(Des)troços: revista de pensamento radical: Anúncios https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos <p><em><span style="font-weight: 400;">(Des)troços: revista de pensamento radical</span></em><span style="font-weight: 400;"> (e-ISSN 2763-518X) é um periódico eletrônico semestral, de acesso aberto, publicação contínua do grupo de pesquisa </span><em><span style="font-weight: 400;">O estado de exceção no Brasil contemporâneo: para uma leitura crítica do argumento de emergência no cenário político-jurídico nacional</span></em><span style="font-weight: 400;"> da Departamento de Direito do Trabalho e Introdução ao Estudo do Direito da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais.</span></p> <p><span style="font-weight: 400;">Nossa linha editorial propõe escovar a tradição filosófica a contrapelo, fazendo emergir correntes subterrâneas ou marginais do pensamento com o objetivo de promover uma crítica radical e não disciplinar dos discursos filosóficos que moldaram e moldam a construção do Direito e do Estado no Ocidente. Esses discursos, embasados em visões autoritárias do político, ocultam estruturas e dispositivos de dominação, tais como gênero, classe, raça e sexualidade, os quais acabam por normalizar a exceção e legitimar a violência do poder político-jurídico.</span></p> <p><span style="font-weight: 400;">O periódico aceita trabalhos em fluxo contínuo para os dois números do volume anual, além de contribuições para os dossiês temáticos.</span></p> pt-BR Chamada para submissões: [Chamada para (in)submissões] Dossiê #9 – Para uma crítica da razão (de)colonial https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/announcement/view/529 <p>Recebimento de trabalhos no formato de artigos científicos, ensaios, resenhas, entrevistas, textos literários, imagens ou outros formatos que reflitam sobre a temática, com prazo até o <strong><em>dia 31 de agosto de 2024</em></strong>.</p> <p>O conceito de “virada decolonial” foi cunhado para se referir à posição insurgente de singularidades que, cientes de que as significações erigidas pelo colonialismo europeu não podem ser confinadas dentro dos seus estritos limites temporais (final do século XV até meados do século XX), passaram a colocar em xeque o modo como continuam a grassar em nossos “Estados independentes com sociedades coloniais” na forma de uma colonialidade do ser, do poder e do saber. Se a moderna maquinaria epistêmica ocidental, imbuída de uma carência de considerações sobre o papel assumido pela geopolítica e pela espacialidade na produção do conhecimento, pretendeu construir um sujeito epistêmico neutro, capaz de se colocar para além da realidade na qual está inserido e, assim, estruturar um conhecimento abstrato com pretensões de aplicação universal, os teóricos e as teóricas decoloniais e aqueles que fazem uso de seus constructos teóricos buscam se colocar na contramarcha de tal tendência e intervir na discursividade das ciências modernas a fim de configurarem outros paradigmas para a produção de conhecimento.</p> <p>No entanto, é corrente a prática acadêmica que se esquece de que a crítica ao “totalitarismo epistêmico” ocidental não se encerra em si mesma, haja vista que contém argumentos propositivos que nos convidam a estabelecer um diálogo crítico entre diversos projetos epistemológicos, em uma postura que se afasta dos fundamentalismos, perniciosos tanto na sua versão eurocêntrica quanto em sua faceta de “populismo epistêmico” – que parte do pressuposto de que o conhecimento produzido por singularidades subalternizadas seja, de partida e sem qualquer crítica, um conhecimento contestatório.</p> <p>Nesse sentido, este dossiê visa congregar trabalhos que, aceitando a premissa de que a massiva importação acrítica de teorias pensadas em e para outras realidades histórico/sociais nos fez herdeiros de uma prática epistemológica submissa e reticente, assumem o desafio da “desobediência epistêmica”, que não pretende levar a cabo uma negação pura e simples de todo o aparato teórico europeu, e sim dele fazer um uso estratégico. Dessa forma, a proposição aqui é de reunião de artigos que visem somar na conjugação de esforços para a descolonização do conhecimento, os quais, por meio de uma aplicabilidade contextualizada e marcada pelo cuidado de perceber qual alcance teórico é de fato compatível com saberes outros, provenientes da situcionalidade e de perspectivas de sujeitos coloniais, logram o feito de não recair tanto em um “universalismo desencarnado” quanto em um “provincianismo amuralhado” em si mesmo.</p> <p>Ressaltamos ainda que, para além desse dossiê temático, a revista (Des)troços recebe arremessos em fluxo contínuo de caráter geral que se vinculem ao pensamento radical e à linha editorial do periódico, conforme descrito em: <a href="https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about">https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about</a>. As contribuições devem ser enviadas por meio do sistema OJS, respeitando-se as regras de submissão no caso de textos (<a href="https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about/submissions">https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about/submissions</a>) até o dia <strong><em>31 de agosto de 2024</em></strong>. As exigências de titulação não se aplicam às autoras de imagens, cujas contribuições serão avaliadas unicamente pela comissão editorial. As contribuições sob a forma de textos serão avaliadas pelo comitê editorial e pelo sistema de <em>double blind review</em>. Uma vez aprovados, textos e imagens serão publicados no nono número da revista, previsto para ser lançado no <span style="text-decoration: underline;">segundo semestre de 2024</span>.</p> (Des)troços: revista de pensamento radical 2024-04-03 Chamada para submissões: [Chamada para (in)submissões] Dossiê #8 – Diferença, antagonismos e imanência: Deleuze, Guattari e outrxs esquizos (1º/2024) https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/announcement/view/489 <p>Recebimento de trabalhos no formato de artigos científicos, ensaios, resenhas, entrevistas, textos literários, imagens ou outros formatos que reflitam sobre a temática, com prazo até o <strong><em>dia 31 de março de 2024</em></strong>.</p> <p>Cinquenta anos após a primeira publicação d’<em>O Anti-Édipo</em>, a filosofia de Gilles Deleuze e Félix Guattari continua a ser mobilizada para enfrentar os desafios contemporâneos decorrentes da insustentabilidade do sistema econômico-político capitalista. Os autores compõem um novo paradigma do pensamento no século XX, a partir do que pode ser chamado de filosofia da diferença, marcando uma ruptura radical com a tradição filosófica centrada em ideais universais que favorecem a identidade, a representação e a metafísica. O pensamento da diferença propõe uma compreensão da produção real não a partir de um fundamento geral e universal, mas com base em sua multiplicidade imanente, isto é, como uma produção de vida singular e diversa em si mesma. Nesse sentido, rejeita-se uma unidade homogênea – daí a fórmula <em>n-1</em>, sendo que “uno faz parte do múltiplo, estando sempre subtraído dele” – , e enfatiza-se a potência das singularidades na criação de novas possibilidades.</p> <p>A diferença, assim, se apresenta como uma ferramenta de resistência ao modo de produção capitalista. A multiplicidade e a diferença desestabilizam as estruturas de controle ao desafiar as categorias preestabelecidas, potencializando a criação de novas formas de ser e de se relacionar. Deleuze e Guattari, ao lado de pensadores(as) como Derrida, Foucault, Negri, Malabou, Irigaray, Bergson, Espinoza e Nietzsche, não apenas constroem uma crítica potente ao status <em>quo</em>, mas também alimentam linhas revolucionárias de transformação social e política. Na presente edição da <em>(Des)troços</em>, convidamos (in)submissões que explorem, a partir do pensamento da diferença, as possibilidades de deslocamentos, rupturas e desvios diante das constantes tentativas de captura e consumo de nossas vidas pelo capital.</p> <p>Ressaltamos ainda que, para além desse dossiê temático, a revista <em>(Des)troços</em> recebe arremessos em fluxo contínuo de caráter geral que se vinculem ao pensamento radical e à linha editorial do periódico, conforme descrito em: <a href="https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about">https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about</a>. As contribuições devem ser enviadas por meio do sistema OJS, respeitando-se as regras de submissão no caso de textos (<a href="https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about/submissions">https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about/submissions</a>) até o <em><strong>dia 31 de março de 2024</strong></em>. As exigências de titulação não se aplicam às autoras de imagens, cujas contribuições serão avaliadas unicamente pela comissão editorial. As contribuições sob a forma de textos serão avaliadas pelo comitê editorial e pelo sistema de <em>double blind review</em>. Uma vez aprovados, textos e imagens serão publicados no oitavo número da revista, previsto para ser lançado no primeiro semestre de 2024.</p> (Des)troços: revista de pensamento radical 2023-11-14 Chamada para submissões: [Chamada para (in)submissões] Dossiê #7 - Corporeidades e subjetividades queer (2º/2023) https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/announcement/view/448 <p>Recebimento de trabalhos no formato de artigos científicos, ensaios, resenhas, entrevistas, textos literários, imagens ou outros formatos que reflitam sobre a temática, com prazo até o <strong><em>dia 31 de outubro de 2023</em></strong>.</p> <p>Estamos constantemente confrontados com técnicas cada vez mais avançadas e refinadas do poder, que compõem um regime complexo de controle e exploração da potência vital dos corpos e das subjetividades. Segundo Preciado, esse regime biopolítico, denominado farmacopornográfico, utiliza “o sexo, a sexualidade e a identidade sexual como centro somático-político para produção e governo da subjetividade”. Os corpos são invadidos por dispositivos tecno-políticos que atuam molecularmente para alterar sua constituição, buscando adequá-los às demandas do capital. Nesse contexto, vivemos na era do hiperartificial e da plasticidade dos corpos, em que os limites ontológico-políticos das identidades podem ser administrados e consumidos de maneira flexível.</p> <p>No entanto, diante dessa evidente plasticidade, nos deparamos com corpos que escapam a esse regime de exploração. Corpos que experimentam novas formas de usar as técnicas somatopolíticas e os biocódigos sociais para produzir efeitos materiais que não se adequem aos desígnios do poder dominante. Nessa edição da (Des)troços, convocamos submissões que reflitam sobre essas corporeidades e subjetividades que desafiam a sua própria contenção, rebelando-se contra a lógica de serem meros objetos das tecnologias do poder. Encorajamos abordagens interseccionais, que considerem as interações complexas entre gênero, sexualidade, raça, classe e outras dimensões sociais na luta por reconhecimento e emancipação desses corpos. Serão bem-vindas reflexões que dialoguem com autoras como Judith Butler, Paul Preciado, Gloria Anzaldúa, Eve Sedgwick, Audre Lorde, Monique Wittig, Teresa de Lauretis, José Esteban Muñoz, Michel Foucault, entre outras. Ativemos corpos vibrantes, plenos e vivos em suas intensidades: corpos <em>queer</em>.</p> <p>Ressaltamos ainda que, para além desse dossiê temático, a revista <em>(des)troços</em> recebe arremessos em fluxo contínuo de caráter geral que se vinculem ao pensamento radical e à linha editorial do periódico, conforme descrito em: <a href="https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about">https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about</a>. As contribuições devem ser enviadas por meio do sistema OJS, respeitando-se as regras de submissão no caso de textos (<a href="https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about/submissions">https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about/submissions</a>) até o <em><strong>dia 31 de outubro de 2023</strong></em>. As exigências de titulação não se aplicam às autoras de imagens, cujas contribuições serão avaliadas unicamente pela comissão editorial. As contribuições sob a forma de textos serão avaliadas pelo comitê editorial e pelo sistema de <em>double blind review</em>. Uma vez aprovados, textos e imagens serão publicados no sétimo número da revista, previsto para ser lançado no segundo semestre de 2023.</p> (Des)troços: revista de pensamento radical 2023-06-03 [ANÚNCIO] (Des)troços passa a ser publicada em fluxo contínuo em 2023 https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/announcement/view/446 <p>A partir de 2023 a <strong>(Des)troços: revista de pensamento radical</strong> passa a ser editada em <em>FLUXO CONTÍNUO</em>. Este sistema consiste na publicação de artigos tão logo tenham sido avaliados e aprovados pelas pareceristas, não sendo necessário esperar que o periódico lance uma edição para só então ter o artigo publicado.</p> <p>O modelo de publicação em Fluxo Contínuo tem como característica principal a agilidade na publicação de artigos. O sistema de submissão e avaliação dos trabalhos permanece o mesmo. A diferença está na forma com que são disponibilizados para as nossas leitoras. Uma vez que um troço tenha sido aprovado para publicação, ele pode ser imediatamente disponibilizado no site da revista, não sendo necessário esperar o fechamento da edição.</p> <p>O periódico seguirá organizada em números semestrais com dossiês temáticos, recebendo submissões dentro dos temas orientados assim como em fluxo contínuo dentro da linha editorial geral. Nesse momento, estamos com o dossiê #6 "An-arquia e anarquismos" em aberto. Mais detalhes no link abaixo:</p> <p>https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/announcement/view/427</p> (Des)troços: revista de pensamento radical 2023-05-03 Chamada para submissões: [Chamada para (in)submissões] Dossiê #6 - An-arquia e anarquismos (1º/2023) https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/announcement/view/427 <p>Recebimento de trabalhos no formato de artigos científicos, ensaios, resenhas, entrevistas, textos literários, imagens ou outros formatos que reflitam sobre a temática, com prazo até o <em><strong>dia 31 de maio de 2023</strong></em>.</p> <p>Um dos elementos que caracterizam nosso tempo é a ubiquidade de dispositivos que capturam, reconfiguram e domesticam pensamentos e práticas democráticas radicais. Nesse sentido, instâncias como o mercado, a universidade e a teologia serviram para enfraquecer até mesmo tradições intensamente críticas, como o anarquismo, transformando-o em mercadoria ou em simples escola filosófico-acadêmica. Nesta edição da (Des)troços pretendemos revisitar os autores clássicos do anarquismo – Mikhail Bakunin, Pyotr Kropotkin, Pierre-Joseph Proudhon, Emma Goldman, etc. – compreendendo que a aposta que fizeram insere-se em uma dimensão muito mais profunda que se relaciona com a falta de fundamento do poder e do ser, ou seja, com a anarquia radical que paradoxalmente nos funda como seres sem fundamento. Uma vez reconhecido, esse poder singular e comum ameaça a estabilidade de todo poder representativo, separativo e hierárquico, como o capitalismo neoliberal. Por isso, além dos clássicos do anarquismo e sua história (prática e teórica) nos séculos XIX e XX, queremos também discutir nesta edição sobre temas contemporâneos, autores e grupos como Giorgio Agamben, Reiner Schürmann, Paul Feyerabend, Tiqqun, Comitê Invisível e muitos outros, para assim liberar o potencial da an-arquia como forma-de-vida singular que vive o tempo-de-agora.</p> <p>Ressaltamos ainda que, para além desse dossiê temático, a revista <em>(des)troços</em> recebe arremessos em fluxo contínuo de caráter geral que se vinculem ao pensamento radical e à linha editorial do periódico, conforme descrito em: <a href="https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about">https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about</a>. As contribuições devem ser enviadas por meio do sistema OJS, respeitando-se as regras de submissão no caso de textos (<a href="https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about/submissions">https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about/submissions</a>) até o <strong><em>dia 31 de maio de 2023</em></strong>. As exigências de titulação não se aplicam às autoras de imagens, cujas contribuições serão avaliadas unicamente pela comissão editorial. As contribuições sob a forma de textos serão avaliadas pelo comitê editorial e pelo sistema de <em>double blind review</em>. Uma vez aprovados, textos e imagens serão publicados no quinto número da revista, previsto para ser lançado em julho de 2023.</p> (Des)troços: revista de pensamento radical 2023-01-30 Chamada para submissões: [Chamada para (in)submissões] Dossiê #5 - Desobediências (2º/2022) https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/announcement/view/396 <p>Recebimento de trabalhos no formato de artigos científicos, ensaios, textos literários e imagens que reflitam sobre a temática, com prazo prorrogado até o <strong><em>dia 30 de novembro de 2022.</em></strong><br /><br />Vivemos em uma época na qual as estruturas hierárquicas de poder político nos atravessam incessantemente. Em especial, estamos submetidas a um paradoxo teórico e material que se concretiza sob a forma da “democracia representativa”, assumida enquanto paradigma institucional máximo de realização política, mas que nada mais é do que um sistema deliberadamente escolhido com o objetivo de “afastar” do poder aquelas que não preenchem suas condições de uso e acesso. Nesse contexto, é inegável que os métodos tradicionais de controle e/ou resistência a poder político estratificado já não são suficientes para alterar o <em>status quo</em> ou para provocar mudanças concretas e efetivas em resposta às demandas da sociedade.</p> <p>Contra esse poder político estratificado, surge, nas ruas, a desobediência política confeccionada pelos gestos comuns de pessoas ordinárias. Nas praças em que corpos desobedientes se aglutinam na formação do espaço político, os afetos do combate anunciam a possibilidade de um novo porvir, aquele, inegavelmente desutópico ao qual apenas os loucos conseguem se antecipar, presente entre a tendência constitutiva e o limite determinado.</p> <p>A desobediência política é o dispositivo subversivo que desativa o que está posto e determinado. Ela rompe com o constituído, com as estruturas <em>árquicas</em> e <em>nômicas</em> que separam, dividem e excluem. Sendo ela mesma vulgar, ela está ao alcance de <em>qualquer uma</em>, bastando, para usá-la, abandonar a aquiescência. Interromper o tempo da produção, ocupar espaços intocáveis, dizer não ao comando que se impõe de cima: eis os gestos desobedientes que subvertem a ordem hierárquica e divisora sob a potência criativa do caos, do não saber e do lançar dos dados que é a aposta democrática, pois a desobediência política é aquela que desnuda o rei.</p> <p>A desobediência política é a potência constituinte do agora e a <em>práxis</em> democrática do presente que excede os limites geográficos e desimaginativos do Estado-capital, fazendo-se, desfazendo-se e refazendo-se enquanto uma zona autônoma temporária em meio às certezas antidemocráticas da democracia liberal. Ela faz de seu fim seu começo e em seu começo está precisamente seu fim, uma vez que jamais reduzida à permanência: a desobediência política é movimento. Como há muito ensinou Elliot: “O que poderia ter sido é uma abstração que permanece, perpétua possibilidade, num mundo apenas de especulação. O que poderia ter sido e o que foi convergem para um só fim, que é sempre presente”. A desobediência política é, assim, revolução imanente do <em>tempo-de-agora</em>.</p> <p>Nesse cenário, esta chamada da <em>(Des)troços</em> busca encontrar trabalhos que provoquem rupturas e fissuras a partir da aposta em uma proposta democrática que se recuse a aquiescer e a consentir com as estruturas hierárquicas de poder e que tenham em perspectiva a realização política por meio do êxodo e do abandono ao constituído.</p> <p>Ressaltamos ainda que, para além desse dossiê temático, a revista <em>(Des)troços </em>recebe trabalhos em fluxo contínuo de caráter geral que se vinculem ao pensamento radical e à linha editorial do periódico, conforme descrito em: <a href="https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about">https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about</a>. As contribuições devem ser enviadas por meio do sistema OJS, respeitando-se as regras de submissão no caso de textos (<a href="https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about/submissions">https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about/submissions</a>) até o <strong><em>dia 30 de novembro de 2022</em></strong>. As exigências de titulação não se aplicam às autoras de imagens, cujas contribuições serão avaliadas unicamente pela comissão editorial. As contribuições sob a forma de textos serão avaliadas pelo comitê editorial e pelo sistema de <em>double blind review</em>. Uma vez aprovados, textos e imagens serão publicados no quinto número da revista, previsto para ser lançado em dezembro de 2022.</p> (Des)troços: revista de pensamento radical 2022-08-03 Chamada para submissões: [Chamada para (in)submissões] Dossiê #4 - Da crítica ao dispositivo da propriedade à aposta no comum: corpos, colonialidades, mundos (1º/2022) https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/announcement/view/335 <p>Recebimento de trabalhos no formato de artigos científicos, ensaios, textos literários e imagens que reflitam sobre a temática, com prazo prorrogado até o <strong><em>dia 31 de maio de 2022</em></strong>.</p> <p>Na história da modernidade, talvez não haja uma categoria política que tenha influenciado com tanta preponderância a constituição social quanto a da propriedade. Não restrita apenas à constituição da economia, da política e do direito, mas também operante na conformação de uma percepção individualista de mundo e na formação de sujeitos e identidades proprietárias, a propriedade se mostra como um verdadeiro dispositivo. Se o dispositivo, como teorizaram Foucault e Agamben (e antes deles, Heidegger), é um complexo aparato de subjetivação e dessubjetivação no qual estão envolvidas instituições jurídicas e econômicas, decisões administrativas e modelos arquitetônicos, doutrinas filosóficas e construções linguísticas... enfim, toda uma série de informações e de materialidades capazes de determinar os comportamentos humanos, nós podemos dizer que a propriedade e, mais especificamente, a propriedade privada moderna, é com toda a força do termo um dispositivo biopolítico.</p> <p>Gestada desde o subjetivismo cristão, sendo propulsionada pelas teorias teológicas e jusfilosóficas que buscaram justificar a tomada de terras e corpos – negros, indígenas e femininos – nas empreitadas colonizadoras (que foram as grandes fontes da acumulação necessárias ao nascente capitalismo), e revestida da eficiente ética protestante (que incumbiu o indivíduo da realização diária da obra de Deus na Terra, por meio do trabalho e da aquisição), a propriedade se consolidou como um modelo paradigmático das relações entre seres humanos e bens. Esse dispositivo – que revelou no pensamento liberal e jurídico-exegético o ápice de sua força na noção de domínio de si mesmo sob a forma da <em>pessoa</em> – ganha no trabalho a sua justificação racional. E, com isso, a propriedade, que logicamente estaria atrelada à dimensão material do mundo, deixa o âmbito da mera coisa e passa a habitar a subjetividade humana, seus processos de introspecção e de exteriorização de si.</p> <p>Diante desse complexo dispositivo no qual linguagem, direito e sujeito se encontram enredados em uma espécie de “novelo” dificilmente desembaraçável, o pensamento crítico se vê diante do enorme desafio de tentar profanar esse quase “improfanável”. Mas o vício em enxergar a propriedade privada como a única forma possível de desfrute material do mundo é recente, arraigado a uma visão muito moderna (capitalista e colonial) que universaliza esse <em>modus operandi</em> proprietário. Trata-se de uma mundividência que há meio milênio vem corroendo o mundo, a natureza e seus habitantes por meio de uma lógica que, substituindo o <em>ser</em> ao <em>ter</em>, maquiniza e solapa as existências singulares, destinando-as à produtividade, à exploração e ao consumo sem fim.</p> <p>Desse modo, a busca por outras narrativas – históricas, filosóficas, político-jurídicas, econômicas, literárias, artísticas –, bem como por outras experiências que põem em xeque a lógica proprietária é algo que se mostra hoje urgente. O uso comum da terra e de seus recursos por comunidades tradicionais e locais (ribeirinhos, moradores em faxinais, indígenas, quilombolas, caiçaras...), assim como o uso comum presente em práticas de ocupações urbanas (Ocupação Izidora, Espaço Comum Luiz Estrela, MTST, ZAD’s...) e rurais (MST, Somonte...), são sem dúvida fissuras históricas que podem abrir nosso pensamento para outras formas de nos relacionarmos com os bens materiais, com a natureza e com o mundo.</p> <p>Assim, investidas desse <em>caráter destrutivo</em> que nos move a pensar e a tensionar ao máximo o que nos foi imposto como o “real”, o “normal”, o “dado” e a “única” possibilidade do existente, nós, catadoras de <em>(Des)troços</em>, convidamos a todas para contribuírem com o número 4 da revista. Essa edição terá como tema a crítica da propriedade em seus mais variados sentidos (filosófico, político-jurídico, econômico, linguístico, teológico etc.), bem como a abordagem de outras possibilidades – tais como o uso e o comum – de formas não proprietárias de nos relacionarmos com os bens, com nós mesmas, com os outros, com os corpos e com o mundo. Assim, a <em>(Des)troços </em>lança este convite para mais um evento de trabalhos <strong><em>sob a forma de artigos científicos, ensaios, textos literários e imagens (pintura, desenho, fotografia etc.)</em></strong><em>,</em> que reflitam sobre o tema <em>Da crítica do dispositivo da propriedade à aposta no comum: corpos, colonialidades, mundos </em>e suas variações, levando em consideração sua história, tensões, disputas, experiências, práticas, críticas, desafios etc.</p> <p>Ressaltamos ainda que, para além desse dossiê temático, a revista <em>(Des)troços </em>recebe trabalhos em fluxo contínuo de caráter geral que se vinculem ao pensamento radical e à linha editorial do periódico, conforme descrito em: <a href="https://destrocosrevista.wordpress.com/sobre-a-revista/">https://destrocosrevista.wordpress.com/sobre-a-revista/</a> As contribuições devem ser enviadas por meio do sistema OJS, respeitando-se as regras de submissão no caso de textos (<a href="https://destrocosrevista.wordpress.com/submissoes-submissions/">https://destrocosrevista.wordpress.com/submissoes-submissions/</a> ) até o <strong><em>dia 31 de maio de 2022</em></strong>. As exigências de titulação não se aplicam às autoras de imagens, cujas contribuições serão avaliadas unicamente pela comissão editorial. As contribuições sob a forma de textos serão avaliadas pelo comitê editorial e pelo sistema de <em>double blind review</em>. Uma vez aprovados, textos e imagens serão publicados no quarto número da revista, previsto para ser lançado em junho de 2022.</p> <p>Comunizem seus trabalhos e nos ajudem a tornar esta edição uma experiência inapropriável!</p> (Des)troços: revista de pensamento radical 2021-11-19 Chamada para submissões: [Chamada para (in)submissões] Dossiê #3 - Constituinte e destituinte: poderes, potências e pensamento (des)instituinte (2º/2021) https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/announcement/view/305 <p>Recebimento de trabalhos no formato de artigos científicos, ensaios, textos literários e imagens que reflitam sobre a temática, com prazo prorrogado até o <strong><em>dia 20 de outubro de 2021</em></strong>.</p> <p>Partamos do pressuposto de que nenhuma ordenação social emerge do absoluto nada, em um espaço antes supostamente marcado pela anomia. Tal constatação exige que a noção de “poder constituinte” seja tomada como um movimento não apenas produtivo mas também de ruptura, que comporta a rejeição a uma regra de autoridade anterior como condição para a emergência de um novo modo de ser em sociedade. Nesses termos, podemos presumir que todo poder constituinte comporta, ao mesmo tempo, dimensões desconstituintes e reconstituintes, e se liga a um pensamento (des)instituinte capaz de transcender as tradições já sedimentadas (e esclerosadas) em instituições impropriamente vistas não apenas como naturais, mas eternas, a exemplo da representação política, da propriedade, do sujeito, da economia liberal e tantas outras.</p> <p>Entretanto, cada vez mais os estudos constitucionais têm tratado esse tema como uma mera questão de princípio da ordem jurídica que, sob uma perspectiva institucional, é absorvido pelo poder constituído, uma vez consolidadas as ditas “democráticas” estruturas procedimentais do Estado de Direito. Com o suposto intuito de garantir a perenidade dessa ordem, a dimensão desconstituinte do poder constituinte vem sendo paulatinamente silenciada no interior da teoria constitucional e da teoria política.</p> <p>Instaurado tal paradigma, demarcada pelo deslocamento do poder constituinte das ruas para o espaço das mesas-redondas, não é incomum que movimentos sociais que prezam a polifonia e a horizontalidade, que rejeitam dispositivos de representação política, que apostam na potência organizacional precária da experiência e do acontecimento, enfim, que se pretendem ingovernáveis, deixem de ser percebidos como verdadeiros poderes constituintes. O próximo passo nesse processo, como estamos vendo hoje, provavelmente passa pela criminalização e perseguição desses movimentos.</p> <p>Em contraposição a essa tendência da teoria constitucional e da teoria política, uma nova abordagem passou então a se configurar no campo político, dedicada a pensar esses movimentos à luz da noção de “destituinte”, como uma forma de resgatar a importância e destacar a potência da tão vilipendiada dimensão desconstituinte do poder constituinte.</p> <p>Nessa esteira, a <em>(Des)troços</em> lança este convite para mais um evento de trabalhos <strong><em>sob a forma de artigos científicos, ensaios, textos literários e imagens (pintura, desenho, fotografia etc.)</em></strong><em>,</em> que reflitam sobre o tema <em>constituinte e destituinte: poderes, potências e pensamento (des)instituinte</em> e suas variações, levando em consideração sua história, tensões, disputas, experiências, práticas, críticas, desafios etc.</p> <p>Ressaltamos ainda que, para além desse dossiê temático, a revista <em>(Des)troços</em> recebe trabalhos em fluxo contínuo de caráter geral que se vinculem ao pensamento radical e à linha editorial do periódico, conforme descrito em: <a href="https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about">https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about</a></p> <p>As contribuições devem ser enviadas por meio do sistema OJS, respeitando-se as regras de submissão no caso de textos (<a href="https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about/submissions">https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/about/submissions</a>) até o <strong><em>dia 20 de outubro de 2021</em></strong>.</p> <p>As exigências de titulação não se aplicam às autoras de imagens, cujas contribuições serão avaliadas unicamente pela comissão editorial. As contribuições sob a forma de textos serão avaliadas pelo comitê editorial e pelo sistema de <em>double blind review</em>. Uma vez aprovados, textos e imagens serão publicados no terceiro número da revista, previsto para ser lançado em dezembro de 2021.</p> (Des)troços: revista de pensamento radical 2021-06-23 Chamada para submissões: [Chamada para (in)submissões] Dossiê #2 - Outras vidas contra o espetáculo: o animal, o vegetal, a máquina e o alien (1º/2021) https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/announcement/view/291 <p>Recebimento de trabalhos no formato de artigos científicos, ensaios, textos literários e imagens que reflitam sobre a temática, até o <strong><em>dia 31 de maio de 2021</em></strong>.</p> <p>Parafraseando Guy Debord, em uma das passagens de <em>Pornotopia</em> Paul Preciado afirma que as “coelhinhas” da Playboy eram capital em um grau tão intenso de acumulação que teriam se transformado em corpo. Com isso Preciado confirma e radicaliza as análises de Debord nos anos 50 e 60 do século passado, tendentes a revelar o processo de capitalização do mundo que, contudo, não se limitaria apenas às imagens, invadindo e domesticando os corpos viventes e, em última análise, a própria vida. Diante de um diagnóstico aparentemente tão inapelável, parece que toda resistência seria vã, dado que estaria condenada a se integrar nos onipresentes circuitos semióticos do espetáculo global. Todavia, tal se deve a um singular erro de interpretação, a uma sinédoque antropocentrada que toma a parte pelo todo e insiste em ler na vida humana o resumo e o ápice de toda vida. Dessa feita, uma alternativa ético-política realmente revolucionária nos nossos dias passa pela necessária compreensão das dimensões <em>outras</em> da vida que, apesar de não serem imunes ao poder espetacular, constituem <em>anticampos</em> – opostos, portanto, aos <em>campos</em> teorizados por Giorgio Agamben – em que se gestam experimentos colaborativos, imanentes e potentes que, por se colocarem de alguma maneira <em>fora</em> de nossas subjetividades e sensibilidades, apontam para caminhos de reversão do processo necropolítico de redução de tudo o que é vivo ao destino miserável de tornar-se imagem mercantil. Nesse sentido, o segundo número da <em>(Des)troços: revista de pensamento radical</em> pretende refletir em seu dossiê temático sobre as <strong><em>outras vidas</em></strong> que habitam ou podem habitar este e outros mundos imagináveis, de forma a participar da potência política que <strong><em>as outras</em></strong> nos oferecem diante da mesmice do espetáculo humano. Vidas animais, vidas vegetais, vidas maquínicas, vidas <em>alien</em> são então apenas alguns exemplos de formas outras que, por não serem humanas, nem por isso carregam consigo a marca da negatividade, eis que se afirmam em seus próprios termos, que cabe a nós compreender e maximizar, em uma aliança acêntrica, horizontal, múltipla e comunal com o que não é humano para, paradoxalmente, tornar de novo habitável o mundo. Trata-se, portanto, de uma aliança multiespécie da vida contra a morte representada pelo capital espetacular que pretendemos desvendar e fomentar nas páginas da revista.</p> <p>Serão aceitos trabalhos inéditos <strong><em>sob a forma de artigos científicos, ensaios, textos literários e imagens (pintura, desenho, fotografia etc.)</em></strong> que reflitam: 1) sobre a temática do espetáculo e sua dominação global, levando em consideração elementos conceituais fundamentais pensados pelos situacionistas que, como Debord, previram a redução de tudo que vive à categoria de mercadoria, usando para tanto construtos críticos como os de alienação, jogo, relação entre arte, escritura e vida etc.; 2) sobre as potencialidades antagonistas e ético-políticas das outras vidas diante do atual cenário espetacular-necropolítico, em um diálogo com autores que pensam a complexidade e o caráter democrático-plural das plantas, a exemplo de Stefano Mancuso e Emanuele Coccia; a potência do animal, suas mutações e relações autorrecurssivas diante do humano, a partir do pensamento de sábios indígenas como Davi Kopenawa e antropólogos como Eduardo Viveiros de Castro e seu perspectivismo ameríndio; as dimensões filosóficas e a vertigem das máquinas e seus derivados (robôs, ciborgues, inteligência artificial etc.), na linha de autoras como Donna Haraway; e, por fim, a vida possível, a vida completamente outra, de fora, imaginada por filósofos como Frédéric Neyrat no campo do que ele chama de alienoceno. Evidentemente, os exemplos acima não são exaustivos, podendo e devendo ser complementados e implodidos pela criatividade de nossas colaboradoras em seus textos e imagens.</p> <p>Para além desses dois eixos de seu dossiê temático – crítica do espetáculo e vidas outras – a revista <em>(Des)troços</em> recebe em fluxo contínuo artigos de caráter geral que se vinculem à temática do pensamento radical e à linha editorial do periódico, conforme descrito em: <a href="https://destrocosrevista.wordpress.com/sobre-a-revista/">https://destrocosrevista.wordpress.com/sobre-a-revista/</a></p> <p>As contribuições devem ser enviadas para o <em>e-mail</em> da revista (revistadestrocos@gmail.com), respeitando-se as regras de submissão no caso de textos (<a href="https://destrocosrevista.wordpress.com/submissoes-submissions/">https://destrocosrevista.wordpress.com/submissoes-submissions/</a> ) até o <strong><em>dia 31 de maio de 2021</em></strong>. As exigências de titulação não se aplicam às autoras de imagens, cujas contribuições serão avaliadas unicamente pela comissão editorial. As contribuições sob a forma de textos serão avaliadas pelo comitê editorial e pelo sistema de <em>double blind review</em>. Uma vez aprovados, textos e imagens serão publicados no segundo número da revista, previsto para ser lançado em junho de 2021.</p> <p class="has-text-align-justify"> </p> (Des)troços: revista de pensamento radical 2021-03-31 Chamada para submissões: [Chamada para (in)submissões] Dossiê #1 - Pandemios Politiké: pensamento radical em quarentena? (2020) https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/announcement/view/290 <p>Recebimento de trabalhos no formato de artigos científicos, ensaios, textos literários e imagens que reflitam sobre a temática, até o <strong><em>dia 31 de outubro de 2020</em></strong>.</p> <p>As contribuições devem ser enviadas pelo e-mail da revista (revistadestrocos@gmail.com), levando em consideração todas as regras de submissão e formatação informadas em Menu&gt;Sobre&gt;Submissões. O prazo para envio é 31 de outubro de 2020.</p> <p>Em um tempo marcado pela estabilização da exceção e a conversão dos espaços urbanos, rurais, reservas ambientais, territórios indígenas e quilombolas em <em>campos –</em> nos quais a vida é confrontada pelo poder sem qualquer estrutura de mediação – esta chamada se volta à coleção de trabalhos <em>contemporâneos</em>, que estabeleçam com seu tempo uma relação de inatualidade, seja para perceber a maneira como marcos tidos como “conquistas civilizatórias” se apresentam como bloqueios ao tempo por vir, e/ou a potência de nele se enxergar não só a sua obscuridade intrínseca, mas também suas luzes, que se apresentam a nós sob a forma de estilhaços revolucionários <em>do tempo-de-agora</em>, dos quais nos cabe fazer citação – no sentido benjaminiano de atualização – caso estejamos interessados em promover a instauração de um verdadeiro estado de exceção, como na Tese VIII de Benjamin . </p> <p>Marx escreveu, há mais de um século, que a situação desesperadora da época na qual vivia lhe enchia de esperança. Esta afirmação foi repetida em diferentes contextos por Debord e Agamben, e aqui nos apropriamos desta hipótese, que parece nos sugerir que onde cresce o perigo, cresce também a possibilidade de salvação. A pandemia planetária resultante da disseminação da COVID-19 é um evento incontrolável, cujos efeitos e consequências ainda estão sendo gradativamente desvelados. Contudo, já podemos perceber a maneira como ela acentua e evidencia o caráter necropolítico do nosso presente ao mesmo tempo em que abre possibilidades para o novo por meio da <em>destituição </em>(e também da <em>desinstituição</em>): a competição pode ceder lugar à cooperação, práticas predatórias podem ser suplantadas por gestos de solidariedade e o individualismo neoliberal pode ser implodido pela força do comum e da partilha. São disputas assim que estão em questão no jogo conceitual da nossa <em>PANDEMIOS POLITIKÉ</em>, que dá nome a este dossiê, na medida em que o cenário atual nos revela uma <em>potência </em>capaz de operar uma transmutação da política sobre a vida, na qual estamos desde sempre inseridos, para uma política da vida. </p> <p>Essa dimensão da <em>aposta </em>é conhecida pelo pensamento radical, que assume seus riscos, se desprendendo das garantias violentas das estruturas tradicionais do poder separado e da soberania para recusar o futuro posto e determinado em que teríamos ancorado com o “fim da história”, dissolvendo assim as amarras da ideologia do progresso. Como ruptura, a aposta do pensamento radical é abertura de caminhos em meio às ruínas do pensamento conservador e das teorias tradicionais do direito e do Estado. Trata-se então de um pensamento desobediente que percebe a potência do abjeto, do (obs)ceno e do que está à margem no desafio político de construção comum de comunidades que vêm, indeterminadas, mutantes e sempre dispostas a enfrentar a imensidão do ato revolucionário. </p> <p>Esta chamada da <em>(Des)troços</em>, tal como a filosofia radical, pretende constituir-se enquanto um <em>anticampo </em>que, como tal, busca promover rupturas temporais e espaciais, de modo que porções do futuro incrustadas no presente se tornem efetivas por meio de vivências utópicas que a todo o tempo tensionam o constituído e suas estruturas <em>árquicas </em>e <em>nômicas </em>que separam, dividem e excluem. Convidamos assim todxs xs interessadxs que resistem e se recusam a aquiescer com o a ideologia do progresso, com o <em>estado de exceção</em> tornado regra e com o caráter <em>espetacular </em>de nossa temporalidade, para que possamos, juntxs, experimentando e vivenciando a filosofia radical, somarmos esforços para a construção multitudinária de um tempo próprio e <em>kairótico</em>, com vistas a presentificar e produzir um porvir radicalmente democrático, mediante o encontro entre práxis e teoria.</p> (Des)troços: revista de pensamento radical 2021-03-29