O narrador de Machado de Assis e a desconstrução do romance romântico em A Mão e a Luva

Autores

  • Alex Alves Fogal Universidade Federal de Minas Gerais

Palavras-chave:

Forma do romance, Machado de Assis, Romances iniciais, Romantismo, Realismo.

Resumo

Os romances iniciais de Machado de Assis têm sido considerados por parte significativada crítica como dotados de uma poética romântica, os quais se distinguem dos romancesmaduros, compostos a partir de uma poética realista. De acordo com essa visão, nessesúltimos se encontraria maior refinamento na composição de eventos e personagens e, aomesmo tempo, maior capacidade de reflexão sobre o método de composição. O intuito éapresentar uma interpretação dos romances dessa fase inicial a partir da análise do modopelo qual o narrador do romance A mão e a luva (1874) o estrutura como forma, ou seja,busca-se demonstrar uma tensão: se por um lado se vê traços românticos na trama, nocomportamento de alguns personagens e em certas referências literárias, por outro senota que são inseridas reflexões que desarticulam tais características. A partir disso épossível observar um movimento ambíguo promovido pelo narrador: ele dá forma a umenredo tipicamente romântico, mas, ao mesmo tempo, desarticula essa forma pordentro, promovendo, assim, a desconstrução do dispositivo romântico. Isso ocorreporque a forma do romance acolhe dois princípios (a rigor) distintos, a narração e areflexão, e ambos são ativados pelo mesmo elemento: o narrador. Pretendo construiruma linha de interpretação que destaca os aspectos anti-românticos de um romance quefoi canonizado como representativo daquela escola. Acredito ser possível visualizar nosromances iniciais a “coluna vertebral” dos romances finais do autor, mostrando que já seencontra neles um olhar que rejeita o “olhar virginal” sobre a linguagem e o mundo.

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Publicado

2011-12-31