As vidas desperdiçadas de Pedro Juan Gutiérrez

Autores

  • Grabriela Figueiredo Azevedo Universidade Federal de Minas Gerais

Resumo

O presente artigo pretende cruzar o conceito de “refugo humano”, defendido pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman, com obras literárias do autor cubano Pedro Juan Gutiérrez. Segundo Bauman, a produção de refugo é intrínseca ao progresso e à natureza da sociedade de consumo contemporânea. Pensando em termos humanos, somos forçados, quase diariamente, a conviver com o incômodo da presença de “sujeitos lixo”: sobras humanas, não intencionais ou planejadas, que provêm da busca pelo progresso econômico. Pedro Juan Gutiérrez é extremamente marginalizado em seu país. Apontado internacionalmente como um dos grandes nomes da nova narrativa hispano-americana, o autor busca, por meio de sua obra, explicitar o que é incômodo e, por consequência, silenciado pela sociedade contemporânea. Para isso, o autor constrói imagens e personagens viscerais e desumanizados, cujos objetivos são comer, transar e continuar vivo. Assim, por meio de um discurso curto, grosso e direto o autor nos aponta para esses sujeitos-excesso, dando voz a personagens que, se dependesse da íntima e secreta vontade da sociedade contemporânea, seriam para sempre silenciados. Desse modo, o presente artigo erige-se sobre a vontade de destacar certos silêncios, esclarecendo o conceito de Bauman, cruzando-o com o espaço, com as imagens e com os densos personagens que se revelam na obra de Gutiérrez.

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Publicado

2013-06-30