância, “mas mais comumente como um nome que
representa, ora as perspectivas das crianças sobre as suas vidas, ora o processo que captura as
visões e experiências das crianças, ou ambas”. Nos diferentes campos que compõem os
Estudos Sociais da Infância, a ênfase na promoção da escuta das vozes infantis tem implicações
significativas para a pesquisa e para as práticas com crianças, em áreas como a educação e a
cultura, por exemplo. Ao priorizar as perspectivas das crianças em seus estudos, pesquisadores
podem obter insights sobre suas vidas, experiências e desafios, permitindo uma compreensão
mais aprofundada das especificidades e complexidades da infância, bem como das interações
entre crianças e delas com os adultos.
No âmbito acadêmico tem-se discutido o compromisso ético em assegurar a presença das
vozes infantis nos trabalhos relativos à infância, como procedimento capaz de alargar as
discussões e de desconstruir a dimensão da invisibilidade e do silêncio das crianças nas
pesquisas científicas. Assim, sublinha-se que “no âmbito da pesquisa e do seu compromisso
com as vozes das crianças, com os lugares assumidos pelo pesquisador-adulto e pela criança a
esse propósito, [...] parece-nos indispensável uma consolidação do campo através do
fortalecimento dos seus pressupostos de base, entre eles o de voz” (Fernandes e Souza 2020,
983).
A valorização das vozes infantis na investigação científica não apenas enriquece nossa
compreensão de infância, mas também desafia as estruturas de poder existentes que tendem a
marginalizar as crianças e a minimizar suas experiências e perspectivas. Como destacado por
Fernandes e Caputo (2020, 06), vivemos um momento em que se têm multiplicado pesquisas
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que envolvem as crianças como interlocutores chave e as valorizam enquanto sujeitos ativos de
direitos”. Para as autoras, as vozes das crianças trazem “contributos inestimáveis para os modos
de compreensão e atribuição de significado aos seus mundos de vida” (Fernandes e Caputo
2020, 06).
Na busca por ampliar a discussão sobre o acesso às vozes infantis e os modos pelos quais elas
se comunicam, Spyrou (2016) destaca a importância de reconhecer, também, o que as crianças
não expressam verbalmente, enfatizando a necessidade de analisar os silêncios que permeiam
os encontros investigativos e, acrescentamos, aqueles relacionados a diferentes contextos de
práticas educativas. Ao compreender que no silêncio podemos identificar nuances significativas
sobre as emoções, preocupações e experiências das crianças, pesquisadores da infância devem
estar atentos não apenas ao que é dito, mas também ao que não é dito. Segundo Spyrou (2016,
10), “o silêncio é, nesse sentido, um lugar aonde o pesquisador vai para saber mais, mas, ao
contrário da fala, nem sempre é identificável, tangível ou observável”1. Lewis (2010)
complementa essa perspectiva, argumentando que os pesquisadores da infância têm o
compromisso de interpretar de forma mais sensível o silêncio das crianças, reconhecendo que
ele não é neutro e nem estático. De acordo com o autor, "ouvir melhor" requer uma abordagem
reflexiva por parte do pesquisador ao decifrar os significados subjacentes aos momentos de
silêncio durante os encontros (Lewis 2010, 20).
Sob a óptica dos direitos das crianças, a participação infantil e seu direito de voz são
destacados, sobretudo, no artigo 12º da Convenção sobre os Direitos da Criança - CDC,
adotada pela ONU em 1989 e ratificada pelo Brasil em 1990. O artigo enfatiza o direito
fundamental das crianças à participação em todas as questões que as afetam.
1. Os Estados-partes assegurarão à criança, que for capaz de formar seus próprios
pontos de vista, o direito de exprimir suas opiniões livremente sobre todas as matérias
atinentes à criança, levando-se devidamente em conta essas opiniões em função da
idade e maturidade da criança.
2. Para esse fim, à criança será, em particular, dada a oportunidade de ser ouvida em
qualquer procedimento judicial ou administrativo que lhe diga respeito, diretamente ou
através de um representante ou órgão apropriado, em conformidade com as regras
processuais do direito nacional2.
Fundamentados pela CDC e pela ampliação das discussões sobre infância oriundas do
fortalecimento do campo da Sociologia da Infância, a partir do último quartel dos anos de 1980,
o direito de participação e de voz tem orientado investigações assentadas na compreensão da
concepção de infância como categoria social subordinada da sociedade, do tipo geracional
(James e Prout 1997), com base na qual sustentamos a reflexão deste artigo. Não obstante, com
o passar dos anos, a visibilidade das vozes das crianças foi crescentemente contestada pelos
investigadores da infância, “que têm questionado a autenticidade e representatividade das vozes
1“Silence is, in this sense, a place where the researcher goes to find out more but unlike speech it
is not always as identifiable, tangible or observable” (Spyrou 2016, 10).
2As informações relativas à Convenção de 1989 foram recolhidas de chrome-
extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.unicef.pt/media/2766/unicef_conven
c-a-o_dos_direitos_da_crianca.pdf, acesso em 14 de setembro de 2024.
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Brito, Dhemy de; Cunha, Sandra Mara da. O coro infantil e as crianças: vozes que cantam, falam sobre si e sobre o mundo”
das crianças, e a influência de poder entre adultos e crianças em processos que procuram não
apenas as vozes das crianças, mas também a sua produção” (Hanna e Lundy 2021, 465).
Uma das preocupações centrais nas investigações em Sociologia da Infância está na
genuinidade das vozes infantis, considerando que a capacidade das crianças de se expressarem
pode ser influenciada por uma variedade de fatores. E que, para além disso, o desafio de
garantir que suas vozes sejam verdadeiramente representativas no que tange suas experiências
e perspectivas individuais, sem serem distorcidas ou filtradas pelos interesses adultos. Num
caminho oposto a isso, perpetuaremos o que James e Prout (1997) analisam sobre a imagem
das crianças na sociedade ao longo da história elas continuam sendo caracterizadas não pelas
suas vozes, mas, sobretudo, pelo seu silêncio.
Apesar da CDC garantir o direito à participação das crianças, ainda persiste uma tendência ao
silenciamento das vozes infantis, focalizando este fenômeno apenas no “ouvir as crianças” e não
no âmbito de incorporar essas vozes nas tomadas de decisão. Isso se fundamenta na
concepção de que elas continuam a ser pensadas como seres em processo de "vir a ser"
(James 2009), ou seja, como indivíduos em desenvolvimento destinados a se tornarem adultos.
De acordo com Prado (2014), historicamente, as crianças foram percebidas como uma
contraposição aos adultos - estes últimos sendo considerados maduros, racionais e
competentes, enquanto as crianças como inacabadas, incompletas ou até mesmo sub-humanas.
Essa dicotomia entre infância e idade adulta tem sido reforçada ao longo da história, resultando
em uma marginalização sistemática das vozes das crianças nos processos de tomada de
decisão e na esfera pública em geral. Tal marginalização reflete a hierarquia de poder que
favorece os adultos em detrimento das crianças, limitando suas oportunidades de expressão e
participação na sociedade. Ao analisarmos a imagem das crianças nos estudos sociológicos da
infância, observa-se que, ao longo do tempo, elas têm desempenhado papel significativo na
compreensão da infância, mas sua participação em estudos de outras áreas ainda é
predominantemente baseada em uma perspectiva em que são consideradas como objetos a
serem interpretados, investigados e avaliados.
Tal problematização sobre a imagem e escuta das vozes infantis nas pesquisas científicas
também tem sido discutida no campo da Educação Musical. Cunha, Brito e Oliveira (2022), a
partir de um levantamento que mapeou produções acadêmicas entre 2015 e 2022, buscaram
compreender como os diálogos da Educação Musical com a Sociologia da Infância têm sido
estabelecidos no âmbito dos programas de pós-graduação no Brasil. Como constatado na
investigação, embora sejam profícuos os diálogos interdisciplinares no campo da sica, “o
número de investigações que trazem as contribuições da SI [Sociologia da Infância] para a EM
[Educação Musical] para pensar crianças permaneça pequeno” (Cunha, Brito e Oliveira 2022, 16).
Como acentuam os autores, é fundamental compreender o que as crianças têm a dizer sobre
sua relação com a música, à medida que se envolvem em seus próprios percursos de
aprendizagem nessa área de conhecimento. Além disso, essa perspectiva aprimora a
compreensão sobre a infância e a música ao aprofundarmos nosso entendimento sobre as
percepções das crianças em relação à sua interação com a música, a medida que se engajam
em seus processos de aprendizagem neste campo do conhecimento.
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Brito, Dhemy de; Cunha, Sandra Mara da. O coro infantil e as crianças: vozes que cantam, falam sobre si e sobre o mundo”
3. O coro infantil no Brasil: entre práticas e pesquisas
A prática coral com crianças tem sido objeto de estudo na comunidade científica brasileira desde
o início da década de 1990, sendo alvo de análises multifacetadas. Por um lado, o coro infantil é
examinado como atividade musical que visa o aprimoramento técnico vocal na infância, a
execução de repertórios e o trabalho direcionado à construção da performance artística dos
grupos. Por outro, pesquisas adicionais se concentram na experiência social proporcionada pelo
canto coral, reconhecendo-o como um ambiente propício para fomentar interações positivas na
construção e formação social das crianças, no qual o regente desempenha papel crucial
enquanto educador musical (Figueiredo 1990; Schimiti 2003; Utsunomiya 2011; Oliveira 2012;
Gois 2015; Brito 2019; Brito e Beineke 2020).
Embora o coro infantil tenha recebido maior atenção nas pesquisas científicas a partir dos anos
1990, sua história enquanto prática musical no Brasil remonta a períodos anteriores. Amato
(2009) argumenta que a prática vocal tem suas origens no período colonial, quando os jesuítas
inseriram a música nas missões catequéticas. Os corais desempenhavam um papel fundamental
na educação jesuítica, com a finalidade de disseminar tanto a religiosa quanto os valores
culturais europeus, além de reforçar a dimensão espiritual nas atividades pedagógicas da época
(Amato 2009). Sendo assim, torna-se essencial reconhecer a existência de outras formas de
práticas vocais que precedem esse movimento, muitas vezes associadas à influência da Igreja
Católica (Lisboa 2005). Além disso, é digno de nota mencionar a presença de grupos corais
infantis notáveis no Brasil, como exemplo o "Coral dos Canarinhos de Petrópolis"3, fundado em
1942, que contribuiu significativamente para o panorama musical infantil brasileiro.
Apesar do canto coral ter registro no Brasil desde o período colonial e existirem outros
movimentos orfeônicos na região do estado de São Paulo entre as décadas de 1910 e 1920,
destaca-se o trabalho pioneiro de Heitor Villa-Lobos como um marco significativo nesse
contexto, tendo como justificativa ser a primeira prática musical vocal “a integrar oficialmente as
políticas de educação pública, em nível federal, a partir da inserção do canto orfeônico como
disciplina obrigatória nos currículos escolares, com o decreto federal 19.890, de 18 de abril de
1931” (Lisboa 2005, 22). Essa iniciativa, comparada ao movimento liderado por Zóltan Kodaly na
Hungria, representou um importante passo na valorização e promoção do canto coral como
proposta integrante da educação musical brasileira.
Coincidindo com a implementação do Canto Orfeônico nas escolas regulares do interior do
estado de São Paulo, a prática do canto coletivo envolvendo crianças e jovens no Brasil remonta
às primeiras décadas do culo XX. Entre 1910 e 1920, essa iniciativa foi influenciada pelas
correntes orfeônicas europeias e visava pedagogizar e popularizar o conhecimento musical, com
o intuito de alcançar diversos segmentos da sociedade. Segundo Lisboa (2005, 58–59), o canto
orfeônico “teria sido usado com a função de elevar o nível moral e artístico da população, ou
3Fundado em 1942, pelo Frei Leto Bienias, o Coral dos Canarinhos de Petrópolis tem uma
trajetória marcada pela tradição e pelo pioneirismo. Coro de meninos mais antigo do Brasil, o
grupo vocal realizou milhares de apresentações no país e no exterior ao longo dos seus 80 anos.
Cerca de quatro mil vozes passaram pelos Canarinhos de Petrópolis, marcando a história do
coro e da música sacra brasileira. Informações recolhidas: https://imcp.bomjesus.br/instituto-
coral?type=meninos, acesso em 23 de maio de 2024.
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‘civilizar’ grandes contingentes da massa popular, o que seria permitido por estar inserido no
sistema público de educação”. A autora ressalta que o projeto enfatizava a transmissão de
valores morais por meio das letras das canções, o que lhe conferia “caráter cívico-patriótico em
consonância com as diretrizes ideológicas nacionalistas que subjaziam ao papel do Estado na
educação pública” (Lisboa 2005, 59).
Notoriamente popular durante aquele período, o modelo clássico de canto coletivo e
organização musical introduzido por Heitor Villa-Lobos, de certa forma, incentivou a formação de
inúmeros grupos corais infantis em todo o Brasil ao longo da história. Sua influência reverberou
em diversas regiões do país, destacando-se como “forma de buscar a elevação do gosto
musical do povo brasileiro” (Costa 2010, 57). Com isso, desde escolas e instituições
educacionais até comunidades religiosas, centros culturais e grupos comunitários, os coros
infantis desempenharam um papel significativo na vida de crianças, oferecendo oportunidades
não apenas para desenvolver habilidades musicais, mas também para promover valores como
trabalho em equipe, autoexpressão e inclusão social.
Para além de variados espaços de atuação, a expansão da modalidade de coro infantil tem se
fortalecido nos últimos anos no Brasil na implementação de formações de regentes, festivais,
concursos, cursos, palestras e congressos. Destacam-se eventos como o Gran Finale - Festival
Nacional de Corais Infantis e Jovens, estabelecido em 2002, os Painéis da Funarte, revitalizados
em 2007 com a inclusão de oficinas voltadas para coros infantis e, mais recentemente, o
Congresso Internacional de Musical Coral Infantojuvenil - CIMUCI, inaugurado em 2020.
no campo científico, um exemplo notável é o livro "Canto, Canção, Cantoria Como montar
um Coro Infantil", publicado em 1997 pelo Serviço Social do Comércio de São Paulo (SESC).
Esta obra, organizada por renomados regentes e pesquisadores de coros infantis da época,
oferece orientações metodológicas, reflexões sobre a prática coral e sugestões de partituras
musicais, visando instrumentalizar educadores interessados em formar e conduzir grupos vocais
infantis. Entre os autores deste livro estão Ilza Zenker Leme Joly, Marisa Fonterrada, Ana Yara
Campos, Mara Behlau, Amaury Vieira, entre outros, cujas contribuições têm sido, até hoje, não
referenciais, mas, fundamentais para o desenvolvimento e reconhecimento do coro infantil
como prática musical relevante e enriquecedora para crianças.
A partir da publicação mencionada, é possível observar cada vez mais a notória presença do
coro infantil na produção acadêmica brasileira, realizadas em programas de s-graduação em
todo o país. Essas pesquisas abordam uma ampla gama de tópicos relacionados ao canto coral
com crianças, contribuindo para o avanço do conhecimento sobre essa modalidade musical.
Com o objetivo de traçar um panorama de pesquisas relacionadas a esse contexto musical, no
período entre 2015 e 2024, a próxima seção apresenta um levantamento de estudos científicos
brasileiros, particularmente teses e dissertações do campo da Música, que investigam a prática
coral com crianças. Ao examinar os estudos realizados neste período, é possível identificar
tendências, lacunas e áreas de interesse emergentes que podem orientar futuras pesquisas e
práticas, bem como, pensar o lugar das crianças e de suas vozes nessas pesquisas.
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4. Corpus da pesquisa
A fim de examinar se a infância como marcador social da diferença e as vozes das crianças são
abordadas nas pesquisas sobre coros infantis no Brasil, realizamos um levantamento para
analisar e traçar o panorama atual desses estudos. Ao fazermos a escolha por analisar teses e
dissertações enquanto forma específica de produção acadêmica, nosso estudo se enquadra no
que Khols-Santos e Morosin (2021) denominam de "estado do conhecimento”.
De acordo com essas autoras, é fundamental que haja clareza em relação ao objetivo geral da
pesquisa ao adotar essa metodologia, os quais guiarão todas as etapas da investigação, desde a
busca do material até a análise e a elaboração final do texto. Portanto, a definição precisa desse
pilar torna-se essencial para garantir a coerência e a eficácia do estudo (Kohls-Santos e Morosin
2021). Ao utilizar essa abordagem metodológica, buscamos oferecer compreensão das
perspectivas e contribuições dos estudos acadêmicos que tematizam o coro infantil.
Para o levantamento foram delineados critérios específicos para a seleção dos estudos que
comporiam o corpus da pesquisa. Esses critérios incluíram: 1) estudos que se concentram no
contexto do coro infantil; 2) pesquisas que abordam diretamente as crianças, suas experiências,
opiniões e participação no coro infantil, ou que investigam aspectos gerais relacionados à prática
coral com crianças; 3) estudos conduzidos em Programas de Pós-Graduação em Música; 4)
investigações realizadas no período compreendido entre os anos de 2015 e 2024 e; 5) teses e
dissertações que estejam integralmente disponíveis para consulta na internet. Os critérios foram
estabelecidos para garantir a inclusão de estudos representativos que contribuam para uma
compreensão da relação entre crianças e coro infantil na pesquisa acadêmica brasileira, bem
como promover análise que possa informar e enriquecer o debate sobre o tema.
Durante o processo de busca, as palavras-chave selecionadas foram "coro infantil", "prática
coral infantil" e "coro de crianças". No entanto, ao revisar os estudos encontrados, notamos a
presença da terminologia "infanto-juvenil" para descrever a faixa etária das crianças, geralmente
entre oito e 12 anos. Essa observação suscitou reflexões sobre a adequação do termo "infanto-
juvenil" e as concepções de infância subjacentes nos estudos analisados4. A falta de
uniformidade no uso desse termo destaca a diversidade de perspectivas sobre a infância
presentes na literatura acadêmica sobre coro infantil. Adicionalmente, a confirmação da
polissemia do termo também é constatada na publicação de Andrade et al. (2023), ao
apresentarem dados parciais de uma revisão de literatura sobre os conteúdos das revistas e
anais da ABEM e da ANPPOM que discutiram a prática coral infantojuvenil. Como resultado para
os critérios de seleção no estudo, as autoras asseguraram que, devido as variadas faixas etárias
e usos de terminologias para referenciar esta modalidade musical, os artigos presentes na
revisão de literatura referem-se “aos processos músico-educativos com coralistas cuja idade
varia em torno dos seis aos dezesseis anos, realizados em diversos contextos socioculturais,
tendo como objetivo central o desenvolvimento de habilidades artísticas, o estudo do repertório
e a performance musical” (Andrade et al. 2023, 6-7).
4Nesta pesquisa adotamos a nomenclatura coro infantil para toda a escrita do texto, por
entender criança dentro da faixa etária de zero aos 12 anos de idade incompletos, de acordo
com o art. do Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil 1990).
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Nesse sentido, e para garantir a abrangência da busca e a inclusão de estudos relevantes no
presente levantamento, foi necessário incorporar uma variedade de expressões relacionadas ao
tema. Assim, além das palavras-chave adotadas de início, expandimos nossa busca para incluir
termos como "canto coral infantil" e "canto coral infanto-juvenil". Essa ampliação de palavras-
chave permitiu uma busca mais abrangente e inclusiva, considerando as diferentes formas de
denominar e abordar essa modalidade musical na literatura acadêmica.
Conforme exposto na seção anterior, a primeira publicação científica de destaque a abordar o
tema do coro infantil foi o livro “Canto, Canção, Cantoria Como montar um Coro Infantil”,
publicado pelo Serviço Social do Comércio de São Paulo (SESC). Com base nessa referência
inicial, estabelecemos como marco para este levantamento a análise da primeira publicação a
nível de doutorado realizada no Brasil desde 1997, ano de lançamento do referido livro. A partir
de um mapeamento sobre as publicações realizadas desde a data, identificamos que a primeira
investigação neste âmbito corresponde à tese de doutorado de Gaborim-Moreira (2015),
defendida no Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade de São Paulo (USP).
Intitulada “Regência coral infantojuvenil no contexto da extensão universitária: a experiência do
PCIU”, essa pesquisa configura-se como o ponto de partida para a sistematização e análise das
produções acadêmicas sobre coro infantil no país do presente levantamento.
A investigação de Gaborim-Moreira (2015) iniciou-se com um questionário aplicado a 52
regentes, visando compreender aspectos relacionados à regência, cnica vocal e educação
musical. O estudo baseou-se em uma pesquisa-ação realizada com crianças de seis a 12 anos
de idade do coro PCIU (Projeto Coral InfantoJuvenil da Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul) e explora estratégias didático-musicais na estruturação da prática coral. Como resultado, a
autora enfatiza que seu estudo proporciona "reflexões sobre vários aspectos essenciais da
regência coral infantojuvenil de maneira integrada, incluindo a própria formação e atuação dos
regentes - um processo contínuo de construção profissional e pessoal" (Gaborim-Moreira 2015,
508).
Ao definir 2015 como marco inicial, reconhecemos o impacto significativo dessa pesquisa
pioneira e seu papel catalisador na promoção de estudos subsequentes sobre coral infantil no
contexto acadêmico brasileiro. A partir dessa obra, um número crescente de pesquisadores tem
se dedicado a investigar diversos aspectos do trabalho coral infantil, ampliando nosso
entendimento sobre sua prática, sua influência na formação musical e pessoal das crianças, bem
como a profissionalidade dos regentes. Essa temática de pesquisa demonstra não apenas a
relevância do coro infantil como objeto de estudo, mas também seu potencial para promover
reflexões mais amplas sobre as relações entre educação musical e a participação das crianças
nas investigações científicas.
A investigação dos trabalhos teve início por meio da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e
Dissertações (BDTD) e do catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Nessa fase inicial, identificamos nove
trabalhos, consistindo em três teses e seis dissertações. A partir desse conjunto inicial,
conduzimos uma busca diretamente nos programas de pós-graduação nos quais foram
realizadas as pesquisas encontradas.
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Brito, Dhemy de; Cunha, Sandra Mara da. O coro infantil e as crianças: vozes que cantam, falam sobre si e sobre o mundo”
Nosso foco centrou-se nos programas de s-graduação em Música, o qual resultou na inclusão
de mais três trabalhos: uma dissertação datada de 2015, desenvolvida na Universidade Estadual
Paulista (USP), uma dissertação de 2018, conduzida na Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
e uma tese de 2019, proveniente do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP).
Procedemos, então, à leitura dos resumos dos estudos identificados, seguida pela leitura
completa de cada trabalho, visando obter uma compreensão aprofundada das temáticas
abordadas e dos contextos de pesquisa. Durante o processo de atualização do mapeamento, ao
explorar os programas de pós-graduação e os currículos de alguns orientadores das pesquisas
até então levantadas, encontramos mais seis estudos: uma dissertação desenvolvida na
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), uma realizada na Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), uma conduzida na Universidade de Brasília (UNB), uma dissertação da
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e, por último, duas publicações na
Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Após essa etapa, o corpus da pesquisa foi ampliado
para um total de 18 trabalhos, composto por cinco teses e 13 dissertações.
Posteriormente à definição do corpus da pesquisa, realizamos análise dos currículos Lattes de
cada autor e autora para identificar suas formações profissionais e áreas de atuação. Essa
análise proporcionou insights valiosos sobre a diversidade nas formações dos pesquisadores,
enriquecendo ainda mais nossa compreensão dessa temática de estudos. Após a determinação
do corpus da pesquisa, avançamos para a etapa de análise do material selecionado. A opção
pela metodologia da análise do discurso (Orlandi 2010) decorreu da compreensão de que nossa
interpretação não se restringiria a uma reflexão isolada, mas sim a um processo dinâmico e
analítico do conteúdo dos trabalhos.
Nas seções seguintes, apresentaremos os resultados do levantamento e exploraremos diversos
aspectos, incluindo o mapeamento geográfico das pesquisas, a distribuição das publicações ao
longo dos anos selecionados e a formação acadêmica dos autores e autoras. Por fim,
apresentamos as temáticas de pesquisa que compõe os estudos deste levantamento, agrupadas
em quatro categorias: 1) Concepções e Estratégias Pedagógicas; 2) Saberes, Competências e
Habilidades de Regentes; 3) Pesquisa bibliográfica e; 4) O coro infantil pelas crianças.
5. Programas de pós-graduação e linhas de pesquisa
Um dos critérios essenciais durante o processo de busca deste levantamento foi a exigência de
que as pesquisas fossem conduzidas exclusivamente em programas de pós-graduação em
Música. Essa decisão foi motivada pela compreensão de que uma formação musical específica é
fundamental para o desenvolvimento de estudos significativos nessa área. Ao mapearmos esses
estudos pudemos identificar não apenas os índices de publicações ao longo do período
delimitado, mas também analisar as diversas linhas de pesquisa dos programas nas quais esses
trabalhos foram realizados.
As pesquisas foram conduzidas em diversas instituições acadêmicas cuja distribuição e
incidência estão apresentadas a seguir, ordenadas de acordo com o número de estudos
realizados em cada uma. As três universidades que se destacaram com o maior número de
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Brito, Dhemy de; Cunha, Sandra Mara da. O coro infantil e as crianças: vozes que cantam, falam sobre si e sobre o mundo”
estudos foram: Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com uma tese e três dissertações;
Universidade Federal do Paraná (UFPR), com uma tese e duas dissertações; Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP), com duas teses e Universidade de Brasília (UNB), com duas
dissertações. Na Universidade de São Paulo (USP), identificamos apenas uma tese. Outras
instituições também contribuíram para a produção acadêmica nesse campo, cada uma com uma
dissertação: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Estadual
Paulista (UNESP), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e Universidade do
Estado de Santa Catarina (UDESC). Esses dados estão representados no gráfico 1,
proporcionando uma visão geral da distribuição geográfica das pesquisas:
Gráfico 1: Universidades onde as pesquisas foram realizadas.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Com maior representatividade de produções, como podemos identificar no gráfico 2, a região
Sudeste corresponde a 39% das publicações, seguida da região Nordeste com 28%. A região
Sul apresenta 22% das pesquisas realizadas nessa área e, por sua vez, a região Centro-Oeste
registrou apenas dois trabalhos publicados, totalizando 11%. É importante ressaltar que não
foram encontrados trabalhos na região Norte devido à ausência de programas de pós-graduação
em Música nessa área geográfica. Essa distribuição revela uma concentração das pesquisas em
determinadas regiões do país, indicando disparidades regionais no desenvolvimento acadêmico
e científico sobre o tema em questão.
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Brito, Dhemy de; Cunha, Sandra Mara da. O coro infantil e as crianças: vozes que cantam, falam sobre si e sobre o mundo”
Gráfico 2: Localização dos programas de pós-graduação.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Em relação aos anos de publicação desses estudos, observa-se uma variabilidade ao longo do
período analisado. Os anos que despontam como os mais produtivos são 2015, com o registro
de uma tese e três dissertações, 2016 com a publicação de três dissertações e 2019, com a
publicação de uma tese e duas dissertações. Nos anos subsequentes, a média de publicação se
estabiliza em cerca de duas pesquisas por ano, com exceção em 2020 e 2021, que apresentam
apenas uma publicação. No entanto, é importante notar que no ano de 2022 e 2024 não foram
encontradas pesquisas sobre essa temática, como evidenciado no gráfico 3. Esse padrão de
distribuição das publicações ao longo do tempo pode refletir tanto as tendências de interesse
acadêmico quanto as condições contextuais e conjunturais que influenciam a produção científica
em determinados períodos.
Gráfico 3: Anos de publicação das pesquisas.
Fonte: Elaborado pelos autores.
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Brito, Dhemy de; Cunha, Sandra Mara da. O coro infantil e as crianças: vozes que cantam, falam sobre si e sobre o mundo”
Considerando o recorte temporal desta revisão, a análise do gráfico anterior revela uma
tendência preocupante: a estagnação do crescimento das pesquisas científicas sobre coros
infantis nos últimos anos. Este cenário sugere uma lacuna significativa no interesse acadêmico
em investigar a prática musical coral com crianças no campo da Música.
No que diz respeito às linhas de pesquisa, os estudos foram agrupados em duas correntes
principais: Educação Musical e Performance5. Essa divisão foi realizada após uma análise
detalhada das descrições das linhas de pesquisa dos programas de pós-graduação.
Notavelmente, a linha de pesquisa predominante foi a Educação Musical, abrangendo 13
estudos, enquanto a linha Performance contou com apenas cinco pesquisas, conforme ilustrado
no gráfico 4. Essa distribuição destaca a ênfase dada à investigação das práticas educacionais e
pedagógicas relacionadas à prática coral infantil, bem como a importância atribuída à exploração
dos aspectos criativos envolvidos nesse contexto.
Gráfico 4: Linhas de pesquisa e modalidade da produção acadêmica.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Diante dos dados relacionados às regiões onde as pesquisas foram desenvolvidas, os anos de
publicação e suas porcentagens, bem como as linhas de pesquisa predominantes, fica evidente
a necessidade de uma análise mais aprofundada das temáticas abordadas nessas pesquisas e
da formação desses investigadores, no intuito de compreender como a prática coral infantil foi
abordada durante o período estudado.
6. Formação dos autores
Com base nas informações extraídas da Plataforma Lattes, procedemos à análise dos currículos
dos autores das pesquisas, o que revelou um interessante panorama sobre a formação
profissional dos pesquisadores envolvidos. Dos 18 estudos analisados, conseguimos acessar 14
5As linhas de pesquisas foram intituladas a partir das similaridades de termos encontrados nas
descrições das linhas de pesquisas dos programas de pós-graduação. As linhas que
mencionaram termos como Ensino e Aprendizagem e/ou Formação em Música integram a
categoria Educação Musical. à categoria Performance foram atribuídas as linhas de pesquisa
que fizeram menção à Teoria e Prática da Interpretação, Processos Criativos e/ou Práticas de
Expressão Musical.
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Brito, Dhemy de; Cunha, Sandra Mara da. O coro infantil e as crianças: vozes que cantam, falam sobre si e sobre o mundo”
currículos. Isso porque, quatro dos autores realizaram investigações tanto no âmbito do
mestrado quanto a nível de doutorado.
Ao examinar os currículos identificamos quatro principais áreas de formação profissional entre os
pesquisadores: Bacharelado em Música, Licenciatura em Música, Licenciatura em Educação
Artística (Artes) e Pedagogia. Essa diversidade de formações sugere uma abordagem
interdisciplinar no estudo da prática coral com crianças, enriquecendo as perspectivas teóricas e
metodológicas adotadas nas pesquisas. Adicionalmente, torna-se relevante destacar que, dos
14 autores analisados, foram identificadas 24 formações acadêmicas, uma vez que dez deles
possuem dupla formação.
Conforme apontado no gráfico 5, o curso de maior incidência foi a Licenciatura em Música,
sendo a formação de dez dos autores, seguida da Licenciatura em Educação Artística, com
habilitação em Música6, totalizando quatro autores. Com isso, as licenciaturas correspondem a
14 das formações profissionais dos autores. Em seguida, a terceira formação mais frequente
após as licenciaturas é o Bacharelado em Música, abrangendo nove dos autores dos estudos.
Dentro dessa área de graduação, encontramos uma variedade de especializações, como
bacharel em canto lírico, composição e regência, música sacra, regência coral e regência plena.
Por fim, a Pedagogia foi a formação menos comum, sendo representada por apenas um autor.
Essa distribuição de formações reflete a diversidade de trajetórias acadêmicas e profissionais
dos pesquisadores envolvidos nos estudos sobre coros infantis.
Gráfico 5: Formação profissional dos autores das pesquisas.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Os dados representados no gráfico 5 destacam que a maioria dos regentes de coros infantis
envolvidos em pesquisas científicas possuem formação no âmbito do ensino, seja no âmbito das
licenciaturas ou da pedagogia. Esta constatação evidencia uma tendência na formação dos
pesquisadores, que está alinhada com a Educação Musical, com ênfase nas práticas de ensino e
aprendizagem em música. No entanto, mesmo com essa concentração na formação, ainda
podemos identificar práticas em coros infantis que priorizam aspectos técnicos e a produção de
performances, o que acaba por prescrever o papel que as crianças devem desempenhar nesses
grupos musicais, muitas vezes limitando-as ao papel de coralistas e alunos. Essa dicotomia
6Um dos currículos dessa área de graduação tem como denominação Licenciatura em Artes.
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Brito, Dhemy de; Cunha, Sandra Mara da. O coro infantil e as crianças: vozes que cantam, falam sobre si e sobre o mundo”
entre a formação dos pesquisadores e as práticas observadas nos coros infantis sugere a
necessidade de uma reflexão mais aprofundada sobre as abordagens pedagógicas adotadas
nesses contextos musicais e seu impacto na formação musical das crianças, também em seus
papéis como participantes criativos.
Diante desse entendimento, lançamos mão da análise de Marchi (2010, 190), a qual ressalta a
noção de "ofício de criança" e "ofício de aluno", que categorizam as crianças em papéis pré-
determinados com base em sua "identidade infantil". Conforme aponta a autora:
O "ofício de aluno" pode ser definido antes de tudo como a "aprendizagem das
regras do jogo" escolar. Ser "bom aluno" não é somente assimilar
conhecimentos, mas também estar disposto a "jogar o jogo" da instituição
escolar e estar disposto a exercer um papel que revela tanto conformismo
quanto competência (Marchi 2010, 191).
Como indicado pela autora, desempenhar os ofícios próprios da infância pode ser uma
experiência penosa para as crianças, uma vez que são incentivadas a se conformar com as
"regras do jogo" impostas pelo mundo adulto, resultando em uma concepção subordinada da
infância que frequentemente está desconectada do que é significativo para elas. Assim, "cabe a
elas realizar, com relativo sucesso, não somente tarefas que não escolheram, mas também das
quais nem sempre compreendem o sentido ou pelas quais não têm nenhum interesse" (Marchi
2010, 192).
Tal reflexão nos auxilia na compreensão sobre a importância de considerar as perspectivas das
crianças em contextos como os coros infantis, onde são frequentemente direcionadas a
desempenhar papéis específicos sem uma verdadeira compreensão ou interesse no que estão
fazendo. Explorar suas vozes, que expressam entendimentos para além do canto, pode
contribuir para uma prática coral mais inclusiva e significativa, alinhada com suas experiências
individuais e seus interesses em saber mais.
Na área da Educação Musical, uma crescente tendência de pesquisas embasadas em uma
concepção de infância que vai além do tradicional ofício de aluno”, reconhecendo as crianças
como atores sociais plenos de direitos. Essa abordagem tem ganhado destaque ao longo da
última década, refletindo uma mudança no entendimento sobre o papel das crianças na prática
musical. No entanto, como reforçam Cunha, Brito e Oliveira (2022, 17), faz-se importante que:
[...] mais estudos possam ser desenvolvidos sobre infância e com crianças na
EM [Educação Musical], trazendo para as discussões as contribuições da SI
[Sociologia da Infância] para pensar a diversidade das infâncias das crianças
brasileiras que vivem suas vidas nesse país socialmente desigual, mas
musicalmente rico e diverso.
Refletindo sobre os dados apresentados e as análises dos autores, surge uma indagação
relevante: estariam os regentes e pesquisadores, por meio de suas práticas e abordagens,
limitando as crianças ao papel de meros "coralistas", incumbidos apenas de reproduzir as
escolhas e diretrizes musicais dos adultos, com ênfase exclusiva no resultado final da
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Brito, Dhemy de; Cunha, Sandra Mara da. O coro infantil e as crianças: vozes que cantam, falam sobre si e sobre o mundo”
performance? Este questionamento levanta preocupações sobre a possível subestimação do
potencial criativo e participativo das crianças nos coros infantis.
Na próxima sessão, vamos explorar as principais temáticas que compõem esses estudos,
buscando entender melhor os desafios, tendências e lacunas de conhecimento na área da
música coral infantil e tecendo possíveis relações entre os temas das pesquisas com os outros
dados apresentados até aqui.
7. Temáticas das pesquisas
Os 18 trabalhos que compuseram o corpus do levantamento foram classificados em quatro
categorias distintas, com base nas aproximações temáticas e de conteúdo das investigações,
sendo elas: 1) Concepções e Estratégias Pedagógicas, abordando os métodos e abordagens
utilizados na educação musical coral infantil; 2) Saberes, Competências e Habilidades de
Regentes, focalizando os conhecimentos e a preparação necessária para reger um coro infantil;
3) Pesquisa bibliográfica, apresentando mapeamento de estudos sobre coros infantis e; 4) O
coro infantil pelas crianças, na concepção da prática coral exclusivamente pelas lentes dos
próprios envolvidos as crianças. O objetivo dessa categorização está em proporcionar uma
visão panorâmica das principais áreas de interesse dessas investigações. Torna-se importante
destacar que a categoria mais abordada foi "Concepções e Estratégias Pedagógicas",
englobando 12 das publicações analisadas. Este grupo de estudos reflete a aplicação dos
conhecimentos técnicos musicais nas práticas educacionais (gráfico 6).
Gráfico 6: Temáticas das Pesquisas.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Integrando a primeira categoria “Concepções e Estratégias Pedagógicas”, Andrade (2015), ao
discutir processos de ensino e aprendizagem em música, bem como o papel de educadores na
condução de propostas metodológicas, analisou as concepções, conteúdos e metodologias de
ensino empregadas no Projeto Um Canto em Cada Canto, da cidade de Londrina/PR. A
pesquisa de Gois (2015) buscou verificar o papel da ludicidade nas práticas musicais de regentes
de coros infantis, constatando a existência desta dimensão como processo educacional. O
trabalho de Paziani (2015) teve como objetivo analisar o repertório estudado por 18 coros
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Brito, Dhemy de; Cunha, Sandra Mara da. O coro infantil e as crianças: vozes que cantam, falam sobre si e sobre o mundo”
infanto-juvenis, integrantes do Projeto Guri, com a finalidade de examinar características
composicionais, extensão vocal, idioma e o tipo de repertório em seus diversos gêneros e estilos
musicais. Em 2016, Brito (2016) analisou as estratégias e processos de ensino e aprendizagem
na música empregados em uma oficina realizada no Programa Mais Educação de uma escola
pública da cidade de João Pessoa, na Paraíba. No mesmo ano, o estudo de Roberty (2016)
examinou, no contexto do ensino regular brasileiro, a extensão vocal utilizada por 31 crianças
entre oito e 11 anos de idade, constando a região grave de suas extensões como a mais adotada
por elas. Com o objetivo de sistematizar conteúdos aplicáveis para a formação do regente de
coros infantis e desenvolver atividades pedagógicas para este contexto, Oliveira (2017) refletiu
sobre a ampliação de competências na formação docente de atuantes com crianças. O segundo
trabalho deste ano estudou o processo criativo aliado ao movimento corporal em coros infantis
(Góes 2017), analisando as contribuições possíveis na aprendizagem musical em pontos como
afinação vocal, reprodução rítmica, identificação melódica e pulsação. A dissertação de Lima
(2018) buscou identificar e compreender as principais concepções em torno das práticas
músico-educativas do Coral Vozes da Infância, a partir das falas dos coralistas, professores,
diretores e familiares responsáveis. A tese de Rheinboldt (2018) apresenta considerações acerca
do coro infantil e das especificidades da voz da criança em relação à postura, respiração,
ressonância, articulação, extensão vocal e afinação, com o objetivo de compartilhar propostas
para o preparo vocal deste tipo de coro. No ano seguinte, Andrade (2019) buscou compreender
o impacto das ações pedagógicas realizadas no coro infantil que possuem como estímulo a
criatividade e a criação enquanto fio condutor do processo musico-educativo. Em 2021, a
pesquisa de Condé propôs reflexão sobre como a Educação Musical pode contribuir para a
prática pedagógica dos profissionais que atuam com coros infantil. Finalizando os trabalhos
dessa categoria, ao analisar o trabalho de afinação vocal desenvolvido no coral infantojuvenil da
Escola de Música da Rocinha (EMR), Correia (2023) discutiu a importância de se praticar
exercícios de técnica vocal a partir do próprio repertório do coro.
A segunda categoria foi a de "Saberes, Competências e Habilidades de Regentes",
representando quatro dos 18 trabalhos analisados. Esses estudos se dedicaram a investigar a
profissionalização e a formação musical dos regentes de coros infantis. Gaborim-Moreira (2015)
discutiu as características e desafios da prática coral infanto-juvenil, analisando questões
relacionadas às técnicas de regência, técnica vocal e educação musical dentro do contexto coral.
Baccili Ribeiro (2016) examinou a profissionalização de regentes de coros infanto-juvenis em
seus estágios iniciais, buscando entender como esses profissionais aplicam seus conhecimentos
em suas interações com crianças. Kashima (2019) ofereceu análises sobre os objetivos,
justificativas e procedimentos de um laboratório de regência coral, fornecendo um embasamento
teórico para a formação de regentes. O último estudo dessa categoria é o de Gois (2020), o qual
investigou a formação profissional de regentes e estabeleceu avaliação de um manual didático
para coros infantis, refletindo sobre a realidade da regência e a formação pedagógico-musical
para o canto coral com crianças. Esses estudos destacam a importância da formação e das
habilidades dos regentes para o desenvolvimento das práticas corais com crianças, enfatizando
a necessidade de desenvolver competências específicas nesse campo.
Sendo o único estudo que integra a categoria de Pesquisa Bibliográfica, a investigação de Justo
(2023) consistiu num levantamento de teses e dissertações sobre coro infantil, com o objetivo de
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Brito, Dhemy de; Cunha, Sandra Mara da. O coro infantil e as crianças: vozes que cantam, falam sobre si e sobre o mundo”
investigar como a educação musical tem sido abordada em pesquisas referentes a essa prática
musical.
Para além das três categorias apresentadas, uma perspectiva distinta sobre a prática coral com
crianças consta deste levantamento. Sendo, também, o único estudo desta categoria, a
pesquisa de Brito (2019) explora, estritamente, a perspectiva das crianças e suas relaçãos com o
coro infantil, no contexto de um projeto de extensão, numa escola pública federal na cidade de
Florianópolis, Santa Catarina. Nessa investigação, a partir dos desenhos que as crianças
realizaram sobre suas ideias e o que elas expuseram por meio de diálogos em rodas de conversa,
o autor apresenta a potência das ideias de música que elas ecoam sobre suas relações com o
ser artista, o que pensam de suas apresentações musicais e o que isso significava para elas,
além de trazer suas ideias sobre a escolha do repertório e o papel do brincar nos encontros do
grupo. A conclusão desta investigação apontou que:
o trabalho coral infantil pode ser entendido como um processo dinâmico, que
inclui tomada de decisão das próprias crianças. E mais do que isso: que as
ideias das crianças em relação à música estão sempre em transformação, sendo
importante compreendermos o que elas nos têm a dizer sobre sua experiência
musical e, assim, construirmos coletivamente práticas musicais significativas no
coro infantil (Brito, 2019, 101).
É relevante salientar que algumas das pesquisas incluídas neste levantamento, nomeadamente
as de Andrade (2015) e Lima (2018), metodologicamente acessam as perspectivas das crianças
em relação às concepções pedagógicas aplicadas no contexto do coro infantil. No entanto, a
pesquisa de Brito (2019) distingue-se não apenas por sua fundamentação teórica, que dialoga
com alguns princípios da Sociologia da Infância, mas também pela ênfase atribuída à priorização
das perspectivas das crianças sobre a prática coral infantil. Essa abordagem coloca em
evidência as vozes infantis como elementos centrais, para além de vozes adultas,
proporcionando compreensão mais aprofundada e ética das experiências e contribuições das
crianças no ambiente coral.
Embora esta investigação não esteja completamente fundamentada na infância enquanto
marcador social da diferença, esse estudo compartilha objetivos semelhantes ao direcionar sua
atenção para a compreensão da prática musical a partir do que as crianças pensam sobre o coro.
Seu foco está centrado em reconhecer e valorizar as vozes infantis, bem como compreender
suas ideias sobre a prática coral, o que a distingue dos objetivos e temáticas dos outros estudos,
centralizados, majoritariamente, no papel adulto do regente coral. Entretanto, a aproximação
desta investigação com os pressupostos da Sociologia da Infância pode ser, assim como Cunha,
Brito e Oliveira (2022, 16), compreendido como um aspecto que ressalta a contribuição dos
diálogos entre a Educação Musical e a Sociologia da Infância, “por trazer o entendimento de
crianças como sujeitos com o direito de serem acolhidas em seus interesses de saber mais, de
expressar pontos de vista e de escuta em aulas de música mais consonantes com a infância”.
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Brito, Dhemy de; Cunha, Sandra Mara da. O coro infantil e as crianças: vozes que cantam, falam sobre si e sobre o mundo”
8. Considerações finais
Este estudo teve como ponto de partida investigações que abordam a prática coral infantil no
campo da Música. Assim, o objetivo central foi realizar levantamento dos estudos dessa
modalidade musical e examinar se a infância como marcador social da diferença e as vozes das
crianças são abordadas nas pesquisas científicas.
A análise histórica da prática do canto coral no Brasil evidencia o papel centralizador do regente,
que, desde os primeiros registros de atividades vocais no país, tem assumido a responsabilidade
pelas decisões fundamentais que moldam a prática musical. Esse papel inclui a definição da
técnica vocal, a escolha de repertório, as diretrizes de ensaio e até a seleção dos locais de
apresentação. Entretanto, a reflexão aqui proposta não visa questionar a legitimidade desse
papel, uma vez que reconhecemos que as práticas musicais coletivas, historicamente, têm
atribuído aos adultos a função de conduzir e organizar essas atividades.
O ponto central desta discussão reside na busca por formas de integrar as crianças no processo
de construção do pensamento coral. A reflexão está em explorar de que maneira as vozes
infantis podem ser incorporadas de maneira significativa, para além do canto, em colaboração
com o adulto responsável pelo grupo. O reconhecimento e a valorização das contribuições
infantis não apenas enriquecem a prática coral, mas também fomentam um ambiente mais crítico
e participativo, no qual as crianças se envolvem de forma mais profunda em seu próprio fazer
musical. As práticas tradicionalmente verticalizadas e centradas no adulto, embora
proporcionem às crianças a oportunidade de expressar suas vozes por meio do canto, muitas
vezes silenciam essas mesmas vozes em termos de concepção crítica musical por parte das
crianças. Num movimento de “fazer com” os envolvidos e não “fazer para” eles, promovemos
modelos de aprendizagem musical que reforçam o protagonismo, a cooperação e a co-criação
(Pires, Vasconcelos e Lemos 2023). A ressignificação desse processo promove um espaço mais
democrático e formativo, no qual as crianças não são apenas executantes, mas também
cocriadoras ativas no desenvolvimento artístico do grupo. Tal silenciamento constatado nas
práticas corais com crianças desde os primeiros registros no Brasil, cunhado no objetivo de
“adestramento dos órgãos auditivos e da fonação” (Villa-Lobos 1951, 3), também pode ser
observado no levantamento realizado neste estudo. A análise dos dados provenientes das 18
produções acadêmicas que constituíram o corpus deste levantamento, juntamente com as
informações obtidas por meio da plataforma Lattes, permitiu identificar diversos aspectos
relevantes.
Das pesquisas analisadas, observamos que apenas quatro regiões do Brasil foram
representadas, sendo o Sudeste a região que registrou o maior índice de publicações, com 39%,
seguida da região nordeste com 28% do total dos estudos. A região Sul apresenta 22% das
pesquisas, enquanto a região Centro-Oeste apresenta o índice mais baixo, com apenas 11% das
pesquisas. Notadamente, não foram identificados trabalhos na região Norte do país, devido à
ausência de programas de pós-graduação em Música nessa área geográfica. Essa discrepância
reflete-se na representatividade do coro infantil, com maior reflexão e problematização por parte
dos autores nas regiões Sudeste e Nordeste, enquanto a região Centro-Oeste ainda possue
índice de produção acadêmica a nível de mestrado e doutorado pequeno.
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Brito, Dhemy de; Cunha, Sandra Mara da. O coro infantil e as crianças: vozes que cantam, falam sobre si e sobre o mundo”
Com esse levantamento, constatamos que o número de publicações científicas atingiu
expressão notável em 2015, 2016 e 2019. Nos anos subsequentes, a produção manteve-se
relativamente estável, com exceção dos anos de 2020 e 2021, que apresentaram uma pesquisa
respectivamente. Para os anos de 2022 e 2024, não foram identificadas publicações. No entanto,
em relação ao ano de 2024, essa ausência pode ser atribuída ao fato de que as publicações
realizadas neste ano ainda não estejam integralmente disponíveis online, critério essencial para a
inclusão das obras no corpus desta análise. Sendo assim, torna-se importante destacar que o
caráter dinâmico da atualização dos repositórios online e o tempo necessário para que as
publicações estejam acessíveis podem gerar distorções na análise dos dados mais recentes,
sendo necessário considerar tais fatores ao interpretar as tendências de produção ao longo dos
anos.
A análise da produção científica ao longo dos anos revela que espaço para o
desenvolvimento de novas pesquisas nos programas de pós-graduação, tanto nas linhas de
pesquisa voltadas para a Performance quanto naquelas que se dedicam às práticas músico-
educativas. Em particular, destaca-se a linha de pesquisa em Educação Musical, que se
apresentou como a mais produtiva em termos de quantidade de investigações realizadas. A
partir desta constatação, propomos reflexão para que mais pesquisas tematizem o coro infantil a
partir da contribuição que essa área pode inferir, abrangendo múltiplas dimensões desta prática
musical, desde aspectos pedagógicos até os socioculturais e emocionais, que permeiam a
participação das crianças em coros.
Sobre as temáticas de pesquisa, os dados revelaram que essas estão predominantemente
concentradas em estratégias pedagógicas e nos conhecimentos e habilidades dos regentes,
enquanto apenas um estudo discutiu o coro infantil a partir das perspectivas das crianças.
Adicionalmente, outro aspecto importante a se considerar nesse levantamento foi, praticamente,
a ausência da discussão da infância enquanto categoria social, do tipo geracional (Mayall 1996;
Qvortrup 2010; Muñoz 2006), e a proposição de dar voz e ouvir as expressões musicais infantis,
tal qual preconiza a Educação Musical da Infância (Cunha 2020).
Isso sugere uma lacuna significativa em pesquisas fundamentadas em uma perspectiva que
compreenda a infância como uma categoria social e reconheça as crianças como sujeitos ativos,
capazes de contribuir para o avanço do conhecimento sobre coro infantil. Esses dados ressaltam
o silenciamento e a invisibilidade da infância na produção científica brasileira, a nível de
mestrados e doutorados, sobre a prática coral com crianças. Tal cenário evidencia a
necessidade de uma maior diversidade de abordagens que valorizem e incorporem as
experiências e perspectivas das crianças, promovendo uma compreensão mais ampla e inclusiva
da prática musical infantil. Como sublinham Cunha, Brito e Oliveira (2022, 16-17), existe espaço
para o aprofundamento das interlocuções entre a Educação Musical e a Sociologia da Infância,
“de modo a trazer, cada vez mais, o que as crianças têm a dizer acerca de sua relação com a
música [...]”, bem como de pensar a diversidade das infâncias das crianças brasileiras que
vivem suas vidas nesse país socialmente desigual, mas musicalmente rico e diverso”.
Com base nos resultados deste levantamento, propomos reflexão sobre a importância de futuras
pesquisas sobre coros infantis que valorizem as ideias e perspectivas das próprias crianças,
principais vozes dessa prática musical. A atualização do pensamento e a abertura para novas
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Brito, Dhemy de; Cunha, Sandra Mara da. O coro infantil e as crianças: vozes que cantam, falam sobre si e sobre o mundo”
escutas sobre o coro infantil devem emergir diretamente dos atores principais dessa modalidade
musical as crianças. Nesse sentido, torna-se imprescindível que o espaço coral não apenas
escute as crianças, mas ativamente promova a visibilidade e audibilidade dessas vozes,
particularmente nas tomadas de decisão em todas as esferas da prática coral. Essa abordagem
poderá ser refletida também nas pesquisas científicas, que necessitam reconhecer e incorporar
as contribuições infantis, promovendo uma concepção de formação musical mais ética, inclusiva
e respeitosa, alinhada aos direitos e interesses superiores das crianças (Fernandes 2005). São
vozes infantis que contribuem para além do canto. Que ecoam a partir de suas ideias musicais,
mas, também, do que sabem sobre si e sobre o mundo.
Em conclusão, o levantamento realizado proporcionou um panorama do estado atual do
conhecimento sobre a produção científica brasileira, no recorte de dissertações e teses, que
abordam o coro infantil, destacando que as discussões ainda se concentram
predominantemente em perspectivas adultas, que muitas vezes negligenciam as vozes das
crianças nessa prática musical. No âmbito do comprometimento com a infância, entendemos
que esse é o caminho para aumentar a visibilidade da infância, colocando as crianças no centro
das discussões como potenciais colaboradoras no avanço científico. Isso requer um
compromisso metodológico e ético em envolver as crianças nos coros infantis de forma
significativa, respeitando suas vozes, experiências e perspectivas. Ao fazer isso, podemos
promover uma abordagem mais inclusiva e responsável que valorize verdadeiramente as vozes
das crianças na construção do conhecimento e na tomada de decisões que as afetam.
9. Referências
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10. Apêndice
Ano
Tipo de
trabalho
Autor
Título
2015
Tese
GABORIM-
MOREIRA,
Ana Lúcia Iara
Regência coral infanto-juvenil no
contexto da extensão
universitária: a experiência do
PCIU
2015
Dissertação
ANDRADE,
Klesia Garcia
Projeto “Um Canto em Cada
Canto”: o coro infantil, seus
ensinos e suas aprendizagens
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Brito, Dhemy de; Cunha, Sandra Mara da. O coro infantil e as crianças: vozes que cantam, falam sobre si e sobre o mundo”
2015
Dissertação
GOIS,
Micheline
Prais de
Aguiar Marim
A dimensão dica na regência
de coro infantil
2015
Dissertação
PAZIANI,
Juliana
Damaris de
Santana
Coro Infanto-Juvenil nos grupos
corais do Projeto Guri Regional
Ribeirão Preto: repertório e
formação do regente (educador
musical)
2016
Dissertação
BACCILI
RIBEIRO,
Cinara
A profissionalidade do regente
de coros infanto-juvenis em
Campo Grande MS
2016
Dissertação
BRITO, Alan
de Araújo
Música no Programa Mais
Educação: uma pesquisa-ação
em uma escola pública de João
Pessoa
2016
Dissertação
ROBERTY,
Bruno
Boechat
A extensão vocal infantil: um
estudo sobre a voz infantil no
contexto do ensino regular
brasileiro
2017
Dissertação
GÓES,
Éderson
Marques de
Processo criativo e movimento
corporal como ferramentas
pedagógicas no canto coral
infantil
2017
Dissertação
OLIVEIRA,
Ana Lúcia
Carneiro de
A regência coral na formação do
licenciado em música: uma
experiência didática no Coral
Infantil da UFRN
2018
Tese
RHEINBOLDT,
Juliana
Melleiro
Preparo vocal para coros
infantis: considerações e
propostas pedagógicas
2018
Dissertação
LIMA,
Christiane
Alves de
O Coral Vozes da Infância: um
olhar sobre as concepções em
torno das práticas músico-
educativas
2019
Tese
ANDRADE,
Klesia Garcia
Coro Criativo: uma pesquisa-
ação sobre a criação musical na
prática coral
2019
Tese
KASHIMA,
Rafael Keidi
LARCI (Laboratório de Regência
Coral Infantil): proposta de
formação acadêmica para
regentes de coros infantis
2019
Dissertação
BRITO,
Dhemy
Por que e para quem cantamos:
ideias de música das crianças
Per Musi |Belo Horizonte |v.26 |General Topics |e252603 |2025
26
Brito, Dhemy de; Cunha, Sandra Mara da. O coro infantil e as crianças: vozes que cantam, falam sobre si e sobre o mundo”
Fernando
Vieira
no contexto de um coro infantil
2020
Tese
GOIS,
Micheline
Prais de
Aguiar Marim
Como nos tornamos regentes de
coro infantil? Um estudo a partir
das concepções profissionais de
regentes e uso de manuais
didáticos
2021
Dissertação
CONDE, Ana
Clara Borges
Contribuições da Educação
Musical para a prática da
regência de coros infantis e
infantojuvenis: as visões de
cinco regentes
2023
Dissertação
JUSTO,
Elisama
Canto Coral Infantil e
Infantojuvenil: uma pesquisa de
levantamento bibliográfico de
teses e dissertações à luz da
Educação Musical
2023
Dissertação
CORREIA,
Valéria da
Conceição
Coral da Escola de Música da
Rocinha: um relato do processo
de afinação desenvolvido a partir
do seu próprio repertório em 25
anos de atividades
Quadro 1: Corpus da pesquisa.
Fonte: Elaborado pelos autores.